quarta-feira, 29 de junho de 2016

Mulato rosa




Boa Noite!
Início do capítulo dois.
Conheça mais um segmento do trabalho em tela.
Namastê.


1A MANIFESTAÇÃO ARTÍSTICA CONVENCIONAL EM SEUS PRINCIPAIS ASPECTOS

A manifestação artística convencional é oriunda do homem civilizado e adaptado aos sistemas sociais comuns a este meio. A sociedade urbana contemporânea capitalista é o local onde prospera a manifestação artística convencional. Nesse rumo, o artista clássico busca no regime de letras a confirmação do seu trabalho, seja através da construção de conhecimento acadêmico, seja através de um sistema de aprendizado paralelo (autodidata). A publicação de textos (e / ou artigos) referenciada nas suas obras de arte e as exposições públicas (coletivas ou individuais) são estratégias de auto-afirmação no cenário artístico convencional. São uma espécie de ritual, pois cercado de requintes e sutilezas sócio-culturais típicos do “jogo civílico”, presentes tanto no ocidente como no oriente. Para o adepto deste ritual e para aquele que crê nas manifestações artísticas convencionais, todo o universo de criação antropomórfica que não se enquadra nos parâmetros supra mencionados não é arte. Pode vir a ser artesanato, quiçá artefato, mas não uma “Obra de Arte”. Portanto, segundo a cosmovisão padrão do homem civilizado, os povos não brancos (afro-brasileiros e ameríndios), via de regra, não produzem “Obras de Arte”.
            Tenho em minhas mãos duas obras que auxiliam no entendimento desta matéria acadêmica. Em primeiro lugar, trago a obra denominada “Em Busca do Tempo Perdido – À sombra das raparigas em flor (parte dois)”. Trata-se de uma adaptação para uma edição em quadrinho da célebre obra de Marcel Proust, visando especialmente o público infantil e infanto-juvenil. Por que trago esta obra? A imagem que colori a capa do referido livro de autoria de Proust com adaptação e desenhos de Stéphane Heuet, traz a cena clássica de um artista civilizado: Em um ateliê, bem montado e perfeitamente estruturado, o artista plástico é retratado fazendo arte. No que se refere à técnica, óleo sobre tela, me parece ser a obra plástica clássica, bem como a mais apreciada pelo meio contemporâneo capitalista moderno. Esta obra, uma vez concluída, de um modo geral, torna-se produto disposto na prateleira do disputado e requintado mercado de obras de arte. Agora pode vir a ser trocada por algumas moedas ou por alguns milhões de dólares, dependendo da fama e do status sócio-cultural do seu autor. Cena clássica, oriunda de uma obra de arte convencional comum no meio do homem civilizado que tem na Europa o centro da sua atenção como fonte verte doura do conhecimento e das referências éticas e estéticas.
                        Em segundo lugar tenho a obra denominada “Do mucambo à casa-grande – desenhos e pinturas de Gilberto Freyre”. Trata-se de uma espécie de álbum com diversas imagens que retratam o trabalho do antropólogo Gilberto Freyre como artista plástico. Muito conhecido no meio acadêmico devido à sua extensa e qualificada bibliografia, Freyre demonstra aqui o seu talento na área das “Belas Artes”. São pinturas, desenhos, esculturas, fotografias, enfim um universo artístico cultural convencional de primeira linha, segundo os padrões estéticos euroreferenciados. Desta obra, destaco a página 75 – fotografia que retrata o material de pintura utilizado por Gilberto Freyre  para a confecção de suas obras de arte. A página 85 também merece destaque. Ali está um “óleo sobre tela” sem título nas dimensões 41,5 Cm X 51 Cm (no original) que retrata uma cena típica da etnografia de Gilberto Freyre (também presente na obra de Darcy Ribeiro – O Povo Brasileiro): a interação mais do que social entre o homem branco e a mulher afro-descendente.
Baseado nestes dois exemplos ilustro imageticamente a minha tese construída textualmente nesta monografia. Ou seja, a manifestação artística convencional tem texto e contexto particular e específico. Mora no objeto (obra de arte) e se relaciona com o exterior, através da exposição pública (curada – engenho de curador profissional) que culmina em relações de troca com a unidade monetária nacional daquele lugar onde se encontra. Portanto, neste ponto da monografia já é possível perceber que a manifestação artística convencional é totalmente distinta das expressões presentes na arte popular urbana, bem como na arte indígena. Cito a arte indígena porque trabalhei recentemente com esta temática. O título da obra era: Vendendo a Cultura? Pesquisa Qualitativa, através de Estudo de caso: A intervenção etno-artística de um grupo de Kaingang em meio urbano contemporâneo – Região Metropolitana de Porto Alegre (RM POA) - Centro da Cidade de Viamão/Rio Grande do Sul/Brasil. Trabalho realizado na conclusão das atividades propostas pela disciplina denominada “Etnologia Ameríndia”.


Nenhum comentário: