segunda-feira, 19 de maio de 2014

Carlos Arturi

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
CURSO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
Disciplina: Política IV
Semestre: 1998/I
Professor: Carlos S. Arturi












-    FICHAMENTO   dos  textos  introdutórios  da  cadeira  -












Aluno: JAQUES XAVIER JACOMINI
Matrícula: 1409/92.7




FICHAMENTO

SARTORI, Giovanni. “Bien comparer, mal comparer”, Revue Internationale de Politique Comparée, vol. 1, no. 1, 1994, pp. 19-36.

Este texto traz considerações sobre as perspectivas de trabalho científico dentro do campo de abrangência da política comparada:
No primeiro momento do texto, o autor traz uma definição para a política comparada acompanhada de uma contextualização histórica, dizendo:

“No inicio dos anos 50, quando Roy Marcridis (l953 e 1955) criticava os estudos de política comparada de sua época, as políticas comparadas tradicionais, sua primeira objeção - e a principal - foi que elas eram essencialmente não comparativas'.  Nós podemos certamente dizer ainda hoje em dia- a política comparada se define (nos EUA) como a disciplina que estuda ‘os outros países’, e o mais comumente apenas um.”

Após a esta introdução, Sartori passa a desenvolver os 4 principais eixos de discussão do texto presente: 1a. questão: Porque Comparar ?
                                            2a. questão: O que é Comparável ?
                                            3a. questão: Como Comparar ?
                                             4a. questão: Incomensurabilidade do método                           comparativo ?


PORQUE COMPARAR?

Neste ponto, ele passa a tentar a responder a questão: porque comparar? Ele vai citar vários autores que sinalizam para a mesma sua direção de posicionamento sobre esta questão (Przeworski, Ragin, Mayer), destacando que:

“Bem que eu não seja o primeiro a afirmar que as comparações tem por função controlar - elas controlam (verificam ou inferem) se as generalizações restam válidas ou não para todos os casos aos        quais elas se aplicam - me parece entretanto que nos esquecemos disto muito freqüentemente.”

Na seqüência deste tópico, o autor reafirma esta sua posição de entender o método comparativo como um método de controle.


O QUE É COMPARÁVEL?

Para responder a esta segunda questão, Sartori começa a utilizar algumas metáforas como a relação das maçãs com as pêras, gato-cachorro, etc. Neste sentido, ele afirma:
 
Segunda questão, o que e comparável?  Nós dizemos seguidamente que as maçãs e as pêras são "incomparáveis"; mas o contra argumento é: como podemos saber antes de as ter comparado?  De fato o problema das maçãs e das pêras se resolve facilmente.  Mas entre as pedras e os macacos, São- eles comparáveis? (...)

O importante a saber é que comparar é de uma vez assimilar e diferenciar com relação a um critério.  Se duas entidades são parecidas em tudo, se todas as características se acordam, então elas constituem mesma entidade.  Se por outro lado, duas entidades diferem em todos os níveis, então sua comparação não tem algum sentido. (...)
Classificar é ordenar um universo dado em classes que são mutualmente exclusivos e coletivamente exaustivos.  As classificações permitem, assim, de estabelecer o que é o mesmo e o que não é. (...)

O ponto essencial é - repetimos - que nós podemos definir e o que é comparável somente em resposta a uma questão precisa, a saber: comparável a que ponto de vista?  Com este tipo de formulação as maçãs e as pêras são, em relação a certas propriedades comparáveis.


GATO-CACHORRO

Neste ponto, o autor introduz uma situação hipotética de pesquisa para falar de 4 questões que pretendia abordar dentro da discussão da política comparada:    localismo, uma má classificação,  o “gradualismo” e  a elasticidade conceitual.

“O localismo visa aqui os estudos "uni-nacionais" em vácuo, que ignoram, puramente e simplesmente, as categorias pré-estabelecídas pelas teorias gerais e ou a existência no quadro de analises comparativas, e inventam do início ao fim, sob a inspiração do momento, sua própria terminologia.” (...)


MÁ CLASSIFICAÇÃO E GRADUALISMO

(...)  Uma segunda fonte de erros resulta de uma má classificação de pseudo-classes.  (...) O que se aplica aos gatos não se aplicaria que parcialmente aos cachorros, e quase morcegos (e vice-versa).

“Um terceiro produtor de gatos-cachorros e mais ainda dentro de uma ordem crescente de desordem teratológica - de cachorros-morcegos e mesmo de peixes-pássaros é como eu tinha sugerido, o “gradualismo”.  Eu entendo por isto a aplicação abusiva da máxima segunda a qual as diferenças de gênero serão melhor percebidas pelas diferenças de grau, e que os tratamentos contínuos seriam invariavelmente mais pertinentes que os tratamentos dicotômicos.” (...)


ELASTICIDADE CONCEITUAL

“Em quarto lugar, as incoerências comparativas e mesmo os erros provem geralmente da grande leveza de uma definição e de um “esticamento conceitual” ( Sartori, 1970).  Tomemos a noção de Constituição (...)”


COMO COMPARAR?

Este é o terceiro grande momento do texto, onde Sartori falar de duas maneiras de “conceber a estratégia geral da pesquisa científica”:

   “1. classificar as diferentes condições em variáveis independentes, intervenientes e dependentes;  2. tratar certas condições causais como parâmetros, constantes paramétricas ou dadas (como quando impusemos a cláusula ceteris paribus) supor invariáveis enquanto que outras condições são consideras como as variáveis operadoras que podem ao contrário variar para melhor fazer aparecer seus efeitos sobre a(s) variável(is) dependente(s) (l976).”


O ESTUDO DE CASO

 “Eu quero insistir sobre o fato de que o estudo de caso enquanto pesquisa "sobre um único caso" não pode ser assimilada ao método comparativo( mesmo tendo um mérito comparativo).  Por outro lado, a comparação e o estudo de caso podem muito bem funcionar reforçando-se mutuamente e aparecendo como complementar. (...)
Mas os estudos de casos heurísticos aportam a base ideal - talvez a melhor - para conceber as generalizações.  Dentro deste espírito, os estudos de casos são a pedra angular da construção das teorias ( como sublinha ECKSTEIN), mas não o controle das teorias.


INCOMENSURABIDADE

Encarada pelo autor como a “problemática mais central” desta discussão, neste ponto o autor a questão da viabilidade (ou não )  da perspectiva comparativista, dizendo:

“Abordaremos agora a Problemática mais central, e ao mesmo tempo, aquela que tem recebido menos soluções.  Olhando para trás nos confrontamos diretamente com a questão: A pesquisa comparativa é realmente possível ? Existem diversas maneiras de formular esta questão fundamental. A mais recente reuniu os opositores sob a bandeira de “incomensurabilidade" de conceitos. (...)
Isto lembra a obstinação; de qualquer maneira os conceitos são generalizações disfarçadas, conteúdos mentais que amalgam um fluxo infinito de percepções e de concepções particulares.”


INDIVIDUALIZAÇÃO VERSUS GENERALIZAÇÃO

“Resta aberta a questão metodológica, da alternativa entre a individualização e a generalização.  Esta alternativa não é impossível a administrar e os pontos existem para nos ajudar a passar da generalização ao contexto, e vice-versa. (...)
Isto que precede mostra muito bem nossos erros, mas não pode ser considerado como uma receita para traçar uma nova via.  "Onde estão as leis gerais?".  Bem, em nenhuma parte - porque mesmo se nós fossemos capazes de as formular ( e nós não somos: ver Sartori,- l986) os “gato-cachorros" os anulariam. (...)
Com relação à grandes esperanças ha trinta anos, a política comparada é finalmente decepcionante.  (...)  Mas mesmo o bom trabalho comparativo atual não pode encontrar sua realização se ele perde de vista a que serve a comparação, a que ela serve especificamente.


O . B . S . : A péssima qualidade da tradução, bem como da definição gráfica cos caracteres do texto prejudicou bastante esta atividade de fichamento.

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