segunda-feira, 16 de junho de 2014

Justiça

Prezados
Eu fui "atropelado" no dia de hoje ao tentar falar sobre este filme. Coisas da academia. De qualquer forma, indico para os meus esta obra filmográfica. 
Sabem quem sugere a audiência deste filme?
Um dos intelectuais mais respeitáveis do Brasil:
Marcos Rolim.
Ele diz o seguinte:
"O documentário Justiça, de Maria Augusta Ramos, escolhido o melhor filme no Visions du Réel, o festival de Cinema de Nyon, na Suíça, deveria ser a primeira coisa a ser mostrada aos estudantes de Direito no Brasil. Primeiro dia de universidade, aquela emoção e, então, a notícia: "Pessoal, vocês não terão aula hoje. Irão assistir a um filme sobre a Justiça brasileira. Para que vocês vejam como pessoas que passam pelas universidades e viram operadores do Direito podem se transformar em caricaturas da idéia de Justiça e fazer do seu trabalho um monumento à insensibilidade. Para que vejam, também, que uma parte desses operadores resiste a esta transformação. Para que vocês desprezem os primeiros e se inspirem nos últimos, então". Algo assim. Não seria ruim caso juízes e promotores - entre outros profissionais que lidam com o tema ou que se referem a ele, como os jornalistas, por exemplo - tomassem a decisão de assistir ao filme, embora tudo seja mais difícil para aqueles que perderam a capacidade de se interrogar e, portanto, não podem mais enterrar suas certezas. Quando falamos em Justiça e em sua reforma, tendemos a enfatizar a necessária agilidade da prestação jurisdicional e a urgência das punições".
Fonte do texto
Segue abaixo uma resenha sobre o referido documentário:

Rio de Janeiro, 28 de novembro de 2007
Trabalho de Sociologia Jurídica
Professora Ana Paula Miranda
Aluna: Priscylla Castelar de Novaes
Matrícula: 10702195-6
Resenha sobre o documentário Justiça, de Maria Augusta Ramos
O filme Justiça é um documentário gravado quase integralmente no interior do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, em que com uma câmera “parada” e observadora expõe o cotidiano dos réus, da defensoria pública, da promotoria, da polícia e dos juízes.
O documentário de Maria Augusta, brasileira radicada na Holanda, consegue mostrar, acompanhando três casos diferentes, a ineficiência no Tribunal de Justiça.
Tendo como sua primeira cena, uma audiência em que um paraplégico é acusado de um delito em que não existem provas nem testemunhas além dos policiais que efetuaram sua prisão e que, além disso, o réu teria pulado um muro para fugir dos policiais, Justiça mostra a verdadeira injustiça chamada Sistema Judiciário Brasileiro.
Julgando cerca de dez audiências por dia, é impossível que um juiz consiga ser eficiente, além da frieza com que julga os processos. Frieza essa, que podemos observar na cena em que o réu, deficiente físico sem uma perna, pede para que seja transferido para um hospital, já que em sua cela, por conta da lotação, não tem como ficar na cadeira de rodas e se arrasta pelas fezes e urina dos outros detentos, e que o magistrado diz que nada pode fazer por ele.
Com uma polícia corrupta, provas implantadas, ausência de testemunhas por conta do medo da polícia e do tráfico, ausência de penas alternativas, a promotoria pública junto a uma defensoria antiética, completam o quadro de injustiça. Em uma cena chocante, o réu Carlos Eduardo jura de pés juntos à juíza que a acusação feita a sua pessoa é inverídica, e confessa para sua defensora que realmente é culpado, essa ultima, antiética, briga pela absolvição do acusado, colocando em risco sua própria família, com a idéia de que as carceragens já estão superpovoadas.
Com uma simples câmera, e diferentemente dos outros documentários pois não acontecem entrevistas, Maria Augusta alertou a sociedade sobre o caos carcerário existente no Rio de janeiro. Mesmo sabendo que esse não é somente um problema carioca, ao mostrar o interior da Polinter, observamos centenas de pessoas empilhadas dentro de celas, que nem mesmo a SUIPA (Sociedade Protetora dos Animais) permitiria que abrigassem animais. Sem nenhuma política de reeducação e reinserção na sociedade, aquilo se torna mais um antro de marginalidade, onde os detentos acabam saindo piores do que quando entraram.
Originalmente, o documentário Justiça faz um alerta para a reforma que o sistema judiciário necessita. Ao filmar o interior de um tribunal consegue retratar com delicadeza que não é colocando os marginais na cadeia que resolveremos o problema de violência no Brasil.


Um comentário:

Jacomini disse...

De forma respeitosa, ao final das atividades acadêmicas do período, eu pedi a atenção do meu reprovador e "face a face" proferi a seguinte sentença: "Conclusão do semestre - as injustiças de sistema judiciário iniciam dentro dos cursos - faculdades de direito".