sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Conhecendo a UFRGS - Paleotocas

Cultura do Medo



FICHA  RESUMO



SOARES, Luís Eduardo.  “Violência e Cultura do Medo no Rio de Janeiro”.

Principal pressuposto teórico:  “Cultura do Medo.”
Texto é resultado de uma palestre versando sobre a “Violência no Rio de Janeiro.”
PRINCIPAIS TÓPICOS DESENVOLVIDOS PELO AUTOR:

1.CULTURA DO MEDO X DELINQÜÊNCIA:
“ ... é necessário distinguir aquilo que eu tenho chamado de cultura do medo da evolução objetiva dos fenômenos delinquenciais e criminais, no estado e na cidade do Rio de Janeiro. Há dois processos efetivamente em curso, que podem ser diferenciados analiticamente, ainda que, do ponto de vista da experiência, se superponham (...) É claro que esta distinção entre cultura do medo e dinâmica criminal só se dá no plano da análise (...)”

2. JORNALISMO ESPETÁCULO
“Há um contraste, portanto, entre as informações mais objetivas, relativas a esta forma de criminalidade, e a percepção generalizada. (...) reapropriação da temática pela mídia, sob a forma de espetáculo, ou de jornalismo espetáculo. (...)”.

CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DA CULTURA DO MEDO
“Eu distinguiria uma lógica muito peculiar que a identificaria. Chamo de cultura do medo a tendência a homogeneizar as observações relativas a fenômenos associados a violência. É a tendência que se impõe , hoje, no Rio de Janeiro, de associar todos os fenômenos que podemos qualificar, de alguma forma, como violentos a um mesmo e único processo, cuja matriz, simbolicamente compartilhada, seria a decadência da cidade.”
“A primeira conclusão importante a que fui conduzido (..) é que não se pode falar genericamente de violência  (...) porque acaba fazendo com que confundamos lógicas e dinâmicas completamente distintas.”


O PERIGO DA GENERALIZAÇÃO REDUCIONISTA
“Claro que essa generalização reducionista é uma forma de nos afastarmos do problema, da sua gravidade e complexidade, e não uma maneira útil e objetiva de enfrentá-lo (...) é preciso identificar a especificidade dos fenômenos a que aludimos.”

Nesta altura do texto, o autor passa a mencionar a pesquisa entitulada : “Homicídios dolosos praticados contra crianças e adolescentes no Estado do Rio de Janeiro”, apartir da qual são colocadas várias tabelas com diversos levantamento estatísticos que podem ser acompanhadas no texto original.   
Em relação a esta pesquisa, após a exposição das tabelas e gráficos expostos no texto, o autor sinaliza para as conclusões, afirmando:

“Concluindo, diria que os resultados da pesquisa nos conduzem, de fato, ao reforço das nossas expectativas iniciais. (...) O tráfico de drogas - graças a sua fusão com o contrabando de armas - vem se convertendo crescentemente no nervo do nosso problema, na particularidade da problemática da violência no Rio de Janeiro, afetando, sobretudo, os jovens.”

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Wim Wenders






A Vida nas Cidades Pós-Modernas e a Construção das Novas Formas de Sociabilidades Urbanas.

“Não é mais necessário deixar a casa, entrar na fila e se instalar em meio a estranhos para viver uma experiência comunitária, ou seja, social”.   Wim Wender[1]

Acabamos de discutir algumas concepções teóricas sobre a noção temporal modernidade e pós-modernidade,  proponho agora a reflexão sobre as cidades que se originaram desta lógica do tempo pós-moderno e das novas sociabilidades que estão sendo elaboradas neste novo contexto social.
Para esta reflexão, chamaria algumas elaborações, quase poéticas, que Wim Wenders constroe no  artigo “A paisagem urbana”,  publicado em “La Verité, Des Images, Paris, L` Arche , 1992.  Trata-se de um cineasta falando da cidade de uma forma muito antropológica e arqueológica. No final do artigo, no qual privilegia o debate da imagem, enquanto elemento de uma nova lógica e de uma nova estética urbana, fazendo analogias com o seu campo de atuação profissional, o cinema, Wenders afirma:

“Em muitas cidades não se pode mais tocar a terra, nem sentir a pedra. Se pusesse um aborígine numa dessas cidades, ele morreria. As cidades estão lotadas, elas varreram o essencial, elas ficaram vazias. Por  outro lado, o deserto e tão vazio que está  completamente pleno do essencial.” [2]

 O artigo, no seu todo, é muito interessante, especialmente pelo seu viés antropológico, mas centrando sobre estas poucas frases, já e possível perceber a contemporaneidade e a cientificidade das reflexos deste importante cineasta sobre as cidades urbanas contemporâneas.
O distanciamento dos indivíduos de seus ambientes, até então, naturais  - não se pode mais tocar a terra, nem sentir a pedra - e a conseqüente inserção em novos ambientes (cidades urbanas) com outras formas, cores, texturas e natureza é uma tendência da pós-modernidade.  
A mudança do locus de sociabilidade e interatividade com o meio ambiente nos remetem à formação das novas texturas sociais (onde temos as cidades lotadas de pessoas e vazias de subjetividade como afirma Wenders) onde está sendo encenado [3] (e, posteriormente  reencenado) o contexto social das cidades urbanas, a exemplo de Porto Alegre, universo da nossa pesquisa, onde observamos que  as feições do medo e das crises e as sociabilidades urbanas estão mostrando que o “viver na cidade infere sobre formas culturais dinamizadas igualmente por sentimentos de medo, insegurança, solidão, mapeando a cidade como um grande depositário de vítimas de um contexto urbano ameaçado pelas crises, violência, fragmentações, esquecimentos, etc.” [4].
Dentre os inúmeros tipos e contornos do medo pós-moderno, estão os medos vivenciado pelas pessoas, em função da simples condição de atores sociais do novo locus urbano contemporâneo, as metrópoles ou cidades urbanas de grande porte.  Dentre eles, “O Medo do Medo” [5] (Rossi, 1995) que está relacionado com estados de ansiedade, fobias  e pânico, podendo ser de origem associativa a lugares e situações que produzem medo ou aprendido através de experiências pessoais; Ou ainda, medo de não poder mais tocar a terra, medo de não poder mais  sentir a pedra, ou ainda medo de não dispor de uma quantidade suficiente de água potável para saciar a sua sede, ou mesmo, o medo, mais tragicamente pensado,  de não dispor de oxigênio em quantidade e qualidade suficiente par a perpetuação da espécie humana, dado o avanço da degradação do ar e do meio ambiente que atemoriza as grandes cidades urbanas.  São medos colocados dentro de um campo  da pós-modernidade que conhecemos como tecnociência [6] que já foi aqui referido anteriormente. 
Campo de intervenção cientifica capaz de, por vezes, contabilizar, esclarecer ou diminuir estes medos, apresentando sugestões e alternativas práticas para os problemas, duvidas e incertezas deste novo mundo (mundo pós-moderno), a tecnociência pode trabalhar para um efeito contrário a este. Ou seja, a mesma tecnociência é capaz de fomentar estes mesmo medos, através da divulgação de estudos incipientes ou inacabados, ou ainda mal intencionados que acabam por reproduzir, aumentar e propagar os medos, apreensões e ansiedades coletivos contemporâneos. Basicamente, poderíamos afirmar que estes aspectos do reordenamento do capital científico são produzidos, entre outros motivos, pelo fato de que “a tecnociência não visa mais a conhecer o real, espelhando-o em números e leis, mas atende antes a acelerar informações para a indústria e os serviços produzirem novas realidades a um ritmo mais rápido e a um custo mais baixo.” [7]
Sobre um outro aspecto, neste artigo de Wenders encontramos uma outra discussão que é central para o estudo e análise da  nossa contemporaneidade. Refiro-me a tendência pós-moderna de privilegiar o imagético  em detrimento do físico ou real.
Jair Ferreira dos Santos [8] sugere um exemplo bem interresante para este debate do simulacro (simulações através de imagens e / ou recursos informáticos) como uma forte tendência social da pós-modernidade. O autor cita o caso de Roberto Close / Luís Roberto:

“Mas recentemente fulgurou na Belindia uma verdadeira diva pós-moderna: o travesti Roberta Close. Pôr que pós moderna? Primeiro porque ela, para nos, é informação: só passou a existir depois de produzida pelo mass media. Depois, porque ela é um ardil bem sucedido de simulação: a bioestética, com o silicone, fez dela uma hipermulher (repare como close, um simulacro, é mais mulher que as mulheres), e o referente Luís Roberto dançou.” [9]  

Voltando ao Wenders, profissional da área da imagem, é interessante ressaltar a forma como ele mapeia a evolução desta escalada da imagem a partir da invenção da fotografia.
A invenção da fotografia inaugura uma nova era da relação entre a realidade  e a sua representação, pois a partir de então, temos a “realidade de segunda mão.” [10] Em um segundo momento, “as imagens fotográficas apreenderam a andar” [11] e surgia então o filme, imagem em movimento. Trinta ou quarenta anos mais tarde o filme e a fotografia ganhavam um forte concorrente, a imagem eletrônica, ou seja, a televisão (Visão a distância).

“A televisão instaurou ao mesmo tempo uma proximidade e uma distância. Suas imagens eram frias, menos emotivas que as do cinema; e além disso ela nos afastou da idéia de que uma imagem pudesse possuir uma ligação direta com a ‘realidade’. Não há mais uma ‘imagem única’, um negativo único, como no procedimento fotográfico.” [12]
  
Para esta discussão de realidade e virtualidade, os limites do real e do virtual, Pierre Lévy (1996) traz significativas contribuições. Em “O Que é o Virtual ? ”, Lévy tematiza o que denomina de “um movimento geral de virtualização”, onde debate com autores como Jean Baudrillard e Paul Virílio sobre as tendências possíveis deste movimento de virtualização. Para este artigo, no entanto, gostaria de centrar sobre a denominação de Virtual trabalhada por  Lévy no capítulo 1 - “O Que é Virtualização” (Lévy, 1996).
O autor destaca o perigo das armadilhas de noções de senso comum, ao delimitarmos o real do virtual, salietando que a palavra Virtual vem do latim medieval “Virtualis”, derivada por sua vez de “Virtus” que significa força e potência.

“Na filosofia escolástica, é virtual o que existe em potência e não em ato. O virtual tende a atualizar-se, sem ter passado, no entanto à concretização efetiva ou formal. A árvore está virtualmente presente na semente. Em termos rigorosamente filosóficos, o virtual não se opõe ao real mas ao atual: virtualidade e atualidade são apenas duas maneiras de ser diferentes.” [13]

Realizadas estas breves reflexões a cerca das cidades e das sociabilidades contemporâneas, universo de estudo do projeto de pesquisa no qual estou inserido,  passarei a contemplar uma outra dimensão deste novo locus urbano, a construção do conhecimento e a interatividade homem / informação na cultura imagética digital. Dessa  forma, encaminho este artigo para a sua parte final onde tento elaborar  algumas reflexões sobre a parte da pesquisa antropológica na qual estou mais envolvido neste momento: a construção de Bancos de Dados e Banco de Imagens.




[1] Artigo publicado na Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

[2] Idem.
[3] Conceito como é trabalhado por Henri-Pierre Jeudy em “Memórias do Social”.
[4] ECKERT, Cornelia. ( 1997, p. 3)
[5] ROSSI, Ana Maria. O Medo do Medo. Zero Hora, 29 de dezembro de 95.
[6] Jair Ferreira dos Santos vai enfatizar o caráter performativo da tecnociência, em detrimento da tendência anterior (ciência moderna) da busca da verdade
[7] SANTOS, Jair Ferreira dos. (1991, p. 83)
[8] Idem
[9] Ibidem, p. 31
[10] WENDERS, Wim. (1992, p. 182)
[11] Idem.
[12] Idem, p. 183.
[13] LÉVY, Pierre. (1996, p. 15)

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Introdução Kuikuro

Introdução Kuikuro

As Hiper Mulheres

As Hiper Mulheres

Etnografia de Rua



ETNOGRAFIA  DE  RUA

SAÍDA  A  CAMPO  -  14 / 11 / 97     (10 H 06 Min)


Inicio a minha observação a partir do momento que me aproximo do Largo Glênio Peres e arredores do Mercado Público de Porto Alegre. Ao passar pelo largo, observo muitas pessoas que circulam pelo local com toda a “pressa” originária de um grande centro urbano. Apesar da “pressa” (ou aparente falta de tempo), algumas pessoas param e ficam observando os “artistas” que atuam naquele local. Destacaria o tradicional vendedor de remédios naturais que com recursos diversos (aparelho de som, animais exóticos como cobras, apelo teatral e dramático) tenta vender os seus produtos no Largo e nas praças da cidade, sendo assim já bastante conhecido da população; e um músico que tocava violino, utilizando alguns recursos sonoros como caixas de som e amplificadores de som, chamando bastante a atenção das pessoas que por ali passavam. Pude observar o Mercado Público que, totalmente restaurado, estava enfeitado com painéis e desenhos alusivos a Primeira Bienal do Mercosul, evento cultural que tem mobilizado muitas pessoas na capital. Vencido o Largo, nos aproximamos da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, passo a me encomodar um pouco com o grande fluxo de pessoas e procuro então me afastar das ruas mais centrais, andando em direção a Avenida Mauá, onde se encontra o Caís do Porto, ponto que escolhemos para iniciar a nossa etnografia de rua. A tentativa de evitar o grande fluxo de pessoas, afastando-me das ruas centrais, e caminhando pela Av. Mauá não foi muito promissora, pois também ali o tráfego estava complicado, principalmente em função de alguns caminhões que descarregavam cargas nas proximidades do Prédio dos Correios e Telégrafos prejudicando assim o transito de pedestres naquele local. Passo a mapear os principais vizinhos do Caís do Porto, dentre eles os Correios e Telégrafos, Secretaria da Fazenda, Delegacia Regional do Trabalho, terminais de Ônibus coletivos urbanos de Porto Alegre e grande Porto Alegre (Viamão) e o Instituto Santa Marta (SUS).
A travessia da Av. Mauá (em direção ao Cais do Porto) é, sem nenhuma dúvida, “uma manobra bastante arriscada”. Neste local o transito de veículos é muito grande e a velocidade média dos automóveis, caminhões e coletivos também é alta em função da avenida ser extensa (uma grande reta),  larga (com 3 faixas de rolagem) e não existir nenhum dispositivo inibidor da velocidade (com exceção do semáforo). Existe uma faixa de segurança e uma semáforo quase em frente a entrada principal do Caís do Porto, o que, teoricamente, facilitaria a travessia dos pedestres, no entanto nem sempre é bem assim. Os motoristas costumam aproveitar ao máximo o tempo destinado para a sua travessia, transitando no momento em que o sinal fica no amarelo e até nos primeiros instantes em que o sinal aponta a cor vermelha, ou seja, propõe a sua parada e permite a passagem para o pedestre.  Portanto, o fato de o sinal estar apontando a travessia para o pedestre (vermelho para os motoristas) não representa uma situação de travessia segura para este. Uma outra situação que representa bastante risco para o transeunte que decide atravessar a Avenida é aquela em que o sinal muda quando o pedestre encontra-se no meio ou quase no final da travessia da Avenida. Neste caso, a pessoa precisa correr ou pular a fim de que não sege apanhada por um veículo, pois observei que os motoristas decidem aproveitar ao máximo todos os segundos destinados a sua travessia, não abrindo mão assim dos primeiros instantes da exposição do sinal verde, mesmo que o pedestre ainda se encontre no meio da sua travessia. Em resumo, atravessar uma avenida no centro da cidade não é uma tarefa muito fácil e nem muito tranqüila, pois exige do pedestre bastante atenção e perspicácia para perceber o momento exato que a travessia pode ser realizada sem nenhum risco para a sua segurança pessoal. Esta situação pode ser bem mais problemática para os idosos, crianças, gestantes e deficientes físicos por razoes óbvias.
Vencida a travessia da Avenida Mauá, entro no portão principal do Caís do Porto. Entrando, a minha esquerda encontro o posto da guarda portuária, onde um cidadão faz a segurança no local. Decidi solicitar informações sobre como deveria proceder para realizar a visitação naquele local. Fui informado que deveria me dirigir ao prédio da administração do Porto, onde deveria solicitar uma autorização (por escrito) para realizar a visita. Assim procedi, subindo ao quarto andar do prédio apontado pelo guarda, onde em contanto com a funcionária Dulce consegui a permissão, após ter me identificado e externado o objetivo da minha visita naquele local. De posse da autorização me dirigi ao portão de acesso do Caís, apresentei a autorização para um outro guarda que a reteu, permitindo a minha entrada e informando que eu poderia visitar todo o Caís em sua parte em que estava a minha direita, e a parte que ficava a minha esquerda não poderia ser acessada por ser “área operacional”, palavras dos funcionários para referir a parte onde existe intensa atividade de carregadores, guindastes, carga e descarga de containers, etc.
Neste momento, já na beira do Rio,  acontece o meu primeiro contato com algo que me acompanharia, ou até me indicaria uma determinada trajetória nesta visita ao Cais do Porto do Rio Guaíba, os trilhos utilizados para a locomoção de algumas  máquinas e/ou guindastes que não saberia precisar em detalhes neste momento. Observo que estes trilhos estão sendo usados pelos guindastes que estão a minha esquerda (lado Operacional). Na minha direita os trilhos continuam existindo, mas parecem não estar sendo usados para o deslocamento dos guindastes observados a minha esquerda , fato que me leva a supor uma provável restruturação físico-espacial deste local, pois a existência dos trilhos no meu lado direito supõe a existência destes mesmos guindastes operando em um outro momento anterior a este.    
A minha direita, tenho o Barco Cisne Branco ancorado com alguns homens no seu interior, parece que trabalham e organizam algumas coisas no barco. Observando o barco estão um grupo de alunos de uma escola que realizam uma visita ao Caís. Fotografam e são fotografados, conversam com os seus professores sobre o barco, sobre o rio, ... parecem estar gostando bastante do passeio, pois aparentam muita satisfação, descontração e interesse por tudo o que vêem ao seu redor. De fato, penso que nem poderia ser diferente, entre outros motivos, por estarmos vivendo um dia muito ensolarado, com temperaturas altas, céu claro e uma brisa gostosa a sombra.
O Barco Cisne Branco traz um sistema do som que ligado, espalha pelo ambiente músicas veiculadas por uma rádio local da cidade de Porto Alegre. Esta sonoridade traz, segundo o meu entendimento, consigo uma sensação de descontração para as pessoas que visitam o local.
Olhando para o interior do rio, vejo a primeira embarcação que circula pelo local, ela traz uma carga de areia e se desloca lentamente pelas águas calmas do Rio Guaiba. Na mesma direção podemos observar o topo de prédio que se encontra na Ilha do Presídio, ponto próximo ao Cais.
Ainda a minha esquerda, após passar pelo barco Cisne Branco, encontro trabalhadores que descarregam determinada carga de uma carreta estacionada neste local.
Vou caminhando a fim de explorar a região que me foi permitida o acesso, ou seja, lado direito de quem entra no portão principal do Caís do Porto. Após passar pelo primeiro armazém B1 (no seu interior estão grande rolos de papel, e pequenos pacotes também de papel), onde trabalhadores trabalhavam na descarga de determinado produto, me encontro nos fundos do prédio da administração onde a bem pouco tempo estava solicitando a autorização para realizar esta visitação. Após este prédio, passo por um outro armazém B2 fechado e sem nenhuma movimentação de pessoas.
Estacionado neste local duas grandes carretas com cargas que parecem ser grandes transformadores de energia elétrica. Os caminhões que puxam a carreta são caminhões do tipo “fora de estrada”,  realmente muito grandes e contam com sinalizações especiais que chamam a atenção para o seu excesso de largura e comprimento (diante das dimensões normais utilizadas pelos veículos tradicionais). Ao me aproximar de uma das carretas, vejo que a altura  das rodas chegam próximo ao meu ombro. Como tenho 1,76 m de altura, a altura das rodas chegam a, aproximadamente, 1,40 m, são, portanto bastante expressivas.
Após as carretas, vejo mais três supostos transformadores colocados em linha, os quais suponho estarem esperando para serem carregados. Faixas estão colocadas nestes transformadores estampando o nome da empresa de destino (ou de origem), COENSA.
Olhando a minha esquerda, avisto a Ponto do Rio Guaíba (em direção a cidade de Guaíba) e algumas ilhas do mesmo rio. Na minha frente mais um prédio, onde leio Fundação Nacional de Saúde (Vigilância Sanitária), local onde funciona algum setor deste órgão.
Logo a minha direita existe um portão  que encontra-se aberto e dá acesso ao Caís do Porto. Ao contrário do portão principal, neste não existem guardas nem outro tipo de segurança que dificultem o acesso. Passo pelo portão e começo a percorrer a rua que é paralela ao rio, no interior do muro da Mauá, ou seja, entre o muro e o rio.
Percorrendo esta rua chego ao primeiro (de uma série) ancoradouro na seqüência de quem vem do portão principal do Caís do Porto em direção a cidade de Canoas. O primeiro é um ancoradouro onde encontramos apenas alguns barcos de pequeno porte. Neste local existe uma placa onde leio: “Grêmio Náutico União, Estação Fluvial Nilton Silveira Neto, Embarque, Sede Ilha do Pavão”. Nas proximidades do prédio do Palácio do Comércio, me deparo (...) 



segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Alteridade



De: naoresponda@ufrgs.br [mailto:naoresponda@ufrgs.br] Em nome de SERGIO BAPTISTA DA SILVA
Enviada em: quinta-feira, 20 de novembro de 2014 14:15
Para: jacquesja@uol.com.br
Assunto: [SAV-UFRGS][HUM05039-U] Orientações trabalho para 5.12

Sala de Aula Virtual - UFRGS
Atividade de Ensino: HUM05039 - ETNOLOGIA AMERÍNDIA Turma: U
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Segue orientação para o trabalho a ser entregue em 5 de dezembro.
Cite dois exemplos da relação Kuikuro com a alteridade, descritos no filme "As Hiper Mulheres" (Dir.:Takumã Kuikuro, Carlos Fausto e Leonardo Sette), e relacione-os com a bibliografia da disciplina.

Segue o link do filme abaixo:

Abraços!
Alexandre Aquino


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Enviado por: SERGIO BAPTISTA DA SILVA em 20/11/2014 às 14:13

 
         Time de Resposta a Incidentes (TRI) da UFRGS informa
/*******************************************************************************
* E-mail é um meio de comunicação sem garantia de autenticidade.
* Informações de remetente e conteúdo são passíveis de fraude.
* Não esqueça que a UFRGS jamais solicita fornecimento de senhas ou dados 
  pessoais por e-mail ou em páginas hospedadas fora do domínio ufrgs.br.
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Caso você desconfie do conteúdo de algum e-mail, entre em contato com o TRI.
                tri @ ufrgs br    ou    www ufrgs br /tri
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domingo, 16 de novembro de 2014

Wim Wenders

Sugestão de Leitura sobre o tema: A Paisagem Urbana


WENDERS, Wim. A Paisagem Urbana. La Verité des Images. Paris, L’Arche, 1992. In. Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Antropologia Um

Prezados Amigos

Segue a cópia de um trabalho importante para este que vos tecla. Foi a minha primeira monografia apresentada na UFRGS. Cursava a cadeira de antropologia 1, ministrada pela professora Cornelia. Labutava no IDBM. Portanto, foi inevitável trabalhar com instituições totais. Segue abaixo o texto digitalizado, a partir do original. Há muitos erros, pois não fiz a correção após a digitalização. Fica como uma espécie de "registro histórico".
Valeu.
Um abraço.







UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL


INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÈNCIAS HUMANAS

CURSO DE CIÉNCIAS SOCIAIS
DISCIPLINA:   ANTROPOLOGIA I HUM 402
1992/ 2o. SEMESTRE
PROFESSORA CORNÉLIA ECKERT








PESQUISA DE CAMPO       Projpto
PESQUISANDO UMA INSTITUIÇI;0 TOTAL








Nome:   JAQUES XAVIER JACOMINI
Matr.: 1409/92-7


Porto Alegre, dezembro de 1992.
SUMARIO
INTRODUÇÃO                                                     3

J.     O.Instituto Dom Bosco

                           1.1 Localização  O..*.................................................... 6
                           1.2 Aspectos Externos da Instituiç@o......................... 7
                           1.3 Entrando no Instituto.................................... o       7
                           1.4 "Estratificação" Social dentro do.................. I.D.B.M      9
                           1.5 Relaç'3es Intergrupos............................................. 11


                     CONCLUSÃO................................................................... 21

                     METDDOLCGIA........................................ *.*..#......        28
                     REFERÈ@JCIAS SIBLIOGRAFICAS.......................        29
                     OBRAS CONSULTADAS.................... *.#9............. #.#.*         31















3

INTRODUÇÃO

L'-ste trabalho tem por objetivo analisar os a,,,pectos sociais o estruturais de uma instituiç@o total.  Abord I arei o' ti Po de relacion3m.,nto humano, entro inbernos o equipe dirigen como também entro os internos com os Próprios internos, que é travado dentro desta instituição.  Inicia dando uma visão global das características gerais da instituição como a sua loca lizaç@o, aspectos físicos externos e int-rnos da casa estudada.
A-.sequir, no pnnto ESTRATIFICAÇÃO social dentro do I. D.B.M., lanço idéias gerais que explicam como os internos são divididos e agrupados dentro da inrtituiç@o.  Caractprizo o tipo de patologia, ou o grau de deficiência que s@o utilizados pa rã nortear a divisão dos deficientes em determinados grupos.Es tes esclarecimentos são importantes na medida que direcllna'),m p.2 rã a filosofia de trabalho que 6 adotada por uma instituição totalizante, neste caso# estilo mnnicomial.
Após a estas considerações, no ponto Relaç@es Intergrupos, esclareço de que forma os internos se relacionam entre si, convivendo no todo da instituição.  Ou se a, esclareço qu e apesar da divisão em grupos existente na casa, existe relações de interação social que são vivenciadas pela totalidade da mas sã de internados, pois eles vivem em constante contato.  Para is to, utilizei o relato de um dia dentro da instituição, ou seja,
                       tudo o que acontece rotineiramente na casa, desde as 7    horas
                       da manhã de um dia X até as 7 horas da manhã dó dia    seguin-
                       te. Obviamente, a cada dia foram observados fatos novos         na pés
                       quisap mas a proposta é dar uma dimensão ao mesmo tempo  do que

acontece durante os vários períodos do dia na instituição, como também daqueles acontecimentos que pareceram ser mais típicos e por isso est@o relacionados com o dia-a-dia ínstitucional.
4



Neste ponto surgem também alguns aspectos da relací onaínento entro os profissionais da casa, que prefiro classifi car de equipe dirigente, com os internados.  Algumas palavras e expressões de uso corrente na instituiç2ío e usadas nosta,re laç2lo equipe dirigente internados são salientadas, poisla meu ver, elas apontam para os prin c lpio@ totalitários excludentes e doscríminatórios adotados pelo sistema institucional.E, via de regra, me parece que e!-,tes-, 11 principias 11 surgem sem pre, quando estamos analisando qualquer tipo de instituição total (quartéis, conventos, presídios, manic'o'mios,.campos de prisioneiros de guerra, abadias, mosteiros, etc..).Surgem com a concentimento e o respaldo de uma sociedade, por vezes, omis sã e dpscomprometida com o problema e surgem também com a rés palda legal dos org@os Estatais que preferem simular um aparente controle da situaç@o.  Entretanto, estão ambosp Estado e sociedade, contrariando vários dispositivos legais como , os existentes em nossa Constituiç@o Federal que preve no seu capítulo I, dos Direi-tos e Deveres Individuais L- Coletivos o se guinte.- 11 ART.52 - todos s@o iguais p,?rante a lei, sem distin ção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à lib-@rdadp,, à igualdade, à segurança e à proptiedade,,*@ "#
Esta pesquisa foi realizada no Instituto DOM BOSCO F,IASCULINO, uma das instituições da Fundação do Bem Estar do

Menor (FEDEM).  Esta casa abriga crianças, adolescentes e adu.l tos portadores de deficiências mentais e em alguns casos portadores de deficiências múltiplas (cegos, surdos, mudos, para--' líticos,*..).
Cabe salientar que, quando mencionei " adultos 11 po de parecer algo equivocado, uma vez que pelo o que se sabe, a nível de opini@o pública, a FEREM atende crianras e adolecoscentes até 16 anos (no caso de infratores esta faixa etá ria é estendida até os 21 anos).  Entretanto, este problema de poss uir uma clientela adulta, fugindo das especificidades da fundação é apenas uma das contradições desta instituição publica.  Existe um grande ponto de interrogação na cabeça dos
atuais administradores em rulação a este problema.  A realidade é que mais de SO,@J da população de internados, em um universo de aproximadamente 105 pessoas, desta instituição completaram ou estão completando uma idade supgrior aos 21 anos (a pessoa mais idosa está com 45 anos de idade).  Entretanto estas soas foram abandonadas em mp'dia, a mais de 159 ou até, de 20 anos na instituiç@o, perdendo assim todo e qualquer vinculo com suas famílias.  Por incapacidade administrativa, marasmo burocrático ou mesmo falta de outros abrigos públicos estas pés soas continuam internadas na FEBEM.
Já mais a nível de conclusão, levanto algumas propostas alternativas pêra o tratamento da deficiente mental.Pois, através da pesquisa, percebi que existe um entendimento, entro a maioria das pessoas ligadas aos setores de saáde mental, que o atual sistema de atendimento e tratamento através da insti~ tuição total, n@o tem sido positivo para os pacientes.  Muito pelo contrário, o quadro da deficiente regride na medida que aumenta o período de internação nos manicômios.  Estas propostas alternativas são guiadas a nível nacional por um projeto de lei, proposto pelo Deputado Federal PAULO DELGADO do Partido dos Trabalhadores de filmas Gerais e a nível estadual por um projeto de leip já aprovado no legisla-tivo gaúctio, proposta lo Deputado Estadual MARCOS ROLIM também do Partido dos Traba lhadores que prevê a extinção progressiva dos hospitais psiquiátricos e sua substituição por outros recursos assistênciais a regulamenta a internação psiquiátrica compulsória.


















6


1.       O INSTITUTO DUM BOSCO

1.1     LOCALIZAÇÃO

O Instituto Dom Bosco Masculino está localizado na parada 36 da faixa (RS 040) que leva à Viamão, já dentro dos limites da município de Viam,@o.
Quanto a sua localizaç@o geográfica é importante líentar um aspecto'que parece sqr estratégico Através dos con tatos e conversas informais que travei com alguns fu ncionários, fiquei sabendo que existe uma espécie de estigma, entre os funcionários, em relação ao f;-ito de trabalhar no I.D.B.PI. (Instituto Dom Bosco C-Iasculino). É con@onso do corpo funcional que trabalhar no referido instituto representa, para o funcionário da FEBEPI, uma espécie de * castigo.  Um dos fatores deste castigo refere~se a distância em que se encontra o instituto em relação a cidade de Porta Alegre e a própria sede administrativa da FEBEM.  Portantot para trabalhar nesta casa, a maio ria dos funcionários precisam utilizar quatro Ônibus na viagem de ida e volta entra a sua cara e o seu local de trabalho.  Este deslocamento é muito penoso pelo fato de que Viam@o é uma das cidades dormitório da grande Porto Alegre, por isso os ôni bus trafegam sempre lotados.  O tempo de duraç@-io da viagem da centro de Porta Alegre até o I*D*B#M@ é quase uma hora.  Existe ainda outro aspecto cornplic,-idor que 'é o fato de,, que a maioria dos funcionários sendo plantonistas em finais de semana precisam utilizar o transporte coletivo nos sábados e domin gos e nes tos dias é muito diflcel de tomar os ônibus, pois os horários s2ío muito intercalados.


*Quando estávamos em uma assembléia de categoria profissional, na ocasião de uma greve na FEBEM, uma funcionária, após fazer algumas considerações criticando a atual administração da Fundação, recebeu um bilhete anônimo que pelo fato de ter passado de mão em mão ficou desconhecido o seu emitente que dizia o se
guinte:       11 se não te cuidar, vai parar no Dom Dosco 11.

7







1.2     ASPECTOS EXTERNOS DA INSTITUIÇNO

O instituto Dom Bosco faz parte do complexo de Viamão, onde também se encontra o Instituto f)om Dosco Feminino o Instituto Paulo C@onego de Nadal, o Instituto Ana Jobim e o Ins tituto Feminino.
Circundando esta área existe muito verde, o Parque Municipal Sant'Hilaire faz divisa com as torras da FE[3EM.
Na frente da instituição existe um grande campo de futebol, cortado pela estradinha que é uma espécie de atalho e da ;--icesso ao Instituto r)om Bosco I-Iasculino.
Acima da campo, ficam algumas arvores próximo a ela bancos de pedrag um jardim pouco cuidado e ao lado uma Igreja toda cercada por telas a arames.
Na entrada do instituto, existe um,grande saguão em forma de uma circunferência rodeado por bancos de concreto, @n de os meninas costumam sentar para olhar a movimentação das pessoas ou então, quando é permitido, nos sábados e domingos, mais frequentemente, namorar com as *I gurias do feminino























J.3 ENTRANDO NO INSTITUTO

Após este saguão, atravessamos uma porta grande, che

ga-se ent@o a uma porta menor a esquerda com uma plaqueta, onde se lê: 11 DOM BCSCO 11.  Logo ao entrar por esta porta seguindo por um corredor extenso temos a direita respectivamente,uma sala de atividades educativas/pedag6gicas, um almoxarifado, o banheiro dos funcionários, uma porta que dá acesso ao Pátio li vre interno da casa, o dormitório da grupo lMA, o refei't6ric)/ sala de estar dos monitores e finalmente um grande sal2ío em de satívidade (ocioso).

*Na história desta institulçãoy a alguns anos atrás, os defíci entes de ambos os sexos viviam no mesmo espaço físico, divididos apenas em dormitórios diferentes, isto ocasionou uma interaçao muito constante eritre meninos o meninas que desenvolveram então relaç@os de afetividado.  Mais recentemente houve o dêsniembramento, dos meninos para ocupar o lado esquerdo do prodio e as meninas ficaram com o lado direito.  Contudo, ficou entre eles esta relaç2ío de afetividade por isso a maio i

Se seguirmos pelo lado esquerdo do mesmo corredor, encontramos a secretaria/administraç2ío, a sala da direção e assistentes dire-tivos, após a sala do *chefe de equipe, a enfermaria, o dormitório do grupo lMB e no final um grande salão que serve de dormitório para a grupo 2M.  No final deste corredor existe uma escada de ferro que já perdeu sua pintura, desgastada pelo tempo, ela dá acesso ao andar superior - do prédio.  No andar superior temos o dormitório dos grupos **6M, 3MA, 3MB, 4M o SM, além de um salão para atividades esportivas, uma sala ocupada atualmente pela estagiária do técnico
                         em educaç@o, uma sala da terapeuta ocupacional, outra         sala
                         ociosa, um banheiro com vários chuveiros e outro banheiro    que
                         possuí uma grande pia com aproximadamente 10 torneiras e  10
                         vasos sanitários este ultimo banheiro está interditado    para
                         reformas a mais de 2 meses.

*Chefe de Equipe - É a nomenclatura destinada a um monitor que é 11 escolhido "@ pela direção da casa para chefiar a equipe de monitares que neste caso s@o 4 profissionais.  Ele faz uma espé cie de intermediaçllo entra a equipe de monítores com a direção da casa.


**Quanto a esta composição de grupos e a diferenciação que existe entre eles voltarei a mencionar, explicando detidamente como estão dispostos na instituição, no item l 4 11 Estratifica ção 11 social dentro do IDBM.
9






















1.4     A ESTRATIFICAUNO SOCIAL DERJTRO DO IDBM

Como já citei,a população média desta instituição és ta em torno de 105 internos, este núm@ro varia em função das baixas representadas pelas fugas, pelas lnternaç3es hospitalares e pelas raras visitas externas e em função do acréscimo de internos representada por constantes novas internaçbes.
Para que esta massa humana sobreviva, foi adotado um sistema de divisão por grupos espalhados em varias salas da ca sã.
Os internos estão divididos atualmente em B grupos que segundo alguns critérios são reestruturados e reorganizados
constantemente.                              e @; \'
Os grupos lMA e lMB possuem basicamente as mesmas ca racterísticas e são formados por 28 crianças que possuem as me nores idades cronológicas da casap contudo a idade r-,iental, se gundo avaliações de técnicos da casavaria de B a 10 meses a um ano e meio de idade.  Estas crianças apresentam uma deficiên cia mental profunda, quase todos possuem características autis tas e são totalmente dependentes em todas as suas necessidades básicas, ou seja, alimentação higiene, saúde,,etc ...
O grupo 2M é composto por 15 internos.  Eles são i na sua maioria@)moços e adultos com deficiência mental grave, com características)quanto ao aspecto educativo,)semitreináveis e treináveis.  Alguns também são bastante dependentes nas suas ne cessidades básicas.  A idade mental neste grupo está um pouco acima da idade mental dos internos dos grupos lM, contudo ela n2ío passa de dois anos aproximadamente.
I Os grupos 3MA e 3MB apresentam características semelhantes quanto a idade mental_,mas diferem no aspecto da dependência.  Os 11 internos do grupo 3MA são bem menos dependem tes, composto por crianças e adolescentes com deficiência men tal moderada, e são treináveis.  No 3MB, composto por 10 cria n ças e adolescentes, eles são mais dependentes e apresentam de' ficiências físicas leves, sendo também treináveis.

O grupo 4M é o mais problemático da casa. É um grupo

mental

ti elo ia da deficiência

de entendimento dos funcionários que o internolqua ' n ' do n2lo se enquadra em outros grupos, por possuir muitos problemas ele é destinado ao grupo 4n Genericamente falandog dá para classificar como um grupo formado por adultos treináveis, com deficiência mental de grave a moderada.  Este grupo é composto
por 12 internos.

O grupo SM também à composto por um número de 12 internos adultos que apresentam características treináveis, possuem alguma independência para tarefas como as ligadas a higie ne pessoal, alimentação, conservação de objetos,etc ...
No grupo 6M existem 20 internos.  Este grupo é composto,pelo que chamam na instituição)de *llguris bom".  O grupo é formado por adultos, facilmente treináveis, com uma considerável independência para executar as atividades que se realizam na ca se. Desde o cuidado com a propria higiene, como também as ativi dades de limpeza e conservação das dependências do prédio, do s 'tios, etc ... Alguns destes internos possuam auto '

pa                                                  rlzaçao para

realizarem passeios nos finais de semanal desacompanhados dos mlo nitores, a parques pjblicos, praças, etc.,,




*Este termo denomina aqueles internos que apresentam as melhores condíç3es físicas a psíquicas para a realização de atividades e tarefas somo de limpeza e conservação do prédío@ ou mesmo de eu

'lio nos grupos ditos "os mais prejudicados''.  Estes intç-rnos) xl

quando da falta de monitoresjorientam e organizam os grupos, dos internos que são mais dependentes para realizar as suas necess.i dades básicas.




1.5 RELAÇDES INTERGRUPOS


Apesar de existir esta divis7So dos internos por grupos, na maioria da tempo, dentro da instituição, eles interagem, ao mesmo tempo, com todos os grupos, pois o horário de permanência exclusiva no dormitório respectivo do seu grupo se restringe aos horários da noite para dormir e durante o dia,nos chamados "*horários de descanso 11.
Avaliando este aspecto achei interessante relatar um pouco do quotidiano dos internos, para dar uma idéia de como eles se relacionam entre si.  Para tanto achei conveniente come çar descrevendo a vida institucional desde as primeiras horas da manhã, passando pelo decorrer do dia até a noite e o dia se, guinte.
As 7 horas da manhã acontece a 11 passagem de plan t@o "I, isto 'é,, neste horário a equipe de i-nonitores da noite é substituída pela equipe de monitares da manhã.  Os monitoreseeas sum9m" os seus respectivos grupos.  Ao chegar no dormitório de' seu grupo ) o monitor faz uma espécie de inspeção.' Cabe ao monitor verificar as condições tanto das instalações do prédio, @o biliarlos, condiç3es de limpeza e higiene das dependências do dormitório, como também das condições de sajde,.higiene, compor tamento, etc ... do interno. e o monitor receber o plantão com um interno, por exempla@ apresentando escoreaç3es, hematomas,
                     @etc.. e não constatar isto@ posteriormente ele virá a ser co.
                     '.@Ç'brado a saber da situação que envolveu estes ferimentos    com
                         um determinado interno e pode ser responsabilizado por tal   fa-
                         to.



*Horários de Descanso

internos permanecem nos dormitórios# deitados em sua camas,nao especificamente dormindo.  Este horário é adotado após as refei ç@es.

chamado assim os períodos em que,os

12


Para que se possa acompanhar o desenrolar das ativida dos desenvolvidas pelo grupo, existe o registro de ocorrências que é feito em um livro específico.  Nele constam todas as varia çbes de comportamento, as atividades durante o período, a dose medicamentosa que os internos estão submetidos, recados de moni tor para monitor, quando estes não conseguem manter contatos di reto com os colegas, entre outros dados.

ao exemplos de registro de ocorr@encias:

Ç 2      @,-@s-corrência da Noite: 11/10/92
Monitor - Aureci

NO de internos: 19+ Flávio em fuga

Recebi o serviço em condiç3es, com os internos na ca
sa,     exceto João Luis Silva, que retornou por volta das 21:30 ha
ras     e dormiram tranquilos.
Comportamento geral bom, sem alteração de conduta.
Saúde aparentemente todos bem.
Auxiliaram nas tarefas da casa e nos grupos: Alexan dre Machado, Aldoir, Cláudio, Jonas e Jocel.
Pela manhã os internos da cozinha foram acordados às
                       6 horas       para a higiene pessoal.
                                                  Passo o plantão com os internos presentes na casa.
                                                                                                          Aurecíll.
                                                  (Registro de ocorrência do livro pertencente   ao gru-
                       po 6m         turno da noite)
             tzi I       l@                   "Ocorr5ncia da Noite de 18 a 19/06/92
                         eA @ @              Monitora - Eva Linda
                                                    NO de menores: 12
                                                    Recebi o plantão c/ menores no dormitório.
                                                    Julio Casar muita agitado, perturbando os    demais,
                       comendo     reboco e saindo da dormitório.
                                                    Necessito de um menor para auxíliar-me ou  que pe-

                     lo menos possa ficar na porta quando tenho que ausentar-me     do
                     dormitório, pois se fecho a porta os menores jogam tudo o         que
                     podem pela janela, se deixo a porta aberta, alguns menores        saem.
                                              Não há roupas, não há lençois, nem toalhas,      está
                     se tornando quase impossível trabalhar nessas condições.

Menores dormiram bem.

13



Daniel está com o rosto machucado de tanto se autoagredir; deveria sgr encaminhado a algum especialista.
Passa o plantão c! menores no dormitório.
Linda.
- N,--no foi dado banho, pois não há roupas,
Linda'#.
(Registro de ocorrência do livro pertencente ao g@u po

Quanto aos registros em livros de ocorrência é importante salientar, também, que eles funcionam como um meio de controlar a vida do interno.  Diariamente os monitores gistram aspectos relacionados ao comportamento do interno em livro: Quer dizer, se for registrado por exemplo, que o interno está muito agitado, ou muito " atuante 11 ele, no momen to em que o setor mc')dico tiver conhecimento do registro sofrerá uma mudança na sua medicação.  Neste caso, rec.-3berá uma dose maior de tranquilizantes para que o quadro de comporta monto se reverta.
Este controle também pode, funcionar, por exemplo, no sentido de averiguar a conduta do interno dentro da ínstituição, em um período de alguns dias ou semanas a fim de se avaliar se o referido interno é merecedor ou não de alguma vantagem em relação dos outros.  Esta vantagem pode ser presentada por uma vaga no pr6ximo passeio (não são todos que participam dos passeios), ou a obtenção de uma roupa nova, ou simplesmente um número maior de refeiç3es no dia.
Das 7 horas até as B h e 3Omin aproximadamente é a que chamam de horário de descanso.  Os internos devem permane cer no dormitório na companhia do monitar.  Apartir das B h e 3Dmin é servido a café da manhã, mas antes dista já começa a se ouvir nos dormitórios algumas reclamaçoes: não esta na hora do café tio, eu quero toma café, hoje é pão com chimia ou margarina? 11 (Jarmar grupo 4M).
Os grupos são *" deslocados 11 para o refeítório,al guns em fila outros livremente dependendo da atitude do monitor, para o café.  Os grupos lM geralmente tomam café no próprio dormitório, em função da dificuldade de locomoção que a maioria dos internos deste ru

Ao chegar no refeitório todos os internos mantém      o
primeiro contato da dia, eles então conversam uns com os       ou-
tras e tudo parece uma grande bagunça:
11 trouxe o balão?
em esqueci Batista
exquecheu tia?
14






(Batista interno do grupo 4M) (Monitora Rita) (Batista interno da grupo 4M)
tio, tio o Leonardo roubou o meu p@o " (Tadeu in terno da grupo 5M)
- 11 diabo, diabo, diabo 11 (Leonardo interno do grupo 4M)
O café é trazido da cozinha em uma grande panela de aluminiot cada monitor serve a café, que geralmente é leite com chocolate ou leite fervido purojem pequenas canecas de plástí co. O pão é distribuído de forma igual para todos, dois para ca da uml eventualmente um interno entra em agressão física com outro pela posse de um pão.
Após o café, cada grupo tem um destino que é determi nado pelas escalas pré-estabelecidas pela casa.


*Deslocados - Este termo que é de uso corrente em meio aos p@o fissionais da casal principalmente a monitaria, significa lêvar o grupo de internos, geralmente juntos e em fila, para outras dependências da instituição.  Estes termos lembram a minha @iexperiencia de vida em um aquartelamento, por sinal@ outro tipo de instituição total.  Estas palavras, como HORARIO de DESCAN SO, ASSUMIR o grupo, deficientes TREINÃVEIS, não TREINAVEIS,es tão dentro da lógica institucional explicitando as suas práticas a utoritárias a descriminatórias.  Ou seja, na instituição,o interno perde totalmente a sua relação com o seu proprio eu,pois a classe dirigente se apropria de seu poder de decisão e de sua liberdade para simples atos como o de se locomover- de uma determinada sala ou dependência da instituição para outra sala ou dependência dentro da própria instituição.

15




Os grupos dos meninos maiores possuem atividades és pecíficas em rotinas da.casa. Alguns auxiliam na cozinha, ou-

tros na lavanderia, ou em atividades de capina e limpeza 'das adjacências do prédio.  Os internos ditos 11 treináveis 11 auxiliam também os monitores que ficam responsáveis pelos grupos dos internos mais dependentes.
Também existeg pela manhã, as escalas com as estagiárias(os) em educaç@o física, terapoutas ocupacionais e téc nicas em educação (pedagia especial) que atendem alguns inter nos previamente avaliados e escolhidos para estas atividades.
Os internos que não estão em nenhuma destas atívida des ficam então no pátio interno da instituição.
Em companhia dos monitores .,eles brincam no pátio,pa rã isso disp3e de algo que um dia já foi um escorregador e ho je e um amontoado de latas e ferros retorcidos pela ferrugem, de um balanço susponso por um suporte de forro antigo no qual haviam mais de três balanças , de alguns canos de concreto,com u:m diâmetro de aproximadamente l metro e meio cada um, dispos tos sem uma sequência l6gica.  Além desses 11 aparelhos I, tudo o que para qualquer um transuente seria denominado de lixo,co mo tampinhas de garrafa, sacos plásticos, vidros, recepientes vazios de ahampoos, detergentes, pequenos pedaços de madeira, quando encontrados pelos internos no pátio é motivo de alegria.  Eles manuseiam estes objetos, brincam o se divertem como se fossem brinquedos, argila ou massa de modelar.
Observei um interno com uma meia cheia de tampinhas de garrafa, ele as tirava para fora da meia dizendo:
tia, tia olha um, dois, treze, quatro olha, olha".
Torna a colocar todas as tampinhas dentro da meia, neste processa ele passa quase que toda a manhã.
Por volta das 10 horas é distribuído um lanche chamado pelos meninos também por merenda.
tia não está na hora da merenda, to com fome (Silvio Amaral, grupo SM)

16



A 11 merenda " varia, ela pode ser uma banana, o que é mais frequente, ou uma maçã, ou iinda uma laranja.  Nos finais de semana geralmente a merenda ó sagu, gelatina ou cangica com lei

tep de vez em quando l<isuco com pão.

Depois da 11 merenda 11 entre 10 horas e 30 min e li ho ras e 30 mín a maioria das ativid,-idcs já se encerraram, começa
                       então a preparação para o almoço. Os meninos são reunidos    em
                       seus grupos para se prepararem para o banho, quando trocam de
                       roupas@ penteiam os cabelos, ...
                                          Entre 11 horas e 30 min e 12 horas é servido o      almo-
                       ço. Os internos se reunem novamente no refeitório, agora         para
                       almoçar.

Cada monitor vai até a cozinha pega uma bandeja (uma tampa de panela de aluminio das grandes) com o número de pratos exato ao námero de meninos do grupo, distribui os pratos e fica observando-os almoçar.  Na maioria das vezes surge algum problema durante o almoço, são agress3es entre os meninos, quando um tenta pegar o prato do outro.  Quando o almoço demora a ser ser-
vido, os interno              icam impacientes e irritados, alguns, depen-

dendo da demora           entram em crise I, se auto agridem ou sim-

plesmente desistem        de almoçar.
Após ao almoço entre 12 horas e 13 horas é a preparação da passagem de plantão que agita a casa.

*Entrar em Crise dificil caracterizar este fato, pois ele abrange muito e é considerado como tal em várias situações.  Por exemplo, pode se tratar de uma O~ crise convulsiva que a maio ria dos internas sofrem de vez em quando, pode se tratar de uma
-'fi9x             ao acompan
exaltaç            hada de agressoes lslcas      a

terceiros, ou então com auto-agressão, pode ainda se tratar de uma tentativa de chamar a atenção para alguma coisa.  Muitos internos, quando não recebem a atenção devida chegam a simular de terminadas crises a fim de receber maior atenção.

17




Entram então em ação novamente os meninos que possuem a incumbência de realizar as atividades de limpeza e con

servaç2ío das instalações para que haja a passagem de plantão sem altL-raç2lo ". /
Quanto a esta atividade um aspecto que cabe salien tar é - o fato de os internos, eventualmente, não estarem dispostas a reali.znr tais atividades.  Como acontece a qualquer ser humano, em determinados dias não nos dispomos a realizar certas atividades.  No caso dos internos, quando isto acontece, o monitor responsável pela realização da determinada atividade exerce uma espécie de coerç@o sobre o int-rno, fato que se pode constatar através do seguinte diálogo:
- Monitar.-" Marcio tu precisas passar o pano no corredor'. 11
-     Marcio:l' hoje eu não quero tio

-     Monitor 11 o que? n@o quer? tu achas que te gover-
nas? 11

- [,larcio:l' manda o Alexandre Machado passar
- Monitor:l' não esquece que terá passeio no final de semana e se tu não limpares o corredor eu te corto do passeio" - Marcio:l' ta bom tio, mas é só hoje que eu vou límpar, eu faço isto todos os dias'. 11




*Sem Alteraç@o - Termo empregado pelos profissionais da casa,/ em particular os monitores, para caracterizar um peri r odo dentro da instituição transcorrido sem maiores problemas e dificuldades, ou sejap quando apenas os acontecimentos diários são observados.
Neste aspncto acho interessante destacar uma passa-
                       gem do livro 11 f-iAi,JlCOl'-IIUS, PRISDES E CUNVERJTOS " de  ERVING
                       GOFFrlAPI que mo tem auxiliado bastante neste trabalhe, no   senti
                       do de notear vários objetos das pesquisas e entrevistas    que
                       fiz:
                                      11 Nos hospitais para doentes mentais, existe a
                                      que é oficialmente conhecido como 11 terapia in-
                                      dustrial 11 ou 11 laboterapia 11 os pacientes rec  L.@
                                      bem tarefas, geralmente inferiores - por exem-
                                      plo, varrer as folhas, servir a mesa, trabalhar
                                      ha lavanderia e limpar os pisos. Embora a natu
                                      reza de tais tarefas decorra das necessidades
                                      de trabalho do estabelecimento a afirmação apre
                                      sentada ao paciente é que essas tarefas o aju-

darão a reaprender a viver em sociedade o que sua voluntariedade e capacidade para enfrentalãs serão consideradas como prova diagnostica de melhora 11. 157
157 - Seria errado considerar com excessivo ceticismo essas 11 terapias 11.  Alguns trabalhos por exemplo, na lavanderia e na sapataria - tem seu ritmo próprio o muitas vezes são dirigidos por pessoas mais ligadas a seu ofício do que ao hospital; por isso, muito frequentemente, o tem po gasto nestas tarefas é muito mais agradável do que aquele passado numa enfermaria quieta a escura.  Além disso, a nocl5o de colocar os pacientes em trabalho 11 'útil"' parece uma possibili
                                    dade tão atraente em nossa sociedade, que al'-
                                    guns serviços - como consertos de sapatos e       fa-
                                    bricação de colchbes - podem ser mantidos,        pe-
                                    lo manos por algum tempo, sem prejuizo para    a
                                    instituição.

(te a mundo da equipe dirigente 11 pág.B2)
19


As 13 horas acontece, novamente a 11 passagem de plan tão 119 ou sejag a equipe de monitores da tarde recebem os grupos da equipo da manhã.  Quanto ao recebimento, acontece o mos mo ritual que descrevi na passagem de serviço do pessoal da noi te para o pessoal da manhã.
O que difere s5o os horários, Até as 15 horas a horário de do.,3canso, os internos permanecem em seus dormitórios.  As 15 horas é servida o lanche, (merenda) no mesmo@sis tema do relatado no período da manhã.  Entro 15 horas e 30 min e 17 horas são realizadas as atividades de limpeza e conservaç@o dos prédio e as educativas, pedagógicas e recreativas.  Estas ultimas em um ritmo bem mais lento, pois a tarde não exis tem estágíarios na casa.  Apartir das 17 horas começa então a preparação para o jantar.  Entre 17 horas e 30 min e 18 horas ó servida a jantar, com a mesma sistemática do almoço.  Após o jan ter são reiniciadas as atividades para a passagem de plantão que acontece as 19 horas, aqui são repetidas aquelas situaç@es que mencionei da ocasião da passagem de plant@o do período da manhã, para a tarde.
As 19 horas a equipo de monitores da noite recebem os seus grupos.  Entre 19 horas e 20 horas e 30 min são realizadas atividades livres, a encargo de cada monitor.  As 20 horas e 30 min é servido o lanche da noite, p2lo e leite quase que diariamente.  As 21 horas os internos são reunidos em seus grupos para dormirem seriag na linguagem militar, o toque de recolher.
A rotina, para o interno, recomeça as 6 horas do dia seguinte quando novamente são reiniciadas as atividades de pre paração para a passagem de plantão que acontece as 7 horas da

manhã.
Ainda em relação a este período noturno vivida na instituição, algumas considerações são importantes e precisam ser feitas.
O número de monitares no período da noite e bem redu zido em relação as equipes da dia.  Os técnicos e as pessoas da administração que durante o dia circulam na casa# controlando as atividades durante a noite estão ausentes.

20



Estes fatores influenciam diretamente para a diferença no ritmo das atividades à noite.  No r)eríorio noturno
                         existe mais liberdade para os iritrrnarlos, o ç) que é o    mais
                         surpreendente, também para os n@o internados. A noite        são ex
                         piorados os anseias qt.ie durante o dia s@o severamente        re-
                         preendidos. A noite a instituição muda de cara.

                                            O Hospital São Pedra, a noite, e o      lugar
                                        dos menos explicitados, de fantasmas invadin
                                        do a escuridão, de esquecidos desejos        anun
                                        ciando-se nos sonhos a delírios. O recalcado
                                        retorna a sua força assusta

No Hospital.  S@o Pedra, a noite, se expressam às claras, os desejos pervertidos.  Essa montagem perversa das relaç3es sociais aparece-,na legitimação da violência institucional para com os funcionários, em suas pobres e loucas condições de trabalho; dos funcioná rios para com o 11 Guarda Belo 11 (intorno do hospital); deste para seu companheiro de quar ta

(Por uma sociedade sem manicâmios:um       olhar

sobre     a São Pedra - texto de CARi-lEM de OLI-

VEIRA  - psicóloga mestre em psicologia clí-

nica,      especialista em saúde pjblica, direto-

ra de      ensino e pesquisa do Hospital São Pe-
dro, Presidente da Conselho Federal de Psicologia - apresentado na 69 jornada de psico logia, sociedade de psicologia do Rio Grande do Sul, jynho/90).
Este relato)sobre o hospital São pedro@mostra que o que foi constatado no IDBPL, quanto as características da vida no período da noite, em uma instituição total@ manico-
21




CONCLUSAO

Através da minha pesquisa de campo, avalianrio-a insti tuiç3o que foi o meu abjeta de traballiojchego a L.,lgumas conclusoes*
A conclus,-no cr@ntrcil que surge é tr@jduzidn pela idéia de que o atendimento ao deficiente mental em instituições totais, como os manicômios, ou casas similares, como a que pés-
quisei,         totalmente maléfica para as pessoas que estão ali in-

A instituiç2ío total não contribui em nada para a me-

lhora do      estado de sajdo'dos internados.  Muito pelo contrário,
ela prejudica e debilita ainda mais a sanidade mental das péssoas.  Isto graças,a sua capacidade de se apropriar da vontade de viver dos internas, dns suas manifestações de vida, daquilo que ele aprendeu fora da instituição.  A instituição segrega, ou CC)MO e citado no livro 11 manicômios prisbes e conventos 'I- C-IDR TIFIC@'- a vida do internado.  Com as suas atividades excludentes o@ , d@scriminat6rias a instituição reafirma L- reproduz em rq,aior escala os preconceitos e a marginalização do deficiente mental que s@o produzidos na sociedade.
dur,-.intk- a minha pesquisa, relatos de pessoas que, -@ando lembravam do estado de saúde dos internos ao chegar na instituição em relação ao estado de saúde atual, após vários anos de internação, emocionados diziam: 11 ele era muito melhor quando chegou aqui 11.
Uma funcionária falando a respeito de um interno que
hoje só pronuncia uma única palavra aos gritos',0 diabo, diabo:  NN
- 11 Quando c) Leonardo chegou aqui no Dom Bosco ele
falava tudo, gostava muita de cantar.  Cantava sam
bas, com ritmo.  Tinha que ver ele cantando
Para subsidiar minha conclusão cita a seguir posicionamentos de pessoas ligadas ao setor de sáude mental que seguem esta linha de raciocínio:
11 A alternativa únici de hospital psiquiátrico pa rã a 11 atcnç@o 11 ao doente.mental já dava mostras de fracasso desde 1925 data dos rimeiros ré is-
22


A saáde mn-ntil n@o é soriiente o sistema psiquiá trico, mas nós estamos convencidos de que se n@o houver evaluç3cs no sistema psiquiátrico, não possível se falar em saúde mental ".
11 Sou um psiquiatra e quero poder continuar a trabalhar numa profiss@o que n@o esteja destina da a excluir as pessoas a sim a curá-las 11.
" ús pacientes de serviços psiquiátricos tem o direito de serem tratados 'num regime de liberdade 11.
(Fr_gnco Rotelli psiquiatra italiano.  Um dos principais teóricos do movimento internacional por uma sociedade sem manicômios.  Este é um fra gmento de sua palestra no Seminario Internacio-
                                      nal de saúde mental, realizado em outubro        de
                                      1991, na Assembléia Legíslativa em Porto        Ale-
                                      gre).


                                          A rotina irlstitucional é capaz de bitolar        a

tua vontade de humanizar mais o atendimento do deficiente 11.
11 Com o passar do tempo, as pessoas que -trabalham neste meio param de questionar os problemas dos te meio e começam a aceitar as mazelas da instituição como algo normal e aceitável "
( - Paulo Ricardo - Monitor da FEBEMP trabalha no atendimento ao grupo 6M do I.D.13.M).
Os hospitais psiquiátricos são verdadeiras c.a sas de destruiÇ2;o da subjetividade humana;.apon ta as contra'diclnes de uni sistema que tudo apos -tou na segregação e no estigma, transformando instituições em verdadeiros depósitos de indivi' duos 11.
(Carmem Oliveira - psicóloga, mestre em psicolo i 'de p'blicag di-
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gia cl'nica, especialista em sau retara de Ensino o Pesquisa do Hospital São Pédro, presidente do Conselho Federal de Psicologia).

São muitos os depoimentos que levam a este entendiíncn to; o fracasso das instituições manicômiais.  Entretanto, apesar das críticas serem válidas, é preciso que se lance alternativas para o problema, ou seja, n@o basta constatar a falência da atual forma de atender o deficiente mental.  Nesse sentido, observei, através da minha pesquisa, que existe uma espécie de consenso quanto a alternativa que surge frente a este modelo psiquiátrico decrépito.  Ela foi verbalizada de várias formas e nos mais diversos contextos, expressada por diverssas tendências ideológicas e políticas.  Apesar disso as propostas alternativas que surgem fazem referência ao projeto de lei dos Deputados PAU LC DELGADO (do Partido dos Trabalhadores de t'linas Grrais)e [,]AR CGS RCLIIII (do Partido dos Trabalhadores do Rio Grande do Sul), que, via de regra, proplbe a extinção progressiva dos hospitais psiquiátricos e sua substituiç,-no por outros recursos assistanciais e regulamenta a internação psiquiátrica compulsória.
Esta proposta mesmo nas pessoas mais ligadas ao setor de saúde mental, causa, de início um determinado ceticismo e estranhamento.  Eu fui apanhado por estes sentimentos, porém, quando se analisa mais particularmente cada uma das formas ai ternativas de atendimento e recompondo, principalmente algumas experiências neste sentida vivenciadas em países como a Inglater@ rã, a França, Itália, Espanha e Cuba da'para se notar claramente que não está sendo proposto Uma utopia.  Vê-se que existem és tudos sp'rios e pessoas ídoneas empenhadas na reformulaç@o das

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O projeto de lei é muito amplo e a proposta e bastan te complexa, entretanto, tentancia resumi-lo citarei as formas de atendimento alternativo que constam no bojo do @irojeto de lei: Seriam desenvolvidas formas de atendimento locais de saú de mental (municipalizaç2lo da atendimento) que incluem ambula tórios, centros de convivência, leitos em hospital geral, ofi cinas laborais e de expresso, cooperativas, hospital-dia, pen s@as protegidas, ...
Um dado numérica que ilustra muito bem o problema da munícipalização que está sendo proposta para o atendimento do deficiente foi verificado no I.D.B.M. Em uma populaç2-lo de 94 internos nesta instituição, 49 internos são oriundos de municí pios do interior da estado e apenas 45 internos s@o de Porto Alegre, ou seja, mais de SO% da população, devido a uma série de fatores, vem de seus municípios de origem, na maioria dos casos municípios do interior, buscar atendimento na capital.
Acontece neste caso algo semelhante a superprocura pelos serviços da hospital de pronto socorria de Porto Alegre e da Santa Casa de Miseric6rdia de Porto Alegre.  Inúmeras ambulâncias trazem, diariamente pacientes de cidades do interidr, muitas vezes distantes de capitalj para serem atendidos em Porto Alegre, em função da falta de recursos médicos nl-@tas ci dari as.
Surge então está temática da descentralizaç3o do aten dimento ao portador de deficiências mentais.  Esta descpntraliizaçao aparece em dois ambitos.  O primeiro seria descentralizar a atendimento geograficamente, ou seja, municipalizando o sistema de saúde e atendendo a deficiente, preferencialmente na sua cidade de origem, ou seja, não descaracterizá-lo ou dêsmembrá-lo de sua comunidade, onde ele possui os seus amigos,as suas experiências de vida, enfim os seus referências Quanto a este aspecto, destaca a entrevista que fiz com um interno da I.D.B.M., na qual ele me externou as seguintes palavras:
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Desde lá de BOM JESUS que o meu pai era beba do, ele podia ter feito o meu exame ... ; A FEDEM à louca mesmo; Queria trabalha numa fir
                                          ma, compra uma horta, pra planta milho e    da
                                          pros porco, lavagem, bota no cochinho do    porco,
                                          ele fica bem gordo, depois mata o porco        pra
                                          faze banha pra cozinha arroz, feij@o; aqui    nas

sa FUBEM eu já to enjoado, queria um lugazinho
melho 11.

(TAOEU, idade aproximada 26 anos, interno oriun
do da cidade de Bom Jesus) -


Através destas palavras, percebe-se a referência que o interno faz a sua cidade de origem, Bom Jesus, e a alguns as pectos do estilo de vida que tinha no interior, como cultivar uma tiortap criar animais,*.* Apesar de estar vários anos inter nado neste instituto, TANEU possui vivo dentro de si a referen cial a sua comunidade.  Certamente se ele estivesse recebendo tratamento neste local, convivendo com os seus semelhantes pri meiros as suas perspectivas de avanço de seu quadro clínico se riam mais favoráveis.
O segundo aspecto da descentralizaç@o refere-se a descentralizar o atendimento de uma unidade institucional es-@ tanque.  Ou seja, ao invés de internar compulsoriamente os paci entes em um manicômio, onde elos permanecem em média de 15 a 20 anos, ou em alguns casos, até a morte, levaria o paciente a' experimentar outras formas de tratamento alternativo variando segundo o grau de sua doença.  O paciente experimentaria ent@o, por exemplo, tratamentos em ambulatórios, centros de convivência, leitos em hospital geral e as demais alternativas citadas anteriormente.

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Mencionarei, a seguir, alguns depoimentos que defèn dem uma sociedade sem manicômios, ou seja, defendem a proposta de extinguir paulatinamente os manicômios
11 A legislação vigente, datada de 1934, reflete ainda a intolerância e os preconceitos da se ciodade frente as diferenças.  Propomos altera ç3es na legislação federal e estadual bem como a criação do código de saúde do município 11.
(das DIRETRIZES da Proposta Preliminar de Política de Saúde Mental para a cidade de Porto Ale gre - Versão ABRIL/92 - Secretaria Municipal da Saúde, Prefeitura Municipal de Porto Alegre, Administração Popular).

11 Lutamos em nosso cotidiano institucional e nos espaços sociais por uma proposta de uma se ciedade sem manicômios e isto significa a cons trução de um aparato científico, administrativo e legislativop que atenda a l6gica de inser ção social da doente mental.  Lutamos por uma sociedade que possa confrontar as diferenças, encorajar as singularidades, apostar no desejo, criar e tolerar incertezas 11.
(fragmenta da Política de Atenção Integral à saúde mental - PAISMENTAL/SSMA, Hospital psiqui'átrico São PE3dro/SSMA).
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A proposta desencadeada é de desinstitucionali zaç@o: de desconstrução dos aparatos jurídicolegal, administrativo, científica que legitimam a exclus@o social do doente rnentalp fundamentados nas noç@es de incapacidade e de periçulosida de, produzindo existências em sofrimento.  E de invenção de outras instituições que produzam saú de mental, inserção social, projetos de vida al.i cerçados na singularidade, nas diferenças, em lores éticos-estéticos 11.
(Sand.ra Fagundes - integrante do movimento da lu ta Antímanicamial no Brasil, assessora de saúde mental da SMSSS P-A e ex-coordenadora da PAIS mental da SSMA - RS).


" Não nos seduz qualquer visão romântica sobre a loucura.  Mas, se toda loucura tem uma RAZAO que a reconhece e protege, então toda a RAZAO tem sua loucura que lhe provoca e estimula 11.

                                      (fragmento do texto: 11 A NAU DOS LOUCOS;       carta
                                      de um companheiro de viagem 11 do Deputado         Esta-
                                      dual Marcos Rolim, autor do projeto de lei       que
                                      prevê a extinção dos manicômios).

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METODGLOGIA

Utilizei uma mctodolagia bastante particular neste trabalho.  Inicialmente realizei observações periódicas no inte rior da instituição, fiz algumas entrevistas não diretivas com alguns profissionais da casa, principalmente monitores e realizei, também conversas informais com alguns internos que foram de grande valia para algumas constatações do trabalho.
Lembrando-me da palestra de BERNARDO (que nos relatou suas experiências em pesquisas de campa) acho importante ressaltar algumas colocações feitas nesta oportunidade: Disse ele, entre outras brilhantes colocações, que era uma dica do próprio MALINCWSKI, que para realizar na sua melhor forma uma pesquisa de campa, deveria se escrever ou ambasar as constataç3es e conclusões, após ter se afastado do grupo em estudo.  Ou sejag com base no diária de campo, ou utilizando outras anotaç@es como subsídio deveria se realizar um olhar do 11 fora 11 pa rã 11 dentro 11 daquele grupo ou universo pesquisado, a fim de se realizar um bom trabalho de campo.
Claro que as palavras usadas não foram especificamen te estes, mas a questão que gostaria de colocar é a fato de,por mais que eu tenha me esforçado não conseguir realizar este olhar de 11 fora 11 para 11 dentro I, em seu sentido pleno.  Este fato deve-se a condição a que estou colocado de funcionária des ta instituição.  Oú seja, eu possuo um vínculo empregatício com este órgão institucional, estou ligado a ele, -tenazmente, segundo regras e devores administrativos e burocráticos ou ainda, todo este sistema institucional exerce uma força de coarçao sobre mim, como a todo outra funcionário.  Apesar da minha tentativa de relativizar todos os 11 pré-conceito:Y da instituiç:ão e de tentar relativizar a idéia do própria sistema institu cíonal como um todo, acho que realizei, por vezes, um olhar de 11 dentro 11 para 11 dentro 11 da instituição.  Trata-se apenas de um esclarecimento que acho importante de ser colocado uma vez que, notadamento, este trabalho deve estar longe de alguma cons trução mais científica.
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REFERÈNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FAGUNDES, Sandra.  Pioneírismo da Saádo Mental Coletiva.  Jornal Utopia.  São Paulo.  Ed.  Abril./Maio-92 P.4
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                         MORAIS, Freriprico. A Recuperação do Universo segundo    Arthur
                         Bispo do Rosário. do Jornal de Divulgação da Exposíç@o:    11 Re-
                         gistra de Minha Passagem pela Terra: Arthur Bispo da  Rosário"
                         que se realizou na Pinacoteca III do MARGS (Museu de          Artes
                         do Rio Grande do Sul), Junho de 92 P-4,5

-,,OLIVEIRA, Carmem.  Por uma Sociedade sem Manicâmios: um olhar sobre o São Pedra da Jornal de Divulgação da Exposição: 11 Re ciistro de Minha Passaclem pela Terra: Arthur Bispo do Rosário" que se realizou na Pinacoteca III do M.ARGS (Museu de Artes do Rio Grande do Sul), Junho de 92 p.697

OLIVEIRA, Carmam de.  Por que Lutar por uma Sociedade sem r-lani câmios?  Aparte Expediente, Jornal do Gabinete do Deputado Marcos Rolim (PT).  Por-to Alegre, Agasta de 1991. p.3

RDLIM, Marcos. 11 A Naus dos Loucos 11 Carta de um Companheiro de Viagem.  Jornal Utopia.  São Paulo.  Ed.  Abril/Plaio-92 p.5

ROLIM, Marcos Deputado Estadual - RS.  Projeto de Lei que disp@o, sobre a extinção progressiva dos hospitais psiquiátricos.

ROTELLI, Franco.  Loucos pela Vida.  Jornal UtoPiEL.  São Paulo Ed. Abril/Maio - 92 p. S

TREVISAN, Janíne Bendorovicz.  Um estudo sobre "crianças" exce pcion@àis em uma instituiç25o da FEBEM.  Plonoqr-c.3fia, fevereiro de 1992.

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A terapia da liberdade.  Política de Atenção Integral à Saude Mental - PAIS MEIJTAL/SSMA. @iospital Psiquiátrico São Pedro/ SSMA. do Jornal de divtjlqaç!,So da Ex@osiç@o: 11 Registro de mínha

_passagem pela torra: Arthur Bispo do Ros'rio q@je se rEn lizou na Pinacoteca Ill do MARGS (Museu de Artes do Rio Grande do Sul) , junho de 1992 p. 2

Proposta Preliminar da Políica de Saúde Mental para a Cidade de Porto Alegre.  Versão Abril/92 - Secretaria Municipal de Saúde, Prefeitura Municipal de Porto Alegre p. 14

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OBRAS CONSULTADAS
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toria do Instituto Dom Sosco Mnsculino.  Viam@o, maio de 1991.
-3t'rio Anual do Instituto Dom )DOTTIP Sotero (Ex-niretor).  Rel, o
Bosco Masculina.  Viamão, 23 de janeiro de 1989.

JDNIDRI Senilton Bezerra.  Cidadania e Loucura; Políticas de Sajde Mental no Brasil.  Petrópolis, RJ. : Editara Vozes,l98%
PACHECO, Alexandre 0. ( e demais integrantes da equipe técnica ) Inform,--iç3es Tócnicas a respeito da Realidade Institucional da Instituto r)om Bosco Masculino.  Vi,-im,@o, agosto de 1992.
Estatuto da Criança e de Adolescentel Lei n2 B.069, de 13 dLjulho de 1990.  Ministério de Ação Social, Centro Brasileiro para a infãncia e adolescência.  Brasília, em 13 de julho de 1990