Mitologia Geral – idade da fábula
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Thomas
Bulfinch
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Um
linda história de amor. Amor Incondicional. Assim eu resumiria esta fábula,
onde destaco a citação que segue: “Feliz o homem que conserva o seu coração
livre de culpa e crime! A esse, nós, as vingadoras, nada lhe faremos; ele
caminhará pela vida sem receio de nós. Mas desgraça! Desgraça! Para aquele
que cometeu o ato de assassínio em segredo. Nós, da medonha família da
noite, desse nos apoderaremos completamente. Ele poderá julgar que nos pode
escapar, mas somos mais rápidas na perseguição e ataremos os seus pés com
as nossas serpentes, e forçá-lo-emos a cair no solo. Persegui-lo-emos sem
nos cansar; e a compaixão jamais nos deterá: sempre, mais e mais, o
perseguiremos até o fim da vida, e não lhe daremos paz nem descanso”.
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Editado
por Jacques Jacomini
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21/08/2013
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IBICO
Para que se possa compreender a história de
Íbico, que se segue, é necessário lembrar, primeiro, que os teatros dos antigos
eram edificações enormes, capazes de conter de dez a trinta mil espectadores e,
sendo utilizados somente durante as ocasiões festivas, com admissão franca para
todos, habitualmente ficavam lotados. Não tinham teto, sendo abertos e expostos
ao firmamento, e as apresentações eram durante o dia. Em segundo lugar, a
aterradora apresentação das Fúrias não foi exagerada nesta história. Ficou
registrado que Ésquilo, o poeta trágico tendo em certa ocasião se apresentado
às Fúrias com um coro do cinquenta vozes, aterrorizou tanto aos espectadores
que muitos deles desmaiaram ou ficaram em convulsões, e os magistrados
proibiram apresentações dessas daí por diante.
Íbico, o poeta piedoso, estava de caminho
para as corridas de carros e competição musical no Istmo de Corinto, que
atraiam todos os que fossem de ascendência grega. Apolo dotara-o de talento no
canto e com dulcíssimos lábios de poeta;prossegui no seu caminho todo alegre,
grato ao deus. As torres de Corinto já coroavam o horizonte quando entrou, com
respeito piedoso no bosque sagrado de netuno. Não havia nenhuma criatura viva a
vista, só um bando de garças voava ao alto, na mesma direção que ele, ou seja,
migravam para uma região mais austral. “Boa sorte a vós, ó! Esquadrões amigos!,
exclamou ele “meus companheiros dos outro lado do mar. Considero a vossa
companhia como um bom agouro. Viemos de longe e vamos à procura de
hospitalidade. Desejo que tanto vós como eu tenhamos a espécie de hospitalidade
que guarda o hóspede forasteiro de todo o mal!”
Continuou andando vigorosamente e em pouco
tempo chegou ao meio do bosque. Ali, de repente, dois ladrões apareceram e
barraram-lhe o caminho. Ele tinha de ceder ou lutar. Mas a sua mão que estava acostumada
à lira e não à luta. Com armas era inofensiva. Pediu aos deuses e aos homens
que o auxiliassem, mas os seus apelos
não atingiram os ouvidos de qualquer defensor. “Então, é aqui que tenho
que morrer”, disse ele, “numa terra estranha, morto por bandidos, sem ser
lamentado nem haver quem me vingue?” Fatalmente ferido, caiu ao chão, quando
foi ouvido o canto rouco dos pássaros. “Tomai a minha causa, vós, ó garças!”
disse ele, “já que nenhuma voz, exceto a vossa, me responde”. Dizendo isso,
fechou os olhos e morreu.
O corpo, roubado e mutilado, foi encontrado
e, embora desfigurado pelos golpes e feridas, reconhecido pelo amigo de Corinto
que o esperava como hospede. “É assim que me apareces?” exclamou ele. “Eu que
esperava adornar a tua testa com uma coroa de triunfo na competição de música?”
Os hospedes que se reuniram para o festival
souberam da notícia cheios de consternação. Toda a Grécia sentiu a perda e
todos os corações choraram. Aglomeraram-se em redor do tribunal dos magistrados
e exigiram a sua vingança e castigo com o sangue dos assassinos.
Mas que indicação ou marca poderá apontar o
perpetrador do crime no meio da vasta multidão atraída pelo esplendor da festa?
Teria sido morto por mãos de bandidos ou de algum inimigo particular? Só o sol
que tudo vê poderia dizer, pois olhos nenhuns haviam visto. Mas não era
improvável que nesse momento o assassino andasse entre as multidões, gozando
dos frutos de seu crime, enquanto a vingança o procurava em vão. Talvez, mesmo
dentro dos seus templos, desafiasse ele os deuses e se misturasse à vontade com
a multidão que enchia o anfi-teatro.
Pois agora a multidão se junta, fila sobre
fila, enchendo todos os lugares, parecendo até que a edificação cairia sob o
seu peso. O murmúrio das vozes parece-se com o rugido do mar, enquanto os
círculos das bancadas ao ascender são maiores, degrau sobre degrau, subindo e
parecendo querer atingir o céu.
E agora a vasta assembleia escuta a
formidável voz do coro, personificando as Fúrias; em vestimentas solenes,
avançam com passos medidos e seguem pelo circulo do teatro. Seriam mulheres
mortais, essas que compõe o grupo aterrador, e será que este vasto concurso de
figuras silenciosas não sejam entes vivos?
As coristas, vestidas de preto, seguravam
em suas mãos magras, tochas ardendo com uma chama negra. Suas faces estavam
pálidas e, em vez de cabelo, serpentes enroscavam-se e sibilavam em volta de
suas frontes. Formando um círculo, essas aterrorizadoras criaturas cantavam
seus hinos, amedrontando o coração dos criminosos e dos culpados,
paralisando-os de medo cada vez mais. Mais alto e mais forte cantavam, afogando
o som dos instrumentos, congelando o raciocínio, enfraquecendo o coração e
coagulando o sangue.
“Feliz o homem que conserva o seu coração
livre de culpa e crime! A esse, nós, as vingadoras, nada lhe faremos; ele
caminhará pela vida sem receio de nós. Mas desgraça! Desgraça! Para aquele que
cometeu o ato de assassínio em segredo. Nós, da medonha família da noite, desse
nos apoderaremos completamente. Ele poderá julgar que nos pode escapar, mas
somos mais rápidas na perseguição e ataremos os seus pés com as nossas
serpentes, e forçá-lo-emos a cair no solo. Persegui-lo-emos sem nos cansar; e a
compaixão jamais nos deterá: sempre, mais e mais, o perseguiremos até o fim da vida,
e não lhe daremos paz nem descanso”. Assim as Eumênices cantavam, e avançavam
em cadencia solene, enquanto um silencio, como o da morte, pairava sobre toda a
assembléia, como se estivessem na presença das criaturas sobrenaturais que
representavam; e então, em marcha solene, completando o circuito do teatro,
saíram pela traseira do palco.
Todos os corações tremiam entre a ilusão e
a realidade, e todos os peitos arfavam de terror indefinido, aterrorizados pelo
formidável poder que observava os crimes secretos e fiava o novelo do destino. Nesse
momento ouviu-se um grito de um dos bancos mais altos: “Olha, olha, camarada,
lá estão as garças de Íbico.” E de repente apareceu voando alguma coisa escura
que, depois de inspeção, viu-se ser um bando de garças voando mesmo sobre o
teatro. “De Íbico?”, disse ele. Esse nome querido reavivou o luto em todos os
peitos. Assim como uma onda segue a outra sobre a superfície do mar, assim
correram de boca em boca as palavras “De Íbico! Esse a quem lamentamos, a quem
mãos assassinas abateram! O que tem as garças que ver com ele?” E mais alto
tornou-se o estrondo das vozes, enquanto que, com a velocidade de um raio, o
pensamento seguinte atravessou todas as mentes: “Observai o poder das
Eumenides! O piedoso poeta será vingado! O assassino traiu-se! Agarrai o homem
que gritou e o outro a quem ele falou!”
O culpado teria anulado as suas palavras,
mas era muito tarde. Os rostos dos assassinos, pálidos de terror, indicavam a
sua culpa. O povo conduziu-os até aos juízes, perante quem confessaram o crime,
recebendo o castigo merecido.
Transcrição
literal das páginas
Páginas
178-180
Do
livro Mitologia Geral – idade da fábula
Autor:
Thomas Bulfinch
Belo
Horizonte, 1962.
Cupido e Psique
Certo rei e rainha tinham três filhas. Os
encantos das duas mais velhas eram mais do que vulgares, mas a beleza da mais
nova era tão extraordinária que a linguagem, na sua pobreza, não pode
exprimir-lhe um elogia devido. A fama da sua beleza era tão grande que gente
dos países vizinhos vinha em grandes grupos para ter o prazer de vê-la e ficava
assombrada e prestava-lhe homenagens que só a Vênus são devidas. De fato, Vênus
já vira que seus altares tinham sido abandonados, e os homens prestavam sua
devoção à jovem virgem. Quando ela passava, o povo cantava-lhe elogios e sobre
o caminho por onde passaria espalhava
flores e grinaldas.
Esta perversão da homenagem, devida só a
poderes imortais, agora prestada em exaltação a uma mortal, ofendeu muito a
verdadeira Vênus. Sacudindo os seus deliciosos cabelos encaracolados, com
indignação, ela exclamou: “Terei de ser eclipsada , em veneração, por uma moça
mortal? Então foi em vão que esse pastor real, cujo critério foi aprovado pelo
próprio Jove, me deu o pomo de beleza, sobre minhas ilustres rivais, Palas e
Juno? Ela não usurpará, porém, assim tão a vontade, as honras que só a mim são
devidas. Dar-lhe-ei motivo para se arrepender de possuir essa beleza
imerecida.”
Então chama seu filho alado, Cupido,
brincalhão por natureza, e, incitando-o, provoca-o com suas queixas. Aponta
Psiquê e diz: “Meu querido filho, castiga esta beldade desobediente; dá a tua
mãe uma vingança tão doce quanto grande tem sido a sua mágoa; infunde no peito
desta donzela soberbo uma paixão por alguma criatura vulgar, vil e indigna, para que colha assim uma mortificação
tão intensa como tem sido seus triunfos e exultação”.
Cupido preparou-se para obedecer ao mando
da sua mãe. No jardim de Vênus existem duas fontes, uma de águas doces e outra
de águas amargas. Cupido encheu duas vasilhas de âmbar, uma em cada fonte e,
suspendendo-as na extremidade do seu carcaz, apressou-se a ir ao quarto de
Psiquê, a quem encontrou dormindo. Então deixou cair algumas gotas da água
amarga nos lábios dela, embora ao vê-la ficasse cheio de dó; tocou-a depois num
dos lados, com a ponta da sua seta. Ao sentir o toque, ela acordou e abriu os
olhos na direção de Cupido, o qual, embora estivesse invisível, ficou tão
surpreendido que, na sua confusão, feriu-se com a sua própria seta. Sem ligar
importância à ferida, agora só pensava em reparar o mal que fizera e deitou
algumas gotas de água doce sobre todos os cabelos dourados e encaracolados da
donzela.
Psiquê, dai por diante, tratada com desdém
por Vênus, não consegui benefício da sua beleza. É verdade que todos os olhos
se dirigiam para ela e que todos os homens elogiavam-lhe a beleza; mas nenhum
rei, ou jovem de sangue real, ou mesmo de sangue plebeu, apresentou-se para
pedi-la em casamento. Suas duas irmãs mais velhas, de beleza mais moderada, já
se tinham casado, havia algum tempo, com dois príncipes reais; mas Psiquê,
sozinha nos seus aposentos, lamentava sua solidão, farta dessa beleza que,
embora provocasse uma abundancia de elogios, não consegui despertar amor.
Seus pais, receosos de ter,
inconscientemente, incorrido na ira dos deuses, consultaram o oráculo de Apolo
e receberam esta resposta: “A virgem não está destinada a ser noiva de um
mortal. Seu futuro marido a espera no cume da montanha. É um monstro que nem
deuses nem homens podem combater.”
O decreto do oráculo era tão tenebroso que
encheu o povo de piedade por ela, e seus pais se entregaram ao desespero. Mas
Psiquê disse: “Meus queridos pais, por que me lamentais? Devíeis ter-me
lamentado quando o povo fazia chover sobre mim elogios imerecidos, e, em
uníssono, chamavam-se Vênus. Vejo que sou vitima desse nome. Mas submeto-me.
Levai-me até o penedo onde o meu triste destino me aguarda.” Foram feitos todos
os preparativos e a donzela real tomou seu lugar na procissão que se parecia
mais com um préstito fúnebre que uma pompa nupcial e com seus pais, no meio da
lamentação do povo, subiu a montanha, no cume da qual a deixaram só, e com os
corações tristes regressaram à casa.
Enquanto Psiquê estava na colina, com a
respiração ofegante, devido ao medo que sentia, e os olhos cheios de lágrimas,
o gentil Zéfiro
carregou-a e levou-a com toda a facilidade até a um campo cheio de flores. Pouco a pouco ela serenou, deitou-se no relvado e
dormiu.
sábado, 18 de maio de 2013
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Inventário Participativo de Viamão
INVENTÁRIO PARTICIPATIVO DE VIAMÃO
O presente trabalho é o resultado das pesquisas (...)
Participaram deste trabalho na condição de funcionários da SMCET, estagiários e colaboradores as seguintes pessoas: a quem muito agradecemos:
Alexandre Lobo,
Alex Sandro Fraga,
Elmo Fraga,
Flávio José da Silva,
Gerson Wasen Fraga,
Gisleine Lima da Silva,
Hugo Oneide Moraes Costa,
Jacques Jacomini,
Janaína gomes da Veiga Pessoa,
Josué Gulherme Kolning,
Karina Gomes Vogel,
Luciana Pires Vieira,
Luciano Mendes,
Nádia Maria Rocha Marças,
Natália Pietra Méndez,
Tatiana Greco Xavier,
Tiago Bernardon de Oliveira,
Vanda S. M. Troscianko e
Vera Lúcia Mikoski.
Copyright do autor
Direitos desta edição: Secretaria Municipal da Cultura, Esporte e Turismo/ Prefeitura Municipal de Viamão.
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VITA
A Vida é o maior valor (bem) a ser
preservado (vivido). Viva a Vida (em todas as suas formas e manifestações).
A noção de valor é construída
socialmente segundo os preceitos culturais das sociedades em questão. A
experiência social moderna mostra que o valor financeiro é o que tem maior
destaque na sociedade contemporânea capitalista. “Tempo é dinheiro”, afirmam os
indivíduos que transformam as suas vidas em uma verdadeira “maratona” onde a
vitória é representada pelos bens que o capital (econômico-financeiro) pode
comprar. Neste caso, imóveis de luxo, automóveis esportivos, jóias e outros
produtos afins são os símbolos das pessoas “bem sucedidas” (bens distintivos
expostos como medalhas).
Eu entendo que a vida (em todas as
suas formas e manifestações) representa o maior valor a ser perseguido,
fomentado e preservado. A preservação da vida é a meta 01 (Zero Um) de qualquer
pessoa enfileirada conosco (neste pressuposto que defendo). Infelizmente somos
minoria entra uma massa de semelhantes que não medem esforços para reproduzir o Status Quo e fomentar a roda consumista (capitalista). Estas últimas desconhecem
(ou negam) esta verdade fundamental que venho aqui propagar e, na maioria das
vezes, são vítimas do próprio sistema que ajudam a alimentar.
A Vida é tão sublime, rica e
maravilhosa que está presente até mesmo onde os transeuntes comuns não
observam. Há vida na semente que levada ao solo floresce e dá frutos. Há vida
no vento (brisa fresca) que anima e acalma os desalentos da alma. Há vida na
água que sacia a sede e rega a planta. Há vida na palavra da boa vontade que
enobrece o bem querer. Há vida no seio da mãe que alimenta e nutri o filho
querido. Acredito, portanto que é necessário ter muita sensibilidade e sintonia
(fina) com o criador e a mãe (natureza) para estabelecer esta aliança eterna
com todas as manifestações de vida (humana e não humana). Preservar a vida é
fortalecer o amor e a bondade que deve inundar os nossos corações
quotidianamente. Viva e deixe viver. Não cometa nenhum tipo de atentado contra
a vida. Viva, viva cada vez mais. Viva plenamente. Viva a Vida.
Outubro de 2010.
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