quinta-feira, 30 de junho de 2016

Mulato by gilberto




Amigos e amigas

Vamos entrar no capítulo três da obra.

Como já referi antes, segue o capítulo particionado por questões técnicas (informatizadas).









1.      ARTE e RESISTÊNCIA NA PERIFERIA

“Hei de ver a lua brilhar, iluminar o nosso pavilhão.
De mãos dadas vamos cantar a nossa canção.
Sou da Vila faz tempo e ninguém vai nos separar”
Ari Rodrigues

A Arte Popular, enquanto expressão civilista de uma cidadania não branca é um contexto comum entre três grandes nomes desta cena antropo-poética: Noel Rosa, Mestre Borel e JacquesJa. Diante da opressão imposta pelas regras da sociedade de consumo e também pelo poder da Norma (Poder Institucional-legal imposto pelo Estado) o cidadão afro-descendete reage protestando. E qual é a melhor forma de protesto? A Expressão Artística Não Convencional (Arte Popular). Sem sombra de dúvida o HIP HOP é o maior exemplo disto. A Arte de rua (ou cultura popular urbana), através do hip hop é a maior expressão da negritude urbana no Brasil Contemporâneo. Eu tive a oportunidade de participar deste movimento, quando da elaboração da “Semana Cultural” em Viamão. Havia fundado a Associação do Patrimônio Cultural de Viamão (AAPC) que foi o embrião do Centro de Estudos Sociais e Antropológicos Jerônimo de Ornelas (CESAJO). O grupo de trabalho de antanho decidiu organizar a primeira mostra de Hip Hop de Viamão. Com o apoio da produtora “Promo Show”, coordenada pelo parceiro de evento Carlos Silva, organizamos um grande evento popular em praça pública que reuniu mais de cinco mil pessoas no centro da Cidade de Viamão. A partir deste evento, estabelecemos uma série de contatos com grupos de Hip Hop da região metropolitana de Porto Alegre, especialmente com White Jay5 (Nome Artístico), liderança do movimento oriundo da Cidade de Alvorada. A partir destas inter-relações fomos convidados para participar do Programa Hip Hop Sul, transmitido pela Fundação Piratini (TVE/RS). Estivemos nos estúdios de gravação do programa, interagindo com os artistas envolvidos, com a equipe de produção do programa, bem como com integrantes das comunidades envolvidas que acompanhavam os artistas, prestigiando este trabalho.
O relato exposto acima se faz necessário para demonstrar que esta junção ciência e arte é uma constante na caminhada deste acadêmico desde os tempos idos. Estou disposto a fazer ciência em um contexto mais amplo do que o tradicional. Não abro mão de realizar uma construção de conhecimento relacionada à minha realidade social e étnica. Estou orientado pelo texto constitucional brasileiro, reconhecendo-o como supremo e orientador do sistema jurídico nacional. Portanto, busco cumprir os preceitos jurídicos da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), no que me cabe. Especialmente no que se refere ao desenvolvimento de uma consciência crítica da realidade social em que estou inserido. Aprendi com intelectuais do quilate de Michel Foucault a ver as “Micro Penalidades” como parte de um sistema de opressão silencioso que opera diuturnamente. Foi com esta orientação teórica que cunhei a categoria analítica “Açoite Acadêmico” para referir estes momentos tristes da cena acadêmica vivenciada na UFRGS.
O Movimento Negro é um dos movimentos sociais mais atuantes e aguerridos do cenário social brasileiro contemporâneo. Este movimento possui um papel fundamental nas conquistas que os afro-descendentes têm acessado na história recente do país. Foi o que ocorreu, por exemplo, na época da elaboração do texto constitucional de 1988. Houve uma intensa mobilização do segmento em torno da defesa dos direitos fundamentais do negro e para que o texto da nova carta magna assegurasse esses direitos. Portanto, reconhecer as lideranças deste movimento tem um significado especial para quem trabalha com a temática ao nível de estudo e pesquisa acadêmica.
A Jornalista Vera Daisy Barcellos é um exemplo de liderança amplamente conhecida no meio ativista da capital. Vera é Jornalista, militante do Movimento Negro desde a década de 70, editora da revista Tição. Atuou por 16 anos no jornal Zero Hora, foi editora responsável pelos projetos especiais do jornal A Voz da Serra. Assessora de imprensa de Maria Mulher – Organização de Mulheres Negras/RS.
A acadêmica Vera Lúcia Goulart da Rosa e o acadêmico Gerson da Silva Bernardes freqüentaram como alunos a disciplina Afro-descendência e Cidadania no Brasil Contemporâneo. Por que citar estes dois colegas? Justamente por se tratar de duas importantes lideranças do movimento negro participativo no Estado do Rio Grande do Sul. Infelizmente este dado não recebeu o devido destaque durante as atividades da cadeira, sendo que fiquei sabendo deste importante detalhe apenas no dia 13/05/2015, quando recebemos em sala de aula a presença de convidado especial.
No encontro ocorrido dia 13/05/2015 a professora Denise Jardim6 recebeu a visita de Ubirajara Toledo (Coord. Executivo do Instituto de Assessoria ás Comunidades Remanescentes de Quilombos – IACOREQ). Ubirajara chegou a sala de aula e a primeira atitude sua foi fazer uma homenagem (in memoriam) para Júlio Cesar de Melo Pinto que foi assassinado por integrantes da Brigada Militar na década de oitenta do século passado no Bairro Partenon, Cidade de Porto Alegre. O caso ficou mundialmente famoso pela comoção nacional que provocou na sociedade a época do ocorrido, pois se tratava de um cidadão que sofria de patologia crônica e não tinha nenhuma relação com a ocorrência policial  que a BM atendia naquele momento. Infelizmente, no mesmo momento em que ocorria um assalto a um estabelecimento comercial das imediações, Julio Cesar voltava do trabalho e se juntou aos populares que observavam a ocorrência. Julio teve um “ataque epilético” caiu no chão, passou a se debater, sangrou e não conseguia se comunicar. A guarnição da BM ao ver o homem negro com “traços de suspeito” caído no chão e sangrando correlacionou-o aos autores do crime que havia sido praticado. Recolheu-o, colocando dentro de uma viatura militar e executou o trabalhador negro em um terreno baldio próximo a revenda da Fiat na Avenida Cristiano Fischer. O Caso entrou para a história urbana de Porto Alegre como “O Homem Errado” e, ainda hoje, provoca comoção em todas as pessoas que estão envolvidas com o Movimento Negro.
Ao freqüentar o curso de Bacharelado em Ciências Jurídicas e Sociais, na disciplina de Sociologia Jurídica, foi proposto um trabalho de campo na área dos direitos humanos. O ministrante da referida disciplina distribui alguns eixos temáticos entre os alunos. Escolhi o que abordava a atuação do Ministério Público atuando na defesa dos Direitos Humanos. Percorri várias comunidades kilombolas entrevistando lideranças que expunham a sua relação com a defesa dos seus direitos fundamentais. Elegi os elementos etnográficos colhidos na Comunidade do Kilombo dos Silva (Porto Alegre/RS) para realizar o referido trabalho. No final da exposição do trabalho realizado na PUC/RS, conforme pode ser visualizado na imagem anexa a esta monografia, ofereci uma homenagem pela memória de Júlio Cesar. (Anexo 05)
Após ter feito a homenagem, o palestrante convidado olhou atentamente os participantes da disciplina e reconheceu entre os meus colegas dois afro-descentes que militam a mais de trinta anos nas lutas empunhadas pelo movimento negro do Rio Grande do Sul. Ou seja, eu estava sentado ao lado, por exemplo, de uma das maiores personalidades do movimento negro, colega Vera Lúcia Goulart da Rosa, com extenso currículo de trabalho na defesa das comunidades de afro-descendentes.

A proposta mais interessante explanada entre os meus colegas fazia referencia a uma vontade de um acadêmico em investigar “o massacre de jovens negros na periferia da Cidade de Canoas”. Proposta fantástica, porém delicada, pois envolve o embate da juventude com o aparato repressivo de Estado que vem, habitualmente, executando diversos jovens não brancos “suspeitos” de ilícitos penais na periferia das principais cidades brasileiras. O colega João Batista Rodrigues, segundo o meu ponto de vista, foi o autor da proposta mais instigante para desenvolver em campo. A referencia para o colega, oferecido pela professora ministrante da disciplina foi o Relatório Azul.

Mulato Vila





Prezados Amigos

Bom dia!
Sejam todos bem vindos ao nosso blog.
Relembrando para os que chegaram agora.
Estou apresentando em primeira mão (internet) um invento de minha autoria: auto-etnografia.
Leia as publicações anteriores para entender todo o contexto grafado.
Antes de avançar para o capítulo três que é bastante extenso, oportunizo a leitura do título e da introdução (agora em fonte meiga e artística).
A estrutura do blog não roda bem publicações de textos muito longos. Já experimentei fazê-lo e não fui feliz. Portanto, apresentarei o capitulo três dividido em três momentos publicativos.
Acompanhe!








Mulato Cor de Rosa?
O processo de construção da identidade Etno-Racial, através de Estudo de caso: A trajetória de um estudante não-branco oriundo de classe popular da Cidade de Porto Alegre/Rio Grande do Sul/Brasil.


Realizado por JACQUES XAVIER JACOMINI
        
*Licenciado em Ciências Sociais (IFCH - UFRGS 1992/1998)
 Diploma Registrado sob número 764, folhas 128 do livro F-105 (08/12/1998).
*Especialista em Antropologia Social (PPGAS – IFCH - UFRGS 1999/2002)
 Certificado registrado sob o número 05, folha 152-V (08/01/2002)
                


IFCH / UFRGS
Av. Bento Gonçalves, 9 500
Campus do Vale. Prédio 43-312
Bairro Agronomia. CEP.: 91 509-900
Porto Alegre - RS / Brasil








Epígrafe

“Quem disser que preto é feio,
Preto é bonita cor,
É com preto que eu escrevo as cartas para o meu amor
(Refrão).

A diferença está na pele
Põe o branco e o preto nu,
Todo o sangue é vermelho,
Eu nunca vi sangue azul.
Queremos a igualdade,
Todos nós somos irmãos,
Merecemos o mesmo trato,
Porque somos todos cidadãos.

“Quem disser que preto é feio,
Preto é bonita cor,
É com preto que eu escrevo as cartas para o meu amor
(Refrão).

Quero convidar a sociedade
Para nos visitar lá em peixinho
Que serão recebidos com carinho
Eu posso provar
Antes foi um matadouro
Mas agora é nascedouro
Merece todo o valor e devemos destacar
Eu nunca fui matador
Sempre fui bom cantador
Tem repente, tem valor,
Tem um jeito de cantar e se você me deixar
Eu vou provar o meu talento,
Porque chegou o momento
Do Galo Preto voltar.

“Quem disser que preto é feio,
Preto é bonita cor,
É com preto que eu escrevo as cartas para o meu amor
(Refrão).


Fonte da transcrição da canção:
Extrato do Coco chamado “Quem disser que preto é feio”
Mestre Galo Preto em apresentação no Programa “Sopa Diário”,
Apresentado na TV Universitária Floripa.
https://www.youtube.com/watch?t=95&v=9M8ylq6nS1Q



INTRODUÇÃO

“É impossível defrontar-se alguém com o Brasil de Dom Pedro I, de Dom Pedro II, da Princesa Isabel, da campanha da Abolição, da propaganda da República por doutores de pincenez, dos namoros de varanda de primeiro andar para a esquina da rua, com a moça fazendo sinais de leque, de flor ou de lenço para o rapaz de cartola e de sobrecasaca, sem atentar nestas duas grandes forças, novas e triunfantes, às vezes reunidas numa só: o bacharel e o mulato” Gilberto Freyre

A monografia presente é oriunda do resultado das atividades vinculadas ao Plano de Ensino da Disciplina denominada Afro descendência e Cidadania no Brasil Contemporâneo. A ministrante da disciplina supracitada é a Professora Denise Jardim. Além do suporte teórico e estudo bibliográfico previsto para ser desenvolvido nesta disciplina, também foi planejada a execução de atividades práticas de investigação e pesquisa em antropologia. Consta no quadro de objetivos da disciplina, o texto que segue:
“O Objetivo geral do curso é a leitura e discussão de um conjunto de textos que revelam os debates contemporâneos sobre a afro descendência e que resultaram em dispositivos jurídicos e constitucionais. Examinaremos um campo de produção sobre a afro descendência e a valorização da diversidade cultural no Brasil”. 
A questão subjacente que surge aqui – e não posso me privar dela – é representada pela pergunta: “O que é afro descendência (e cidadania)01?”. Anexa a esta pergunta surge outros questionamentos que também são importantes: Como, por exemplo, quais os movimentos acadêmicos realizado pelo estudante do Curso de Bacharelado em Ciências Sociais, já licenciado na área e pós- graduado em antropologia? Ou ainda que tipo de construção textual este acadêmico pode produzir? Outro debate importante que me proponho a construir é aquele de cunho mais filosófico que iniciei na disciplina Etnologia Ameríndia. A pergunta é a seguinte: “O que é a ciência antropológica02?” E o contexto da resposta acontece no interior do exercício denominado “Glossário”. .
Obviamente que a bibliografia estudada durante o semestre apresentou uma resposta para este questionamento. Mas, neste caso da pesquisa de campo, é a práxis falando. Têm-se aqui uma experiência prática de pesquisa e a busca de respostas nas atividades de campo propostas no âmbito da disciplina: Afro descendência e Cidadania no Brasil Contemporâneo.
Cabe destacar, desde já, que a oportunidade de participar desta atividade de pesquisa, representou um avanço no que tange a construção de conhecimento em Ciências Sociais, através das ferramentas conceituais e práticas oferecidas pela antropologia. Portanto, sou muito grato pelo amparo institucional da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, através do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH), para a realização das atividades correlatas à pesquisa científica.
No decorrer desta monografia, demonstrarei os principais aspectos práticos e teóricos desta importante atividade acadêmica realizada no período. Para proporcionar um melhor entendimento e acompanhamento destas atividades, os dados aqui colocados estão acompanhados, sempre que possível, de alguns anexos nos quais insiro determinados documentos que trazem os detalhamentos técnicos, explicativos e/ou ilustrativos destas atividades.
Com o título: Mulato Cor de Rosa? O processo de construção da identidade Etno-Racial, através de Estudo de caso: A trajetória de um estudante oriundo de classe popular da Cidade de Viamão/Rio Grande do Sul/Brasil”, este trabalho tem como principal objetivo explanar em detalhes o processo de definição da identidade racial acionado por um sentimento de pertença étnica de um jovem adulto não branco, dialogando com os seus pares no âmbito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Ao longo do texto monográfico também estarei demonstrando os percalços e dificuldades vividas pelo pesquisador enquanto aluno de graduação da universidade federal na sua trajetória de formação acadêmica, dialogando com uma elite branca detentora dos cargos de mando e decisão política na referida instituição de ensino. O racismo está presente no cotidiano da universidade, isto é fato e foi amplamente demonstrado por um colega de curso que apresentou o seu trabalho final da disciplina sobre as discriminações raciais que ocorrem dentro de curso de medicina da UFRGS.
Na condição de afro-descendente estou inserido dentro deste cenário de discriminação e cerceamento institucional. Portanto, também tenho por objetivo relatar o processo de exclusão sócio-educativa do qual fui vítima, provocado por decisão político-administrativa unilateral de um membro (branco) da comunidade científica. Estou referindo o processo administrativo que negou a solicitação da professora Dra. Daisy Barcellos em assumir a minha orientação acadêmica em 2001, quando a ex-orientadora decidiu abrir mão da minha orientação.
Ao final de curso, o aluno que já é quase bacharel, tem acumulado uma experiência anterior vivenciada em diversas atividades acadêmicas. Portanto, diante do que possuo de experiência também fora da universidade onde vivenciei diversas práticas pedagógicas desde 1984, quando passei a freqüentar o curso de magistério na Escola Estadual Isabel de Espanha (Atualmente Instituto de Educação Isabel de Espanha/Viamão/RS) pretendo também realizar uma crítica construtiva das atividades propostas para a disciplina Afro descendência e Cidadania no Brasil Contemporâneo, oferecendo sugestões para o aprimoramento da mesma.
Quanto a sua estrutura é importante destacar que esta monografia está dividida em seis partes, além da introdução e conclusão. No primeiro capítulo apresento o contexto inicial da realização deste trabalho monográfico, esboçando os fatos mobilizadores do mesmo. Dedico o capítulo dois para abordar a manifestação artística convencional em seus principais aspectos. O capítulo três, Arte e Resistência na Periferia, este subdividido em três segmentos (Noel Rosa, Mestre Borel e JacquesJa). O Sentimento de pertença etno-racial é a temática que compõe o capítulo quatro. O capítulo cinco é dedicado as questões que envolvem a atividade de transcrição do capítulo onze (A Ascensão do Bacharel e do Mulato) da obra Sobrados e Mucambos de Gilberto Freyre. O capítulo seis apresenta uma breve análise crítica da bibliografia de referencia utilizada nesta monografia.   

quarta-feira, 29 de junho de 2016

Mulato rosa




Boa Noite!
Início do capítulo dois.
Conheça mais um segmento do trabalho em tela.
Namastê.


1A MANIFESTAÇÃO ARTÍSTICA CONVENCIONAL EM SEUS PRINCIPAIS ASPECTOS

A manifestação artística convencional é oriunda do homem civilizado e adaptado aos sistemas sociais comuns a este meio. A sociedade urbana contemporânea capitalista é o local onde prospera a manifestação artística convencional. Nesse rumo, o artista clássico busca no regime de letras a confirmação do seu trabalho, seja através da construção de conhecimento acadêmico, seja através de um sistema de aprendizado paralelo (autodidata). A publicação de textos (e / ou artigos) referenciada nas suas obras de arte e as exposições públicas (coletivas ou individuais) são estratégias de auto-afirmação no cenário artístico convencional. São uma espécie de ritual, pois cercado de requintes e sutilezas sócio-culturais típicos do “jogo civílico”, presentes tanto no ocidente como no oriente. Para o adepto deste ritual e para aquele que crê nas manifestações artísticas convencionais, todo o universo de criação antropomórfica que não se enquadra nos parâmetros supra mencionados não é arte. Pode vir a ser artesanato, quiçá artefato, mas não uma “Obra de Arte”. Portanto, segundo a cosmovisão padrão do homem civilizado, os povos não brancos (afro-brasileiros e ameríndios), via de regra, não produzem “Obras de Arte”.
            Tenho em minhas mãos duas obras que auxiliam no entendimento desta matéria acadêmica. Em primeiro lugar, trago a obra denominada “Em Busca do Tempo Perdido – À sombra das raparigas em flor (parte dois)”. Trata-se de uma adaptação para uma edição em quadrinho da célebre obra de Marcel Proust, visando especialmente o público infantil e infanto-juvenil. Por que trago esta obra? A imagem que colori a capa do referido livro de autoria de Proust com adaptação e desenhos de Stéphane Heuet, traz a cena clássica de um artista civilizado: Em um ateliê, bem montado e perfeitamente estruturado, o artista plástico é retratado fazendo arte. No que se refere à técnica, óleo sobre tela, me parece ser a obra plástica clássica, bem como a mais apreciada pelo meio contemporâneo capitalista moderno. Esta obra, uma vez concluída, de um modo geral, torna-se produto disposto na prateleira do disputado e requintado mercado de obras de arte. Agora pode vir a ser trocada por algumas moedas ou por alguns milhões de dólares, dependendo da fama e do status sócio-cultural do seu autor. Cena clássica, oriunda de uma obra de arte convencional comum no meio do homem civilizado que tem na Europa o centro da sua atenção como fonte verte doura do conhecimento e das referências éticas e estéticas.
                        Em segundo lugar tenho a obra denominada “Do mucambo à casa-grande – desenhos e pinturas de Gilberto Freyre”. Trata-se de uma espécie de álbum com diversas imagens que retratam o trabalho do antropólogo Gilberto Freyre como artista plástico. Muito conhecido no meio acadêmico devido à sua extensa e qualificada bibliografia, Freyre demonstra aqui o seu talento na área das “Belas Artes”. São pinturas, desenhos, esculturas, fotografias, enfim um universo artístico cultural convencional de primeira linha, segundo os padrões estéticos euroreferenciados. Desta obra, destaco a página 75 – fotografia que retrata o material de pintura utilizado por Gilberto Freyre  para a confecção de suas obras de arte. A página 85 também merece destaque. Ali está um “óleo sobre tela” sem título nas dimensões 41,5 Cm X 51 Cm (no original) que retrata uma cena típica da etnografia de Gilberto Freyre (também presente na obra de Darcy Ribeiro – O Povo Brasileiro): a interação mais do que social entre o homem branco e a mulher afro-descendente.
Baseado nestes dois exemplos ilustro imageticamente a minha tese construída textualmente nesta monografia. Ou seja, a manifestação artística convencional tem texto e contexto particular e específico. Mora no objeto (obra de arte) e se relaciona com o exterior, através da exposição pública (curada – engenho de curador profissional) que culmina em relações de troca com a unidade monetária nacional daquele lugar onde se encontra. Portanto, neste ponto da monografia já é possível perceber que a manifestação artística convencional é totalmente distinta das expressões presentes na arte popular urbana, bem como na arte indígena. Cito a arte indígena porque trabalhei recentemente com esta temática. O título da obra era: Vendendo a Cultura? Pesquisa Qualitativa, através de Estudo de caso: A intervenção etno-artística de um grupo de Kaingang em meio urbano contemporâneo – Região Metropolitana de Porto Alegre (RM POA) - Centro da Cidade de Viamão/Rio Grande do Sul/Brasil. Trabalho realizado na conclusão das atividades propostas pela disciplina denominada “Etnologia Ameríndia”.


Mulato




Vamos avançar mais um pouco!

Sabe o que mais incomoda?
Doutor que tem preguiça de ler.
Vê se pode? Ganham pomposos salários para realizar esta atividade e avaliam os alunos com uma espécie de "leitura dinâmica" dos trabalhos propostos.
Chego a pensar que isso é uma espécie de "corrupção". Oneram o erário público, pesam na folha de pagamento da União e na hora de trabalhar PARALISAÇÃO.





1.1  CONTEXTO INICIAL DA REALIZAÇÃO DESTE TRABALHO MONOGRÁFICO – Pormenores

Ingressei no Curso de Bacharelado em Ciências Jurídicas e Sociais. Como não tive a oportunidade de fazê-lo na universidade pública e gratuita, busquei um novo caminho de trabalho, através de requerimento para ingresso de diplomado na Pontifícia Universidade Católica (PUC/RS).
O aluno de graduação está começando uma caminhada na formação profissional requerida. São muitas novidades, novos contextos de trabalho, terminologia nova, denominações novas, enfim um novo universo a descobrir. Portanto, além das leituras, busquei o auxílio de recurso multimídia como base auxiliar no processo de ensino e aprendizagem. Foi neste ínterim que tive o contato com o autor que viria a despertar em definitivo a chave que faltava no contexto do processo de construção da minha identidade étnica.
Miguel Reale é uma figura muito conhecida no meio acadêmico-jurídico. Sobre isto ninguém há de ter alguma dúvida. O que eu não podia supor é que, buscando conhecer mais sobre a área do direito, através da obra de Reale, encontraria a mim mesmo. Encontraria o elo que faltava para me ligar em definitivo com as minhas raízes afro-descentes.  
Freqüentei por seis anos o curso de graduação em ciências sociais (1992-1998). Freqüentei por quase três anos o curso de pós-graduação em antropologia social no IFCH/ UFRGS (1999-2001). Fui orientado por diversos profissionais especializados, mas não tive esta oportunidade de conhecer esta denominação antropológica colorida: Mulato Cor de Rosa. Ou seja, no final de todo este processo de formação profissional, conquistei a titulação acadêmica de antropólogo. Contudo o processo de encontrar a mim mesmo viria a posteriori.
A peça documental que desencadeou o processo definitivo de acionamento legítimo deste sentimento de pertença étnica foi acessada na rede mundial de computadores. O vídeo está disponível na internet, lista do Programa da TV Brasil chamado Roda Viva. Trata-se de uma das ultimas aparições do Professor e renomado Jurista Miguel Reale na mídia brasileira antes do seu falecimento. Em determinado momento da entrevista, o professor Miguel Reale foi questionado sobre a atual situação do advogado na sociedade brasileira. De pronto e em tom característico, ele responde para o jornalista: para lhe dar esta resposta, tenho que voltar lá atrás. Sugiro que você leia o capítulo 11 de Sobrados e Mucambos – A Ascenção do Mulato e do Bacharel. Miguel Reale foi contemporâneo de Gilberto Freyre. Estavam lado a lado no então Conselho Federal de Educação e Cultura. Reale recebe diversas críticas até hoje pela sua relação com os governos não democráticos e autoritários de Getúlio Vargas. Nesta entrevista não foi diferente, mas como todo bom advogado, faz uma defesa clara e bem estruturada, declarando que não tinha afinidade ideológica com estes gestores públicos de antanho. Apenas ocupou espaços de poder que lhe cabiam naquele momento histórico, defendo a educação e a cultura nacional.
Li e reli a obra referida por Miguel Reale. Além disso, iniciei um trabalho de transcrição manual e literal da obra. Optei pela transcrição manuscrita (base física papel) que agora trago para o interior desta monografia (Documento Digital). Assim procedo, pois acredito que NÃO se trata de um simples trabalho bibliográfico. Estou estabelecendo uma relação íntima com o autor da obra e com o fulcro dos seus pressupostos teóricos. Gostaria de antecipar também que considero estes autores (Reale pai e Reale filho, além de Gilberto Freyre) de suma importância para o trabalho científico e literário que realizo.

Um parêntese necessário é a minha relação com a obra denominada “Mal Estar na Cultura – visões caleidoscópicas da vida contemporânea”. Depois de realizado este movimento até aqui descrito, freqüentando os projetos da pró-reitoria de extensão da UFRGS, através do Departamento de Difusão Cultural (DDC-PROREXT-UFRGS), me deparo com Miguel Reale Junior como autor de um artigo na referidda obra organizada por Enéias Tavares, Kathrin Rosenfield e Sinara Robin. Ou seja, trata-se de uma caminhada de investigação, estudo e análise que extrapolam as barreiras acadêmicas tradicionais e dialogam diretamente com o campo da arte e da filosofia no descobrimento de novas formas de construção do conhecimento científico. 

Mulato cor de rosa





Mais um pouco.

Trabalhar.
Vamos trabalhar?
Tem doutor que não trabalha. Ou melhor, carrega o título nas costas. 
E como o título é pesado ...
Conheço um que é fazendeiro (rs, rs, rs).
Coisas da academia.
Vamos voltar para o mulato?






1.                  CONTEXTO INICIAL DA REALIZAÇÃO DESTE TRABALHO MONOGRÁFICO – Parte Geral



“O Racismo no Brasil é tão inteligente que nem parece ser Racismo”. Boaventura


Senti a necessidade de iniciar o trabalho com uma pequena contextualização sobre o ponto de partida do mesmo: A minha relação pessoal com o Curso de Bacharelado em Ciências Jurídicas e Sociais. E qual é a importância de estar relacionando-me com a referida área do conhecimento?
David Giacomini residia em Passo Fundo. Sobrinho de Zeferino Jacomini, decidiu realizar movimento análogo a este: tentar a sorte na capital dos gaúchos. Ao chegar a Porto Alegre recebeu todo o apoio de “Zéfi” e passa a freqüentar o curso de Bacharelado em Ciências Jurídicas e Sociais na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Trata-se de uma biografia importante, pois menciona mais uma história de vida de um cidadão humilde e trabalhador que, após muito esforço, conquista um espaço no mercado de trabalho tão disputado e desigual. No que se refere a própria biografia do meu pai, cabe aqui referir que criei o artigo denominado “Uma mala na mão e um sonho no coração – tributo à Zeferino Jacomini”3. Este escrito foi realizado em 1999 e estava no centro de uma homenagem que prestei ao Zeferino antes deste partir, fato que ocorreu no inverno de 2001.
Na teatralização do passado e na presentificação da minha memória infantil vejo uma imagem: David Giacomini adquiriu um automóvel novo e decide “fazer um teste”: visitar o primo podre na periferia de Viamão. Era um automóvel VW Santana 1984 em cor escura. Ele profissional bem sucedido, promotor de justiça e professor universitário, residente na Cidade de Canoas. Eu aluno do ensino fundamental, morador da periferia de Viamão, oriundo da capital. Bernardina optou por não resistir no Areal e adquirir um lote urbano em outra cidade. Se tivesse seguido os passos de Mestre Borel, resistindo e aguardado a remoção feita pela prefeitura, seríamos todos restingueiros (e não isabelenses).
Voltando a 1984 e retornando a cena mural imagética projetada na tela da imaginação: já tínhamos uma residência um pouco melhor (casa de alvenaria) do que a anterior de madeira reciclada, conquistada pelo empenho da família que labutou durante anos para adquiri-la. David chegava nestas visitas sempre com um sorriso largo no rosto em que cultivava um bigode bem cuidado. Homem branco, estatura média, trajava roupa de passeio convencional. Sempre trazia algo para regalar-me (relógio, caneta, brinquedos, etc.).  Ele perguntava sobre a escola. Fazia questão de buscar os meus cadernos e mostrar o produto das minhas últimas lições.
David Giacomini esteve presente na sessão de sepultamento de Zeferino Jacomini no Cemitério Jardim da Paz (Porto Alegre) que ocorreu nos meses frios do ano de 2001. David viria a também falecer meses depois, devido a complicações de saúde provenientes de tratamento de um câncer incurável. Foi o inverno do colapso: fracassei na carreira política, perdendo o cargo na Secretaria de Cultura, perdi o meu pai, David partiu. Como se não bastasse toda esta tormenta, Cornelia desistiu da minha orientação acadêmica.  Tentei reagir com o plano de estudos: Daisy Barcelos prontamente assumiu a minha orientação. A direção do programa não aceitou, declarando a professora Daisy como não habilitada para fazê-lo. Passei a trabalhar com Oscar Aguero que era um antropólogo não branco como eu próprio. Contudo, o professor Oscar também enfrentava problemas de saúde (causada por uma mulher branca). O lado mais escuro do sempre rondava a todos nós. O professor Oscar também não resistiu e partiu, após período de internação no Hospital de Clínicas. Diante de todo este contexto doloroso e sombrio, entrei em colapso (também queria partir).
Sobre esta decisão da direção do Programa de Pós Graduação em Antropologia Social (PPGAS) de não homologar a orientação requerida pela antropóloga Dra. Daisy Barcellos, a fim de que eu desse seqüencia ao meu trabalho científico na UFRGS, cabe destacar que trata-se de um fato “inexplicável”, pois a afirmativa de que o doutorado da mesma não teria sido homologado pela UFRGS não procedia, conforme atestam os documentos anexo a este (Ver Anexo número 01). Contudo, este breve relato é o que basta neste ínterim introdutório. Ao longo do texto, estarei desenvolvendo os pontos aqui elencados.


terça-feira, 28 de junho de 2016

Mulato cor de rosa



Muito Bem!

Você já conhece o título. Leu a epígrafe e se divertiu com a apresentação do Mestre Galo Preto.
Agora vamos avançar para a introdução do trabalho.

Tese geral: Eu não sou branco.

Mais do que isso, pois posso provar o que afirmo.
Como? Etnografia.
Neste caso, auto-etnografia.
Como assim?
Eu sou o meu próprio objeto de estudo e análise.
Entendeu?

Vamos ao texto original:




INTRODUÇÃO

“É impossível defrontar-se alguém com o Brasil de Dom Pedro I, de Dom Pedro II, da Princesa Isabel, da campanha da Abolição, da propaganda da República por doutores de pincenez, dos namoros de varanda de primeiro andar para a esquina da rua, com a moça fazendo sinais de leque, de flor ou de lenço para o rapaz de cartola e de sobrecasaca, sem atentar nestas duas grandes forças, novas e triunfantes, às vezes reunidas numa só: o bacharel e o mulato” Gilberto Freyre

A monografia presente é oriunda do resultado das atividades vinculadas ao Plano de Ensino da Disciplina denominada Afro descendência e Cidadania no Brasil Contemporâneo. A ministrante da disciplina supracitada é a Professora Denise Jardim. Além do suporte teórico e estudo bibliográfico previsto para ser desenvolvido nesta disciplina, também foi planejada a execução de atividades práticas de investigação e pesquisa em antropologia. Consta no quadro de objetivos da disciplina, o texto que segue:
“O Objetivo geral do curso é a leitura e discussão de um conjunto de textos que revelam os debates contemporâneos sobre a afro descendência e que resultaram em dispositivos jurídicos e constitucionais. Examinaremos um campo de produção sobre a afro descendência e a valorização da diversidade cultural no Brasil”. 
A questão subjacente que surge aqui – e não posso me privar dela – é representada pela pergunta: “O que é afro descendência (e cidadania)01?”. Anexa a esta pergunta surge outros questionamentos que também são importantes: Como, por exemplo, quais os movimentos acadêmicos realizado pelo estudante do Curso de Bacharelado em Ciências Sociais, já licenciado na área e pós- graduado em antropologia? Ou ainda que tipo de construção textual este acadêmico pode produzir? Outro debate importante que me proponho a construir é aquele de cunho mais filosófico que iniciei na disciplina Etnologia Ameríndia. A pergunta é a seguinte: “O que é a ciência antropológica02?” E o contexto da resposta acontece no interior do exercício denominado “Glossário”. .
Obviamente que a bibliografia estudada durante o semestre apresentou uma resposta para este questionamento. Mas, neste caso da pesquisa de campo, é a práxis falando. Têm-se aqui uma experiência prática de pesquisa e a busca de respostas nas atividades de campo propostas no âmbito da disciplina: Afro descendência e Cidadania no Brasil Contemporâneo.
Cabe destacar, desde já, que a oportunidade de participar desta atividade de pesquisa, representou um avanço no que tange a construção de conhecimento em Ciências Sociais, através das ferramentas conceituais e práticas oferecidas pela antropologia. Portanto, sou muito grato pelo amparo institucional da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, através do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH), para a realização das atividades correlatas à pesquisa científica.
No decorrer desta monografia, demonstrarei os principais aspectos práticos e teóricos desta importante atividade acadêmica realizada no período. Para proporcionar um melhor entendimento e acompanhamento destas atividades, os dados aqui colocados estão acompanhados, sempre que possível, de alguns anexos nos quais insiro determinados documentos que trazem os detalhamentos técnicos, explicativos e/ou ilustrativos destas atividades.
Com o título: Mulato Cor de Rosa? O processo de construção da identidade Etno-Racial, através de Estudo de caso: A trajetória de um estudante oriundo de classe popular da Cidade de Viamão/Rio Grande do Sul/Brasil”, este trabalho tem como principal objetivo explanar em detalhes o processo de definição da identidade racial acionado por um sentimento de pertença étnica de um jovem adulto não branco, dialogando com os seus pares no âmbito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Ao longo do texto monográfico também estarei demonstrando os percalços e dificuldades vividas pelo pesquisador enquanto aluno de graduação da universidade federal na sua trajetória de formação acadêmica, dialogando com uma elite branca detentora dos cargos de mando e decisão política na referida instituição de ensino. O racismo está presente no cotidiano da universidade, isto é fato e foi amplamente demonstrado por um colega de curso que apresentou o seu trabalho final da disciplina sobre as discriminações raciais que ocorrem dentro de curso de medicina da UFRGS.
Na condição de afro-descendente estou inserido dentro deste cenário de discriminação e cerceamento institucional. Portanto, também tenho por objetivo relatar o processo de exclusão sócio-educativa do qual fui vítima, provocado por decisão político-administrativa unilateral de um membro (branco) da comunidade científica. Estou referindo o processo administrativo que negou a solicitação da professora Dra. Daisy Barcellos em assumir a minha orientação acadêmica em 2001, quando a ex-orientadora decidiu abrir mão da minha orientação.
Ao final de curso, o aluno que já é quase bacharel, tem acumulado uma experiência anterior vivenciada em diversas atividades acadêmicas. Portanto, diante do que possuo de experiência também fora da universidade onde vivenciei diversas práticas pedagógicas desde 1984, quando passei a freqüentar o curso de magistério na Escola Estadual Isabel de Espanha (Atualmente Instituto de Educação Isabel de Espanha/Viamão/RS) pretendo também realizar uma crítica construtiva das atividades propostas para a disciplina Afro descendência e Cidadania no Brasil Contemporâneo, oferecendo sugestões para o aprimoramento da mesma.
Quanto a sua estrutura é importante destacar que esta monografia está dividida em seis partes, além da introdução e conclusão. No primeiro capítulo apresento o contexto inicial da realização deste trabalho monográfico, esboçando os fatos mobilizadores do mesmo. Dedico o capítulo dois para abordar a manifestação artística convencional em seus principais aspectos. O capítulo três, Arte e Resistência na Periferia, este subdividido em três segmentos (Noel Rosa, Mestre Borel e JacquesJa). O Sentimento de pertença etno-racial é a temática que compõe o capítulo quatro. O capítulo cinco é dedicado as questões que envolvem a atividade de transcrição do capítulo onze (A Ascensão do Bacharel e do Mulato) da obra Sobrados e Mucambos de Gilberto Freyre. O capítulo seis apresenta uma breve análise crítica da bibliografia de referencia utilizada nesta monografia.   



Mulato cor de rosa

Veja o início do trabalho.
Uma epígrafe em grande estilo.
Ou seja, dou prova de que é algo, autoral, criativo e com embasamento artístico e lúdico, além de técnico - teórico.
Clica no link e curte o mestre Galo Preto.


Epígrafe

“Quem disser que preto é feio,
Preto é bonita cor,
É com preto que eu escrevo as cartas para o meu amor
(Refrão).

A diferença está na pele
Põe o branco e o preto nu,
Todo o sangue é vermelho,
Eu nunca vi sangue azul.
Queremos a igualdade,
Todos nós somos irmãos,
Merecemos o mesmo trato,
Porque somos todos cidadãos.

“Quem disser que preto é feio,
Preto é bonita cor,
É com preto que eu escrevo as cartas para o meu amor
(Refrão).

Quero convidar a sociedade
Para nos visitar lá em peixinho
Que serão recebidos com carinho
Eu posso provar
Antes foi um matadouro
Mas agora é nascedouro
Merece todo o valor e devemos destacar
Eu nunca fui matador
Sempre fui bom cantador
Tem repente, tem valor,
Tem um jeito de cantar e se você me deixar
Eu vou provar o meu talento,
Porque chegou o momento
Do Galo Preto voltar.

“Quem disser que preto é feio,
Preto é bonita cor,
É com preto que eu escrevo as cartas para o meu amor
(Refrão).


Fonte da transcrição da canção:
Extrato do Coco chamado “Quem disser que preto é feio”
Mestre Galo Preto em apresentação no Programa “Sopa Diário”,
Apresentado na TV Universitária Floripa.

Mulato

Vamos lá!
Cumprindo o prometido.
Curte o título:



segunda-feira, 27 de junho de 2016

Equivografando





Equivografando

O que eu estou fazendo aqui?
Sabes que sou muito crítico. Inclusive comigo mesmo. Hoje, ao subir o monte, perguntei: O que eu estou fazendo aqui? Aparecido soprou a seguinte frase no meu ouvido: Você está equivografando.
É certo que muitos dos meus escritos não passam de equívocos grafados. Não há como acertar o alvo sempre. Sobre a Santa Isabel, por exemplo. Estou revendo escritos antigos, pois este lugar não é mais o mesmo. Não quero desapontar ninguém, mas em breve vou revelar estórias que podem chocá-la (o). Contudo, possuo méritos e necessito registrar o que segue. Etnografando.
Sabes que fui o inventor da auto-etnografia? Certamente você já ouviu falar em autobiografia. Já escutou algo do tipo auto-terapia (ou auto-medicação). Etecétera e tal. Mas creio que nunca ouviu falar em auto-etnografia. Nunca ouviu, porque não existe. Ou melhor, não existia até o ano passado. Eu sou o inventor do termo e da coisa em si. Oportunidade na qual reivindiquei a minha etnia perdida (afro-descendência), através de trabalho monográfico apresentado na urguês. Sim! Urguês rima com burguês. Existem muitos burgueses lá. Mas esta é outra estória.
Os interessados em conhecer um pouco mais deste trabalho terão a oportunidade de fazê-lo, através das páginas do blog. Dividirei o mesmo em partes pequenas, pois são muitas páginas de “blá, blá, blá acadêmico”. Mas vale a pena. Afinal de contas trata-se de algo inédito: A auto-etnografia do “Mulato cor-de-rosa”. Este não foi um equívoco grafado (mas mesmo assim fui condenado por crivo apressado), pois teve um sustentáculo importante: a célebre obra de Gilberto Freyre – Sobrados e Mucambos. Obrigado pela paciência de acompanhar mais esta reflexão. Fica bem!
Namastê.




terça-feira, 21 de junho de 2016

Wings of Desire (1987) HD [1080p]

Lobo

Antonio


Viamão - Fiuza




Viamão - Fiuza

A mensagem congênere a anterior: Escritor Civil e o Viamão Fiuza.
A princesa do Condado é uma isabelense cheia de atributos, mas não nega a sua procedência. A beleza é tanta que dificulta o emprego da língua culta. Sinceramente, com todo o respeito devido, utilizar expressões verbais do tipo vamo que vamo na comunicação social é algo fora do contexto do principado. Quem tem dificuldade com a linguagem? Existem aqueles que ainda hoje fazem o emprego de sinais de fumaça. Disparei a flecha com dardo. Eu sou da Vila faz tempo e ninguém vai me calar.
Preciso resgatar aqui a estória dos catarinas. Recebi muitas mensagens e manifestações após a publicação do último texto. Quero esclarecer que não sou xenofóbico. Não tenho nada contra nenhum tipo de grupo ou etnia. A própria Nina é uma Catarina de Capivari de Baixo. Descendo dos Xavier Trindade de Tubarão. Tenho amigos em Criciuma, Laguna, Florianópolis, etecétera e tal. Sobre a referência que fiz ao restaurante vai aqui a dica derradeira para que não haja mais confusão. A pêra é uma fruta que nasce em uma árvore chamada de - - - - - - - . Entendeu? Este é o estabelecimento comercial que não confio e não recomendo. Molho Sugo.
Onze parlamentares votaram contra o projeto que previa a instalação do estacionamento rotativo na Santa Isabel. O que dizer sobre? Eu venho trabalhando sobre o tema desde 1999, quando fiz um estudo muito sério e cunhei a expressão Cidadenização para explicar as peculiaridades deste lugar. Se estes parlamentares enxergam (eu não gosto desta palavra, lembra o vamo que vamo expressão chula e grotesca) a Santa Isabel pequena comparada ao centro histórico de Viamão só tenho a discordar dos nobres edis. Olhar e ver é uma expressão que aprendi com a Nina Rosa Jacob. É justamente esta ação que faltou ao crivo parlamentar. Olhar e ver a Santa Isabel tal e qual a sua grandeza como uma região com ares de Cidade.
Não é fácil ser um escritor civil em meio a tanta ignorância. Lembram daquele texto que escrevi? Transcrevo abaixo para os que não tiveram a oportunidade de apreciar:
A Cidade do Ovo.

Viamão não tem biblioteca pública.
Viamão não tem casa de cultura.
Viamão não tem tele-centros de informática para pessoas de baixa renda acessar a internet.
Viamão não tem internet rápida para quem pode pagar por ela.
Viamão não tem uma pista atlética para a prática desportiva da população.
Viamão não franqueia o acesso universal para pessoas especiais nos prédios da administração pública municipal.
Viamão não tem ciclovia.
Viamão não tem hospital público.
Viamão não tem transporte público de qualidade para a população.
Viamão não tem (...) Não tem (...) Não tem (...).
De vez em quando, passa por aqui uma Kombi. Não é, exatamente, um automóvel. Foi um automóvel ah ...,mais ou menos, uns quarenta anos atrás. Ela vem equipada com um sistema de som. O seu condutor anuncia a promoção do ovo: Brada, repetidas vezes, frases do tipo: Olha o ovo. Olha o ovo, olha o ovo. A melancia é calada e garantida. Olha o ovo graúdo e fresquinho. Tem laranja. Tem banana. Tem aipim. Batata doce. É a promoção do ovo passando na frente da sua casa. É só mandá pará e aproveitá. Olha o ovo. Vamo chegá freguesia. É só mandá pará e aproveitá.

Viamão, definitivamente, é a Cidade do Ovo.   

Pergunta: Quem poderia tecer trabalho igual a este?
Resposta: O Escritor Civil.
Namastê.