Boa Noite!
Início do capítulo dois.
Conheça mais um segmento do trabalho em tela.
Namastê.
1A MANIFESTAÇÃO ARTÍSTICA CONVENCIONAL EM SEUS PRINCIPAIS
ASPECTOS
A manifestação artística convencional é oriunda do homem civilizado e
adaptado aos sistemas sociais comuns a este meio. A sociedade urbana
contemporânea capitalista é o local onde prospera a manifestação artística
convencional. Nesse rumo, o artista clássico busca no regime de letras a
confirmação do seu trabalho, seja através da construção de conhecimento
acadêmico, seja através de um sistema de aprendizado paralelo (autodidata). A
publicação de textos (e / ou artigos) referenciada nas suas obras de arte e as
exposições públicas (coletivas ou individuais) são estratégias de
auto-afirmação no cenário artístico convencional. São uma espécie de ritual,
pois cercado de requintes e sutilezas sócio-culturais típicos do “jogo
civílico”, presentes tanto no ocidente como no oriente. Para o adepto deste
ritual e para aquele que crê nas manifestações artísticas convencionais, todo o
universo de criação antropomórfica que não se enquadra nos parâmetros supra
mencionados não é arte. Pode vir a ser artesanato, quiçá artefato, mas não uma
“Obra de Arte”. Portanto, segundo a cosmovisão padrão do homem civilizado, os
povos não brancos (afro-brasileiros e ameríndios), via de regra, não produzem
“Obras de Arte”.
Tenho em minhas mãos duas obras que
auxiliam no entendimento desta matéria acadêmica. Em primeiro lugar, trago a
obra denominada “Em Busca do Tempo Perdido – À sombra das raparigas em flor
(parte dois)”. Trata-se de uma adaptação para uma edição em quadrinho da
célebre obra de Marcel Proust, visando especialmente o público infantil e
infanto-juvenil. Por que trago esta obra? A imagem que colori a capa do
referido livro de autoria de Proust com adaptação e desenhos de Stéphane Heuet,
traz a cena clássica de um artista civilizado: Em um ateliê, bem montado e
perfeitamente estruturado, o artista plástico é retratado fazendo arte. No que
se refere à técnica, óleo sobre tela, me parece ser a obra plástica clássica,
bem como a mais apreciada pelo meio contemporâneo capitalista moderno. Esta
obra, uma vez concluída, de um modo geral, torna-se produto disposto na
prateleira do disputado e requintado mercado de obras de arte. Agora pode vir a
ser trocada por algumas moedas ou por alguns milhões de dólares, dependendo da
fama e do status sócio-cultural do seu autor. Cena clássica, oriunda de uma
obra de arte convencional comum no meio do homem civilizado que tem na Europa o
centro da sua atenção como fonte verte doura do conhecimento e das referências
éticas e estéticas.
Em segundo lugar tenho a
obra denominada “Do mucambo à casa-grande – desenhos e pinturas de Gilberto
Freyre”. Trata-se de uma espécie de álbum com diversas imagens que retratam o
trabalho do antropólogo Gilberto Freyre como artista plástico. Muito conhecido
no meio acadêmico devido à sua extensa e qualificada bibliografia, Freyre
demonstra aqui o seu talento na área das “Belas Artes”. São pinturas, desenhos,
esculturas, fotografias, enfim um universo artístico cultural convencional de
primeira linha, segundo os padrões estéticos euroreferenciados. Desta obra,
destaco a página 75 – fotografia que retrata o material de pintura utilizado
por Gilberto Freyre para a confecção de
suas obras de arte. A página 85 também merece destaque. Ali está um “óleo sobre
tela” sem título nas dimensões 41,5 Cm X 51 Cm (no original) que retrata uma
cena típica da etnografia de Gilberto Freyre (também presente na obra de Darcy
Ribeiro – O Povo Brasileiro): a interação mais do que social entre o homem
branco e a mulher afro-descendente.
Baseado nestes dois exemplos ilustro imageticamente a minha tese
construída textualmente nesta monografia. Ou seja, a manifestação artística
convencional tem texto e contexto particular e específico. Mora no objeto (obra
de arte) e se relaciona com o exterior, através da exposição pública (curada –
engenho de curador profissional) que culmina em relações de troca com a unidade
monetária nacional daquele lugar onde se encontra. Portanto, neste ponto da
monografia já é possível perceber que a manifestação artística convencional é
totalmente distinta das expressões presentes na arte popular urbana, bem como na
arte indígena. Cito a arte indígena porque trabalhei recentemente com esta
temática. O título da obra era: ໒Vendendo
a Cultura? Pesquisa Qualitativa, através de Estudo de caso: A intervenção
etno-artística de um grupo de Kaingang em meio urbano contemporâneo – Região Metropolitana
de Porto Alegre (RM POA) - Centro da Cidade de Viamão/Rio Grande do Sul/Brasil.
Trabalho realizado na conclusão das atividades propostas pela disciplina
denominada “Etnologia Ameríndia”.
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