quarta-feira, 5 de novembro de 2014

O Aprendiz Científico

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
CURSO DE CIÊNCIAS SOCIAIS






-   Das Itineranças de Atuar Como Aprendiz Científico em Projeto de Pesquisa de Professores na Experiência dos Procedimentos de Ordenação e Classificação dos Dados em Estrutura Informatizada e Considerações e Motivações Teórico-Analíticas em um Percurso Transcorrido   -





Nome do Autor: JACQUES JACOMINI

Projeto de Pesquisa Integrado : “ Estudo Antropológico de Itinerários Urbanos, Memória Coletiva e Formas de Sociabilidade no Meio Urbano Contemporâneo.”
Pesquisadoras: Professoras Dra. ANA LUIZA C. DA ROCHA
                                          Dra. CORNELIA ECKERT

Projeto Individual A: “Antropologia do Cotidiano e Estudo das Sociabilidades a Partir das Feições dos Medos e das Crises na Vida Metropolitana.”
Professora Executora: Dra. Cornelia Eckert

Projeto Individual B:  “Banco de Imagens da Cidade de Porto Alegre.”
Professora Executora: Dra. Ana Luiza C. da Rocha







SUMÁRIO



INTRODUÇÃO .....................................................................................................................  03

1a. - PARTE
     1. - CONSIDERAÇÕES SOBRE OS PROJETOS DE PESQUISA EM QUE ATUO

1.1 - Considerações Sobre o Projeto Integrado CNPq  (Prof ª Ana Luiza
C. da Rocha e Cornelia Eckert) “Estudo Antropológico de Itinerários
Urbanos, Memória Coletiva e Formas de Sociabilidade
no Meio Urbano Contemporâneo.”  ..........................................................................  04

1.2 - Considerações Sobre o Projeto de Pesquisa “Antropologia do
        Cotidiano e Estudo das Sociabilidades a Partir das Feições dos
        Medos e das Crises na Vida Metropolitana.”  ..........................................................  06

1.3 - Considerações sobre o Projeto “Banco de Imagens de Porto Alegre” ...................... 09

1.4 - Construção de um Arranjo Documental Para Tratamento e
        Ordenação dos Dados de   Pesquisa Etnográfico e Imagético ..................................  11


2a. - PARTE
2. - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS QUE FUNDAMENTAM MINHAS ATIVIDADES DE PESQUISA

2.1 - As Tensões, Crises e Medos no Contexto do Mundo  Contemporâneo
        Sob o Enfoque de uma Discussão da  Modernidade e da Pós-Modernidade............. 13

2.2 - A vida nas Cidades Pós-Modernas e a Construção das Novas Formas
        de Sociabilidades Urbanas  ........................................................................................ 16

2.3   - As Novas Tecnologias da Inteligência na Era das Telecomunicações e da        Informática, Delineando as Inovações do Conhecimento por Simulação
       Neste Final de Século ................................................................................................. 19

CONCLUSÃO .......................................................................................................................  22

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS  ................................................................................... 24




INTRODUÇÃO

Inspirado pelos estudos e pesquisas que desenvolvo junto ao projeto “Antropologia do Cotidiano e Estudo das Sociabilidades a Partir das Feições dos Medos e das Crises na Vida Metropolitana” [1], na condição de bolsista de iniciação cientifica começo a introduzir este trabalho destacando uma impressão pessoal sobre o I concurso de trabalhos do IFCH. Esta impressão vai no sentido de entender o concurso como uma importante proposta de formação e socialização dos graduandos do curso de ciência sociais no processo de conhecimento e amadurecimento acadêmico. Considero que esse tipo de atividade vem colaborar para o desenvolvimento das habilidades e potencialidades dos alunos naquela atividade que é primordial para a sua formação e qualificação profissional: a elaboração de reflexões a cerca de temas de interesse da área das ciências sociais, com a produção de textos científicos. Feitas estas considerações, passo a privilegiar a construção deste trabalho e a sua organização estrutural.
Em um primeiro momento dissertarei sobre os projetos de pesquisa nos quais atuo e sobre a experiência de trabalho na construção de um arranjo documental para tratamento e ordenação dos dados de pesquisa etnográfico e imagético. Nesta parte do artigo, o meu objetivo é basicamente clarear a linha de pesquisa, informar os objetivos e procedimentos de investigação antropológica e apresentar a estruturação dos dados de pesquisa.
Em um segundo momento tratarei das referencias bibliográficas que fundamentam minhas atividades de pesquisa. A idéia é pontuar algumas reflexões que marcaram este primeiro semestre de pesquisa, (97/I) sem, no entanto, buscar uma discussão exaustiva  destas reflexões [2].
Para tanto, elejo alguns autores que estão colaborando para as discussões empenhadas no bojo do projeto de pesquisa no qual estou integrado, destacando aqueles pressupostos teóricos que possuem uma relevância maior para o nosso estudo, sobre o meu ponto de vista.
Na conclusão, tento rearranjar todo o debate desenvolvido no artigo, a partir de algumas considerações sobre a minha experiência pessoal no campo da documentação , destacando uma reflexão final em cima de pressupostos teóricos desenvolvidos por dois importantes cientistas contemporâneos:  “O Artesanato Intelectual” e a “Tecnodemocracia”.









1. CONSIDERAÇÕES  SOBRE  OS  PROJETOS  DE  PESQUISA  NOS  QUAIS  ATUO.

1.1.  Considerações Sobre o Projeto Integrado  CNPq  (Profª. Ana Luiza Rocha  e  Cornelia  Eckert)  “Estudo Antropológico de Itinerários Urbanos, Memória Coletiva e Formas de Sociabilidade no Meio Urbano Contemporâneo.”

“Nossa pesquisa propõe o estudo da memória do quotidiano sob o enfoque da Cultura do Medo, face as situações de crise e violência no mundo contemporâneo, integrado à perspectiva do resgate da pluralidade e diversidade de memórias coletivas e da preservação do patrimônio etnológico do mundo urbano segundo os diferentes sujeitos sociais, com vistas a elaboração de ações culturais nas modernas cidades industriais que contemplem os lugares da memória de seus habitantes.” [3]


Este projeto  propõe  realizar um estudo da memória do quotidiano sob o enfoque das feições do medo e de crise na vida urbana porto-alegrense. Esta investigação antropológica visa assim  “registrar e documentar o teatro da vida social em acontecimento e refletir sobre o caráter ético e estético de seus complexos culturais” [4],  tendo em vista o estudo da memória do cotidiano sob o enfoque da cultura do medo.
Para este trabalho antropológico, os pesquisadores propõem a adoção “de novos paradigmas de pesquisa etnográfica.” [5]  Significa dizer que este estudo propõe trabalhar não só com as formas clássicas da pesquisa etnográfica mas investigar as imagens e iconografias que retraçam as transformações da paisagem da vida urbana. Para registrar e documentar a memória do teatro da vida social dentro deste universo imagético serão utilizados os recursos tecnológicos mais avançados que dispomos, principalmente os informáticos, dentre eles os softwares de digitalização e edição de imagens, de gerenciamento e tratamento de dados e documentos, bem como aqueles relacionados a captação de imagens como as câmaras de vídeo  e câmaras fotográficas digitais.
No que concerne ao campo mais teórico deste estudo,  ressaltaria que realizar uma arqueologia através da imagem analógica e digital das formas de se viver nas cidades contemporâneas é aqui apropriado como estratégia para explicitar o processo de construção de conhecimento deste projeto. Explorar as ambiências do vivido no cotidiano do meio urbano e analisar a Cultura do Medo e as feições da crise são duas propostas de trabalho que representam os demais eixos temáticos deste estudo antropológico.
É entendimento prévio dos pesquisadores que “ o trabalho com a memória, seu registro e preservação desdobram-se atualmente em muitas dimensões e direções ”.[6] Em razão disso, propondo a contemplação científica de todas estas dimensões e direções, surge o objetivo de implantar e consolidar  um Banco de Imagens da Cidade de Porto Alegre. Abordarei de uma forma mais detalhada a proposta da implantação deste Banco de Imagens no próximo segmento deste trabalho.

Dentre os vários objetivos deste projeto destacaria dois:
I - “Investigar a dinâmica das interações e representações sociais na e da cidade sob a perspectiva de suas formas de vida social, visando a um repertório mais amplo das formas de sociabilidade no meio urbano do Brasil e suas variações culturais;
II - Aprofundar uma reflexão conjunta acerca das memórias coletivas e ações culturais no âmbito patrimonial da cidade de Porto Alegre em sua interface com experiência de vida de seus grupos urbanos face às crises, aos conflitos e às tensões do mundo contemporâneo.” [7]

A metodologia está dividida em dois blocos, sendo que o primeiro envolve a coleta de dados através da pesquisa etnográfica, utilizando a entrevista livre e biográfica, observação direta e participante nos domicílios, nos bairros, na rua, praças, etc. estudo de rede de relações sociais e seus territórios vividos, e estudo de narrativa e de itinerários de grupos urbanos.
O segundo bloco envolve métodos convencionais de registro, classificação e catalogação de conjuntos documentais da cidade de Porto Alegre, integrando novas tecnologias não só como forma de resgate de informação (através da informatização de um Banco de Dados da Cidade configurado com imagens analógicas), mas como produção e criação de memórias coletivas através da implantação de um Banco de Imagem e seus jogos interativos (configurado a partir de imagens digitalizadas).


















1.2 - Considerações   Sobre  o  Projeto  de  Pesquisa  “Antropologia do Cotidiano e Estudo das Sociabilidades a Partir das Feições dos Medos e das Crises na Vida Metropolitana.” [8]

“Uma das faces da crise da sociedade em geral tem sido sistematicamente avaliada a partir da constatação de uma crescente violência urbana com suas ressonâncias (...)
Este é, sem dúvida, um dos temas na atualidade de maior repercussão e amplitude nas ciências sociais brasileiras (...)
Os medos coletivos e as situações de medo vividas não só expressas a partir de experiências individuais. Percebe-se toda uma mudança nas formas de sociabilidade no dia a dia da cidade que investiga-se como sendo esta força, esta dinâmica de reinventar o cotidiano, numa ação que não nega a violência, a desordem, o medo, mas busca na criatividade uma  reordenação das   ordens de significado.” [9]


Estas três frases supra citadas  dão, a meu ver, uma  dimensão clara deste projeto de pesquisa por traduzir, de uma forma sintética, os objetivos  deste estudo antropológico. Resgatando a construção teórica do próprio projeto de pesquisa, poderíamos dizer  que o projeto propõe um estudo sobre “a noção do medo como ‘valor’ e a presença de significados nas múltiplas formas de interagir e socializar-se, presentes no viver num mundo urbano, apreendido, na representação dos habitantes, como caótico, inseguro e ameaçador.” [10]
Dentro deste estudo, a “Cultura do Medo” é um dos pontos centrais de análise e debate. Este termo foi cunhado inicialmente por Luís Eduardo Soares, e sobre ele percebemos que é necessário realizarmos algumas considerações.
 De um modo geral, Soares vai defini-la como “a tendência a homogeneizar as observações relativas a fenômenos associados à violência.” [11] Por estarmos dialogando com um pesquisador, antropólogo e cientista político, que atua atualmente no Estado do Rio de Janeiro (IUPERJ e UERJ) é presumível que percebamos a sua inserção no estudo desta cidade em especial, ao formular as suas teorias sobre a Cultura do Medo. E é exatamente isso que ele elabora no texto “Violência e Cultura do Medo no Rio de Janeiro” onde  afirma que, a nível da cidade maravilhosa, “Cultura do Medo é a tendência que se impõe, hoje, no Rio de Janeiro, de associar todos os fenômenos que podemos qualificar, de alguma forma, como violentos a um mesmo e único processo, cuja matriz, simbolicamente compartilhada, seria a decadência da cidade.” [12]
As considerações de Soares são aqui eficazes para tecer as diferenças existentes entre a Cultura do Medo e a “evolução objetiva dos fenômenos deliquenciais e criminais, no estado e na cidade do Rio de Janeiro.” [13] O autor deixa claro que são dois processos diferenciados analiticamente. Poderíamos ainda dizer que de um lado temos a Cultura do Medo,  intimamente relacionada as formas de percepção e de representação social da delinqüência, do crime, da violência, dos delitos e dos riscos e de outro lado temos as práticas e os fenômenos que podem ser identificados objetivamente como criminosos ou violentos, ou criminosos e violentos. Esta é uma distinção que nos parece interessante e necessária para o estudo da cultura do medo na cidade de Porto Alegre, proposta neste projeto de pesquisa.

A base temática desta pesquisa de fato trata do tema das feições do medo no contexto urbano porto-alegrense, estudo que nos tem proporcionado desenvolver uma investigação que trate da dinâmica do cotidiano dos habitantes desta cidade face aos imperativos sociais que forjam novas formas de sociabilidade e novas estratégias de relação com a cidade.
A “Cultura do Medo” é forjada na imagem das feições da crise , onde a perda dos valores ético-morais, os valores de ordem, de estabilidade social e econômica são uma constante. Esta é uma realidade imponderável da vida na cidade marcada por uma crescente violência urbana por um cenário de fome, miséria, pobreza, salários baixos, dificuldades para sobreviver, crianças abandonadas nas ruas e falência do sistema de saúde e de educação.
A vida urbana porto-alegrense é assim pesquisada como um locus de novas sociabilidades neste final de século, que refletem sentimentos de medo, insegurança, ansiedade e solidão. Viver nesta cidade é conviver com todos estes sentimentos presentes nos espaços públicos e nos espaços privados.
Pondera-se aqui sobre o cotidiano desses sujeitos no meio urbano contemporâneo que assumem novas atitudes, novos valores, em suma, passam por uma reordenação das suas ordens de significados sociais e culturais, basicamente em função desta dinâmica quotidiana que é palco de situações de violência e sentimento de medo e insegurança.
A construção do individualismo, como opção de socialização, no processo sócio-histórico moderno é uma das faces desta “era da Cultura do Medo”[14]. Existe, entretanto outras características especiais a estas sociedades pós-modernas [15] e suas sociabilidades, no que tange aos recursos que os indivíduos acessam, na construção deste novo espaço e deste novo tempo.
Para conviver com os sentimentos de violência e medo, os indivíduos recorrem a vários tipos de equipamentos, serviços e procedimentos na tentativa de amenizar ou elaborar estes sentimentos de medo e violência. Dentre eles, poderíamos destacar os instrumentos materiais de contenção do medo e da insegurança como o uso de armas, alarmes eletrônicos, muros, grades, etc. Alguns indivíduos recorrem aos “Protetores Cotidianos” [16] como os seguranças particulares, guardas de quarteirão, etc. e outros optam por tratamentos psicanalíticos ou aos recursos mágicos e esotéricos. Não está descartada a situação das pessoas optarem por mais de um destes recursos ou mesmo a situação de optarem pela adesão à todos os dispositivos ao mesmo tempo.
Diante destes inúmeros recursos ou dispositivos de segurança, e no processo de  reconstrução das cidades urbanas contemporâneas e mesmo no processo de reconstrução das sociabilidades nestas mesmas cidades ocorre também uma redefinição e / ou reformulação na estética, nos itinerários urbanos e na memória coletiva dos indivíduos. 
Etnografar este contexto em Porto Alegre vai dimensionando o viver num mundo urbano, apreendido, na representação dos habitantes, como caótico, inseguro e ameaçador.
Metodologicamente, o método etnográfico é utilizado como instrumento de investigação central frente ao compromisso de reconstruir um sistema social no nível de experiências e / ou vivências singulares assim como o sistema de representação dos grupos urbanos diversos.
A investigação está sendo realizada a partir da observação participante, entrevistas abertas e levantamento de documentos variados (como dados estatísticos de órgãos públicos, mapas, publicações relativos ao tema). Sendo que as técnicas audiovisuais são tomadas como importantes instrumentos de pesquisa a serem utilizados na coleta de dados no trabalho de campo.
































1.3 - Considerações   Sobre   o Projeto  “Banco  de  Imagens  de  Porto Alegre” [17]


“A Complexidade da memória, para além da lógica obsessiva do esquecimento, adquire nesta pesquisa, um sentido novo : a formação de um Banco de Imagens da Cidade que permita ao usuário formas mais integrativas, criativas e interativas de documentação e recuperação do acervo documental da cidade de Porto Alegre, possibilitando-lhe novas possibilidades de interpretação dos tempos e espaços sociais.” [18]


 Trata-se de uma proposta  de estruturação de documentação  e de inventário dos  dados de pesquisa etnográficos e imagéticos.
Propõe-se na fase de divulgação dos dados, ordenados e analisados,  construir um Banco de Imagens Interativo, encerrando assim as formas tradicionais de interação, acumulação e recuperação do suporte informacional. Trata-se de conceber o patrimônio de registros históricos a partir das transformações urbanas aqui instrumentalizadas pela digitalização de fotos, filmes, gravuras e demais iconografias que retratam as transformações na cidade de Porto Alegre, inaugurando uma nova forma de interação, acumulação e recuperação deste patrimônio. Referindo de outra forma, poderíamos afirmar que “longe de se adotar formas estáticas de apropriação e produção de conhecimentos, no âmbito da preservação patrimonial, e a partir da ordenação criteriosa do conjunto documental da cidade de Porto Alegre, este projeto (...) preocupa-se, fundamentalmente, com formas interativas de participação e acesso do usuário de um museu com as estruturas identitárias dos habitantes das grandes metrópoles tendo como ‘fio condutor’ o inventário deste arranjo documental.” [19]
Vivemos a civilização da imagem, com os recursos multimídias, redes de informação e comunicação informatizadas, processos cognitivos digitais, etc. É dentro deste contexto que precisamos abordar a proposta da implementação de um banco de imagens da cidade onde vivemos. Assim, as tarefas de construção do arranjo documental e arquivístico que desenvolvo, permite “abordar o patrimônio etnológico acumulado que representa a cidade a partir de jogos de memória de seus habitantes, integrando os recursos interativos de novas tecnologias as formas clássicas de tratamento documentais de valor histórico, significa para este projeto um desafio.” [20]
Dentre os objetivos, destacaria dois:
“Realizar o estudo dos itinerários urbanos e formas de vida social na cidade como forma de recuperação e resgate de informações do patrimônio etnológico da cidade de Porto Alegre, tendo como objeto de investigação formas interativas de registro, de documentação, de apropriação e produção de seus documentais, em seus suportes diversos;” [21]
“Criar, com base nos jogos da memória da quotidianidade de seus habitantes, um Banco de Imagens da cidade de Porto Alegre que testemunhe a cadeia dos ritmos, dos gestos, dos movimentos e das intenções de seus habitantes que investe no resgate da herança patrimonial de Porto Alegre, e de suas produções culturais coletivas.” [22]
Quanto a  operacionalização desta pesquisa, estão sendo inventariadas coleções videográficas e fotográficas da cidade de Porto Alegre, implementando  o tratamento técnico de tais coleções reencenadas no Banco de Imagens da Cidade. Este tratamento técnico é dado com a utilização de recursos de informática no processo de seleção, catalogação, indexação, e recuperação dos documentos, bem como no tratamento,  digitalização e  edição das imagens (fotos, vídeos, iconografias, gravuras, etc.)


































1.4 - Construção de um Arranjo Documental Para Tratamento e Ordenação dos Dados de Pesquisa Etnográfico e Imagético.

“Mantendo-se um arquivo adequado, e com isso desenvolvendo hábitos de auto-reflexão, aprendemos a manter nosso mundo interior desperto.” [23]

A tarefa de trabalhar na construção de um arranjo documental para o Banco de Dados e o Banco de Imagens, que começou  a ser construído a partir das pesquisas etnográficas e imagéticas, foi uma atividade complexa e laboriosa. Foi necessário realizar muitas pesquisas bibliográficas  e várias tentativas de construção de pré-arranjos até se alcançar aqueles procedimentos que julgamos os mais adequados para as nossas necessidades de trabalho. A ausência de um profissional da área da biblioteconomia foi remediada pelo intenso empenho de uma equipe de trabalho interdisciplinar  e pelas colaborações voluntárias e prestimosas dos  profissionais da Biblioteca Setorial do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas.[24]
A inserção no campo da documentação e arquivamento foi facilitada e ampliada  pelo domínio das noções básicas de informática, em especial dos sistemas operacionais Windows 95 e Windows 3.11, das quais nós já dispúnhamos antes do início do trabalho de pesquisa. Os conhecimentos do campo da  informação digital (escrita e imagética) vieram a posteriori e, somando-se ao que já dispúnhamos,  nos permitiram um entendimento mais elaborado sobre a atualidade da discussão da documentação na era da informática.[25] Com base nestes estudos, dispomos hoje de uma condição teórica-metodológica ampliada  para atuar como cientistas sociais integrados neste contexto das mídias eletrônicas, das relações virtuais e da comunicação on-line / via digital (digitalização de documentos textuais e iconográficos colocados em redes interativas) [26].
Nas páginas que segue, demonstro, sinteticamente e esquematicamente, alguns resultados do nosso trabalho na construção de um arranjo documental para tratamento de dados de pesquisa etnográfica e imagética.[27]  A atuação como bolsista de iniciação científica aqui relatada, particularmente em relação à construção do arranjo documental, me motivou a tecer algumas reflexões teóricas-metodológicas que descrevo nos tópicos que dão a seqüência a este artigo.
ARRANJO  DOCUMENTAL    -  BANCO  DE  DADOS  - 

1  PERIÓDICOS  -  REVISTA
1  PERIÓDICOS  -  BOLETIM
1  TEXTOS  XEROX 
1  JORNAIS 
1     JORNAIS  ZERO  HORA
1        JORNAIS  ZERO HORA - 1989 
1           JORNAIS  ZERO  HORA - 1990
1               JORNAIS  ZERO  HORA - 1991
1                  JORNAIS  ZERO  HORA - 1992
1                      JORNAIS  ZERO  HORA - 1993
1                         JORNAIS  ZERO  HORA - 1994
1                            JORNAIS  ZERO  HORA - 1995
1                               JORNAIS  ZERO  HORA - 1996
1                                 JORNAIS  ZERO  HORA - 1997
1                                    JORNAIS  ZERO  HORA - 1997/1
1                                       JORNAIS  ZERO  HORA - 1997/2
1                                          JORNAIS  ZERO  HORA - 1997/3
1                                             JORNAIS  ZERO  HORA - 1997/4
1  JORNAL   JÁ  BOM FIM 
1  JORNAL  DO  PARTIDO  DA  CAUSA  OPERÁRIA
1  JORNAL  FOLHA  DE  SÃO  PAULO
1  JORNAL  DIÁRIO  DO  SUL
1  JORNAL  CORREIO  DO  POVO
1  FOLDERS
1  RELATÓRIOS / REUNIÕES
1  ANEXOS
1  MATERIAL ESTATÍSTICO
1  FICHAMENTOS
1  MATERIAL GRÁFICO
1  PANFLETOS

ARRANJO  DOCUMENTAL DEMONSTRATIVO    -  BANCO  DE  IMAGENS  - 

Princípio de Organização: Sistema de Pastas e Subpastas
Segundo Don M. Avedon em “Discos Ópticos e Imagens Eletrônicas”
Publicação do Centro Nacional de Desenvolvimento do Gerenciamento de Informação - CENADEM
RECUPERAÇÃO: de forma direta - Explorer (Windows 95)

1CENTRO
     1 AV. MAUÁ
     1 RUA DOS ANDRADAS
           1 CASAS COMERCIAIS
                 1 CASA BROCKMANN
           1 BARES E CAFÉS
                 1 CAFÉ GUARANY
           1 OCUPAÇÕES URBANAS
                 1 ACENDEDOR DE LAMPIÃO
                 1ENGRAXATE
                 1 CARROCEIRO
                 1 VENDEDOR AMBULANTE
     1 RUA DUQUE DE CAXIAS
1ZONA NORTE
     1 BAIRRO ANCHIETA
           1 AV. FARRAPOS
           1 AV. SERTÓRIO
    1 BAIRRO RUBEM BERTA
           1 BECO DOS MAIAS
           1 AV. GAMAL ABDELNASSER
           1 RUA CAETANO LA PORTA
1 ZONA SUL
     1 BAIRRO TRISTEZA
            1 TRANSPORTES
                   1 VIA FÉRREA DA TRISTEZA
2. Referências BIBLIOGRÁFICAS QUE FUNDAMENTAM MINHAS ATIVIDADES DE PESQUISA.

2.1 - As Tensões, Crises e Medos no Contexto do Mundo Contemporâneo Sob o Enfoque de uma Discussão da Modernidade  e  da  Pós-Modernidade.

 “O Problema do antropólogo (...) seria ir além da percepção das diferenças e mesmo dos conflitos para captar a lógica que define a especificidade da experiência de um sistema cultural particular.” [28]

“Cada qual vê o que está em seu próprio coração.” [29]

 A expressão pós-modernidade é muito utilizada no meio acadêmico, porém, muitas vezes ela apenas reproduz uma concepção que não vai muito além de princípios elaborados ao nível do senso comum. Na ansiedade de referir um novo tempo da humanidade, os cientistas propõem diversas formas denominativas para referir ou trabalhar teoricamente com esta contemporaneidade, fato que pode confundir os iniciados das ciências sociais.  Tentando entrar um pouco nesta discussão, e trabalhando, paralelamente, alguns aspectos do contexto social contemporâneo, proponho uma  primeira reflexão  sobre as tensões, crises e medos no contexto do mundo contemporâneo sob o enfoque de uma discussão da modernidade e da pós-modernidade. 
Referimos que estamos estudando as cidades urbanas, inseridas em sociedades contemporâneas modernas com características muito específicas, em especial no que se diz respeito as feições do medo, da crise e da violência. Portanto, a minha preocupação neste momento é abordar algumas concepções teóricas que debatem  as noções de moderno e pós-moderno , com base em alguns autores que discutem o tema.
Mike Featherstone debruçado sobre o tema da Cultura de Consumo, traz uma importante contribuição para as concepções a cerca das noções de modernidade e pós-modernidade, pois  dedica  todo o capitulo 1 ( Moderno e Pós-Moderno : Definições e Interpretações ) do livro “Cultura de Consumo e Pós-modernismo”  para este debate.
Inicialmente, Featherstone recorre a um dicionário [30] para buscar uma definição mais genérica do termo “Pós-Modernismo”. A denominação lá encontrada -  “essa palavra não tem sentido; use-a sempre que for possível” [31] - já vai adiantando alguns aspectos da concepção do próprio autor sobre esta discussão.
Em seguida, Featherstone passa  a trabalhar com denominações de vários autores que inserem-se na análise deste tema, tecendo algumas considerações a respeito da denominação do termo “pós-moderno”. Entre eles, Palmer (1977), Pawley(1986), Gott (1986), Lyotard, Baudrillard, Clifford, Tyler, Marcus, Denzin  e outros tantos. Mike vai mencionar que existem muitos outros autores que poderiam ser incluídos nesta lista, sem desconsiderar outros tantos que  “trabalham e escrevem sem notar a existência do termo ” [32].
Diante das inúmeras denominações levantadas pelo autor nesta obra, elegerei duas para destacar neste artigo, Fredric Jameson e Pawley. Uma  fomenta o debate, discutindo-o, elaborando-o e relaboorando-o e outra denominação, ao contrário, tenta dá-lo por encerrado, desconsiderando-o, negando-o ou negligenciando-o.
Fredric Jameson vai dizer que “pós-modernismo é o dominante cultural ou a lógica cultural da terceira grande etapa do capitalismo - o capitalismo tardio - cuja origem esta  na era posterior à segunda Guerra Mundial” [33].
Pawley vai dizer que “os teóricos atuais, pagos para observar o mundo a partir de seus estudos livrescos, nas universidades e politécnicas, são obrigados a inventar movimentos porque suas carreiras profissionais - assim como a dos mineiros e pescadores - dependem disso.” [34] 
Sem entrar nesta polemica dicotômica , gostaria de ressaltar a orientação que elegi como a mais adequada para me orientar sobre os limites do moderno e do pós-moderno, na realização dos meus trabalhos e escritos. Esta orientação vem de uma obra despretensiosa de Jair Ferreira dos Santos [35] que menciono dado o seu viés extremamente didático e simplificado (no sentido de introdutório) ao abordar o tema.
Assim Santos vai definir o pós-modernismo:

“Pós-Modernismo é o nome aplicado as mudanças ocorridas nas ciências , nas artes e nas sociedades avançadas desde 1950, quando, por convenção, se encerra o modernismo (1900 - 1950). Ele nasce com a arquitetura e a computação  nos anos 50. Toma corpo com a arte pop nos anos 60. Cresce ao entrar pela filosofia, durante os 70, como crítica da cultura ocidental. E amadurece hoje, alastrando-se na moda, no cinema, na música e no cotidiano programado pela tecnociência (ciência  + tecnologia invadindo o cotidiano com desde alimentos processados até microcomputadores), sem que ninguém saiba se é decadência ou renascimento cultural”. [36]

Este trecho me parece interessante, pois menciona claramente a idéia de “convenção” para definir as fronteiras do moderno e pós-moderno. Ou seja, convencionou-se denominar de moderno o período X da história da humanidade e de pós-moderno o período Y. Este pressuposto teórico nos remete ao entendimento que as fronteiras entre os dois períodos históricos são muito tênues, uma vez que cada cientista vai optar pur adotar esta convenção, não adotá-la, propondo uma outra convenção, ou simplesmente não aterrizar nesta discussão, desconsiderando qualquer tipo de delimitação.   
No livro como um todo, o autor trabalha todos os contornos e as respostas mais solicitadas pelos pesquisadores acerca do debate do modernismo e do pós-modernismo. Destacaria a temática do Niilismo, [37] a desvalorização dos valores supremos e o desencanto pela vida que nos remete aos problemas sociais contemporâneos como a uma neurose urbana, insegurança psicológica, crise econômica, enfim são os fantasmas alarmantes fabricados, segundo o autor, pela própria sociedade. Temos então um contexto onde pós-modernismo está associado à decadência das grandes idéias, valores e instituições ocidentais : Deus, Ser, Razão, Sentido, Verdade, Totalidade, Ciência, Sujeito, Consciência, Produção, Estado, Revolução, Família, etc.
  No final do livro, Santos sugere uma bibliografia de referência para os interessados em avançar nesta discussão que permeia todas as ciências contemporâneas, em especial as ciências humanas.





































2.2 - A Vida nas Cidades Pós-Modernas e a Construção das Novas Formas de Sociabilidades Urbanas.

“Não é mais necessário deixar a casa, entrar na fila e se instalar em meio a estranhos para viver uma experiência comunitária, ou seja, social”.   Wim Wender[38]

Acabamos de discutir algumas concepções teóricas sobre a noção temporal modernidade e pós-modernidade,  proponho agora a reflexão sobre as cidades que se originaram desta lógica do tempo pós-moderno e das novas sociabilidades que estão sendo elaboradas neste novo contexto social.
Para esta reflexão, chamaria algumas elaborações, quase poéticas, que Wim Wenders constroe no  artigo “A paisagem urbana”,  publicado em “La Verité, Des Images, Paris, L` Arche , 1992.  Trata-se de um cineasta falando da cidade de uma forma muito antropológica e arqueológica. No final do artigo, no qual privilegia o debate da imagem, enquanto elemento de uma nova lógica e de uma nova estética urbana, fazendo analogias com o seu campo de atuação profissional, o cinema, Wenders afirma:

“Em muitas cidades não se pode mais tocar a terra, nem sentir a pedra. Se pusesse um aborígine numa dessas cidades, ele morreria. As cidades estão lotadas, elas varreram o essencial, elas ficaram vazias. Por  outro lado, o deserto e tão vazio que está  completamente pleno do essencial.” [39]

 O artigo, no seu todo, é muito interessante, especialmente pelo seu viés antropológico, mas centrando sobre estas poucas frases, já e possível perceber a contemporaneidade e a cientificidade das reflexos deste importante cineasta sobre as cidades urbanas contemporâneas.
O distanciamento dos indivíduos de seus ambientes, até então, naturais  - não se pode mais tocar a terra, nem sentir a pedra - e a conseqüente inserção em novos ambientes (cidades urbanas) com outras formas, cores, texturas e natureza é uma tendência da pós-modernidade.  
A mudança do locus de sociabilidade e interatividade com o meio ambiente nos remetem à formação das novas texturas sociais (onde temos as cidades lotadas de pessoas e vazias de subjetividade como afirma Wenders) onde está sendo encenado [40] (e, posteriormente  reencenado) o contexto social das cidades urbanas, a exemplo de Porto Alegre, universo da nossa pesquisa, onde observamos que  as feições do medo e das crises e as sociabilidades urbanas estão mostrando que o “viver na cidade infere sobre formas culturais dinamizadas igualmente por sentimentos de medo, insegurança, solidão, mapeando a cidade como um grande depositário de vítimas de um contexto urbano ameaçado pelas crises, violência, fragmentações, esquecimentos, etc.” [41].
Dentre os inúmeros tipos e contornos do medo pós-moderno, estão os medos vivenciado pelas pessoas, em função da simples condição de atores sociais do novo locus urbano contemporâneo, as metrópoles ou cidades urbanas de grande porte.  Dentre eles, “O Medo do Medo” [42] (Rossi, 1995) que está relacionado com estados de ansiedade, fobias  e pânico, podendo ser de origem associativa a lugares e situações que produzem medo ou aprendido através de experiências pessoais; Ou ainda, medo de não poder mais tocar a terra, medo de não poder mais  sentir a pedra, ou ainda medo de não dispor de uma quantidade suficiente de água potável para saciar a sua sede, ou mesmo, o medo, mais tragicamente pensado,  de não dispor de oxigênio em quantidade e qualidade suficiente par a perpetuação da espécie humana, dado o avanço da degradação do ar e do meio ambiente que atemoriza as grandes cidades urbanas.  São medos colocados dentro de um campo  da pós-modernidade que conhecemos como tecnociência [43] que já foi aqui referido anteriormente. 
Campo de intervenção cientifica capaz de, por vezes, contabilizar, esclarecer ou diminuir estes medos, apresentando sugestões e alternativas práticas para os problemas, duvidas e incertezas deste novo mundo (mundo pós-moderno), a tecnociência pode trabalhar para um efeito contrário a este. Ou seja, a mesma tecnociência é capaz de fomentar estes mesmo medos, através da divulgação de estudos incipientes ou inacabados, ou ainda mal intencionados que acabam por reproduzir, aumentar e propagar os medos, apreensões e ansiedades coletivos contemporâneos. Basicamente, poderíamos afirmar que estes aspectos do reordenamento do capital científico são produzidos, entre outros motivos, pelo fato de que “a tecnociência não visa mais a conhecer o real, espelhando-o em números e leis, mas atende antes a acelerar informações para a indústria e os serviços produzirem novas realidades a um ritmo mais rápido e a um custo mais baixo.” [44]
Sobre um outro aspecto, neste artigo de Wenders encontramos uma outra discussão que é central para o estudo e análise da  nossa contemporaneidade. Refiro-me a tendência pós-moderna de privilegiar o imagético  em detrimento do físico ou real.
Jair Ferreira dos Santos [45] sugere um exemplo bem interresante para este debate do simulacro (simulações através de imagens e / ou recursos informáticos) como uma forte tendência social da pós-modernidade. O autor cita o caso de Roberto Close / Luís Roberto:

“Mas recentemente fulgurou na Belindia uma verdadeira diva pós-moderna: o travesti Roberta Close. Pôr que pós moderna? Primeiro porque ela, para nos, é informação: só passou a existir depois de produzida pelo mass media. Depois, porque ela é um ardil bem sucedido de simulação: a bioestética, com o silicone, fez dela uma hipermulher (repare como close, um simulacro, é mais mulher que as mulheres), e o referente Luís Roberto dançou.” [46]  

Voltando ao Wenders, profissional da área da imagem, é interessante ressaltar a forma como ele mapeia a evolução desta escalada da imagem a partir da invenção da fotografia.
A invenção da fotografia inaugura uma nova era da relação entre a realidade  e a sua representação, pois a partir de então, temos a “realidade de segunda mão.” [47] Em um segundo momento, “as imagens fotográficas apreenderam a andar” [48] e surgia então o filme, imagem em movimento. Trinta ou quarenta anos mais tarde o filme e a fotografia ganhavam um forte concorrente, a imagem eletrônica, ou seja, a televisão (Visão a distância).

“A televisão instaurou ao mesmo tempo uma proximidade e uma distância. Suas imagens eram frias, menos emotivas que as do cinema; e além disso ela nos afastou da idéia de que uma imagem pudesse possuir uma ligação direta com a ‘realidade’. Não há mais uma ‘imagem única’, um negativo único, como no procedimento fotográfico.” [49]
  
Para esta discussão de realidade e virtualidade, os limites do real e do virtual, Pierre Lévy (1996) traz significativas contribuições. Em “O Que é o Virtual ? ”, Lévy tematiza o que denomina de “um movimento geral de virtualização”, onde debate com autores como Jean Baudrillard e Paul Virílio sobre as tendências possíveis deste movimento de virtualização. Para este artigo, no entanto, gostaria de centrar sobre a denominação de Virtual trabalhada por  Lévy no capítulo 1 - “O Que é Virtualização” (Lévy, 1996).
O autor destaca o perigo das armadilhas de noções de senso comum, ao delimitarmos o real do virtual, salietando que a palavra Virtual vem do latim medieval “Virtualis”, derivada por sua vez de “Virtus” que significa força e potência.

“Na filosofia escolástica, é virtual o que existe em potência e não em ato. O virtual tende a atualizar-se, sem ter passado, no entanto à concretização efetiva ou formal. A árvore está virtualmente presente na semente. Em termos rigorosamente filosóficos, o virtual não se opõe ao real mas ao atual: virtualidade e atualidade são apenas duas maneiras de ser diferentes.” [50]

Realizadas estas breves reflexões a cerca das cidades e das sociabilidades contemporâneas, universo de estudo do projeto de pesquisa no qual estou inserido,  passarei a contemplar uma outra dimensão deste novo locus urbano, a construção do conhecimento e a interatividade homem / informação na cultura imagética digital. Dessa  forma, encaminho este artigo para a sua parte final onde tento elaborar  algumas reflexões sobre a parte da pesquisa antropológica na qual estou mais envolvido neste momento: a construção de Bancos de Dados e Banco de Imagens.




2.3 - As Novas Tecnologias da Inteligência na Era das Telecomunicações e da Informática,  Delineando  as  Inovações do Conhecimento Por  Simulação  Neste  Final de Século.

“ Novas maneiras de pensar e conviver estão sendo elaboradas no mundo das telecomunicações e da informática. As relações entre os homens, o trabalho, a própria inteligência dependem, na verdade, da metamorfose incessante de dispositivos informacionais de todos os tipos. Escrita, leitura, visão, audição, criação, aprendizagem são capturados por uma informática cada vez mais avançada. Não se pode mais conceber a pesquisa científica sem uma aparelhagem complexa que distribui as antigas divisões entre experiência e teoria. Emerge, neste final de século XX, um conhecimento por simulação que os epistemologistas ainda não inventariam.” [51]

Esta afirmação de Pierre Lévy abre a análise que ele realiza em “As tecnologias da Inteligência - O Futuro do Pensamento na Era da Informática” sobre o que tem chamado de um novo tipo de conhecimento por simulação, característico deste final de século. Por entender que a proposta de se trabalhar com Bancos de Dados e Banco de Imagens Informaticionalizados [52], inserida no estudo antropológico aqui mencionado, suscita um debate sobre as novas concepções do universo da construção do conhecimento, dedico esta última parte do artigo ao ensaio de algumas reflexões sobre este tema.
A simulação realizada a partir de recursos tecnológicos avançados, em especial os informáticos e os microeletrônicos, como laboratório para experimentos diversos, está presente em, praticamente, todas as ciências contemporâneas e também nas sociedades pós-modernas como um todo.
Para referir dois exemplos, dentre os inúmeros existentes, destacaria, a nível cientifico, os experimentos da Agência Espacial Norte-Americana (NASA) dentro do projeto de exploração do planeta Marte, realizado recentemente [53]. Para um exemplo ao nível das sociedades não científicas, trabalharei com um caso típico da indústria do lazer pós-moderno, o “Tamagotchi” [54].
A agencia espacial mais desenvolvida do mundo (tecnologicamente),  NASA, vem realizando grandes esforços científicos no sentido de explorar o desconhecido ambiente planetário extraterrestre. Desta vez o alvo dos estudos da NASA é o planeta Marte, mais especificamente o local denominado de Ares Vallis, e o objetivo central é conhecer a sua geologia e o seu clima. Para operacionalizar este projeto, foi enviado ao planeta vermelho uma sonda interespacial, Mars  Pathfinder, e um robô, Sojourner, para realizar a tarefa de recolher amostras do ambiente geológico e climático e gerar imagens do planeta Marte para que os estudos deste material fossem realizados posteriormente na terra. Segundo a subdiretora científica desta missão espacial, Kathleen Spellman, todo os movimentos realizados em Marte pela sonda espacial e pelo robô foram testados milimetricamente e simulados incansavelmente  de uma maneira prévia nos  laboratórios da NASA, a fim de testar as manobras, trajetórias e procedimentos técnicos adotados na missão. A necessidade desta simulação é definida como um procedimento científico necessário em uma missão de tamanha envergadura, pois esta em jogo vários milhões de dólares, onde nada pode dar errado.
 A indústria do lazer, juntamente com a dos serviços e da informação, é o setor industrial que mais cresce no mundo, antagonicamente ao que se observou em outros momentos da história onde setores como a indústria siderúrgica e metalúrgica eram os setores mais fortes economicamente. Surgiram então uma infinidade de jogos e atividades de entretenimento eletrônicos e informáticos como os videogames de última geração, simuladores, CD’s com jogos interativos, etc. Dentre estes brinquedo pós-modernos, destaco o “Tamagotchi” [55], pois em torno dele surgiu, recentemente, uma polêmica pedagógica entre alguns educadores gaúchos da cidade de Porto Alegre.
Este novo brinquedo eletrônico, chamado de mascote virtual, causou desconforto e irritação para alguns pais e professores que passaram a não permitir o seu ingresso e adoção em seus lares e escolas. As afirmações dos professores vão no sentido de que o brinquedo perturba, incomoda e desestabiliza o ambiente da sala de aula, portanto ele não deve ser inserido nas atividades do processo de ensino e aprendizagem. “Esse bichinho estava ficando inconveniente” afirma o vice-diretor do Colégio Farroupilha de Porto Alegre, Alvino Brauner, em entrevista ao Jornal Zero Hora [56]. Já os pais estão preocupados com o que alguns chamam de transferência de afetividade imposta pelo bichinho 24 horas, mas, demonstrando maior flexibilidade  que os professores, dizem não ter coragem de deletar a nova mania e decretar o extermínio do novo membro da casa.
A professora e pesquisadora Léa Fagundes, [57] estudiosa dos processos cognitivos, vai discordar destes professores que proibiram a entrada do Tamagotchi em salas de aula. Afirmando que só os professores tradicionais tomariam tal atitude, ela ressalta:

“Até agora, a tecnologia vinha servindo a uma extensão dos poderes mecânicos do homem, pôr exemplo, de seus barcos (Máquinas de lavar roupas), de seus olhos (um telescópio) etc. Mas com a tecnologia da informática temos a expansão da inteligência. Isso amedronta aqueles que tem de ensinar as novas gerações. Pôr que não usar o bichinho virtual para enriquecer o ambiente da aprendizagem ?  Os alunos podem observar e fazer registros de diferentes comportamentos (atenção concentrada e uso da palavra escrita), observar comportamentos de outros seres (como insetos, peixes, minhocas, mamíferos de pequeno porte), estudar suas reações e compará-las, tratar desses seres, descobrir quem são, como vivem, que necessidades tem, como satisfazê-las (...) ” [58]

Dentro desta discussão das novas formas de se construir o conhecimento, existem dois grupos de pensadores que representam duas posições radicalmente opostas sobre o tema. Existem alguns que apontam para a idéia de que a construção  do conhecimento não  mudou (e não mudará)  assim tão drasticamente, uma vez que uma trajetória de 4.000 anos de cultura escrita não será abalada por pouco mais de 4 décadas de cultura digital (Cattelan, 1997). Existe um outro grupo que vai afirmar o que conta é a imagem (Costa, 1994), ou seja, essa concepção teoriza que o homem sempre conceituou através da imagem e não de dígitos ou textos. Entendem que uma imagem pode também conter significados próprios do contexto ou indicar intenções, expressões e encenações subjetivas para as quais seriam necessários longos textos, existem também aspectos socio-culturais impossíveis de serem representados por texto ou de forma binária, além dos aspectos individuais de conceitos, pré-conceito e nível educacional. Não militarei em defesa de nenhuma delas, apenas destacaria a minha disposição de entender este debate como a afirmação da necessidade de começarmos a pensar sobre uma “Ecologia Cognitiva” (Lévy, 1996).
Mapeado todo este contexto, das concepções da modernidade e da pós-modernidade, da abordagem sobre a vida nas cidades e a construção de novas formas de sociabilidades contemporâneas e das novas tecnologias da inteligência na era das telecomunicações e da informática, me parece que a proposta desta investigação antropológica colocada em prática pelo projeto de pesquisa do qual faço parte, enfatiza estas novas concepções a cerca da construção do conhecimento, propondo estudá-las e etnografá-las. Destacaria ainda a proposta de estudar as formas de se apropriar, de interagir, de armazenar e recuperar um imenso universo documental que não para de crescer e influir a vida urbana contemporânea, como ponto de partida para as pesquisas que realizei a fim de construir um arranjo documental do Banco de Dados e do Banco de Imagens da Cidade de Porto Alegre.      









CONCLUSÃO


“Muitas vezes, se não existe uma tecnologia, começam a surgir certas idéias. Por exemplo, se Thomas Edson não tivesse inventado a lâmpada elétrica, as empresas provavelmente nem poderiam pensar em trabalho noturno.” [59]

“O Maior ‘gargalo’ na operação da maioria dos negócios está no manuseio de papéis (...) Toddies contêm Informações que precisam ser extensivamente processadas manualmente.” [60]

A documentação é uma atividade que o homem executa a muito tempo? Se   considerarmos a “Classificação Filosófica de Aristóteles” [61] como um marco referencial para inferirmos este tempo, estaremos nos reportando aos anos de 340 a 330  a . C.  Alguns autores sinalizam antagonicamente, defendendo que a documentação é uma técnica de nossos dias  e sua aparição é tão recente que o próprio nome é discutido, já que nem todos o aceitam (LA VEJA, Lasso de.).
Segundo os meus estudos, a palavra “Documentação” começou a ser empregada desde quando o Instituto Internacional de Bibliografia a propôs em lugar de “Bibliografia”, devido ao aparecimento de documentos que não são livros: fotocopiados, microfilmados, microfichados, xerocados, compilados por computador, registrados e arquivados por meios mecânicos, elétricos e eletrônicos de seleção, reprodução e transmissão.
Abordando duas questões neste contexto da documentação, arquivamento e tratamento de informações, finalizo as elaborações que compõe este trabalho. A primeira é articulada com um sociólogo, Mills, e a segunda com um antropólogo, Lévy.
A minha leitura do apêndice do livro “A Imaginação Sociológica”[62] de Wright Mills - Do Artesanato Intelectual - veio a subsidiar teoricamente e reafirmar uma tendência pessoal pelo trabalho com documentos (em especial Jornais, Livros e Revistas), visando a sua organização, armazenamento e recuperação, que já existia anteriormente a minha inserção neste projeto de pesquisa aqui mencionado. A informática dinamizou este projeto pessoal de, enquanto cientista social, manter o meu acervo particular em condições adequadas de trabalho (no que concerne a sua conservação, organização, catalogação, indexação e recuperação) e a minha inserção neste estudo antropológico veio a alimentar e profissionalizar este trabalho que agora acontece de forma mais elaborada, sistematizada e instrumentalizada (tanto no meu acervo pessoal como no Banco de Dados e Banco de Imagens da Cidade de Porto Alegre, acervados no Núcleo de Pesquisa Sobre Culturas Contemporâneas, NUPECs e no Núcleo de Antropologia Visual, NAVISUAL).
A metáfora utilizada por Mills é muito interessante, pois estou convencido de que o cientista social, seja ele sociólogo, cientista político ou antropólogo, é realmente um artesão intelectual [63]. No nosso caso, trabalhando com base de dados informatizados e imagens digitalizadas, estes procedimentos precisam ser adaptados e rearranjados para o  contexto atual de intervenção científica com o qual trabalhamos. Mesmo assim, acredito que os princípios teóricos básicos demonstrados nesta obra deveriam ser de conhecimento de todos aqueles cientistas sociais que ainda não foram motivados para empenhar esta reengenharia intelectual. 
O Tratamento da informação pela informática trouxe um novo cenário para a documentação neste final de século, o groupware. “O groupware talvez tenha inaugurado uma nova geometria da comunicação” (Lévy. 1996, p.67), pois o debate se dirige para a construção progressiva de uma rede de argumentação e documentação que está sempre presente aos olhos da comunidade virtual, podendo ser manipulada a qualquer momento por qualquer internauta.  Nestes casos, temos os hipertextos [64] rolando da tela dos microcomputadores que  auxiliam a inteligência cooperativa, garantindo o desdobramento da rede de questões,  posições e argumentos, ao invés de valorizar os discursos das pessoas tomados como um todo. Ou seja, a representação hipertextual faz romper a estrutura das argumentações e contra-argumentações e assim, segundo o meu entendimento, no espaço virtual das redes eletrônicas, inicia-se o sepultamento da dialética tradicional  na forma como a concebemos hoje.[65]
Chamo a “Tecnodemocracia” de Lévy a participar do encerramento deste artigo, pois entendo que “a técnica em geral não é nem boa, nem má, nem neutra, nem necessária, nem invencível. É uma dimensão, recortada pela mente, de um devir coletivo heterogêneo e complexo na cidade do mundo.” [66] O conhecimento deste pressuposto é a chave de ingresso neste novo contexto social, o tecnodemocrático que análogo a própria técnica, também não é nem bom, nem ruim, melhor ou pior do que a sociodemocracia, pilar da reordenação do edifico das memórias coletivas (JEUDY, 1995) que funda a tecnodemocracia.[67]




REFERÊNCIAS  BIBLIOGRÁFICAS



1.    AVEDON, Don M. Discos Ópticos e Imagens Eletrônicas - Conceitos e Tecnologia. São Paulo: Centro Nacional de Desenvolvimento do Gerenciamento da Informação (CENADEM), 1991.

2.    CATTELAN, Paulo. Curso de Introdução à Digitalização de Documentos. Mimiog. Apostila. Porto Alegre, 1997.

3.    COSTA, Reginaldo de Almeida. E Se o Enfoque ao Workflow Estiver Errado. In. INFOIMAGEM - 94 ( Latin American Document Imaging Conference & Shouw ), 1994, São Paulo. Anais. S. P. : CENADEM (Centro Nacional de Desenvolvimento do Gerenciamento da Informação), 1994. p.  56-61.

4.    ECKERT, Cornelia. Antropologia do Cotidiano e Estudo das Sociabilidades a Partir das Feições dos Medos e das Crises na Vida Metropolitana. Porto Alegre : UFRGS, 1997. Projeto de Pesquisa CNPq, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 1997.

5.    ECKERT, Cornelia,  ROCHA, Ana Luiza C. da. Estudo Antropológico de Itinerários Urbanos, Memória Coletiva e Formas de Sociabilidade no Meio Urbano Contemporâneo. Porto Alegre: UFRGS, 1997. Projeto de Pesquisa CNPq, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 1997.

6.    FAGUNDES, Léa. A Escola é Reacionária. Zero Hora, Porto Alegre, 17 agos. 1997.

7.    FEATHERSTONE. Mike. Cultura de Consumo e Pós-Modernismo. São Paulo: Studio Nobel, 1995.

8.    FURASTÉ, Pedro Augusto. Normas Técnicas Para o Trabalho Científico: Que Todo Mundo Pode Saber, Inclusive Você.  4a. ed. Porto Alegre:  Dáctilo - Plus, 1994.

9.    GONZATTO, Marcelo. O Mascote Virtual Tirou os Pais do Sério. Zero Hora, Porto Alegre, 17 agos. 1997.

10.JEUDY, Henri-Pierre. Mémoires du Social. Paris: PUF, 1986.

11.KEMPSTER, Linda. Armazenamento de Massa: Dados e Imagens - O Presente e o Futuro das Mídias Removíveis. São Paulo: Centro Nacional de Desenvolvimento do Gerenciamento da Informação (CENADEM),  1994.

12.LÉVY, Pierre. As Tecnologias da Inteligência: O Futuro do Pensamento na Era da Informática. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1996.

13.-------, ------. O Que é Virtual ?  São Paulo: Ed. 34, 1996.

14.LOUREIROS, Marcos Dantas. Terá Marx Algo a Dizer Sobre a Informatização da Sociedade ?  In. XXIV Congresso Nacional de Informática, 1991, São Paulo. Anais. S. P. SUCESU, 1991. p. 03-11.

15.MILLS, C. Wright. Do Artesanato Intelectual. In. A Imaginação Sociológica. Rio de Janeiro: Zahar, 1975.

16.PATHFINDER Mostra Marte em 360 Graus. Zero Hora, Porto Alegre, 27 jul. 1997.

17.ROCHA, Ana Luiza C. da. Banco de Imagens da Cidade de Porto Alegre. Porto Alegre: UFRGS, 1997. Projeto de Pesquisa CNPq, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 1997.

18.SALOMON, Délcio Vieira. Como Fazer Uma Monografia. São Paulo : Martins Fontes, 1991.

19.SANTOS, Jair Ferreira dos. O Que é Pós-Moderno. São Paulo: Brasiliense, 1991.

20.SOARES, Luiz Eduardo. Violência e Cultura do Medo no Rio de Janeiro. Mimiog. Palestra.

21.VELHO, Gilberto. O Desafio da Cidade. Rio de Janeiro: Campus, 1980.

22.WENDERS, Wim. A Paisagem Urbana. La Verité des Images. Paris, L’Arche, 1992. In. Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

23.WOLK, Sue. Panorama Mundial do Processamento Eletrônico de Imagens de Documentos - O Presente e o Futuro. In. INFOIMAGEM - 94 (Latin American Document Imaging Conference & Show), 1994, São Paulo. Anais. S. P. ,1994. p. 01-13








[1] Projeto CNPq coordenado pela Professora Dra. Cornelia Eckert
[2] O não aprofundamento deste debate acontece por uma razão básicas: o pouco tempo de envolvimento com o projeto (apenas um semestre). Este período é, ao meu ver, insuficiente para uma elaboração mais aprofundada deste universo de pesquisa e debate.
[3] ECKERT, Cornelia, ROCHA, Ana Luiza C. da  (1997, p. 2 ).
[4] Idem.
[5] Ibidem, p. 4
[6] Ibidem.
[7] Ibidem, p. 3
[8] Pesquisadora Responsável Prof.(a) Dra. Cornelia Eckert
[9] ECKERT, Cornelia. (1997, p. 2)
[10] Idem, p. 6
[11] SOARES, Luiz Eduardo. 1995
[12] Idem
[13] Ibidem
[14] O grifo é meu.
[15] Sobre as concepções de modernidade e pós-modernidade trabalharei no segundo bloco deste artigo.
[16] Denominação como é trabalhada pelas pesquisadoras ECKERT,  C. e ROCHA, A . L. C. da. 
[17] Pesquisadora Responsável pelo projeto: Professora Dra. Ana Luiza Carvalho da Rocha.
[18] ROCHA, Ana Luiza C. da. (1997, p. 10)
[19] Idem.
[20] Ibidem
[21] Ibidem
[22] Ibidem.


[23] MILSS, C. Wright. (1975, p. 213)
[24] Sob a coordenação da bibliotecária Maria Lizete Gomes Mendes.
[25] Autores tradicionais como Umberto Eco (Como se Faz uma Tese); Délcio Viera Salomon (Como Fazer Uma Monografia);  C. Wright Mills ( A Imaginação Sociológica); Pedro Augusto Furasté (Normas Técnicas Para o Trabalho Científico), entre outros, foram de fundamental importância para as nossas pesquisas e orientações. Entretanto, as publicações do CENADEM (Centro Nacional de Desenvolvimento do Gerenciamento da Informação) trouxeram um embasamento teórico muito importante que não encontraríamos em nenhum outro autor  (ou obra) clássico. Destacaria os Anais do INFOIMAGEM (Latin American Document Imaging Conference & Show) anos 94, 95 e 96; Linda Kempster (Armazenamento de Massa: Dados e Imagens - O Presente e o Futuro das Mídias Removíveis); Don M. Avedon (Discos Ópticos e Imagens Eletrônicas - Conceitos e Tecnologia), entre outros.
[26] Percebo que a inserção neste campo de conhecimento (Comunicação e Documentação) amplia consideravelmente o leque de opções para a atuação profissional do Cientista Social, especialmente no universo da pesquisa científica.
[27] Parte deste trabalho poderá ser acompanhado na apresentação oral e visual do Salão de Iniciação Científica 97.
[28] VELHO, Gilberto (1980, p. 15)
[29] WEBER, Max. In. FEATHERSTONE, Mike. (1990, p. 11)
[30] Dicionário Contemporâneo das Idéias Assimiladas.
[31] Idem.
[32] FEATHERSTONE, Mike. (1990)
[33] Idem, p. 21
[34] Ibidem, p. 17
[35] “O Que é Pós-Moderno.”
[36] Idem, p. 7
[37] Niilismo como trabalhado por Jair Ferreira dos Santos : “Desejo de nada, morte em vida, falta de valores para agir, descrença em um sentido para viver”,  encontrados nas obras de Nietzsche e Jacques Derrida.
[38] Artigo publicado na Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

[39] Idem.
[40] Conceito como é trabalhado por Henri-Pierre Jeudy em “Memórias do Social”.
[41] ECKERT, Cornelia. ( 1997, p. 3)
[42] ROSSI, Ana Maria. O Medo do Medo. Zero Hora, 29 de dezembro de 95.
[43] Jair Ferreira dos Santos vai enfatizar o caráter performativo da tecnociência, em detrimento da tendência anterior (ciência moderna) da busca da verdade
[44] SANTOS, Jair Ferreira dos. (1991, p. 83)
[45] Idem
[46] Ibidem, p. 31
[47] WENDERS, Wim. (1992, p. 182)
[48] Idem.
[49] Idem, p. 183.
[50] LÉVY, Pierre. (1996, p. 15)
[51] LÉVY- Pierre. (1996, p. 7)
[52] Para o entendimento completo da proposta de se trabalhar com Banco de Dados e de Imagens Interativos em pesquisa antropológica sobre as feições de medo e crise na cidade de Porto Alegre, ver projetos de pesquisa desenvolvidos pelos pesquisadores já referidos, com financiamento do CNPq. Resumo informativo sobre este trabalho podem ser acompanhados nas apresentações orais dos bolsistas deste projeto no Salão de Iniciação Científica 97, bem como através da visualização do cartaz ilustrativo afixado no espaço de exposições do referido evento.
[53] Informação trabalhada a partir de reportagem do Jornal “Zero Hora”  de 27/07/97.
[54] Informação trabalhada a partir de reportagem do Jornal “Zero Hora”  de 17/08/97.
[55] Brinquedo eletrônico inventado por engenheiros japoneses.  Quando comprado, o Tamagotchi é um ovo. Assim que o brinquedo é acionado, começa a  crescer lentamente. Cada dia corresponde a um ano de vida do “bichinho”. Para satisfazer as suas necessidades, basta combinar três botões. O da esquerda seleciona qual a função será aplicada (alimentar, remédio, etc.), o do meio ativa esta função e o da direita retorna ao menu principal. Para crescer com saúde, o “animalzinho eletrônico” deve ser limpo e alimentado, tomar remédios, brincar, ser disciplinado e, para que ele durma, as luzes devem ser apagadas. Os Tamagotchi com maior longevidade chegam a “viver” cerca de um mês, mas o período de vida varia conforme os cuidados que ele recebe. Maltratado, morre em poucos dias. Um botão atrás do aparelho reinicia o ciclo de vida do “bichinho”.  Tamago é ovo em japonês. “Tchi” é um sufixo informal, uma gíria para identificar o diminutivo. Tamagotchi, se traduzido seria “ovo pequeno”.
[56] Declaração à reportagem do Jornal já referido.
[57] Formada em Pedagogia e em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Doutora pela Universidade de São Paulo (USP); Diretora Científica do Laboratório de Estudos Cognitivos do Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
[58] FAGUNDES, Léa. A Escola é Reacionária. In. GONZATTO, Marcelo e STEFANELLI, Ricardo. O Mascote Virtual Tirou os Pais do Sério. Jornal Zero Hora de agosto de 1997. Pag. 36-38
[59] WOLK, Sue. (1994, p.1)
[60] SILVA, Antonio Paulo de Andrade e. Vantagens e Benefícios dos Discos Ópticos. In. AVEDON, Don M. Discos Ópticos e Imagens Eletrônicas - Conceitos e Tecnologias.
[61] A classificação filosófica de Aristóteles distribuiu as categorias em dez gêneros supremos:
1.     SUBSTANCIA - homem, cachorro, pedra, casa, ...
2.     QUALIDADE - azul, virtuosos, ...
3.     QUANTIDADE - grande, comprido, 2Kg, ...
4.     RELAÇÃO - mais pesado, escravo, duplo, mais barulhento, ...
5.     DURAÇÃO - ontem, 1970, de manhã, ...
6.     LUGAR - aqui, Brasil, no pátio, ...
7.     AÇÃO - correndo, cortando, falando, ...
8.     PAIXÃO OU SOFRIMENTO - derrotado, cortado, ...
9.     MANEIRA DE SER - saudável, febril, ...
10.  POSIÇÃO - horizontal, sentado, ...
[62] A menção a obra de Mills não é motivada por uma filiação a teoria sociológica desenvolvida por este autor, mas a sua singular riqueza de elaborações no campo da documentação pessoal.
[63] Os procedimentos ensinados por Mills para a organização e utilização do arquivo pessoal são muito interessantes e deveriam ser conhecidos por todo o cientista social empenhado em desenvolver um trabalho rigorosamente científico.
[64] Para definição de Hipertexto ver Pierre Lévy. As Tecnologias da Inteligência.
[65] Considerações interessantes a este respeito encontramos em : LOUREIROS. Marcos Dantas. Terá Marx Algo a Dizer Sobre a Informatização da Sociedade ?
[66] Lévy. 1996, p. 194
[67] Esta discussão que tento resumir em poucas linhas é altamente densa e complexa, portanto sobre ela seria necessário não só uma pequena reflexão, como a aqui empenhada,  mas várias elucubrações que originariam inúmeros escritos.

Um comentário:

Jacomini disse...

Gente! Por favor, isto é 1998.
Não é atual.
Já não sou mais aprendiz.
Valeu!?