segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Georg Simmel




GEORG SIMMEL (1858-1918)

- como as formas sociais se mantém
- memória na trama da vida coletiva
Professor na Universidade de Berlin, fundador da sociologia formal que ele concebe como uma geometria do mundo social. A forma é a relação entre indivíduos, abstração feita dos objetos representados.
Para ele a sociedade não é uma aparência. A realidade, são as interações entre os indivíduos. A natureza da sociedade e dos conflitos interpessoais são os dois problemas que o preocupam.  Representante de uma certa sociologia alemã.
Teórico de alguma maneira contemporâneo de todos os escritores modernos, Simmel foi um dos pensadores que mais trabalhou, antecipando em suas reflexões muitos dos tema s hoje mais candentes da intelligentsi ocidental, os dilemas e ambigüidades da relação entre subjetividade e sociedade. Assim sendo, suas análises sobre individualismos e cultura subjetiva constituem-se, entre outros exemplos, em referências fundamentais para a discussão de modernidade. Suas incursões no terreno da arte e da criação artística, sua preocupação com a SELF -CULTIVATION e com a  inovação, reforçaram a decisão de privilegiá-lo como interlocutor.
 A sociabilidade como forma autônoma ou lúdica, de sociação. Esse processo funciona também na separação do que chamei de conteúdo e forma da vida societária. Aqui, "sociedade" propriamente dita é o estar com um outro, para um outro, contra um outro que, através do veiculo dos impulsos ou dos propósitos, forma e desenvolve os conteúdos e os interesses materiais ou individuais. As formas nas quais resulta esse processo ganham vida própria. São liberadas de todos os laços com os conteúdos; existem por si mesmas e pelo fascínio que difundem pela própria liberação destes laços. É isto precisamente o fenômeno a que chamamos sociabilidade. MORAES FILHO, Evaristo (Org.) FERNANDES, Florestan (Coordenador). Simmel. São Paulo, Ática. P. 168.
Vergessellschaftung - e que consta do titulo da sua Sociologia, 1908. Com ele, Simmel quis significar o permanente vir-a-ser da vida social, processo sempre in fieri, que esta acontecendo sem que se possa dizer que já aconteceu. Não ha propriamente sociedade feita, mas antes o fazer-se sociedade. Através da interação, da relação reciproca, é que se constitui a Vergesellschaftung, que prefiramos traduzir, à maneira dos simmelianos americanos, por sociação. Na terminologia atual, numerosos são os autores que o traduzem por socialização, mas o próprio Simmel utiliza-se de Sozialisierung, sem que os confonda. Alguns tradutores espanhóis servem-se de socialificaçäo, bem dentro da conotação de processo em movimento. Abel, Martindale e Giddens optam, dentro da mesma linha, por societalizaçäo. Aparecem ainda, mais erroneamente: sociabilidade, socialidade e associação. Segundo Wolff, a voz sociation existe em inglês desde 1898, cunhada por J.H.W. Stuckenberg en Introduction to the study of sociology. (Moraes Filho, p. 31)
A sociedade existe onde vários indivíduos entram em interação. Esta ação reciproca se produz sempre por determinados instintos ou para determinados fins. Instintos eróticos, religiosos ou simplesmente sociais, fins de defesa ou ataque, de jogo ou ganho, de ajuda ou instrução,  estes e infinitos outros fazem com que o homem se encontre num estado de convivência com outros homens, com ações a favor deles, em conjunto com eles, contra eles, em correlação de circunstâncias com eles. ... Essas interações significam que os indivíduos, nos quais se encontram aqueles instintos e fins, fora por eles levados a unir-se, convertendo-se numa unidade, numa "sociedade". Pois unidade em sentido empírico nada mais é do que interação de elementos.... o mundo não poderia ser chamado de uno, se cada parte não influísse de algum modo sobre as demais, ou se em algum ponto se interrompesse a reciprocidade das influências.
Aquela unidade ou sociação () pode ter diversos gruas, segundo a espécie e a intimidade que tenha a interação - desde a união efêmera para dar um passeio até a família; desde as relações por prazo indeterminado até a pertinência a um mesmo Estado; desde a convivência fugitiva num hotel até a união estreita de uma corporação medieval.  Pois bem, designo como conteúdo ou matéria da sociação tudo quanto exista nos indivíduos (portadores concretos e imediatos de toda a realidade histórica) - como instinto, interesse, fim, inclinação, estado ou movimento psíquico -, tudo enfim capaz de originar ação sobre outros ou a recepção de suas influências. (p,60).
A sociação só começa a existir quando a coexistência isolada dos indivíduos adota formas determinadas de cooperação e de colaboração, que caem sob o conceito geral da interação. A sociação é, assim, a forma realizada de diversas maneiras, na qual os indivíduos constituem uma unidade dentro da qual se realizam seus interesses. E é na base desses interesses - tangíveis ou ideais, momentâneos ou duradouros, conscientes ou inconscientes, impulsionados casualmente ou induzidos teleologicamente - que os indivíduos constituem tais unidades.
Em qualquer fenômeno social dado, conteúdo e forma sociais constituem uma realidade unitária. Uma forma social desligada de todo conteúdo não pode ter existência, do mesmo modo que a forma espacial não pode existir sem uma matéria da qual seja forma. Tais são justamente os elementos, inseparáveis na realidade, de cada ser e acontecer sociais: um interesse, um fim, um motivo e uma forma ou maneira de interação entre os indivíduos, pelo qual ou em cuja figura aquele conteúdo alcança realidade social.


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