A Luz de Velas (Hiara)
As itineranças subjetivas
de um buscador no Porto Isabel.
A empresa, permissionária
do Estado, priva (-nos) de usufruir de uma tecnologia tão cara entre nós:
energia elétrica. Faltou luz, a expressão sai da boa do cidadão em dia com as
taxas, tributos e demais penalidades impostas pelas forças do Império Estatal.
São vinte horas e quinze minutos, Casa Branca, escrevo a luz de velas. A
bateria da máquina aponta uma suficiência de noventa e quatro por de cento de
capacidade de carga acumulada.
Avisto na janela as luzes
da Cidade. A minha direita Isabel, Lomba do Pinheiro, Itapuã. A minha esquerda
Protásio Alves, Manoel Elias, Porto Seco. Retro: o belo e majestoso Morro
Santana. Tenho a minha frente a Imaculada Conceição (em dias plenos de luz, é
possível avistar a Torre Principal da Faculdade de Filosofia – antigo Seminário
Maior de Viamão – atualmente Tecno-PUC). O chá ficou pronto (carqueja – erva
doce). Osíris dorme como um anjo ao meu lado. Chove, sigo a luz de velas. A
bateria da máquina aponta uma suficiência de noventa por cento de capacidade de
carga acumulada.
Eu necessito transmitir
uma mensagem em dois tempos com um cerne comum. Primeiro a questão de raça,
depois espécie. Mas é muito blá, blá, blá!? Diz o transeunte apressado. É
verdade. Concordo, mas o fato é que você embarcou no blog de jacquesja. Te
segura na poltrona que lá vem letrabomba
(curso de letras). Antes de encerrar
esta fração (parágrafo), declaro: estou lendo “O que é justiça” de Julio Cesar
Tadeu Barbosa. A situação é muito semelhante aquela onde li “O que é
etnocentrismo” (primeiros passos). A chuva apertou. Osíris quer colo. A bateria
da máquina aponta uma suficiência de oitenta e quatro por de cento de
capacidade de carga acumulada. A questão de raça.
A petição inicial foi
encaminhada. Gerou uma ação civil pública no âmbito da justiça federal. O
processo tramita no tribunal (e esta foi a razão de ter retirado o teor do
documento do blog). A defesa das minorias é um norte para este que vos tecla. A
defesa do meu semelhante, irmão de raça, é um compromisso muito sério já
assumido aqui de forma pública e honesta. O racismo continua nas relações
atuais, cada vez mais velado, indireto e pernicioso. O branco permanece a
categorizar o não-branco de indolente, incapaz e marginal. A
institucionalização é necessária. A segregação racial não. Eu centrei na
questão da autodeclaração de raça, mas eu pergunto aos senhores: o que são
aquelas exigências absurdas para a comprovação socioeconômica? Invasão de
privacidade. Apanhem o edital e vejam com os próprios olhos. Se a política é
afirmativa, por que não avaliar o candidato no seu contexto social (in loco).
No meu ponto de vista, seria menos evasivo se a Universidade mandasse um
assistente social em visita ao candidato na sua residência para confirmar a sua
condição de “dominado” (carente, classe C menos ou como queira chamar). Dá uma
olhada na minha página no Panoramio. Eu cliquei um sentimento gravado na mureta
de proteção da via da Universidade (anel viário do Campus do Vale – Agronomia –
Porto Alegre). A mensagem? “Derrubem os muros. O Conhecimento para todos”. A bateria da máquina aponta uma suficiência
de setenta e sete por de cento de capacidade de carga acumulada. Espécie
(especicismo).
A justificativa para humilhar
e coisificar os negros escravizados na época do Brasil Colônia é a mesma
utilizada hoje para categorizar os animais não humanos: eles não possuem alma,
portanto não são portadores de direitos (civis). Esta é a justificativa
especicista. Eu subi a pouco lá da avenida (Liberdade). Estava atendendo os
animais de rua, como faço todos os dias. Verifiquei o abandono de mais animais.
Isto geralmente ocorre nos inícios de feriados prolongados. A lógica é a
seguinte: preciso ir descansar na praia, mas tenho um animal que me
“atrapalha”. Surge então aquela “brilhante idéia”: descarte em via pública. O
animal estava todo molhado (ainda com uma coleira no pescoço). Muito assustado,
andando de um lado para o outro sem direção definida em estado de pleno stress
(desespero mesmo). Veio um automóvel em alta velocidade. Avistou o animal, mas
não parou. Simplesmente desviou. Por muito pouco não atropelou e matou. Eu
pergunto: por que agir assim? Qual é a pressa que justifica esta atrocidade?
Poderia ser diferente? Eu consegui me aproximar dele e dar um primeiro
atendimento. Sigo a luz de velas. A
bateria da máquina aponta uma suficiência de setenta por de cento de capacidade
de carga acumulada.
A conclusão deste vem com
uma notícia inédita que muito me anima: consegui, pela primeira vez, fazer um
registro fotográfico muito especial aqui no “Belo Monte”. Já fazia algum tempo
que intentava fazê-lo, mas trata-se de um animal muito discreto que sempre se
afasta ao perceber a presença humana. Ele é rápido, lindo e habita a região,
especialmente as porções de mata preservada próxima a córregos e cursos de água
natural. Já avistei outros indivíduos deste tipo nas imediações da Bica da
Lascy, Anel Viário do Campus do Vale (UFRGS) e cercanias do Lago Paraná
(esquina com Liberdade). Detalhe: Fotografei a “Saracura” da janela do meu
quarto. Pode? Isto aqui é um paraíso. Mas há os que defendem a duplicação da
Avenida Ipiranga até a Santa Isabel para desafogar o trânsito da Bento
Gonçalves sem questionar o tamanho do impacto ambiental que esta obra traria
para toda a região. Na conclusão deste, é importante que se diga e que me
corrijam os especialistas, caso esteja eu falando besteira: “É a única porção
da mata atlântica disponível em toda a região metropolitana de Porto Alegre –
com exceção da Reserva do Lami e Itapuã)”.
A CEEE ainda não
restituiu o fornecimento de energia elétrica. Eu concluo este sem a
possibilidade da publicação imediata, devido as limitações técnicas declaradas.
São vinte e uma horas e trinta minutos, a chuva continua, sigo a luz de velas.
Eu prometo que atualizarei os amigos e amigas no decorrer da semana, quanto às
novidades que vierem a surgir. Gostaria de agradecer a presença de todos.
Obrigado pela confiança e a paciência de ler o texto até aqui. Necessito encerrar,
pois a bateria da máquina aponta uma
suficiência de apenas sessenta por de cento de capacidade de carga acumulada.
Namaste.
Escrito em 15/11/2013
A energia retornou por volta de dezesseis horas de 16/11/2013.
Anima Naturalis
Eu quero fazer um convite para você. Assista
o vídeo abaixo (Razões para ser Vegetariano):
Se possível, visite o site abaixo:
Você pode ler o texto que segue, por favor:
Tubarão Martelo de 600 kg é capturado em
Jacumã
A carne será vendida no Mercado do Peixe,
localizado na praia de Tambaú em João Pessoa
Link
Por que
tantos pedidos?
Vou
explicar:
Eu estava transitando na Avenida
Liberdade e, de repente, passa um caminhão frigorífico. E mais adiante avistei
mais um destes cemitérios sobre rodas descarregando morte. Depois mais outro e
mais outro. Foi inevitável a reflexão: até quando? Trabalhando aqui na redação,
recebo a notícia da mãe tubarão morta por pescadores com duas dezenas de bebes
no ventre. E os pescadores comemoram, pois vão faturar mil e quinhentos reais.
É muito sangue. É muita morte. É muito sofrimento. Isto tem que parar. Por
favor, pense nisso. Reflita. Faça um exame de consciência e veja se não está na
hora de inaugurar uma nova etapa na sua vida.
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