UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
INSTITUTO
DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
CURSO
DE CIÊNCIAS SOCIAIS
Disciplina:
Política IV
Semestre:
1998/I
Professor:
Carlos S. Arturi
- FICHAMENTO dos
textos introdutórios da
cadeira -
Aluno:
JAQUES XAVIER JACOMINI
Matrícula:
1409/92.7
FICHAMENTO
SARTORI, Giovanni. “Bien comparer, mal comparer”, Revue
Internationale de Politique Comparée, vol. 1, no. 1, 1994, pp. 19-36.
Este
texto traz considerações sobre as perspectivas de trabalho científico dentro do
campo de abrangência da política comparada:
No
primeiro momento do texto, o autor traz uma definição para a política comparada
acompanhada de uma contextualização histórica, dizendo:
“No inicio
dos anos 50, quando Roy Marcridis (l953 e 1955) criticava os estudos de
política comparada de sua época, as políticas comparadas tradicionais, sua
primeira objeção - e a principal - foi que elas eram essencialmente não
comparativas'. Nós podemos certamente
dizer ainda hoje em dia- a política comparada se define (nos EUA) como a
disciplina que estuda ‘os outros países’, e o mais comumente apenas um.”
Após a esta
introdução, Sartori passa a desenvolver os 4 principais eixos de discussão do
texto presente: 1a. questão: Porque Comparar ?
2a.
questão: O que é Comparável ?
3a.
questão: Como Comparar ?
4a.
questão: Incomensurabilidade do método comparativo ?
PORQUE COMPARAR?
Neste ponto, ele passa a tentar a responder a questão: porque
comparar? Ele vai citar vários autores que sinalizam para a mesma sua direção
de posicionamento sobre esta questão (Przeworski, Ragin, Mayer), destacando
que:
“Bem que eu não seja o primeiro a afirmar que as comparações tem por
função controlar - elas controlam (verificam ou inferem) se as generalizações
restam válidas ou não para todos os casos aos quais
elas se aplicam - me parece entretanto que nos esquecemos disto muito
freqüentemente.”
Na
seqüência deste tópico, o autor reafirma esta sua posição de entender o método
comparativo como um método de controle.
O QUE É COMPARÁVEL?
Para responder a esta segunda questão, Sartori começa
a utilizar algumas metáforas como a relação das maçãs com as pêras,
gato-cachorro, etc. Neste sentido, ele afirma:
Segunda questão, o que e comparável? Nós dizemos seguidamente que as maçãs e as
pêras são "incomparáveis"; mas o contra argumento é: como podemos
saber antes de as ter comparado? De fato
o problema das maçãs e das pêras se resolve facilmente. Mas entre as pedras e os macacos, São- eles
comparáveis? (...)
O importante a saber é que comparar é de uma vez
assimilar e diferenciar com relação a um critério. Se duas entidades são parecidas em tudo, se
todas as características se acordam, então elas constituem mesma entidade. Se por outro lado, duas entidades diferem em
todos os níveis, então sua comparação não tem algum sentido. (...)
Classificar é ordenar um universo dado em classes que
são mutualmente exclusivos e coletivamente exaustivos. As classificações permitem, assim, de
estabelecer o que é o mesmo e o que não é. (...)
O ponto essencial é - repetimos - que nós podemos
definir e o que é comparável somente em resposta a uma questão precisa, a
saber: comparável a que ponto de vista?
Com este tipo de formulação as maçãs e as pêras são, em relação a certas
propriedades comparáveis.
GATO-CACHORRO
Neste ponto, o autor introduz uma situação hipotética
de pesquisa para falar de 4 questões que pretendia abordar dentro da discussão
da política comparada: localismo, uma má classificação, o “gradualismo” e a elasticidade conceitual.
“O localismo visa aqui os estudos
"uni-nacionais" em vácuo, que ignoram, puramente e simplesmente, as
categorias pré-estabelecídas pelas teorias gerais e ou a existência no quadro
de analises comparativas, e inventam do início ao fim, sob a inspiração do
momento, sua própria terminologia.” (...)
MÁ CLASSIFICAÇÃO E GRADUALISMO
(...) Uma
segunda fonte de erros resulta de uma má classificação de pseudo-classes. (...) O que se aplica aos gatos não se
aplicaria que parcialmente aos cachorros, e quase morcegos (e vice-versa).
“Um terceiro produtor de gatos-cachorros e mais ainda
dentro de uma ordem crescente de desordem teratológica - de cachorros-morcegos
e mesmo de peixes-pássaros é como eu tinha sugerido, o “gradualismo”. Eu entendo por isto a aplicação abusiva da
máxima segunda a qual as diferenças de
gênero serão melhor percebidas pelas diferenças de grau, e que os tratamentos
contínuos seriam invariavelmente mais pertinentes que os tratamentos
dicotômicos.” (...)
ELASTICIDADE CONCEITUAL
“Em quarto lugar, as incoerências comparativas e mesmo
os erros provem geralmente da grande leveza de uma definição e de um
“esticamento conceitual” ( Sartori, 1970).
Tomemos a noção de Constituição (...)”
COMO COMPARAR?
Este é o
terceiro grande momento do texto, onde Sartori falar de duas maneiras de
“conceber a estratégia geral da pesquisa científica”:
“1.
classificar as diferentes condições em variáveis independentes, intervenientes
e dependentes; 2. tratar certas
condições causais como parâmetros, constantes paramétricas ou dadas (como
quando impusemos a cláusula ceteris paribus) supor invariáveis enquanto que
outras condições são consideras como as variáveis operadoras que podem ao
contrário variar para melhor fazer aparecer seus efeitos sobre a(s)
variável(is) dependente(s) (l976).”
O ESTUDO DE CASO
“Eu quero
insistir sobre o fato de que o estudo de caso enquanto pesquisa "sobre um
único caso" não pode ser assimilada ao método comparativo( mesmo tendo um
mérito comparativo). Por outro lado, a
comparação e o estudo de caso podem muito bem funcionar reforçando-se mutuamente
e aparecendo como complementar. (...)
Mas os estudos de casos heurísticos aportam a base
ideal - talvez a melhor - para conceber as generalizações. Dentro deste espírito, os estudos de casos
são a pedra angular da construção das teorias ( como sublinha ECKSTEIN), mas
não o controle das teorias.
INCOMENSURABIDADE
Encarada
pelo autor como a “problemática mais central” desta discussão, neste ponto o
autor a questão da viabilidade (ou não )
da perspectiva comparativista, dizendo:
“Abordaremos agora a Problemática mais central, e ao
mesmo tempo, aquela que tem recebido menos soluções. Olhando para trás nos confrontamos
diretamente com a questão: A pesquisa comparativa é realmente possível ?
Existem diversas maneiras de formular esta questão fundamental. A mais recente
reuniu os opositores sob a bandeira de “incomensurabilidade" de conceitos.
(...)
Isto lembra a obstinação; de qualquer maneira os
conceitos são generalizações disfarçadas, conteúdos mentais que amalgam um
fluxo infinito de percepções e de concepções particulares.”
INDIVIDUALIZAÇÃO VERSUS GENERALIZAÇÃO
“Resta aberta a questão metodológica, da alternativa
entre a individualização e a generalização.
Esta alternativa não é impossível a administrar e os pontos existem para
nos ajudar a passar da generalização ao contexto, e vice-versa. (...)
Isto que precede mostra muito bem nossos erros, mas
não pode ser considerado como uma receita para traçar uma nova via. "Onde estão as leis gerais?". Bem, em nenhuma parte - porque mesmo se nós
fossemos capazes de as formular ( e nós não somos: ver Sartori,- l986) os
“gato-cachorros" os anulariam. (...)
Com relação à grandes esperanças ha trinta anos, a
política comparada é finalmente decepcionante.
(...) Mas mesmo o bom trabalho
comparativo atual não pode encontrar sua realização se ele perde de vista a que
serve a comparação, a que ela serve especificamente.
O .
B . S . : A péssima qualidade da tradução, bem como da definição gráfica cos
caracteres do texto prejudicou bastante esta atividade de fichamento.
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