domingo, 13 de dezembro de 2015

Os Fantásticos Sambaquis de Joinville

Arqueologia

Publicado em: Arqueologia dos Buracos de Bugre: uma Pré-História do Plananto Meridional, de José Alberione dos Reis, Caxias do Sul, EDUCS, 2002, 11-12.

Para uma Arqueologia dos Buracos de Bugre
José Alberione dos Reis

Prefácio


                        Há algum tempo, Josué Camargo Mendes lembrava que “é mais fácil restaurar um vaso reduzido a centenas de fragmentos, mesmo que estes se encontrem dispersos, do que recompor, completamente, os fatos pré-históricos de uma região”[1]. Nas últimas três décadas, a própria noção de fato pré-histórico tem sido, de forma sistemática, questionada e posta em cheque. O estudioso das humanidades tem cada vez mais em mente que o estudo da sociedade eo ipso implica a interpretação, a própria construção dos supostos fatos empíricos. O arqueólogo e filósofo britânico Collingwood, já antes da Segunda Guerra Mundial, mostrava que não há stehen sem verstehen, não há “ser” sem compreensão, sem processo de observação diante (ver) do ser (stehen). Na última década, Shanks propôs a retomada da noção de “invenção”, a um só tempo criação e descoberta, presente no étimo do termo latino[2], pois não há descoberta sem sujeito.

                        Neste contexto, José Alberione dos Reis produziu uma reflexão interpretativa sobre um aspecto fascinante da Pré-História brasileira: a cultura material associada ao que chama de “buracos de bugre”. Reis começa por tomar uma posição epistemológica inovadora em nosso meio, ao buscar desconstruir as noções correntes sobre o tema, derivadas do que Pierre Bourdieu chama de sens comum académique. O conceito de “casa subterrânea” e seus congêneres em outras línguas, são logo rechaçados, assim como a atribuição a um elemento material - o estilo cerâmico estabelecido pelo estudioso moderno -  o potencial heurístico de recuperar identidades pretéritas[3]. O abandono das noções de “tradição” e “casa subterrânea” permite, portanto, que o autor proponha uma interpretação, não uma ilusória descoberta de inefáveis fatos pré-históricos. Seguindo as pegadas de Gordon Willey, Gordon Childe, Bruce Trigger e Ian Hodder, Reis procurou, antes que produzir novos dados por meio de escavações, juntar e entender a miríade de evidências disponíveis[4].  

                        Em seguira, Reis preferiu referir-se aos “buracos de bugres”, termos do quotidiano da língua, extraídos do vernáculo diário, muito distante da linguagem abstrusa do jargão científico, com suas famigeradas “tradições”, tão distantes, como lembra o autor, do sentido próprio do termo, ligado à transmissão cultural, à memória[5]. Da Serra Gaúcha surge a expressão “buracos de bugres”, da experiência concreta, da linguagem do dia a dia. A escolha não é casual, mas revela uma engajamento, pois não há pesquisa pré-histórica fora dos interesses sociais. O conhecimento não é neutro e apolítico pois, por sua própria natureza, envolve a sociedade[6]. Para  Reis, a concretude dos bugres constitui um dos pilares de sua reflexão e, para tanto, utiliza-se do estudo do assentamento tal como representado nos vestígios materiais e na documentação histórica e etnográfica. A paisagem é tanto natural como feita pelo homem, um artefato da cultura material a ser decifrado, interpretado, inventado pelo pré-historiador[7]. O livro de José Alberione Reis contribui, de forma original, para a compreensão de aspectos pouco explorados da nossa pré-história e sua ênfase na interpretação mostra como muito se pode obter da grande quantidade de evidências materiais já acumuladas e ainda, em grande parte, por analisar.  


Pedro Paulo A. Funari
Professor da UNICAMP, Museu de Arqueologia e Etnologia da USP, pesquisador associado das Universidade de Illinois (ISU) e Barcelona, co-editor de Historical Archaeology, Back from the Edge (Londres e Nova Iorque, Routledge, 1999).


[1] Josué Camargo Mendes, Conheça a Pré-História Brasileira. São Paulo, Polígono, 1970, p.4.
[2] E.g. Petrônio, Satyricon, 98, inueni mille nummos.
[3] Cf. Siân Jones, The Archaeology of Ethnicity, Constructing identities in the past and present. Londres, Routledge, 1997, passim.
[4] Cf. Michael Shanks e Randall McGuire, The craft of Archaeology, American Antiquity, 61,1, 1996, p.77-79.
[5] E.g. Tácito, Anais 16,16: in traditionem supremorum, accipiant habeantque propriam memoriam.
[6] Cf. Ulrich Veigt, Ethnic concepts in German prehistory: a case study on the relationship between cultural identity and archaeological objectivity, in Stephen Shennan (ed.), Archaeological Approaches to Cutural Identity, Londres, Unwin Hyman, 1989, p. 50; Ian Hodder, The Domestication of Europe. Oxford, Basil Blackwell, 1990, p. 278.
[7] Catherine Palmer, From theory to practice, experiencing the nation in everyday life, Journal of Material Culture, 3,2,1998, p. 183.

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Chamada de divulgação - As Meninas do Quarto 28

Mestre Galo Preto

Coco

“Quem disser que preto é feio,
Preto é bonita cor,
É com preto que eu escrevo as cartas para o meu amor
(Refrão).

A diferença está na pele
Põe o branco e o preto nu,
Todo o sangue é vermelho,
Eu nunca vi sangue azul.
Queremos a igualdade,
Todos nós somos irmãos,
Merecemos o mesmo trato,
Porque somos todos cidadãos.

“Quem disser que preto é feio,
Preto é bonita cor,
É com preto que eu escrevo as cartas para o meu amor
(Refrão).

Quero convidar a sociedade
Para nos visitar lá em peixinho
Que serão recebidos com carinho
Eu posso provar
Antes foi um matadouro
Mas agora é nascedouro
Merece todo o valor e devemos destacar
Eu nunca fui matador
Sempre fui bom cantador
Tem repente, tem valor,
Tem um jeito de cantar e se você me deixar
Eu vou provar o meu talento,
Porque chegou o momento
Do Galo Preto voltar.

“Quem disser que preto é feio,
Preto é bonita cor,
É com preto que eu escrevo as cartas para o meu amor
(Refrão).


Fonte da transcrição da canção:
Extrato do Coco chamado “Quem disser que preto é feio”
Mestre Galo Preto em apresentação no Programa “Sopa Diário”,
Apresentado na TV Universitária Floripa.
https://www.youtube.com/watch?t=95&v=9M8ylq6nS1Q

Sopa Diário 2007 - Volta do Mestre Galo Preto e Cultura Yorùbá com Alexa...

Enchente na UFRGS

Arroio Dilúvio, o problema que ninguém vê.

Missões


Razões para ser Vegetariano

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

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Direitos Humanos


Antonio