FazendoArte
Prezados Amigos
A minha produção
acadêmica não se reduz apenas aos “Trabalhos Gráficos”. Durante a minha
trajetória na universidade, já demonstrei diversas vezes que estou disposto a
criar também no “Campo Iconográfico” e Imagético. Fotografia, desenhos
artísticos, pinturas, instalações, vídeos e livros-objeto são alguns exemplos
de peças que já produzi nesta empreitada de relacionamento com o conhecimento
científico.
Entreguei recentemente um
trabalho não gráfico como anexo a um trabalho acadêmico formal (gráfico). A
minha avaliadora respondeu: Jacques, eu não entendi a tua proposta. De forma
respeitosa e cortês, agradeci o empenho da minha avaliadora, pois relação
institucional acadêmica é relação institucional acadêmica.
Certa feita estava no “Templo
das Letras” de uma determinada instituição de ensino superior (católica) e
tentei conversar com a bibliotecária sobre os trabalhos denominados “Livros
Objetos” (ou livro do autor). Resultado: não fui feliz. A profissional, apesar
de ser uma especialista em biblioteconomia, desconhecia o referido assunto. Agora,
de certa forma, a estória se repete.
A Página Violada é o
título de uma obra literária (a imagem do livro abre esta publicação) que foi
editada pela UFRGS e pode auxiliar no entendimento da questão central aqui
abordada. O autor do livro é o escritor Paulo Silveira e, segundo o site de uma
importante livraria, a obra examina a instauração da categoria do livro de
artista (incluindo o livro-objeto) a partir dos trabalhos de alguns de seus
principais pesquisadores e da análise de obras de artistas nacionais e
internacionais. São apresentadas cerca de duzentas obras através de mais de
seiscentas imagens (coloridas e originais), incluindo eventos e documentos.
Agradeço a atenção dos
que me acompanham: obrigado por prestigiarem este espaço de mídia digital
alternativa. Para os que se interessaram pelo tema e querem conhecer um pouco
mais sobre a matéria, transcrevo abaixo um texto elucidativo sobre o Livro-Objeto
ou Livro de Artista.
Namastê
“O
livro-objeto é um espécime único, pois se mantém a distância da produção
massiva de obras literárias. Ele transcende os limites tradicionais dos livros
comuns, baseados principalmente no texto. Este elemento pode ser visto, antes
de tudo, como uma obra artística visual.
Desta
forma, ele rompe com o formato mais conhecido do livro, e busca sua identidade
na produção imagética imanente às Artes Plásticas. Mesmo assim o livro-objeto
pode ser lido, este ainda é o seu objetivo, embora esta leitura ocorra de uma
forma distinta. Ela é realizada por meio de palavras soltas, sentenças curtas
ou de um discurso mínimo. E igualmente através da interpretação pessoal das
imagens.
Estes
objetos comumente apelam à percepção humana, e desvinculam-se das formas e
funções esperadas; eles não atravessam crise alguma na identidade, pois adotam
naturalmente a faceta de objeto artístico. Eles são geralmente produzidos em
pequena escala ou, muitas vezes, consistem de um único item de colecionador.
Não
é intenção do livro-objeto eliminar a versão convencional criada por Gutenberg,
e sim ser um dos prováveis desdobramentos de sua evolução, completando a antiga
forma, sem nenhuma outra pretensão. Estas experiências estão presentes
particularmente na literatura infantil, pois nesta esfera a obra assume um
caráter lúdico, ou seja, a criança tem também a oportunidade de brincar com o
livro, abrindo e montando as páginas, formando castelos ou outras tantas
estruturas mágicas.
Aqui
a história é substituída por um enredo visual, graças a uma maior maleabilidade
dos limites entre as várias manifestações artísticas humanas; elas se
entremeiam de tal forma, que deste entrelaçamento surgem outras expressões. Nos
tempos modernos são bem-vindas as misturas, combinações, justaposições e outras
receitas nascidas de um caldeirão encantado no qual todo ingrediente imaginável
pode ser adicionado.
Nasce
desta forma uma nova esfera criativa, outro circuito de forças, o qual ocupa o
espaço desocupado pelo ofício literário e também pelo universo das Artes
Plásticas. O livro-objeto se instala nessa fronteira movediça e deserta, um
híbrido da literatura e da produção visual.
Em
nosso país este elemento surge da experiência dos concretistas e
neoconcretistas, da colisão entre sua poesia e a obra dos artistas plásticos,
as quais eclodem no fim da década de 50 e no início dos anos 60. Os poetas
desta escola literária tinham em vista a missão de destacar, nas palavras, os
sons e os formatos.
Assim,
a poesia deste período fugia da gramática convencional e elaborava uma nova prática
poética e imagética para o discurso textual. Destacam-se, nesta esteira
criativa, os trabalhos de Augusto de Campos e de Júlio Plaza – os Poemóbiles,
Objetos Poemas e Caixa Preta. Os neoconcretistas irão levar a extremos esses
exercícios vanguardistas.
Fontes:
http://livro-objeto.blogspot.com/
http://marcelonada.redezero.org/artigos/livro-objeto.html
Um comentário:
Namastê.
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