terça-feira, 28 de junho de 2016

Mulato cor de rosa



Muito Bem!

Você já conhece o título. Leu a epígrafe e se divertiu com a apresentação do Mestre Galo Preto.
Agora vamos avançar para a introdução do trabalho.

Tese geral: Eu não sou branco.

Mais do que isso, pois posso provar o que afirmo.
Como? Etnografia.
Neste caso, auto-etnografia.
Como assim?
Eu sou o meu próprio objeto de estudo e análise.
Entendeu?

Vamos ao texto original:




INTRODUÇÃO

“É impossível defrontar-se alguém com o Brasil de Dom Pedro I, de Dom Pedro II, da Princesa Isabel, da campanha da Abolição, da propaganda da República por doutores de pincenez, dos namoros de varanda de primeiro andar para a esquina da rua, com a moça fazendo sinais de leque, de flor ou de lenço para o rapaz de cartola e de sobrecasaca, sem atentar nestas duas grandes forças, novas e triunfantes, às vezes reunidas numa só: o bacharel e o mulato” Gilberto Freyre

A monografia presente é oriunda do resultado das atividades vinculadas ao Plano de Ensino da Disciplina denominada Afro descendência e Cidadania no Brasil Contemporâneo. A ministrante da disciplina supracitada é a Professora Denise Jardim. Além do suporte teórico e estudo bibliográfico previsto para ser desenvolvido nesta disciplina, também foi planejada a execução de atividades práticas de investigação e pesquisa em antropologia. Consta no quadro de objetivos da disciplina, o texto que segue:
“O Objetivo geral do curso é a leitura e discussão de um conjunto de textos que revelam os debates contemporâneos sobre a afro descendência e que resultaram em dispositivos jurídicos e constitucionais. Examinaremos um campo de produção sobre a afro descendência e a valorização da diversidade cultural no Brasil”. 
A questão subjacente que surge aqui – e não posso me privar dela – é representada pela pergunta: “O que é afro descendência (e cidadania)01?”. Anexa a esta pergunta surge outros questionamentos que também são importantes: Como, por exemplo, quais os movimentos acadêmicos realizado pelo estudante do Curso de Bacharelado em Ciências Sociais, já licenciado na área e pós- graduado em antropologia? Ou ainda que tipo de construção textual este acadêmico pode produzir? Outro debate importante que me proponho a construir é aquele de cunho mais filosófico que iniciei na disciplina Etnologia Ameríndia. A pergunta é a seguinte: “O que é a ciência antropológica02?” E o contexto da resposta acontece no interior do exercício denominado “Glossário”. .
Obviamente que a bibliografia estudada durante o semestre apresentou uma resposta para este questionamento. Mas, neste caso da pesquisa de campo, é a práxis falando. Têm-se aqui uma experiência prática de pesquisa e a busca de respostas nas atividades de campo propostas no âmbito da disciplina: Afro descendência e Cidadania no Brasil Contemporâneo.
Cabe destacar, desde já, que a oportunidade de participar desta atividade de pesquisa, representou um avanço no que tange a construção de conhecimento em Ciências Sociais, através das ferramentas conceituais e práticas oferecidas pela antropologia. Portanto, sou muito grato pelo amparo institucional da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, através do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH), para a realização das atividades correlatas à pesquisa científica.
No decorrer desta monografia, demonstrarei os principais aspectos práticos e teóricos desta importante atividade acadêmica realizada no período. Para proporcionar um melhor entendimento e acompanhamento destas atividades, os dados aqui colocados estão acompanhados, sempre que possível, de alguns anexos nos quais insiro determinados documentos que trazem os detalhamentos técnicos, explicativos e/ou ilustrativos destas atividades.
Com o título: Mulato Cor de Rosa? O processo de construção da identidade Etno-Racial, através de Estudo de caso: A trajetória de um estudante oriundo de classe popular da Cidade de Viamão/Rio Grande do Sul/Brasil”, este trabalho tem como principal objetivo explanar em detalhes o processo de definição da identidade racial acionado por um sentimento de pertença étnica de um jovem adulto não branco, dialogando com os seus pares no âmbito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Ao longo do texto monográfico também estarei demonstrando os percalços e dificuldades vividas pelo pesquisador enquanto aluno de graduação da universidade federal na sua trajetória de formação acadêmica, dialogando com uma elite branca detentora dos cargos de mando e decisão política na referida instituição de ensino. O racismo está presente no cotidiano da universidade, isto é fato e foi amplamente demonstrado por um colega de curso que apresentou o seu trabalho final da disciplina sobre as discriminações raciais que ocorrem dentro de curso de medicina da UFRGS.
Na condição de afro-descendente estou inserido dentro deste cenário de discriminação e cerceamento institucional. Portanto, também tenho por objetivo relatar o processo de exclusão sócio-educativa do qual fui vítima, provocado por decisão político-administrativa unilateral de um membro (branco) da comunidade científica. Estou referindo o processo administrativo que negou a solicitação da professora Dra. Daisy Barcellos em assumir a minha orientação acadêmica em 2001, quando a ex-orientadora decidiu abrir mão da minha orientação.
Ao final de curso, o aluno que já é quase bacharel, tem acumulado uma experiência anterior vivenciada em diversas atividades acadêmicas. Portanto, diante do que possuo de experiência também fora da universidade onde vivenciei diversas práticas pedagógicas desde 1984, quando passei a freqüentar o curso de magistério na Escola Estadual Isabel de Espanha (Atualmente Instituto de Educação Isabel de Espanha/Viamão/RS) pretendo também realizar uma crítica construtiva das atividades propostas para a disciplina Afro descendência e Cidadania no Brasil Contemporâneo, oferecendo sugestões para o aprimoramento da mesma.
Quanto a sua estrutura é importante destacar que esta monografia está dividida em seis partes, além da introdução e conclusão. No primeiro capítulo apresento o contexto inicial da realização deste trabalho monográfico, esboçando os fatos mobilizadores do mesmo. Dedico o capítulo dois para abordar a manifestação artística convencional em seus principais aspectos. O capítulo três, Arte e Resistência na Periferia, este subdividido em três segmentos (Noel Rosa, Mestre Borel e JacquesJa). O Sentimento de pertença etno-racial é a temática que compõe o capítulo quatro. O capítulo cinco é dedicado as questões que envolvem a atividade de transcrição do capítulo onze (A Ascensão do Bacharel e do Mulato) da obra Sobrados e Mucambos de Gilberto Freyre. O capítulo seis apresenta uma breve análise crítica da bibliografia de referencia utilizada nesta monografia.   



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