segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Conferências UFRGS 2014 - Lorena Holzmann - Parte II

A Inteligência das Flores

Maeterlinck*

A Inteligência das Flores

Nota Introdutória
Título Original: “A Inteligência das Flores” (Lisboa, 1916)
         A nota introdutória faz-se necessário para preparar o nosso leitor sobre o que vai encontrar nas páginas que seguem. O próprio tradutor, Candido de Figueiredo, utiliza este recurso. Nas primeiras linhas você lê: Nota prévia. Mas, a intenção aqui é transcrever um trecho de “A inteligência das flores”. Da mesma forma como trabalhamos em “O Tesouro dos Humildes”.
         Adendo nesta nota o fato lamentável de não termos uma biblioteca na nossa comunidade. A grande maioria das cidades pequenas (além das médias), pela Europa a fora, possuem pelo menos uma biblioteca. As vezes comunitária, ou lendária (em termos de tradição do lugar), muito pequena, com instalações discretas, mas há. Aqui não. E como nós estamos em dezembro, gostaria de registrar que eu tentei. A mais ou menos quatros anos atrás, preparei um material de divulgação e distribui entre algumas pessoas mais próximas. O objetivo era reunir doações de livros, revistas, CDs, DVDs, etc. para agregar ao acervo que já temos, com fins de iniciar o trabalho de uma biblioteca comunitária. Sabe qual foi o retorno? Praticamente zero. Não consegui sensibilizar os meus semelhantes quanto a necessidade de fundação de um equipamento urbano deste tipo entre nós. Não raramente, ao percorrer as ruas do condado, a pé ou de bicicleta, encontro nas lixeiras livros, revistas, etc.
         Deste breve relato, duas conclusões importantes. Em primeiro lugar, as pessoas deste lugar, de um modo geral, levam para a lixeira, junto ao lixo comum, material reciclável. Entre o material reciclável, há livros e outras obras análogas que poderiam estar abastecendo o acervo de uma biblioteca pública e/ou comunitária. Não há a sensibilidade necessária dos meus co-cidadãos para as demandas da área da cultura e educação. A cultura local é: o poder público que faça. E, aí, entro no segundo ponto: não é responsabilidade apenas do poder público o fato de não termos uma biblioteca pública aqui no “Condado”. Mas, especialmente do poder público que já poderia ter atendido esta demanda da Cidade de Santa Isabel. Para concluir o ponto, é importante frisar que nós tínhamos uma biblioteca local. Ela chamava-se “Biblioteca Pública Municipal Mário Quintana” e funcionava junto ao terminal da Avenida do Trabalhador (atualmente espaço da Praça Santa Isabel). O Poder Público Local, na época sob a administração de Senhor Alex Sander Alves Boscaini, decidiu extinguir o referido terminal e transferir o acervo da biblioteca para o interior da Escola Municipal Alberto Pasqualini. A decisão tornou a única biblioteca pública em mais uma biblioteca escolar e a comunidade sem a possibilidade de acessar o equipamento como ocorria outrora.  Páginas tristes na história de uma comunidade com sede de cultura, lazer e sociabilidades educativas.
         Vejam os senhores, eu estou um pouco lá e um pouco aqui. Explico: a transcrição provoca uma série de reflexões de cunho prático e também sobre o conteúdo do texto trabalhado. Neste momento, me atenho apenas as primeiras causas declaradas. A distância temporal que nos separa da confecção desta obra é de, aproximadamente, um século. Como (e talvez por que) chegamos aqui neste encontro hoje? Este que vos tecla vive em uma cidade que não existe biblioteca, mas viaja diariamente até a academia para realizar um “Curso de Letras”. Neste centro de saber topa com esta preciosidade (A falar. Falar e silenciar). Vivo na América (extremo sul do Brasil). O autor viveu na Europa, centro do vertedouro científico e literário de boa parte de toda a sociedade contemporânea. E este encontro agora? Justo agora no momento em que os jovens (meus semelhantes) nem sequer lêem como liam os seus progenitores. Tão apegados aos novos suportes da informação que consomem a essência das obras literárias, vivem de restos de uma cultura que, de tão decadente, espezinhada e ofendida, por certo, em breve, se extinguirá como vapor a plasmar nuvens de um presente que virou passado.   
         A verdade é que esta transcrição não absolve ninguém da “pena” de Maurício Maeterlinck. Temos (todos) o dever de conhecer esta obra, até para não cair na infâmia traduzida pela célebre frase: Eu não sabia de nada. Como assim? Simplesmente se esquivar de verdades tão sublimes já apresentadas magnificamente por Maeterlinck a mais de um século. Ficou o registro da labuta intelectual deste mestre das letras e também ficou a herança literária super qualificada para os meus contemporâneos. Se agora preferem “drogas diversas” que nem sabem a procedência, o que fazer? Eu vou continuar fiel a minha linhagem de ancestrais que optaram por acreditar e trabalhar na defesa dos bons, dos mansos, dos honestos e dos humildes.


ASPECTOS DA OBRA

         A folha de rosto do livro diz que esta é uma tradução feita por Candido de Figueiredo. A procedência do livro é Lisboa/Portugal, datado de 1916. Deu entrada na biblioteca da PUC/RS em 1951 e traz um carimbo da Faculdade Livre de Educação, Ciências e Letras de Porto Alegre. Um detalhe importante a se destacar aqui é que transcrevo conforme o original. É necessário ratificar: o texto original é Frances, traduzido para a língua portuguesa de Portugal. Portanto há diferenças tanto na semântica como na grafia se comparado com a nossa língua oficial (português – Brasil). Pode ocorrer ainda que o software (editor de texto) tenha puxado alguma grafia para o português Brasil, pois é difícil de controlar as configurações automáticas do programa. Há que se considerar também esta possibilidade. Eu lamento (profundamente) pela falta de sensibilidade dos profissionais da biblioteconomia que gostam de colar selos e mais selos em obras raras como esta que estou trabalhando. O que me parece é que eles seguem um protocolo rígido de normas superiores que impõe este tipo de agressão funesta às obras literárias. Este tipo de compendio nem devia estar disponível para empréstimos focados no público em geral de acadêmicos mais preocupados com as somas das médias aritméticas ao final dos períodos letivos, do que com a formação profissional e intelectual, propriamente dita. Voltando aos selos. Colam e sobrecolam, com objetivos, no mínimo, discutíveis e parciais, selos, tarjas, etiquetas, papeletas de suporte para carimbos e arestos diversos. Eu falei lá atrás em “pena” e se você abre o “A Inteligência das Flores” é justamente o que você vai encontrar: uma palavra escrita com equipamento que já foi tombado para peça de museu histórico. Há muita diferença entre aquele tempo e hoje. Há uma distância muito grande de realidades vividas lá e aqui. O que continua é a estupidez humana de não reconhecer preciosidades que não estejam marcadas com cifrões. 


Na pagina 232, leio ...

A Inteligência das Flores

VIII

Por outro lado, como respondemos nós a pregunta, quando já se não trata de nós, mas daquilo que respira conosco sobre a terra?
Importamo-nos nós por acaso da sobrevivência dos animais? O cão mais fiel, o mais inteligente, o mais afectuoso, assim que morre, não passa de uns restos repugnantes, de que nós nos desembaraçamos, o mais depressa possível. Nem sequer nos parece possível que preguntemos a nós mesmos se alguma coisa da vida, já espiritual, que nele amamos, subsiste apenas em a nossa recordação, e se existe outro mundo para os cães. Parecer-nos-ia altamente ridículo que o tempo e o espaço conservassem preciosamente , durante a eternidade, entre os astros e nos palácios ilimitados do éter, a alma de um pobre animal, constituída de cinco ou seis hábitos enternecedores, mas muito ingênuos, e do desejo de beber, de comer, de dormir e de saudar os seus semelhantes, do modo que sabemos.
Demais, que restaria daquela alma, formada inteiramente de algumas necessidades de um corpo rudimentar, quando esse corpo já não existisse? Mas com que direito imaginamos, entre nós e o animal, um abismo, que nem sequer existe entre o mineral e o vegetal, entre o vegetal e o animal?
Seria mister examinar, antes de tudo, esse direito de nos julgarmos tão distantes e tão diferentes de tudo que vive na terra, assim como a pretensão de nos colocarmos numa categoria e num reino, a que os próprios deuses que nós criamos nem sempre teriam acesso.

Continua na
Pag 234






CONCLUSÃO
      
A sensibilidade é plantada no coração do ser logo da sua chegada nesta esfera (ou quem sabe antes). Os pré-destinados, os seres sensíveis, os escolhidos pelos Deuses possuem este dom natural e não precisam “fazer força” para serem o que “São”. O que são por essência? Senão: sensíveis, amáveis, gentis, enfim especiais luzes.

       Volta e meia, observo “deboches” dos rudes aos especiais, justamente pela sua condição de “especialidade”. Os rudes, os ardilosos, os bravios e vilipendiosos se regozijam em molestar os seres sensíveis e especiais. Para eles é como um jogo onde vale golpe baixo. O preconceito é real e vive entre nós. Contudo, concluo em grande estilo: Viva Maurício! Este ser mais que especial. Antes de todos nós, já estava desperto e de prontidão para falar da temática animal versus Homem com tanta sabedoria e elevação. Ele tem toda a razão: pretencioso é o homem que se julga mais que um não humano. É muito bom ler isto naqueles que nos antecederam. É animo puro para quem respira esta luta anti-especicista, a exemplo do que decidimos empenhar com tenacidade e honradez.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Carlos Drummond de Andrade

AUT: ANDRADE, CARLOS DRUMMOND DE, 1902-1987
TIT: AS IDENTIDADES DO POETA
PUB: COLOQUIO : LETRAS. N.88 (NOV.1985). P.6-7.
MAC: LITERATURA BRASILEIRA
     POESIA
DES: LITERATURA BRASILEIRA: POESIA

LOC: BSCSH     P A/Z                                                          

Cyberanthropology

Trabalhando com
Banco de Imagens
e Banco de Dados











EQUIPE  DE  TRABALHO : Ana  Luiza  Rocha
                                                 Sônia  Picinini
                                                 Jaques  Jacomini


Porto Alegre, junho de 1997.


SUMÁRIO


Justificativa .....................................................................................................................  03

CONCEITOS  BÁSICOS

Arquivamento
Métodos de Arquivamento ....................................................................................  05
Método Alfabético / Nominal ................................................................................  06

Índice ..........................................................................................................................  10

Documentação ............................................................................................................  11

Classificação
A Classificação Filosófica de Aristóteles  .............................................................  12

Catalogação ................................................................................................................  15

Indexação ...................................................................................................................  16
Descritores .............................................................................................................  18
Identificação ..........................................................................................................  21

Registros e Arranjos ...................................................................................................  22


Bibliografia .....................................................................................................................  24


JUSTIFICATIVA


“Da transposição da oralidade primária à civilização da escrita, do homem cuja mão formava palavras e pontuava discursos à civilização da imagem, a era da informática obriga cada vez mais o pesquisador, interessado no estudo das memórias do social presentes ao mundo contemporâneo, a compreender as formas mais integrativas e criativas de documentação e recuperação dos suportes materiais e documentais onde começa a se depositar recentemente o patrimônio universal da humanidade, ou seja, o espaço virtual das redes eletrônicas.[1]


Diante do que está colocado neste pequeno trecho, parte  de um todo maior - Oralidade, escrita e redes digitais: modos e meios de pensamento em antropologia - cuja autora, Ana Luiza Carvalho da Rocha, nos convida a realizar uma reflexão sobre o que tem denominado de  “Cyberanthropology”, nos vemos como pesquisadores interessados no estudo das memórias do social presentes ao mundo contemporâneo.
Nesta condição, decidimos pesquisar em diversas fontes sobre os conhecimentos necessários para a organização de um banco de imagens, já existente, e um banco de dados, em fase de criação. Para nós, integrantes de uma equipe de trabalho onde não possuímos uma pessoa com formação acadêmica formal da área de biblioteconomia, foi necessário somarmos esforços no sentido de suprirmos esta carência em termos de recursos humanos.
Recolhemos vários materiais que abordam os temas com os quais nos ocupamos neste momento: organização, classificação e indexação de documentos ( jornais, revistas, artigos, fotos, ... ). Foi necessário então organizarmos e sistematizarmos este material com vistas a dinamicidade de nossas demandas de trabalho e pesquisa. A partir desta atividade de, digamos assim, peneirar (ou limpar) este material e extrair aqueles elementos que consideramos como os mais significativos para as nossas necessidades atuais, é que surge esta nossa nova apresentação, ou este nosso rearranjo de idéias, conceitos, dicas e propostas para o debate acerca da organização, classificação e indexação de documentos de pesquisa.
Apesar de estarmos trabalhando com olhos voltados para a informatização deste processo de organização, classificação e indexação, uma vez que existem inúmeros softwares que auxiliam esta atividade do pesquisador, não desconsideramos ou menosprezamos aquelas bibliografias que nos remetiam a proposta de trabalho que utilizavam métodos manuais e mecânicos. Assim procedemos, pois entendemos que a introdução de novas tecnologias, especialmente no campo da informática e telecomunicações, representaram um grande salto de qualidade neste campo de conhecimento, entretanto desconsiderar as experiências anteriores existentes ou acumuladas pôr vários profissionais que nos antecederam seria, no mínimo, uma atitude pouco inteligente.
Esta apresentação inicial está sendo reelaborada e reescrita na medida em que os nossos estudos e as nossas experimentações arquivísticas e documentalistas avançam. Seria, portanto, agora um pouco prematuro lançarmos um trabalho já acabado ou fechado para novas reflexões. Neste sentido, gostaríamos de externar a nossa posição de abertura total para novas contribuições, sugestões e orientações.                                                                        




CONCEITOS  BÁSICOS

ARQUIVAMENTO


Arquivamento é a guarda e a conservação metodizada de livros e documentos que relatam e comprovam atos e fatos de uma administração.


MÉTODOS  DE  ARQUIVAMENTO

Há duas formas básicas de arquivamento:
1. Ordem Alfabética:
1.1 Nominal
1.2 Geográfico
1.3 Específico ou pôr assunto
2. Ordem Numérica:
2.1 Simples;
2.2 Cronológica;
2.3 Duplex.

Pode haver um terceiro modo:
3. Alfanumérico:
3.1 Decimal;
3.2 Automático;
3.3 Automático Moderno.

Abordaremos o método alfabético nominal, pois foi este o método que elegemos para trabalhar neste momento.


MÉTODO  ALFABÉTICO /  NOMINAL

É um dos métodos mais simples e populares, de consulta direta. Consiste em abrir pastas com o nome correspondente ao assunto de que tratam os documentos nela contido.
Algumas regras básicas de ordenação alfabética em arquivos são encontradas em Shin-Ya Nakamura, conforme referimos em nossa bibliografia.



JUSTIFICATIVA  PARA  A  ADOÇÃO  DO  MÉTODO  ALFABÉTICO  /  NOMINAL


 O pesquisador trabalha em cima de “Assuntos” muito específicos e muito pertinentes ao seu objeto e / ou  universo de pesquisa.
                  Assim poderíamos ter um ecologista interessado em pesquisar “Os rios” da Amazônia, um sociólogo interessado em pesquisar “Os trabalhadores rurais”, um cientista político interessado em estudar “Democracias Latino-Americanas” ou um antropólogo interessado em pesquisar “moradores de rua”.
Cada pesquisador “alimentado por sua experiência de vida” [2], trabalha os seus assuntos (objeto e universo) de pesquisa seguidos de seus nomes referenciais principais.
Para ilustrar a nossa dissertação, chamamos para o debate um ilustre pesquisador e escritor da nossa contemporaneidade, Umberto Eco.
Para quem já leu as suas obras, não é necessário maiores considerações sobre a sua imensa contribuição para a ciência e a arte modernas. Para quem não leu, gostaríamos de solicitar a leitura de uma de suas obras que, dentre outras, nos orienta neste momento, “Como Fazer Uma Tese” [3].
Esta obra célebre de Umberto Eco traz para nós, cientistas humanos (e / ou sociais), imensas contribuições para a labuta diária da construção do conhecimento. Considerada no seu todo, é um verdadeiro manual para a realização dos trabalhos científicos. Gostaríamos, porém, de remeter ao terceiro capítulo desta obra - “A Pesquisa do Material”.[4]
Nesta parte, Umberto Eco propõe uma roteiro muito interessante pelos caminhos da produção do conhecimento científico. Aborda, inicialmente, “A Acessabilidade das Fontes : quais as fontes de um trabalho científico; Fontes de primeira e segunda mão.” Após, aborda a “Pesquisa Bibliográfica : como abordar a bibliografia.”; “A Citação Bibliográfica.” e, finalmente, aquele tópico que nos interessa em especial : “A Biblioteca de Alexandria : Uma experiência.”
Neste subtópico, o autor nos sugere uma situação hipotética para mapear uma cena diária na vida do pesquisador : o trabalho de pesquisa em acervos, bibliotecas, museus, centros de documentação, etc. com vistas a produção científica.
Umberto Eco coloca toda uma situação muito característica a um tipo de estudante / pesquisador que ele  refere já no início do livro como os “Outros”, grupo com o qual esta trabalhando e dedicando esta obra. O que nos interessa, no entanto, é a situação colocada pelo autor : O pesquisador no interior da biblioteca, frente a sua pesquisa, diante de três caminhos a seguir :
“ - Começar o exame do catálogo por assuntos (...)
   - Começar a consultar enciclopédias e histórias da literatura (...)
   - Começar a fazer perguntas ao bibliotecário. (...)” [5]
Diante das três alternativas, Eco sugere que o pesquisador opte pela primeira : Acessar o “Catálogo por Assuntos”. Esta é, segundo a sua análise, a formas mais adequada de proceder no acesso aos acervos documentais em uma fase inicial de pesquisa.
Salomon [6], a exemplo de Umberto Eco, em “Como Fazer Uma Monografia”, capítulo 11  -  Uso da biblioteca e documentação ( 1. Biblioteconomia : noções em função do leitor; 2. Repertórios Bibliográficos; 3. Documentação : o que é - Razão de ser e como pode prestar serviços ao trabalhador intelectual [7]   -   nos remete a uma situação análoga a aquela sugerida por Eco ( a qual referimos anteriormente ).
No subtópico 1.2 - Vindo à Biblioteca[8], pode o leitor trazer um dos seguintes problemas a resolver [9]  -  Salomom supões as possibilidades seguintes, para a mesma situação hipotética trabalhada no autor anterior, ou seja, a do pesquisador e / ou estudante nos seus primeiros movimentos de contato com acervos documentais no momento de uma pesquisa científica :
O Pesquisador pergunta ou quer saber se -
A - Tem a biblioteca uma obra de tal autor ?
B - Tem a biblioteca uma obra com tal assunto ?
C - Tem a biblioteca uma obra que trate de tal assunto ?

Neste contexto, refere o autor que a pesquisa pelo assunto é um dos caminhos mais recomendados para o pesquisador que esta começando a buscar informacões sobre o seu trabalho científico. Neste sentido, Salomon cita o procedimento denominado “desdobramento de fichas analíticas” [10] que é realizado por bibliotecários e arquivistas e visa percorrer toda a obra e identificar os vários assuntos de que trata, antes de qualquer outra análise documental.

Com base no que foi levantado em Umberto Eco, Délcio Salomon e também trabalhado por W. Mills [11], nos parece que todas as considerações destes autores, bem como de inúmeros outros que não referimos, com os quais tentamos discutir, reafirmar a nossa tendência, no que se refere a organização do “Banco de Imagens”:  “Priorizar o assunto como elemento desencadeador / estrutural para a organização do nosso acervo fotográfico.”
Gostaríamos de resgatar, no entanto, algo que já afirmamos aqui : estas são impressões iniciais e experimentais que serão revistas e reavaliadas no de correr do nosso trabalho e com a evolução das situações conjunturais de trabalho que vierem a ser observadas. Portanto, esta afirmativa - Organizar e catalogar por assunto - é valida para este momento, com base no que temos de dados, de alternativas de trabalho e de recursos humanos


















ÍNDICE


O índice de um sistema de classificação é uma listagem, em ordem alfabética, dos termos, acompanhados dos símbolos que os representam.

Tem como funções:
- traduzir a linguagem natural do documento em símbolos de classificação
- reunir os assuntos relacionados que se encontrem dispersos.

São considerados índices:
- Catálogos
- Bibliografias
- Índices de livros e artigos de periódicos

O registro de cada documento no índice inclui o cabeçalho, a descrição do documento e a localização do mesmo na coleção.

Exemplo:
               (031)
                Título: Os Homens da Fábrica
                Produção: Sindicato dos metalúrgicos de Volta Redonda
                Sistema: VHSD
                Duração: 53 mins.
                Resumo:  Este vídeo mostra a história da companhia siderúrgica Nacional de Volta Redonda a partir de depoimentos de seus operários. Reúne também depoimentos de seus primeiros operários, já aposentados, e idealizadores.[12]

DOCUMENTAÇÃO


Documentação é “uma técnica de nossos dias. Sua aparição é tão recente que o próprio nome é discutido, já que nem todos o aceitam”. [13]
A palavra começou a ser empregada desde quando o Instituto Internacional de Bibliografia a propôs em lugar de “bibliografia”,  devido ao aparecimento de documentos que não são livros : fotocopiados, microfilmados, microfichados, xerocados, compilados por computador, registrados e arquivados por meios mecânicos, elétricos e eletrônicos de seleção, reprodução e transmissão.
Hoje, após tantos congressos internacionais e devida à necessidade de se organizar e transmitir a imensa quantidade de informações em todos os setores da atividade humana, já é tranqüila a função da documentação. Há inclusive centros de documentação que não são bibliotecas.
Os centros de documentação prestam relevantes serviços `para a ciência, especialmente ao trabalhador intelectual, de maneira mais completa do que as bibliotecas, mesmo as modernizadas com os sistemas decimais de catalogação. Os centros de documentação espalhados pelo mundo se relacionam entre si e se filiam às sociedades internacionais dedicadas aos assuntos bibliográficos. Por isso, todo o trabalhador intelectual pode recorrer a eles ou às referidas sociedades, quando necessitar de um documento.








CLASSIFICAÇÃO


CLASSIFICAR - 1. Distribuir em classes e / ou grupos, segundo um método                                                                                                                                                         de classificação.
2. Determinar as categorias em que se divide e subdivide um conjunto.
3. Pôr em ordem documentos, coleções, ...

Classificar um acervo é dividi-lo em grupos ou classes segundo diferenças ou semelhanças.
Um sistema de classificação, portanto, consiste num conjunto de classes dispostas em ordem sistemática.
O termo “categorias” é empregado para as classes mais gerais dos fenômenos.


A  CLASSIFICAÇÃO  FILOSÓFICA  DE  ARISTÓTELES

A classificação filosófica de Aristóteles distribuiu as categorias em dez gêneros supremos:
1. SUBSTANCIA - homem, cachorro, pedra, casa, ...
2. QUALIDADE - azul, virtuoso, ...
3. QUANTIDADE - grande, comprido, 2 Kg, ...
4. RELAÇÃO - mais pesado, escravo, duplo, mais barulhento, ...
5. DURAÇÃO - ontem, 1970, de manhã, ...
6. LUGAR - aqui, Brasil, no pátio, ...
7. AÇÃO - correndo, cortando, falando, ...
8. PAIXÃO  OU  SOFRIMENTO - derrotado, cortado, ...
9. MANEIRA  DE  SER - saudável, febril, ...
10. POSIÇÃO - horizontal, sentado, ...


CLASSIFICAÇÃO  DE  DOIS  PONTOS

Uma das mais importantes sistematizações bibliográficas, a classificação de dois pontos, ou Colon Classification, de Ranganathan, estabelece cinco categorias fundamentais, conhecidas pela sigla  PMEST,  cujas letras correspondem, em inglês, às palavras:
1. PERSONALIDADE - entidades, seus tipos ou espécies e respectivas partes ou órgãos.
2. MATÉRIA - tipos de materiais e substancias de que são feitas as coisas.
3. ENERGIA - ações, reações, atividades, operações, processos, técnicas, tratamentos, problemas, ...
4. ESPAÇO - divisões geográficas
5. TEMPO - ano, hora, dia, ...


CLASSIFICATION  RESEARCH  GROUP

É uma nova versão do PMEST. Estabelece as seguintes categorias:
1. Tipos de produto final e partes - que correspondem a PERSONALIDADE de Ranganathan e a SUBSTANCIA de Aristóteles.
2. MATERIAIS
3. PROPRIEDADES
4. PROCESSOS
5. OPERAÇÕES
6. AGENTES
7. ESPAÇO
8. TEMPO
9. FORMA  DE  APRESENTAÇÃO.

Diante destes vários exemplos de sistemas de classificação, entre vários outros que poderiam ser aqui mencionados, concluímos que existem tantas opções de emprego de sistemas de classificação quantos sejam as semelhanças e / ou diferenças encontradas nos objetos ou idéias a classificar.





















CATALOGAÇÃO

Catalogação é o processo de identificação e referenciação, mediante descrição de documentos considerados como entidades físicas.


























INDEXAÇÃO

A inclusão do registro do documento no índice toma o nome de indexação e abrange tarefas como:
- Identificação do documento
- Determinação do assunto de que trata
- Seleção dos descritores

Pode ser feita
Pôr Palavras - utilizando a linguagem natural dos mesmos
Pôr Conceitos - pressupões a análise do conteúdo temático dos documentos e emprega uma linguagem artificial. Pode ser pré - coordenada ou pós -coordenada.



LINGUAGEM  DE  INDEXAÇÃO  (OU  LINGUAGEM  DE  DOCUMENTAÇÃO)

A linguagem empregada para descrever os assuntos é chamada de linguagem de indexação ou linguagem de documentação. Pode ser Natural ou Artificial.
NATURAL - utiliza os sinais usados pelo homem
ARTIFICIAL - caracteriza-se pôr possuir vocabulário controlado e sintaxe própria com o objetivo de preservar a uniformidade da indexação

Não confundir
Linguagem Fotográfica  -  Linguagem de Computador  -  Linguagem de Indexação




CAPACIDADE  DE  REVOCAÇÃO

A habilidade de RECUPERAÇÃO de documentos relevantes de um acervo é chamada de “Capacidade de Revocação”.
A Precisão do sistema é determinada pela relação documentos relevantes / total de documentos recuperados.
As bibliotecas não especializadas costumam indexar somente pêlos assuntos gerais (sumarização).
As bibliotecas especializadas adotam uma indexação exaustiva.





















DESCRITOR


O termo selecionado para representar, sem ambigüidade, o conteúdo temático de um documento é chamado de descritor.
Podem indicar conceitos ou entidades individuais (nomes próprios ou identificadores) e aparecem, na maioria das vezes, como substantivos, de preferencia no masculino, devendo-se evitar as formas verbais.
Os descritores são reunidos em vocabulário controlado, que, no caso de obedecer a uma estrutura semântica, toma o nome de “Thesaurus”.


ORDEM  DE  CITAÇÃO

Na construção de descritores a seqüência em que são enumerados os vários conceitos presentes nos assuntos é denominada “ordem de citação.”
A sua importância deriva do fato de que as características mencionadas em primeiro lugar serão mais facilmente recuperadas no acervo.



ALGUMAS  CONSIDERAÇÕES  VÁLIDAS  PARA  O  TRABALHO  COM  OS  DESCRITORES :

SINGULAR  ou  PLURAL
O emprego do descritor no singular ou plural depende de como é usado na linguagem natural. Algumas vezes ocorre ambas as formas, quando indicam conceitos diferentes.
Exs.: memória; memórias
        direito civil; direitos civis

Geralmente são empregados no singular
- os termos indicativos de materiais como areia
- propriedades específicas dos corpos como condutividade
- processos químicos de transformação como oxidação
- nomes próprios como UNESCO
- disciplinas como física

Geralmente são empregados no plural
- os termos genéricos classificatórios como:  estrelas, horas de trabalho, relações humanas, ...


TERMO  DE  USO  COMUM  OU  DE  USO  CIENTÍFICO

Deve-se dar preferencia ao termo de uso comum ao invés de o cientifico. No entanto, se o sistema de informação for especializado em ciências exatas, a denominação científica prevalecerá. Fichas remissivas e de referencia orientarão o usuário.


PALAVRAS  ESTRANGEIRAS

Palavra estrangeira somente será empregada quando não houver equivalente em português.
Exs.: habeas corpus
Caso coexistam as duas formas, ambas devem ser incluídas com referencias cruzadas.
Exs.: leasing ; arrendamento mercantil


HOMÓGRAFOS

Os homógrafos devem ser diferenciados, seja pôr uma explicação entre parênteses ou pôr adjetivação.
Exs.: capital (dinheiro); capital (sede do governo)
         cálculo diferencial; cálculo integral; cálculo renal.


SINÔNIMOS

Deve-se evitar o emprego de descritores com o mesmo significado (sinonímia) e adotar - se o termo que a pesquisa indique ser o mais correto.
A maneira mais correta de se evitar a sinonímia é agrupar-se os termos segundo uma classificação. Os antônimos e sinônimos deverão ser reunidos pôr fichas remissivas e de referencia.

PARA  DETERMINAR  O  DESCRITOR  (ASSUNTO)  DEVE-SE:

1. Analisar o documento para identificar as idéias nele contidas e o objetivo do autor ao escrevê-lo;
2. Precisar os conceitos que melhor representem o tema, os objetivos e as idéias do documento;
3. Selecionar os conceitos mais adequados à recuperação;
4. Considerar os fenômenos mencionados no documento;
5. Considerar os processos utilizados;
6. Considerar as propriedades inerentes aos objetos;
7. Considerar as operações efetuadas;
8. Considerar o equipamento empregado;

IDENTIFICAÇÃO

Recomenda-se, sempre que possível, que as fotos sejam identificadas pelo autor. Quando essa identificação não possa ser feita, como no caso de fotos antigas, o catalogador providenciará pesquisa em fontes de referencia.



DESCRIÇÃO

A Catalogação pode ser completa ou simplificada


TÍTULO

O Catalogador transcreverá o título como aparece na fonte principal de informação. Caso o material não possua título, deverá ser providenciado um, breve e descritivo.

Uma obra entra pelo título quando o autor é desconhecido ou não pode ser determinado e não emana de uma entidade coletiva.



ELEMENTOS  DE  ENTRADA

 Os nomes de ruas, avenidas e logradouros públicos também poderão entrar diretamente, seguidos de termo identificador.
Ex.: Atlantida ( Avenida )

REGISTROS  &  ARRANJOS


REGISTRO  (ou  REGISTO)

1. Ato ou efeito de registrar
2. Livro especial onde se registram ocorrências públicas ou particulares
3. Indicação em gráfico, escala, ... pôr aparelho apropriado, da marcha de certas máquinas, da graduação  de instrumentos de precisão, etc.
4. Relógio
5. Chave de torneira, ou outro aparelho que regula a passagem dum fluido
6. Caução postal que se obtém pagando taxa extra sobre o perco do porte
7. Certidão de nascimento.


REGISTRAR

1. Escrever ou lançar em livro especial
2. Consignar pôr escrito
3. Fazer o registro de ...
4. Marcar pôr meio de registro ou registradora.

ARRANJAR
1. Arrumar
2. Avir-se

ARRANJO
1. Ato ou efeito de arranjar
2. Administração e / ou arrumação doméstica



PARA  REGISTRAR  OS  DOCUMENTOS  NOS  BANCOS  DE  DADOS:

1. Estabelecer um protocolo de chegada do material;
2. Usar numeração seqüencial, tanto para as fotos, como para os negativos, no caso de fotos, contatos e seus respectivos negativos formarem um conjunto;
3. Usar carimbo no verso da foto como elemento identificador da instituição e do número seqüencial do documento. No caso de grande quantidade de fotos, preceder a numeração com a indicação do ano. O carimbo, o menor possível, deve ser colocado a um canto da fotografia, devido ao efeito de polimerização da tinta sobre o papel. Deve-se usar tinta a mais clara possível;
4. As fotos sem negativo e os negativos sem fotos não precisam, necessariamente, ser numerados.


PARA  ARRANJAR  OS  DOCUMENTOS  NOS  BANCOS  DE  DADOS

1. Não usar clips nas fotos ou negativos, sobretudo metálicos;
2. Evitar escrever no verso das fotos usando caneta esferográfica. Não escrever nunca sobre a imagem fotográfica;
3. Não grampear as fotos;
4. Não usar fita adesiva sobre as fotos.
Sobre estas dicas de arranjo das fotos, mais detalhes podem ser encontrados no “Manual de Normas Mínimas - normas mínimas recomendadas para registro e arranjo.” ( segue a referencia completa deste na nossa bibliografia).

BIBLIOGRAFIA


- Catálogo do banco de imagens do museu universitário / UFRGS.

- Controle vocabular  -  CPDOC

-Organização de arquivos. Material do curso de especialização da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo.

- VIRUEZ, Guilma Vidal. Tratamento técnico bibliográfico, catalogação, classificação e indexação de fotos.

- OLIVEIRA, Gleidhe de o e. Técnicas de arquivo.

- OLIVEIRA, Elizabeth de Mello Leitão Baptista de. Normas Mínimas recomendadas para registro e arranjo.

- DERISE, Ana. Normas Mínimas recomendadas para catalogação e classificação.

- ROCHA, Ana Luiza Carvalho da. Oralidade, escrita e redes digitais: modos e meios de pensamento em antropologia.

- SALOMON. Délcio Vieira. Como Fazer Uma Monografia. São Paulo : Martins Fontes, 1994

- ECO, Umberto.        Como Fazer Uma Tese. Sãp Paulo : Ed. Perspectiva, 1988.

- MILLS, C. Wright. A Imaginação Sociológica. Rio de Janeiro : Zahar, 1980.





[1] ROCHA, Ana Luiza Carvalho da. Oralidade, escrita e redes digitais :  modos e meios de pensamento em antropologia.
[2] MILLS, C. Wright. A Imaginação Sociológica.  Rio de Janeiro : Zahar, 1980.
[3] ECO, Umberto. Como se Faz Uma Tese.  São Paulo : Ed. Perspectiva, 1988.
[4] Idem. pag. 35
[5] Ibidemp. 63-4
[6] SALOMON, Délcio Vieira. Como Fazer Uma Monografia.  São Paulo  :  Martins Fontes, 1991.
[7] Idem p. 203
[8] Biblioteca : conceito não é trabalhado aqui como tradicionalmente conhecido, mas referemnciando mais a idéia de centros de documentação e acervos de um modo mais geral. (Salomon : 1991)
[9] SALOMON, Délcio Vieira. Como Fazer Uma Monografia.  p. 206
[10] Idem p. 207
[11] MILLS, W. A Imaginação Sociológica
[12] Modelo retirado do catálogo de fitas do CDS (Centro de Documentação Social) da Biblioteca Setorial de
Ciências Sociais e Humanidades / IFCH / Ufrgs.
[13] LA VEGA, Lasso de. Manual de Documentácion. In. SALOMON, Délcio Vieira. Como Fazer Uma Monografia.