Prezados
Eu fui "atropelado" no dia
de hoje ao tentar falar sobre este filme. Coisas da academia. De qualquer
forma, indico para os meus esta obra filmográfica.
Sabem quem sugere a audiência deste
filme?
Um dos intelectuais
mais respeitáveis do Brasil:
Marcos Rolim.
Ele diz o seguinte:
"O documentário Justiça, de Maria Augusta Ramos, escolhido o melhor
filme no Visions du Réel, o festival de Cinema de Nyon, na Suíça, deveria ser a
primeira coisa a ser mostrada aos estudantes de Direito no Brasil. Primeiro dia
de universidade, aquela emoção e, então, a notícia: "Pessoal, vocês não
terão aula hoje. Irão assistir a um filme sobre a Justiça brasileira. Para que
vocês vejam como pessoas que passam pelas universidades e viram operadores do
Direito podem se transformar em caricaturas da idéia de Justiça e fazer do seu
trabalho um monumento à insensibilidade. Para que vejam, também, que uma parte
desses operadores resiste a esta transformação. Para que vocês desprezem os
primeiros e se inspirem nos últimos, então". Algo assim. Não seria ruim
caso juízes e promotores - entre outros profissionais que lidam com o tema ou
que se referem a ele, como os jornalistas, por exemplo - tomassem a decisão de
assistir ao filme, embora tudo seja mais difícil para aqueles que perderam a
capacidade de se interrogar e, portanto, não podem mais enterrar suas certezas.
Quando falamos em Justiça e em sua reforma, tendemos a enfatizar a necessária
agilidade da prestação jurisdicional e a urgência das punições".
Fonte do texto
Segue abaixo uma resenha sobre o referido documentário:
Rio de Janeiro, 28 de novembro de
2007
Trabalho de Sociologia Jurídica
Professora Ana Paula Miranda
Aluna: Priscylla Castelar de Novaes
Matrícula: 10702195-6
Resenha sobre o documentário Justiça, de Maria Augusta Ramos
O filme Justiça é um documentário
gravado quase integralmente no interior do Tribunal de Justiça do Rio de
Janeiro, em que com uma câmera “parada” e observadora expõe o cotidiano dos
réus, da defensoria pública, da promotoria, da polícia e dos juízes.
O documentário de Maria Augusta,
brasileira radicada na Holanda, consegue mostrar, acompanhando três casos
diferentes, a ineficiência no Tribunal de Justiça.
Tendo como sua primeira cena, uma
audiência em que um paraplégico é acusado de um delito em que não existem
provas nem testemunhas além dos policiais que efetuaram sua prisão e que, além
disso, o réu teria pulado um muro para fugir dos policiais, Justiça mostra a
verdadeira injustiça chamada Sistema Judiciário Brasileiro.
Julgando cerca de dez audiências por
dia, é impossível que um juiz consiga ser eficiente, além da frieza com que
julga os processos. Frieza essa, que podemos observar na cena em que o réu,
deficiente físico sem uma perna, pede para que seja transferido para um hospital,
já que em sua cela, por conta da lotação, não tem como ficar na cadeira de
rodas e se arrasta pelas fezes e urina dos outros detentos, e que o magistrado
diz que nada pode fazer por ele.
Com uma polícia corrupta, provas
implantadas, ausência de testemunhas por conta do medo da polícia e do tráfico,
ausência de penas alternativas, a promotoria pública junto a uma defensoria
antiética, completam o quadro de injustiça. Em uma cena chocante, o réu Carlos
Eduardo jura de pés juntos à juíza que a acusação feita a sua pessoa é
inverídica, e confessa para sua defensora que realmente é culpado, essa ultima,
antiética, briga pela absolvição do acusado, colocando em risco sua própria
família, com a idéia de que as carceragens já estão superpovoadas.
Com uma simples câmera, e
diferentemente dos outros documentários pois não acontecem entrevistas, Maria
Augusta alertou a sociedade sobre o caos carcerário existente no Rio de
janeiro. Mesmo sabendo que esse não é somente um problema carioca, ao mostrar o
interior da Polinter, observamos centenas de pessoas empilhadas dentro de
celas, que nem mesmo a SUIPA (Sociedade Protetora dos Animais) permitiria que
abrigassem animais. Sem nenhuma política de reeducação e reinserção na
sociedade, aquilo se torna mais um antro de marginalidade, onde os detentos
acabam saindo piores do que quando entraram.
Originalmente, o documentário Justiça
faz um alerta para a reforma que o sistema judiciário necessita. Ao filmar o
interior de um tribunal consegue retratar com delicadeza que não é colocando os
marginais na cadeia que resolveremos o problema de violência no Brasil.
Um comentário:
De forma respeitosa, ao final das atividades acadêmicas do período, eu pedi a atenção do meu reprovador e "face a face" proferi a seguinte sentença: "Conclusão do semestre - as injustiças de sistema judiciário iniciam dentro dos cursos - faculdades de direito".
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