Muito Bem!
Você já conhece o título. Leu a epígrafe e se divertiu com a apresentação do Mestre Galo Preto.
Agora vamos avançar para a introdução do trabalho.
Tese geral: Eu não sou branco.
Mais do que isso, pois posso provar o que afirmo.
Como? Etnografia.
Neste caso, auto-etnografia.
Como assim?
Eu sou o meu próprio objeto de estudo e análise.
Entendeu?
Vamos ao texto original:
INTRODUÇÃO
“É impossível defrontar-se alguém com o Brasil de Dom
Pedro I, de Dom Pedro II, da Princesa Isabel, da campanha da Abolição, da
propaganda da República por doutores de pincenez, dos namoros de varanda de
primeiro andar para a esquina da rua, com a moça fazendo sinais de leque, de
flor ou de lenço para o rapaz de cartola e de sobrecasaca, sem atentar nestas
duas grandes forças, novas e triunfantes, às vezes reunidas numa só: o bacharel
e o mulato” Gilberto Freyre
A monografia presente é oriunda do resultado das
atividades vinculadas ao Plano de Ensino da Disciplina denominada Afro descendência e Cidadania no
Brasil Contemporâneo. A ministrante da
disciplina supracitada é a Professora Denise Jardim. Além do suporte teórico e
estudo bibliográfico previsto para ser desenvolvido nesta disciplina, também
foi planejada a execução de atividades práticas de investigação e pesquisa em
antropologia. Consta no quadro de objetivos da disciplina, o texto que segue:
“O Objetivo geral do curso é a leitura e
discussão de um conjunto de textos que revelam os debates contemporâneos sobre
a afro descendência e que resultaram em dispositivos jurídicos e
constitucionais. Examinaremos um campo de produção sobre a afro descendência e
a valorização da diversidade cultural no Brasil”.
A questão subjacente que surge aqui – e não
posso me privar dela – é representada pela pergunta: “O que é afro descendência
(e cidadania)01?”. Anexa a esta pergunta surge outros questionamentos
que também são importantes: Como, por exemplo, quais os movimentos acadêmicos
realizado pelo estudante do Curso de Bacharelado em Ciências Sociais, já
licenciado na área e pós- graduado em antropologia? Ou ainda que tipo de
construção textual este acadêmico pode produzir? Outro debate importante que me
proponho a construir é aquele de cunho mais filosófico que iniciei na
disciplina Etnologia Ameríndia. A pergunta é a seguinte: “O que é a ciência antropológica02?”
E o contexto da resposta acontece no interior do exercício denominado
“Glossário”. .
Obviamente que a bibliografia estudada
durante o semestre apresentou uma resposta para este questionamento. Mas, neste
caso da pesquisa de campo, é a práxis falando. Têm-se aqui uma experiência
prática de pesquisa e a busca de respostas nas atividades de campo propostas no
âmbito da disciplina: Afro
descendência e Cidadania no Brasil Contemporâneo.
Cabe destacar, desde já, que a oportunidade
de participar desta atividade de pesquisa, representou um avanço no que tange a
construção de conhecimento em Ciências Sociais, através das ferramentas
conceituais e práticas oferecidas pela antropologia. Portanto, sou muito grato
pelo amparo institucional da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, através
do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH), para a realização das
atividades correlatas à pesquisa científica.
No decorrer desta monografia, demonstrarei os
principais aspectos práticos e teóricos desta importante atividade acadêmica
realizada no período. Para proporcionar um melhor entendimento e acompanhamento
destas atividades, os dados aqui colocados estão acompanhados, sempre que
possível, de alguns anexos nos quais insiro determinados documentos que trazem
os detalhamentos técnicos, explicativos e/ou ilustrativos destas atividades.
Com o título: ໒Mulato
Cor de Rosa? O processo de construção da identidade Etno-Racial, através de
Estudo de caso: A trajetória de um estudante oriundo de classe popular da
Cidade de Viamão/Rio Grande do Sul/Brasil”, este trabalho tem como principal
objetivo explanar em detalhes o processo de definição da identidade racial
acionado por um sentimento de pertença étnica de um jovem adulto não branco,
dialogando com os seus pares no âmbito da Universidade Federal do Rio Grande do
Sul.
Ao longo do texto monográfico também estarei
demonstrando os percalços e dificuldades vividas pelo pesquisador enquanto
aluno de graduação da universidade federal na sua trajetória de formação
acadêmica, dialogando com uma elite branca detentora dos cargos de mando e
decisão política na referida instituição de ensino. O racismo está presente no
cotidiano da universidade, isto é fato e foi amplamente demonstrado por um
colega de curso que apresentou o seu trabalho final da disciplina sobre as
discriminações raciais que ocorrem dentro de curso de medicina da UFRGS.
Na condição de afro-descendente estou
inserido dentro deste cenário de discriminação e cerceamento institucional.
Portanto, também tenho por objetivo relatar o processo de exclusão
sócio-educativa do qual fui vítima, provocado por decisão
político-administrativa unilateral de um membro (branco) da comunidade
científica. Estou referindo o processo administrativo que negou a solicitação
da professora Dra. Daisy Barcellos em assumir a minha orientação acadêmica em
2001, quando a ex-orientadora decidiu abrir mão da minha orientação.
Ao final de curso, o aluno que já é quase
bacharel, tem acumulado uma experiência anterior vivenciada em diversas
atividades acadêmicas. Portanto, diante do que possuo de experiência também
fora da universidade onde vivenciei diversas práticas pedagógicas desde 1984,
quando passei a freqüentar o curso de magistério na Escola Estadual Isabel de
Espanha (Atualmente Instituto de Educação Isabel de Espanha/Viamão/RS) pretendo
também realizar uma crítica construtiva das atividades propostas para a
disciplina Afro
descendência e Cidadania no Brasil Contemporâneo, oferecendo sugestões para o aprimoramento da mesma.
Quanto a sua estrutura é importante destacar
que esta monografia está dividida em seis partes, além da introdução e
conclusão. No primeiro capítulo apresento o contexto inicial da realização
deste trabalho monográfico, esboçando os fatos mobilizadores do mesmo. Dedico o
capítulo dois para abordar a manifestação artística convencional em seus
principais aspectos. O capítulo três, Arte e Resistência na Periferia, este subdividido
em três segmentos (Noel Rosa, Mestre Borel e JacquesJa). O Sentimento de
pertença etno-racial é a temática que compõe o capítulo quatro. O capítulo
cinco é dedicado as questões que envolvem a atividade de transcrição do
capítulo onze (A Ascensão do Bacharel e do Mulato) da obra Sobrados e Mucambos
de Gilberto Freyre. O capítulo seis apresenta uma breve análise crítica da
bibliografia de referencia utilizada nesta monografia.
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