UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
INSTITUTO
DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
CURSO
DE CIÊNCIAS SOCIAIS
- Das
Itineranças de Atuar Como Aprendiz Científico em Projeto de Pesquisa de
Professores na Experiência dos Procedimentos de Ordenação e Classificação dos
Dados em Estrutura Informatizada e Considerações e Motivações
Teórico-Analíticas em um Percurso Transcorrido
-
Nome do Autor: JACQUES JACOMINI
Projeto de Pesquisa Integrado : “ Estudo Antropológico de Itinerários Urbanos, Memória Coletiva e
Formas de Sociabilidade no Meio Urbano Contemporâneo.”
Pesquisadoras: Professoras Dra. ANA LUIZA C. DA ROCHA
Dra.
CORNELIA ECKERT
Projeto Individual A: “Antropologia
do Cotidiano e Estudo das Sociabilidades a Partir das Feições dos Medos e das
Crises na Vida Metropolitana.”
Professora Executora: Dra. Cornelia Eckert
Projeto Individual B: “Banco de Imagens da Cidade de Porto Alegre.”
Professora Executora: Dra. Ana Luiza C. da Rocha
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
..................................................................................................................... 03
1a. -
PARTE
1. - CONSIDERAÇÕES SOBRE OS PROJETOS DE
PESQUISA EM QUE ATUO
1.1
- Considerações Sobre o Projeto Integrado CNPq (Prof ª Ana Luiza
C. da Rocha e
Cornelia Eckert) “Estudo Antropológico de Itinerários
Urbanos, Memória
Coletiva e Formas de Sociabilidade
no Meio Urbano
Contemporâneo.”
.......................................................................... 04
1.2
- Considerações Sobre o Projeto de Pesquisa “Antropologia do
Cotidiano e Estudo das Sociabilidades a
Partir das Feições dos
Medos e das Crises na Vida
Metropolitana.”
.......................................................... 06
1.3
- Considerações sobre o Projeto “Banco de Imagens de Porto Alegre”
...................... 09
1.4
- Construção de um Arranjo Documental Para Tratamento e
Ordenação dos Dados de Pesquisa Etnográfico e Imagético
.................................. 11
2a. - PARTE
2. - REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS QUE FUNDAMENTAM MINHAS ATIVIDADES DE PESQUISA
2.1 - As Tensões, Crises e Medos no
Contexto do Mundo Contemporâneo
Sob o Enfoque de uma Discussão da
Modernidade e da Pós-Modernidade............. 13
2.2 - A vida nas Cidades Pós-Modernas
e a Construção das Novas Formas
de Sociabilidades Urbanas
........................................................................................
16
2.3
- As Novas Tecnologias da Inteligência na Era das
Telecomunicações e da Informática,
Delineando as Inovações do Conhecimento por Simulação
Neste Final de Século
.................................................................................................
19
CONCLUSÃO ....................................................................................................................... 22
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
...................................................................................
24
INTRODUÇÃO
Inspirado pelos estudos e
pesquisas que desenvolvo junto ao projeto “Antropologia do Cotidiano e Estudo
das Sociabilidades a Partir das Feições dos Medos e das Crises na Vida
Metropolitana” [1],
na condição de bolsista de iniciação cientifica começo a introduzir este
trabalho destacando uma impressão pessoal sobre o I concurso de trabalhos do
IFCH. Esta impressão vai no sentido de entender o concurso como uma importante
proposta de formação e socialização dos graduandos do curso de ciência sociais
no processo de conhecimento e amadurecimento acadêmico. Considero que esse tipo
de atividade vem colaborar para o desenvolvimento das habilidades e
potencialidades dos alunos naquela atividade que é primordial para a sua
formação e qualificação profissional: a elaboração de reflexões a cerca de
temas de interesse da área das ciências sociais, com a produção de textos
científicos. Feitas estas considerações, passo a privilegiar a construção deste
trabalho e a sua organização estrutural.
Em um primeiro momento
dissertarei sobre os projetos de pesquisa nos quais atuo e sobre a experiência
de trabalho na construção de um arranjo documental para tratamento e ordenação
dos dados de pesquisa etnográfico e imagético. Nesta parte do artigo, o meu
objetivo é basicamente clarear a linha de pesquisa, informar os objetivos e
procedimentos de investigação antropológica e apresentar a estruturação dos
dados de pesquisa.
Em um segundo momento
tratarei das referencias bibliográficas que fundamentam minhas atividades de
pesquisa. A idéia é pontuar algumas reflexões que marcaram este primeiro
semestre de pesquisa, (97/I) sem, no entanto, buscar uma discussão exaustiva destas reflexões [2].
Para tanto, elejo alguns
autores que estão colaborando para as discussões empenhadas no bojo do projeto
de pesquisa no qual estou integrado, destacando aqueles pressupostos teóricos
que possuem uma relevância maior para o nosso estudo, sobre o meu ponto de
vista.
Na conclusão, tento
rearranjar todo o debate desenvolvido no artigo, a partir de algumas
considerações sobre a minha experiência pessoal no campo da documentação ,
destacando uma reflexão final em cima de pressupostos teóricos desenvolvidos
por dois importantes cientistas contemporâneos:
“O Artesanato Intelectual” e a “Tecnodemocracia”.
1. CONSIDERAÇÕES
SOBRE OS PROJETOS
DE PESQUISA NOS
QUAIS ATUO.
1.1.
Considerações Sobre o Projeto Integrado
CNPq (Profª. Ana Luiza
Rocha e
Cornelia Eckert) “Estudo Antropológico de Itinerários Urbanos,
Memória Coletiva e Formas de Sociabilidade no Meio Urbano Contemporâneo.”
“Nossa pesquisa propõe o estudo da
memória do quotidiano sob o enfoque da Cultura do Medo, face as situações de
crise e violência no mundo contemporâneo, integrado à perspectiva do resgate da
pluralidade e diversidade de memórias coletivas e da preservação do patrimônio
etnológico do mundo urbano segundo os diferentes sujeitos sociais, com vistas a
elaboração de ações culturais nas modernas cidades industriais que contemplem
os lugares da memória de seus habitantes.” [3]
Este projeto propõe
realizar um estudo da memória do quotidiano sob o enfoque das feições do
medo e de crise na vida urbana porto-alegrense. Esta investigação antropológica
visa assim “registrar e documentar o
teatro da vida social em acontecimento e refletir sobre o caráter ético e
estético de seus complexos culturais” [4], tendo em vista o estudo da memória do
cotidiano sob o enfoque da cultura do medo.
Para este trabalho
antropológico, os pesquisadores propõem a adoção “de novos paradigmas de
pesquisa etnográfica.” [5] Significa dizer que este estudo propõe
trabalhar não só com as formas clássicas da pesquisa etnográfica mas investigar
as imagens e iconografias que retraçam as transformações da paisagem da vida
urbana. Para registrar e documentar a memória do teatro da vida social dentro
deste universo imagético serão utilizados os recursos tecnológicos mais
avançados que dispomos, principalmente os informáticos, dentre eles os
softwares de digitalização e edição de imagens, de gerenciamento e tratamento
de dados e documentos, bem como aqueles relacionados a captação de imagens como
as câmaras de vídeo e câmaras
fotográficas digitais.
No que concerne ao campo
mais teórico deste estudo, ressaltaria
que realizar uma arqueologia através da imagem analógica e digital das formas
de se viver nas cidades contemporâneas é aqui apropriado como estratégia para
explicitar o processo de construção de conhecimento deste projeto. Explorar as
ambiências do vivido no cotidiano do meio urbano e analisar a Cultura do Medo e
as feições da crise são duas propostas de trabalho que representam os demais
eixos temáticos deste estudo antropológico.
É entendimento prévio dos
pesquisadores que “ o trabalho com a memória, seu registro e preservação
desdobram-se atualmente em muitas dimensões e direções ”.[6]
Em razão disso, propondo a contemplação científica de todas estas dimensões e
direções, surge o objetivo de implantar e consolidar um Banco de Imagens da Cidade de Porto
Alegre. Abordarei de uma forma mais detalhada a proposta da implantação deste
Banco de Imagens no próximo segmento deste trabalho.
Dentre os vários objetivos
deste projeto destacaria dois:
I - “Investigar a dinâmica
das interações e representações sociais na
e da cidade sob a perspectiva de suas
formas de vida social, visando a um repertório mais amplo das formas de
sociabilidade no meio urbano do Brasil e suas variações culturais;
II - Aprofundar uma reflexão
conjunta acerca das memórias coletivas e ações culturais no âmbito patrimonial
da cidade de Porto Alegre em sua interface com experiência de vida de seus
grupos urbanos face às crises, aos conflitos e às tensões do mundo contemporâneo.” [7]
A metodologia está dividida
em dois blocos, sendo que o primeiro envolve a coleta de dados através da
pesquisa etnográfica, utilizando a entrevista livre e biográfica, observação
direta e participante nos domicílios, nos bairros, na rua, praças, etc. estudo
de rede de relações sociais e seus territórios vividos, e estudo de narrativa e
de itinerários de grupos urbanos.
O segundo bloco envolve
métodos convencionais de registro, classificação e catalogação de conjuntos
documentais da cidade de Porto Alegre, integrando novas tecnologias não só como
forma de resgate de informação (através da informatização de um Banco de Dados
da Cidade configurado com imagens analógicas), mas como produção e criação de
memórias coletivas através da implantação de um Banco de Imagem e seus jogos
interativos (configurado a partir de imagens digitalizadas).
1.2 - Considerações Sobre
o Projeto de
Pesquisa “Antropologia do
Cotidiano e Estudo das Sociabilidades a Partir das Feições dos Medos e das
Crises na Vida Metropolitana.” [8]
“Uma das faces da crise da
sociedade em geral tem sido sistematicamente avaliada a partir da constatação
de uma crescente violência urbana com suas ressonâncias (...)
Este é, sem dúvida, um dos temas
na atualidade de maior repercussão e amplitude nas ciências sociais brasileiras
(...)
Os medos coletivos e as situações
de medo vividas não só expressas a partir de experiências individuais.
Percebe-se toda uma mudança nas formas de sociabilidade no dia a dia da cidade
que investiga-se como sendo esta força, esta dinâmica de reinventar o cotidiano,
numa ação que não nega a violência, a desordem, o medo, mas busca na
criatividade uma reordenação das ordens de significado.” [9]
Estas três frases supra
citadas dão, a meu ver, uma dimensão clara deste projeto de pesquisa por
traduzir, de uma forma sintética, os objetivos
deste estudo antropológico. Resgatando a construção teórica do próprio
projeto de pesquisa, poderíamos dizer
que o projeto propõe um estudo sobre “a noção do medo como ‘valor’ e a
presença de significados nas múltiplas formas de interagir e socializar-se,
presentes no viver num mundo urbano, apreendido, na representação dos
habitantes, como caótico, inseguro e ameaçador.” [10]
Dentro deste estudo, a
“Cultura do Medo” é um dos pontos centrais de análise e debate. Este termo foi
cunhado inicialmente por Luís Eduardo Soares, e sobre ele percebemos que é
necessário realizarmos algumas considerações.
De um modo geral, Soares vai defini-la como “a
tendência a homogeneizar as observações relativas a fenômenos associados à
violência.” [11]
Por estarmos dialogando com um pesquisador, antropólogo e cientista político,
que atua atualmente no Estado do Rio de Janeiro (IUPERJ e UERJ) é presumível
que percebamos a sua inserção no estudo desta cidade em especial, ao formular
as suas teorias sobre a Cultura do Medo. E é exatamente isso que ele elabora no
texto “Violência e Cultura do Medo no Rio de Janeiro” onde afirma que, a nível da cidade maravilhosa,
“Cultura do Medo é a tendência que se impõe, hoje, no Rio de Janeiro, de
associar todos os fenômenos que podemos qualificar, de alguma forma, como
violentos a um mesmo e único processo, cuja matriz, simbolicamente
compartilhada, seria a decadência da cidade.” [12]
As considerações de Soares
são aqui eficazes para tecer as diferenças existentes entre a Cultura do Medo e
a “evolução objetiva dos fenômenos deliquenciais e criminais, no estado e na
cidade do Rio de Janeiro.” [13]
O autor deixa claro que são dois processos diferenciados analiticamente.
Poderíamos ainda dizer que de um lado temos a Cultura do Medo, intimamente relacionada as formas de
percepção e de representação social da delinqüência, do crime, da violência,
dos delitos e dos riscos e de outro lado temos as práticas e os fenômenos que
podem ser identificados objetivamente como criminosos ou violentos, ou
criminosos e violentos. Esta é uma distinção que nos parece interessante e
necessária para o estudo da cultura do medo na cidade de Porto Alegre, proposta
neste projeto de pesquisa.
A base temática desta
pesquisa de fato trata do tema das feições do medo no contexto urbano
porto-alegrense, estudo que nos tem proporcionado desenvolver uma investigação
que trate da dinâmica do cotidiano dos habitantes desta cidade face aos
imperativos sociais que forjam novas formas de sociabilidade e novas
estratégias de relação com a cidade.
A “Cultura do Medo” é
forjada na imagem das feições da crise , onde a perda dos valores ético-morais,
os valores de ordem, de estabilidade social e econômica são uma constante. Esta
é uma realidade imponderável da vida na cidade marcada por uma crescente
violência urbana por um cenário de fome, miséria, pobreza, salários baixos,
dificuldades para sobreviver, crianças abandonadas nas ruas e falência do
sistema de saúde e de educação.
A vida urbana
porto-alegrense é assim pesquisada como um locus de novas sociabilidades neste
final de século, que refletem sentimentos de medo, insegurança, ansiedade e
solidão. Viver nesta cidade é conviver com todos estes sentimentos presentes
nos espaços públicos e nos espaços privados.
Pondera-se aqui sobre o
cotidiano desses sujeitos no meio urbano contemporâneo que assumem novas
atitudes, novos valores, em suma, passam por uma reordenação das suas ordens de
significados sociais e culturais, basicamente em função desta dinâmica
quotidiana que é palco de situações de violência e sentimento de medo e insegurança.
A construção do
individualismo, como opção de socialização, no processo sócio-histórico moderno
é uma das faces desta “era da Cultura do Medo”[14].
Existe, entretanto outras características especiais a estas sociedades
pós-modernas [15] e
suas sociabilidades, no que tange aos recursos que os indivíduos acessam, na
construção deste novo espaço e deste novo tempo.
Para conviver com os
sentimentos de violência e medo, os indivíduos recorrem a vários tipos de
equipamentos, serviços e procedimentos na tentativa de amenizar ou elaborar
estes sentimentos de medo e violência. Dentre eles, poderíamos destacar os
instrumentos materiais de contenção do medo e da insegurança como o uso de
armas, alarmes eletrônicos, muros, grades, etc. Alguns indivíduos recorrem aos
“Protetores Cotidianos” [16]
como os seguranças particulares, guardas de quarteirão, etc. e outros optam por
tratamentos psicanalíticos ou aos recursos mágicos e esotéricos. Não está
descartada a situação das pessoas optarem por mais de um destes recursos ou
mesmo a situação de optarem pela adesão à todos os dispositivos ao mesmo tempo.
Diante destes inúmeros
recursos ou dispositivos de segurança, e no processo de reconstrução das cidades urbanas
contemporâneas e mesmo no processo de reconstrução das sociabilidades nestas
mesmas cidades ocorre também uma redefinição e / ou reformulação na estética,
nos itinerários urbanos e na memória coletiva dos indivíduos.
Etnografar este contexto em
Porto Alegre vai dimensionando o viver num mundo urbano, apreendido, na
representação dos habitantes, como caótico, inseguro e ameaçador.
Metodologicamente, o método
etnográfico é utilizado como instrumento de investigação central frente ao
compromisso de reconstruir um sistema social no nível de experiências e / ou
vivências singulares assim como o sistema de representação dos grupos urbanos
diversos.
A investigação está sendo
realizada a partir da observação participante, entrevistas abertas e
levantamento de documentos variados (como dados estatísticos de órgãos
públicos, mapas, publicações relativos ao tema). Sendo que as técnicas
audiovisuais são tomadas como importantes instrumentos de pesquisa a serem
utilizados na coleta de dados no trabalho de campo.
1.3 -
Considerações Sobre o Projeto
“Banco de Imagens
de Porto Alegre” [17]
“A Complexidade da memória, para
além da lógica obsessiva do esquecimento, adquire nesta pesquisa, um sentido
novo : a formação de um Banco de Imagens da Cidade que permita ao usuário
formas mais integrativas, criativas e interativas de documentação e recuperação
do acervo documental da cidade de Porto Alegre, possibilitando-lhe novas
possibilidades de interpretação dos tempos e espaços sociais.” [18]
Trata-se de uma proposta de estruturação de documentação e de inventário dos dados de pesquisa etnográficos e imagéticos.
Propõe-se na fase de
divulgação dos dados, ordenados e analisados,
construir um Banco de Imagens Interativo, encerrando assim as formas
tradicionais de interação, acumulação e recuperação do suporte informacional. Trata-se
de conceber o patrimônio de registros históricos a partir das transformações
urbanas aqui instrumentalizadas pela digitalização de fotos, filmes, gravuras e
demais iconografias que retratam as transformações na cidade de Porto Alegre,
inaugurando uma nova forma de interação, acumulação e recuperação deste
patrimônio. Referindo de outra forma, poderíamos afirmar que “longe de se
adotar formas estáticas de apropriação e produção de conhecimentos, no âmbito
da preservação patrimonial, e a partir da ordenação criteriosa do conjunto
documental da cidade de Porto Alegre, este projeto (...) preocupa-se,
fundamentalmente, com formas interativas de participação e acesso do usuário de
um museu com as estruturas identitárias dos habitantes das grandes metrópoles
tendo como ‘fio condutor’ o inventário deste arranjo documental.” [19]
Vivemos a civilização da
imagem, com os recursos multimídias, redes de informação e comunicação
informatizadas, processos cognitivos digitais, etc. É dentro deste contexto que
precisamos abordar a proposta da implementação de um banco de imagens da cidade
onde vivemos. Assim, as tarefas de construção do arranjo documental e
arquivístico que desenvolvo, permite “abordar o patrimônio etnológico acumulado
que representa a cidade a partir de jogos de memória de seus habitantes,
integrando os recursos interativos de novas tecnologias as formas clássicas de
tratamento documentais de valor histórico, significa para este projeto um
desafio.” [20]
Dentre os objetivos,
destacaria dois:
“Realizar o estudo dos
itinerários urbanos e formas de vida social na cidade como forma de recuperação
e resgate de informações do patrimônio etnológico da cidade de Porto Alegre,
tendo como objeto de investigação formas interativas de registro, de documentação,
de apropriação e produção de seus documentais, em seus suportes diversos;” [21]
“Criar, com base nos jogos
da memória da quotidianidade de seus habitantes, um Banco de Imagens da cidade
de Porto Alegre que testemunhe a cadeia dos ritmos, dos gestos, dos movimentos
e das intenções de seus habitantes que investe no resgate da herança patrimonial
de Porto Alegre, e de suas produções culturais coletivas.” [22]
Quanto a operacionalização desta pesquisa, estão sendo
inventariadas coleções videográficas e fotográficas da cidade de Porto Alegre,
implementando o tratamento técnico de
tais coleções reencenadas no Banco de Imagens da Cidade. Este tratamento
técnico é dado com a utilização de recursos de informática no processo de
seleção, catalogação, indexação, e recuperação dos documentos, bem como no
tratamento, digitalização e edição das imagens (fotos, vídeos,
iconografias, gravuras, etc.)
1.4 - Construção de um Arranjo Documental Para Tratamento e Ordenação dos
Dados de Pesquisa Etnográfico e Imagético.
“Mantendo-se um arquivo adequado, e com isso desenvolvendo hábitos de
auto-reflexão, aprendemos a manter nosso mundo interior desperto.” [23]
A tarefa de trabalhar na
construção de um arranjo documental para o Banco de Dados e o Banco de Imagens,
que começou a ser construído a partir
das pesquisas etnográficas e imagéticas, foi uma atividade complexa e laboriosa.
Foi necessário realizar muitas pesquisas bibliográficas e várias tentativas de construção de
pré-arranjos até se alcançar aqueles procedimentos que julgamos os mais
adequados para as nossas necessidades de trabalho. A ausência de um
profissional da área da biblioteconomia foi remediada pelo intenso empenho de
uma equipe de trabalho interdisciplinar
e pelas colaborações voluntárias e prestimosas dos profissionais da Biblioteca Setorial do
Instituto de Filosofia e Ciências Humanas.[24]
A inserção no campo da
documentação e arquivamento foi facilitada e ampliada pelo domínio das noções básicas de
informática, em especial dos sistemas operacionais Windows 95 e Windows 3.11,
das quais nós já dispúnhamos antes do início do trabalho de pesquisa. Os
conhecimentos do campo da informação
digital (escrita e imagética) vieram a posteriori e, somando-se ao que já
dispúnhamos, nos permitiram um
entendimento mais elaborado sobre a atualidade da discussão da documentação na
era da informática.[25]
Com base nestes estudos, dispomos hoje de uma condição teórica-metodológica
ampliada para atuar como cientistas
sociais integrados neste contexto das mídias eletrônicas, das relações virtuais
e da comunicação on-line / via digital (digitalização de documentos textuais e
iconográficos colocados em redes interativas) [26].
Nas páginas que segue,
demonstro, sinteticamente e esquematicamente, alguns resultados do nosso
trabalho na construção de um arranjo documental para tratamento de dados de
pesquisa etnográfica e imagética.[27] A atuação como bolsista de iniciação
científica aqui relatada, particularmente em relação à construção do arranjo
documental, me motivou a tecer algumas reflexões teóricas-metodológicas que
descrevo nos tópicos que dão a seqüência a este artigo.
ARRANJO
DOCUMENTAL - BANCO
DE DADOS -
1 PERIÓDICOS
- REVISTA
1 PERIÓDICOS
- BOLETIM
1 TEXTOS
XEROX
1 JORNAIS
1 JORNAIS
ZERO HORA
1 JORNAIS
ZERO HORA - 1989
1 JORNAIS ZERO
HORA - 1990
1 JORNAIS ZERO
HORA - 1991
1 JORNAIS ZERO
HORA - 1992
1 JORNAIS ZERO
HORA - 1993
1 JORNAIS ZERO
HORA - 1994
1 JORNAIS ZERO
HORA - 1995
1 JORNAIS ZERO
HORA - 1996
1 JORNAIS ZERO
HORA - 1997
1
JORNAIS ZERO HORA - 1997/1
1
JORNAIS ZERO HORA - 1997/2
1
JORNAIS ZERO HORA - 1997/3
1
JORNAIS ZERO HORA - 1997/4
1 JORNAL
JÁ BOM FIM
1 JORNAL
DO PARTIDO DA
CAUSA OPERÁRIA
1 JORNAL
FOLHA DE SÃO
PAULO
1 JORNAL
DIÁRIO DO SUL
1 JORNAL
CORREIO DO POVO
1 FOLDERS
1 RELATÓRIOS / REUNIÕES
1 ANEXOS
1 MATERIAL ESTATÍSTICO
1 FICHAMENTOS
1 MATERIAL GRÁFICO
1 PANFLETOS
ARRANJO
DOCUMENTAL DEMONSTRATIVO - BANCO
DE IMAGENS -
Princípio de Organização: Sistema de Pastas e
Subpastas
Segundo Don M. Avedon em “Discos Ópticos e Imagens
Eletrônicas”
Publicação do Centro Nacional de Desenvolvimento do
Gerenciamento de Informação - CENADEM
RECUPERAÇÃO: de forma direta - Explorer (Windows 95)
1CENTRO
1 AV. MAUÁ
1 RUA DOS ANDRADAS
1 CASAS COMERCIAIS
1 CASA BROCKMANN
1 BARES E CAFÉS
1 CAFÉ GUARANY
1 OCUPAÇÕES URBANAS
1 ACENDEDOR DE LAMPIÃO
1ENGRAXATE
1 CARROCEIRO
1 VENDEDOR AMBULANTE
1 RUA DUQUE DE CAXIAS
1ZONA NORTE
1 BAIRRO ANCHIETA
1 AV. FARRAPOS
1 AV. SERTÓRIO
1 BAIRRO RUBEM BERTA
1 BECO DOS MAIAS
1 AV. GAMAL ABDELNASSER
1 RUA CAETANO LA PORTA
1 ZONA SUL
1 BAIRRO TRISTEZA
1 TRANSPORTES
1 VIA FÉRREA DA TRISTEZA
2. Referências
BIBLIOGRÁFICAS QUE FUNDAMENTAM MINHAS ATIVIDADES DE PESQUISA.
2.1 - As Tensões, Crises e Medos no Contexto do
Mundo Contemporâneo Sob o Enfoque de uma Discussão da Modernidade e
da Pós-Modernidade.
“O Problema do antropólogo (...)
seria ir além da percepção das diferenças e mesmo dos conflitos para captar a
lógica que define a especificidade da experiência de um sistema cultural
particular.” [28]
“Cada qual vê o que está em seu próprio coração.” [29]
A expressão pós-modernidade é muito utilizada
no meio acadêmico, porém, muitas vezes ela apenas reproduz uma concepção que
não vai muito além de princípios elaborados ao nível do senso comum. Na
ansiedade de referir um novo tempo da humanidade, os cientistas propõem
diversas formas denominativas para referir ou trabalhar teoricamente com esta
contemporaneidade, fato que pode confundir os iniciados das ciências
sociais. Tentando entrar um pouco nesta
discussão, e trabalhando, paralelamente, alguns aspectos do contexto social
contemporâneo, proponho uma primeira
reflexão sobre as tensões, crises e
medos no contexto do mundo contemporâneo sob o enfoque de uma discussão da
modernidade e da pós-modernidade.
Referimos que estamos
estudando as cidades urbanas, inseridas em sociedades contemporâneas modernas
com características muito específicas, em especial no que se diz respeito as
feições do medo, da crise e da violência. Portanto, a minha preocupação neste
momento é abordar algumas concepções teóricas que debatem as noções de moderno e pós-moderno , com base
em alguns autores que discutem o tema.
Mike Featherstone debruçado
sobre o tema da Cultura de Consumo, traz uma importante contribuição para as
concepções a cerca das noções de modernidade e pós-modernidade, pois dedica
todo o capitulo 1 ( Moderno e Pós-Moderno : Definições e Interpretações
) do livro “Cultura de Consumo e Pós-modernismo” para este debate.
Inicialmente, Featherstone
recorre a um dicionário [30]
para buscar uma definição mais genérica do termo “Pós-Modernismo”. A
denominação lá encontrada - “essa
palavra não tem sentido; use-a sempre que for possível” [31]
- já vai adiantando alguns aspectos da concepção do próprio autor sobre esta
discussão.
Em seguida, Featherstone
passa a trabalhar com denominações de
vários autores que inserem-se na análise deste tema, tecendo algumas
considerações a respeito da denominação do termo “pós-moderno”. Entre eles,
Palmer (1977), Pawley(1986), Gott (1986), Lyotard, Baudrillard, Clifford,
Tyler, Marcus, Denzin e outros tantos.
Mike vai mencionar que existem muitos outros autores que poderiam ser incluídos
nesta lista, sem desconsiderar outros tantos que “trabalham e escrevem sem notar a existência
do termo ” [32].
Diante das inúmeras
denominações levantadas pelo autor nesta obra, elegerei duas para destacar
neste artigo, Fredric Jameson e Pawley. Uma
fomenta o debate, discutindo-o, elaborando-o e relaboorando-o e outra
denominação, ao contrário, tenta dá-lo por encerrado, desconsiderando-o,
negando-o ou negligenciando-o.
Fredric Jameson vai dizer
que “pós-modernismo é o dominante cultural ou a lógica cultural da terceira
grande etapa do capitalismo - o capitalismo tardio - cuja origem esta na era posterior à segunda Guerra Mundial” [33].
Pawley vai dizer que “os
teóricos atuais, pagos para observar o mundo a partir de seus estudos
livrescos, nas universidades e politécnicas, são obrigados a inventar
movimentos porque suas carreiras profissionais - assim como a dos mineiros e
pescadores - dependem disso.” [34]
Sem entrar nesta polemica
dicotômica , gostaria de ressaltar a orientação que elegi como a mais adequada
para me orientar sobre os limites do moderno e do pós-moderno, na realização
dos meus trabalhos e escritos. Esta orientação vem de uma obra despretensiosa
de Jair Ferreira dos Santos [35]
que menciono dado o seu viés extremamente didático e simplificado (no sentido
de introdutório) ao abordar o tema.
Assim Santos vai definir o
pós-modernismo:
“Pós-Modernismo é o nome aplicado
as mudanças ocorridas nas ciências , nas artes e nas sociedades avançadas desde
1950, quando, por convenção, se encerra o modernismo (1900 - 1950). Ele nasce
com a arquitetura e a computação nos
anos 50. Toma corpo com a arte pop nos anos 60. Cresce ao entrar pela
filosofia, durante os 70, como crítica da cultura ocidental. E amadurece hoje,
alastrando-se na moda, no cinema, na música e no cotidiano programado pela
tecnociência (ciência + tecnologia
invadindo o cotidiano com desde alimentos processados até microcomputadores),
sem que ninguém saiba se é decadência ou renascimento cultural”. [36]
Este trecho me parece
interessante, pois menciona claramente a idéia de “convenção” para definir as
fronteiras do moderno e pós-moderno. Ou seja, convencionou-se denominar de
moderno o período X da história da humanidade e de pós-moderno o período Y.
Este pressuposto teórico nos remete ao entendimento que as fronteiras entre os
dois períodos históricos são muito tênues, uma vez que cada cientista vai optar
pur adotar esta convenção, não adotá-la, propondo uma outra convenção, ou
simplesmente não aterrizar nesta discussão, desconsiderando qualquer tipo de
delimitação.
No livro como um todo, o
autor trabalha todos os contornos e as respostas mais solicitadas pelos
pesquisadores acerca do debate do modernismo e do pós-modernismo. Destacaria a
temática do Niilismo, [37]
a desvalorização dos valores supremos e o desencanto pela vida que nos remete
aos problemas sociais contemporâneos como a uma neurose urbana, insegurança
psicológica, crise econômica, enfim são os fantasmas alarmantes fabricados,
segundo o autor, pela própria sociedade. Temos então um contexto onde
pós-modernismo está associado à decadência das grandes idéias, valores e
instituições ocidentais : Deus, Ser, Razão, Sentido, Verdade, Totalidade,
Ciência, Sujeito, Consciência, Produção, Estado, Revolução, Família, etc.
No final do livro, Santos sugere uma
bibliografia de referência para os interessados em avançar nesta discussão que
permeia todas as ciências contemporâneas, em especial as ciências humanas.
2.2 - A Vida nas Cidades Pós-Modernas e a Construção
das Novas Formas de Sociabilidades Urbanas.
“Não é mais necessário deixar a
casa, entrar na fila e se instalar em meio a estranhos para viver uma
experiência comunitária, ou seja, social”. Wim Wender[38]
Acabamos de discutir algumas
concepções teóricas sobre a noção temporal modernidade e pós-modernidade, proponho agora a reflexão sobre as cidades
que se originaram desta lógica do tempo pós-moderno e das novas sociabilidades
que estão sendo elaboradas neste novo contexto social.
Para esta reflexão, chamaria
algumas elaborações, quase poéticas, que Wim Wenders constroe no artigo “A paisagem urbana”, publicado em “La Verité, Des Images, Paris,
L` Arche , 1992. Trata-se de um cineasta
falando da cidade de uma forma muito antropológica e arqueológica. No final do
artigo, no qual privilegia o debate da imagem, enquanto elemento de uma nova
lógica e de uma nova estética urbana, fazendo analogias com o seu campo de
atuação profissional, o cinema, Wenders afirma:
“Em muitas cidades não se pode
mais tocar a terra, nem sentir a pedra. Se pusesse um aborígine numa dessas
cidades, ele morreria. As cidades estão lotadas, elas varreram o essencial,
elas ficaram vazias. Por outro lado, o
deserto e tão vazio que está
completamente pleno do essencial.” [39]
O artigo, no seu todo, é muito interessante,
especialmente pelo seu viés antropológico, mas centrando sobre estas poucas
frases, já e possível perceber a contemporaneidade e a cientificidade das
reflexos deste importante cineasta sobre as cidades urbanas contemporâneas.
O distanciamento dos
indivíduos de seus ambientes, até então, naturais - não se pode mais tocar a terra, nem sentir
a pedra - e a conseqüente inserção em novos ambientes (cidades urbanas) com
outras formas, cores, texturas e natureza é uma tendência da
pós-modernidade.
A mudança do locus de
sociabilidade e interatividade com o meio ambiente nos remetem à formação das
novas texturas sociais (onde temos as cidades lotadas de pessoas e vazias de
subjetividade como afirma Wenders) onde está sendo encenado [40]
(e, posteriormente reencenado) o
contexto social das cidades urbanas, a exemplo de Porto Alegre, universo da
nossa pesquisa, onde observamos que as
feições do medo e das crises e as sociabilidades urbanas estão mostrando que o
“viver na cidade infere sobre formas culturais dinamizadas igualmente por
sentimentos de medo, insegurança, solidão, mapeando a cidade como um grande
depositário de vítimas de um contexto urbano ameaçado pelas crises, violência,
fragmentações, esquecimentos, etc.” [41].
Dentre os inúmeros tipos e
contornos do medo pós-moderno, estão os medos vivenciado pelas pessoas, em
função da simples condição de atores sociais do novo locus urbano
contemporâneo, as metrópoles ou cidades urbanas de grande porte. Dentre eles, “O Medo do Medo” [42]
(Rossi, 1995) que está relacionado com estados de ansiedade, fobias e pânico, podendo ser de origem associativa a
lugares e situações que produzem medo ou aprendido através de experiências
pessoais; Ou ainda, medo de não poder mais tocar a terra, medo de não poder
mais sentir a pedra, ou ainda medo de
não dispor de uma quantidade suficiente de água potável para saciar a sua sede,
ou mesmo, o medo, mais tragicamente pensado,
de não dispor de oxigênio em quantidade e qualidade suficiente par a
perpetuação da espécie humana, dado o avanço da degradação do ar e do meio
ambiente que atemoriza as grandes cidades urbanas. São medos colocados dentro de um campo da pós-modernidade que conhecemos como
tecnociência [43]
que já foi aqui referido anteriormente.
Campo de intervenção
cientifica capaz de, por vezes, contabilizar, esclarecer ou diminuir estes
medos, apresentando sugestões e alternativas práticas para os problemas,
duvidas e incertezas deste novo mundo (mundo pós-moderno), a tecnociência pode
trabalhar para um efeito contrário a este. Ou seja, a mesma tecnociência é
capaz de fomentar estes mesmo medos, através da divulgação de estudos
incipientes ou inacabados, ou ainda mal intencionados que acabam por
reproduzir, aumentar e propagar os medos, apreensões e ansiedades coletivos
contemporâneos. Basicamente, poderíamos afirmar que estes aspectos do
reordenamento do capital científico são produzidos, entre outros motivos, pelo
fato de que “a tecnociência não visa mais a conhecer o real, espelhando-o em
números e leis, mas atende antes a acelerar informações para a indústria e os
serviços produzirem novas realidades a um ritmo mais rápido e a um custo mais
baixo.” [44]
Sobre um outro aspecto,
neste artigo de Wenders encontramos uma outra discussão que é central para o
estudo e análise da nossa
contemporaneidade. Refiro-me a tendência pós-moderna de privilegiar o imagético em detrimento do físico ou real.
Jair Ferreira dos Santos [45]
sugere um exemplo bem interresante para este debate do simulacro (simulações
através de imagens e / ou recursos informáticos) como uma forte tendência
social da pós-modernidade. O autor cita o caso de Roberto Close / Luís Roberto:
“Mas recentemente fulgurou na
Belindia uma verdadeira diva pós-moderna: o travesti Roberta Close. Pôr que pós
moderna? Primeiro porque ela, para nos, é informação: só passou a existir
depois de produzida pelo mass media. Depois, porque ela é um ardil bem sucedido
de simulação: a bioestética, com o silicone, fez dela uma hipermulher (repare
como close, um simulacro, é mais mulher que as mulheres), e o referente Luís
Roberto dançou.” [46]
Voltando ao Wenders,
profissional da área da imagem, é interessante ressaltar a forma como ele
mapeia a evolução desta escalada da imagem a partir da invenção da fotografia.
A invenção da fotografia
inaugura uma nova era da relação entre a realidade e a sua representação, pois a partir de
então, temos a “realidade de segunda mão.” [47]
Em um segundo momento, “as imagens fotográficas apreenderam a andar” [48]
e surgia então o filme, imagem em movimento. Trinta ou quarenta anos mais tarde
o filme e a fotografia ganhavam um forte concorrente, a imagem eletrônica, ou
seja, a televisão (Visão a distância).
“A televisão instaurou ao mesmo
tempo uma proximidade e uma distância. Suas imagens eram frias, menos emotivas
que as do cinema; e além disso ela nos afastou da idéia de que uma imagem
pudesse possuir uma ligação direta com a ‘realidade’. Não há mais uma ‘imagem
única’, um negativo único, como no procedimento fotográfico.” [49]
Para esta discussão de
realidade e virtualidade, os limites do real e do virtual, Pierre Lévy (1996)
traz significativas contribuições. Em “O Que é o Virtual ? ”, Lévy tematiza o
que denomina de “um movimento geral de virtualização”, onde debate com autores
como Jean Baudrillard e Paul Virílio sobre as tendências possíveis deste
movimento de virtualização. Para este artigo, no entanto, gostaria de centrar
sobre a denominação de Virtual trabalhada por
Lévy no capítulo 1 - “O Que é Virtualização” (Lévy, 1996).
O autor destaca o perigo das
armadilhas de noções de senso comum, ao delimitarmos o real do virtual,
salietando que a palavra Virtual vem do latim medieval “Virtualis”, derivada
por sua vez de “Virtus” que significa força e potência.
“Na filosofia escolástica, é
virtual o que existe em potência e não em ato. O virtual tende a atualizar-se,
sem ter passado, no entanto à concretização efetiva ou formal. A árvore está
virtualmente presente na semente. Em termos rigorosamente filosóficos, o
virtual não se opõe ao real mas ao atual: virtualidade e atualidade são apenas
duas maneiras de ser diferentes.” [50]
Realizadas estas breves
reflexões a cerca das cidades e das sociabilidades contemporâneas, universo de
estudo do projeto de pesquisa no qual estou inserido, passarei a contemplar uma outra dimensão
deste novo locus urbano, a construção do conhecimento e a interatividade homem
/ informação na cultura imagética digital. Dessa forma, encaminho este artigo para a sua parte
final onde tento elaborar algumas
reflexões sobre a parte da pesquisa antropológica na qual estou mais envolvido
neste momento: a construção de Bancos de Dados e Banco de Imagens.
2.3 - As Novas Tecnologias da Inteligência na Era
das Telecomunicações e da Informática,
Delineando as Inovações do Conhecimento Por Simulação
Neste Final de Século.
“ Novas maneiras de pensar e
conviver estão sendo elaboradas no mundo das telecomunicações e da informática.
As relações entre os homens, o trabalho, a própria inteligência dependem, na
verdade, da metamorfose incessante de dispositivos informacionais de todos os
tipos. Escrita, leitura, visão, audição, criação, aprendizagem são capturados
por uma informática cada vez mais avançada. Não se pode mais conceber a
pesquisa científica sem uma aparelhagem complexa que distribui as antigas
divisões entre experiência e teoria. Emerge, neste final de século XX, um
conhecimento por simulação que os epistemologistas ainda não inventariam.” [51]
Esta afirmação de Pierre
Lévy abre a análise que ele realiza em “As tecnologias da Inteligência - O
Futuro do Pensamento na Era da Informática” sobre o que tem chamado de um novo
tipo de conhecimento por simulação, característico deste final de século. Por
entender que a proposta de se trabalhar com Bancos de Dados e Banco de Imagens
Informaticionalizados [52],
inserida no estudo antropológico aqui mencionado, suscita um debate sobre as
novas concepções do universo da construção do conhecimento, dedico esta última
parte do artigo ao ensaio de algumas reflexões sobre este tema.
A simulação realizada a
partir de recursos tecnológicos avançados, em especial os informáticos e os
microeletrônicos, como laboratório para experimentos diversos, está presente
em, praticamente, todas as ciências contemporâneas e também nas sociedades pós-modernas
como um todo.
Para referir dois exemplos,
dentre os inúmeros existentes, destacaria, a nível cientifico, os experimentos
da Agência Espacial Norte-Americana (NASA) dentro do projeto de exploração do
planeta Marte, realizado recentemente [53].
Para um exemplo ao nível das sociedades não científicas, trabalharei com um
caso típico da indústria do lazer pós-moderno, o “Tamagotchi” [54].
A agencia espacial mais
desenvolvida do mundo (tecnologicamente),
NASA, vem realizando grandes esforços científicos no sentido de explorar
o desconhecido ambiente planetário extraterrestre. Desta vez o alvo dos estudos
da NASA é o planeta Marte, mais especificamente o local denominado de Ares
Vallis, e o objetivo central é conhecer a sua geologia e o seu clima. Para
operacionalizar este projeto, foi enviado ao planeta vermelho uma sonda
interespacial, Mars Pathfinder, e um
robô, Sojourner, para realizar a tarefa de recolher amostras do ambiente
geológico e climático e gerar imagens do planeta Marte para que os estudos
deste material fossem realizados posteriormente na terra. Segundo a subdiretora
científica desta missão espacial, Kathleen Spellman, todo os movimentos realizados
em Marte pela sonda espacial e pelo robô foram testados milimetricamente e
simulados incansavelmente de uma maneira
prévia nos laboratórios da NASA, a fim
de testar as manobras, trajetórias e procedimentos técnicos adotados na missão.
A necessidade desta simulação é definida como um procedimento científico
necessário em uma missão de tamanha envergadura, pois esta em jogo vários
milhões de dólares, onde nada pode dar errado.
A indústria do lazer, juntamente com a dos
serviços e da informação, é o setor industrial que mais cresce no mundo,
antagonicamente ao que se observou em outros momentos da história onde setores
como a indústria siderúrgica e metalúrgica eram os setores mais fortes
economicamente. Surgiram então uma infinidade de jogos e atividades de
entretenimento eletrônicos e informáticos como os videogames de última geração,
simuladores, CD’s com jogos interativos, etc. Dentre estes brinquedo
pós-modernos, destaco o “Tamagotchi” [55],
pois em torno dele surgiu, recentemente, uma polêmica pedagógica entre alguns
educadores gaúchos da cidade de Porto Alegre.
Este novo brinquedo
eletrônico, chamado de mascote virtual, causou desconforto e irritação para
alguns pais e professores que passaram a não permitir o seu ingresso e adoção
em seus lares e escolas. As afirmações dos professores vão no sentido de que o
brinquedo perturba, incomoda e desestabiliza o ambiente da sala de aula,
portanto ele não deve ser inserido nas atividades do processo de ensino e
aprendizagem. “Esse bichinho estava ficando inconveniente” afirma o
vice-diretor do Colégio Farroupilha de Porto Alegre, Alvino Brauner, em
entrevista ao Jornal Zero Hora [56].
Já os pais estão preocupados com o que alguns chamam de transferência de
afetividade imposta pelo bichinho 24 horas, mas, demonstrando maior
flexibilidade que os professores, dizem
não ter coragem de deletar a nova mania e decretar o extermínio do novo membro
da casa.
A professora e pesquisadora
Léa Fagundes, [57]
estudiosa dos processos cognitivos, vai discordar destes professores que
proibiram a entrada do Tamagotchi em salas de aula. Afirmando que só os
professores tradicionais tomariam tal atitude, ela ressalta:
“Até agora, a tecnologia vinha
servindo a uma extensão dos poderes mecânicos do homem, pôr exemplo, de seus
barcos (Máquinas de lavar roupas), de seus olhos (um telescópio) etc. Mas com a
tecnologia da informática temos a expansão da inteligência. Isso amedronta
aqueles que tem de ensinar as novas gerações. Pôr que não usar o bichinho
virtual para enriquecer o ambiente da aprendizagem ? Os alunos podem observar e fazer registros de
diferentes comportamentos (atenção concentrada e uso da palavra escrita),
observar comportamentos de outros seres (como insetos, peixes, minhocas,
mamíferos de pequeno porte), estudar suas reações e compará-las, tratar desses
seres, descobrir quem são, como vivem, que necessidades tem, como satisfazê-las
(...) ” [58]
Dentro desta discussão das
novas formas de se construir o conhecimento, existem dois grupos de pensadores
que representam duas posições radicalmente opostas sobre o tema. Existem alguns
que apontam para a idéia de que a construção
do conhecimento não mudou (e não
mudará) assim tão drasticamente, uma vez
que uma trajetória de 4.000 anos de cultura escrita não será abalada por pouco
mais de 4 décadas de cultura digital (Cattelan, 1997). Existe um outro grupo
que vai afirmar o que conta é a imagem (Costa, 1994), ou seja, essa concepção
teoriza que o homem sempre conceituou através da imagem e não de dígitos ou
textos. Entendem que uma imagem pode também conter significados próprios do
contexto ou indicar intenções, expressões e encenações subjetivas para as quais
seriam necessários longos textos, existem também aspectos socio-culturais
impossíveis de serem representados por texto ou de forma binária, além dos
aspectos individuais de conceitos, pré-conceito e nível educacional. Não
militarei em defesa de nenhuma delas, apenas destacaria a minha disposição de
entender este debate como a afirmação da necessidade de começarmos a pensar
sobre uma “Ecologia Cognitiva” (Lévy, 1996).
Mapeado todo este contexto,
das concepções da modernidade e da pós-modernidade, da abordagem sobre a vida
nas cidades e a construção de novas formas de sociabilidades contemporâneas e
das novas tecnologias da inteligência na era das telecomunicações e da informática,
me parece que a proposta desta investigação antropológica colocada em prática
pelo projeto de pesquisa do qual faço parte, enfatiza estas novas concepções a
cerca da construção do conhecimento, propondo estudá-las e etnografá-las.
Destacaria ainda a proposta de estudar as formas de se apropriar, de interagir,
de armazenar e recuperar um imenso universo documental que não para de crescer
e influir a vida urbana contemporânea, como ponto de partida para as pesquisas
que realizei a fim de construir um arranjo documental do Banco de Dados e do
Banco de Imagens da Cidade de Porto Alegre.
CONCLUSÃO
“Muitas vezes, se não existe uma
tecnologia, começam a surgir certas idéias. Por exemplo, se Thomas Edson não
tivesse inventado a lâmpada elétrica, as empresas provavelmente nem poderiam
pensar em trabalho noturno.” [59]
“O Maior ‘gargalo’ na operação da
maioria dos negócios está no manuseio de papéis (...) Toddies contêm
Informações que precisam ser extensivamente processadas manualmente.” [60]
A documentação é uma
atividade que o homem executa a muito tempo? Se considerarmos a “Classificação Filosófica de
Aristóteles” [61]
como um marco referencial para inferirmos este tempo, estaremos nos reportando
aos anos de 340 a 330 a . C. Alguns autores sinalizam antagonicamente,
defendendo que a documentação é uma técnica de nossos dias e sua aparição é tão recente que o próprio
nome é discutido, já que nem todos o aceitam (LA VEJA, Lasso de.).
Segundo os meus estudos, a
palavra “Documentação” começou a ser empregada desde quando o Instituto
Internacional de Bibliografia a propôs em lugar de “Bibliografia”, devido ao
aparecimento de documentos que não são livros: fotocopiados, microfilmados, microfichados,
xerocados, compilados por computador, registrados e arquivados por meios
mecânicos, elétricos e eletrônicos de seleção, reprodução e transmissão.
Abordando duas questões
neste contexto da documentação, arquivamento e tratamento de informações,
finalizo as elaborações que compõe este trabalho. A primeira é articulada com
um sociólogo, Mills, e a segunda com um antropólogo, Lévy.
A minha leitura do apêndice
do livro “A Imaginação Sociológica”[62]
de Wright Mills - Do Artesanato Intelectual - veio a subsidiar teoricamente e
reafirmar uma tendência pessoal pelo trabalho com documentos (em especial
Jornais, Livros e Revistas), visando a sua organização, armazenamento e
recuperação, que já existia anteriormente a minha inserção neste projeto de
pesquisa aqui mencionado. A informática dinamizou este projeto pessoal de,
enquanto cientista social, manter o meu acervo particular em condições
adequadas de trabalho (no que concerne a sua conservação, organização,
catalogação, indexação e recuperação) e a minha inserção neste estudo
antropológico veio a alimentar e profissionalizar este trabalho que agora
acontece de forma mais elaborada, sistematizada e instrumentalizada (tanto no
meu acervo pessoal como no Banco de Dados e Banco de Imagens da Cidade de Porto
Alegre, acervados no Núcleo de Pesquisa Sobre Culturas Contemporâneas, NUPECs e
no Núcleo de Antropologia Visual, NAVISUAL).
A metáfora utilizada por
Mills é muito interessante, pois estou convencido de que o cientista social,
seja ele sociólogo, cientista político ou antropólogo, é realmente um artesão
intelectual [63].
No nosso caso, trabalhando com base de dados informatizados e imagens
digitalizadas, estes procedimentos precisam ser adaptados e rearranjados para
o contexto atual de intervenção
científica com o qual trabalhamos. Mesmo assim, acredito que os princípios
teóricos básicos demonstrados nesta obra deveriam ser de conhecimento de todos
aqueles cientistas sociais que ainda não foram motivados para empenhar esta
reengenharia intelectual.
O Tratamento da informação
pela informática trouxe um novo cenário para a documentação neste final de
século, o groupware. “O groupware talvez tenha inaugurado uma nova geometria da
comunicação” (Lévy. 1996, p.67), pois o debate se dirige para a construção
progressiva de uma rede de argumentação e documentação que está sempre presente
aos olhos da comunidade virtual, podendo ser manipulada a qualquer momento por
qualquer internauta. Nestes casos, temos
os hipertextos [64]
rolando da tela dos microcomputadores que
auxiliam a inteligência cooperativa, garantindo o desdobramento da rede
de questões, posições e argumentos, ao
invés de valorizar os discursos das pessoas tomados como um todo. Ou seja, a
representação hipertextual faz romper a estrutura das argumentações e
contra-argumentações e assim, segundo o meu entendimento, no espaço virtual das
redes eletrônicas, inicia-se o sepultamento da dialética tradicional na forma como a concebemos hoje.[65]
Chamo a “Tecnodemocracia” de
Lévy a participar do encerramento deste artigo, pois entendo que “a técnica em
geral não é nem boa, nem má, nem neutra, nem necessária, nem invencível. É uma
dimensão, recortada pela mente, de um devir coletivo heterogêneo e complexo na
cidade do mundo.” [66]
O conhecimento deste pressuposto é a chave de ingresso neste novo contexto
social, o tecnodemocrático que análogo a própria técnica, também não é nem bom,
nem ruim, melhor ou pior do que a sociodemocracia, pilar da reordenação do
edifico das memórias coletivas (JEUDY, 1995) que funda a tecnodemocracia.[67]
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Ópticos e Imagens Eletrônicas - Conceitos e Tecnologia. São Paulo: Centro
Nacional de Desenvolvimento do Gerenciamento da Informação (CENADEM), 1991.
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Introdução à Digitalização de Documentos. Mimiog. Apostila. Porto Alegre, 1997.
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Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal do Rio Grande
do Sul, 1997.
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de Consumo e Pós-Modernismo. São Paulo: Studio Nobel, 1995.
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Inclusive Você. 4a. ed. Porto
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10.JEUDY, Henri-Pierre.
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12.LÉVY, Pierre. As Tecnologias
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13.-------, ------. O Que é
Virtual ? São Paulo: Ed. 34, 1996.
14.LOUREIROS, Marcos Dantas.
Terá Marx Algo a Dizer Sobre a Informatização da Sociedade ? In. XXIV Congresso Nacional de Informática,
1991, São Paulo. Anais. S. P. SUCESU, 1991. p. 03-11.
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360 Graus. Zero Hora, Porto Alegre, 27 jul. 1997.
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Banco de Imagens da Cidade de Porto Alegre. Porto Alegre: UFRGS, 1997. Projeto
de Pesquisa CNPq, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, 1997.
18.SALOMON, Délcio Vieira. Como
Fazer Uma Monografia. São Paulo : Martins Fontes, 1991.
19.SANTOS, Jair Ferreira dos. O
Que é Pós-Moderno. São Paulo: Brasiliense, 1991.
20.SOARES, Luiz Eduardo.
Violência e Cultura do Medo no Rio de Janeiro. Mimiog. Palestra.
21.VELHO, Gilberto. O Desafio
da Cidade. Rio de Janeiro: Campus, 1980.
22.WENDERS, Wim. A Paisagem
Urbana. La Verité des Images. Paris, L’Arche, 1992. In. Revista do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional.
23.WOLK, Sue. Panorama Mundial do
Processamento Eletrônico de Imagens de Documentos - O Presente e o Futuro. In. INFOIMAGEM - 94 (Latin American Document Imaging Conference &
Show), 1994, São Paulo. Anais. S. P. ,1994. p. 01-13
[1] Projeto
CNPq coordenado pela Professora Dra. Cornelia Eckert
[2] O não
aprofundamento deste debate acontece por uma razão básicas: o pouco tempo de
envolvimento com o projeto (apenas um semestre). Este período é, ao meu ver,
insuficiente para uma elaboração mais aprofundada deste universo de pesquisa e
debate.
[3] ECKERT,
Cornelia, ROCHA, Ana Luiza C. da (1997,
p. 2 ).
[4] Idem.
[5] Ibidem,
p. 4
[6] Ibidem.
[7] Ibidem,
p. 3
[8]
Pesquisadora Responsável Prof.(a) Dra. Cornelia Eckert
[9] ECKERT, Cornelia. (1997, p. 2)
[10] Idem,
p. 6
[11] SOARES,
Luiz Eduardo. 1995
[12] Idem
[13] Ibidem
[14] O grifo
é meu.
[15] Sobre
as concepções de modernidade e pós-modernidade trabalharei no segundo bloco
deste artigo.
[16]
Denominação como é trabalhada pelas pesquisadoras ECKERT, C. e ROCHA, A . L. C. da.
[17]
Pesquisadora Responsável pelo projeto: Professora Dra. Ana Luiza Carvalho da
Rocha.
[18] ROCHA,
Ana Luiza C. da. (1997, p. 10)
[19] Idem.
[20] Ibidem
[21] Ibidem
[23] MILSS,
C. Wright. (1975, p. 213)
[24] Sob a
coordenação da bibliotecária Maria Lizete Gomes Mendes.
[25] Autores
tradicionais como Umberto Eco (Como se Faz uma Tese); Délcio Viera Salomon
(Como Fazer Uma Monografia); C. Wright
Mills ( A Imaginação Sociológica); Pedro Augusto Furasté (Normas Técnicas Para
o Trabalho Científico), entre outros, foram de fundamental importância para as
nossas pesquisas e orientações. Entretanto, as publicações do CENADEM (Centro
Nacional de Desenvolvimento do Gerenciamento da Informação) trouxeram um
embasamento teórico muito importante que não encontraríamos em nenhum outro
autor (ou obra) clássico. Destacaria os
Anais do INFOIMAGEM (Latin American Document Imaging Conference & Show)
anos 94, 95 e 96; Linda Kempster (Armazenamento de Massa: Dados e Imagens - O
Presente e o Futuro das Mídias Removíveis); Don M. Avedon (Discos Ópticos e
Imagens Eletrônicas - Conceitos e Tecnologia), entre outros.
[26] Percebo
que a inserção neste campo de conhecimento (Comunicação e Documentação) amplia
consideravelmente o leque de opções para a atuação profissional do Cientista
Social, especialmente no universo da pesquisa científica.
[27] Parte
deste trabalho poderá ser acompanhado na apresentação oral e visual do Salão de
Iniciação Científica 97.
[28] VELHO, Gilberto (1980, p. 15)
[29] WEBER, Max. In. FEATHERSTONE, Mike.
(1990, p. 11)
[30]
Dicionário Contemporâneo das Idéias Assimiladas.
[31] Idem.
[32] FEATHERSTONE, Mike. (1990)
[33] Idem, p. 21
[34] Ibidem,
p. 17
[35] “O Que
é Pós-Moderno.”
[36] Idem,
p. 7
[37]
Niilismo como trabalhado por Jair Ferreira dos Santos : “Desejo de nada, morte
em vida, falta de valores para agir, descrença em um sentido para viver”, encontrados nas obras de Nietzsche e Jacques
Derrida.
[39] Idem.
[40]
Conceito como é trabalhado por Henri-Pierre Jeudy em “Memórias do Social”.
[41] ECKERT,
Cornelia. ( 1997, p. 3)
[42] ROSSI,
Ana Maria. O Medo do Medo. Zero Hora, 29 de dezembro de 95.
[43] Jair
Ferreira dos Santos vai enfatizar o caráter performativo da tecnociência, em
detrimento da tendência anterior (ciência moderna) da busca da verdade
[44] SANTOS,
Jair Ferreira dos. (1991, p. 83)
[45] Idem
[46] Ibidem, p. 31
[47] WENDERS, Wim. (1992, p. 182)
[48] Idem.
[49] Idem,
p. 183.
[50] LÉVY,
Pierre. (1996, p. 15)
[51] LÉVY-
Pierre. (1996, p. 7)
[52] Para o
entendimento completo da proposta de se trabalhar com Banco de Dados e de
Imagens Interativos em pesquisa antropológica sobre as feições de medo e crise
na cidade de Porto Alegre, ver projetos de pesquisa desenvolvidos pelos
pesquisadores já referidos, com financiamento do CNPq. Resumo informativo sobre
este trabalho podem ser acompanhados nas apresentações orais dos bolsistas
deste projeto no Salão de Iniciação Científica 97, bem como através da
visualização do cartaz ilustrativo afixado no espaço de exposições do referido
evento.
[53]
Informação trabalhada a partir de reportagem do Jornal “Zero Hora” de 27/07/97.
[54]
Informação trabalhada a partir de reportagem do Jornal “Zero Hora” de 17/08/97.
[55]
Brinquedo eletrônico inventado por engenheiros japoneses. Quando comprado, o Tamagotchi é um ovo. Assim
que o brinquedo é acionado, começa a
crescer lentamente. Cada dia corresponde a um ano de vida do “bichinho”.
Para satisfazer as suas necessidades, basta combinar três botões. O da esquerda
seleciona qual a função será aplicada (alimentar, remédio, etc.), o do meio
ativa esta função e o da direita retorna ao menu principal. Para crescer com
saúde, o “animalzinho eletrônico” deve ser limpo e alimentado, tomar remédios,
brincar, ser disciplinado e, para que ele durma, as luzes devem ser apagadas.
Os Tamagotchi com maior longevidade chegam a “viver” cerca de um mês, mas o
período de vida varia conforme os cuidados que ele recebe. Maltratado, morre em
poucos dias. Um botão atrás do aparelho reinicia o ciclo de vida do
“bichinho”. Tamago é ovo em japonês. “Tchi”
é um sufixo informal, uma gíria para identificar o diminutivo. Tamagotchi,
se traduzido seria “ovo pequeno”.
[56]
Declaração à reportagem do Jornal já referido.
[57] Formada
em Pedagogia e em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul;
Doutora pela Universidade de São Paulo (USP); Diretora Científica do
Laboratório de Estudos Cognitivos do Instituto de Psicologia da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
[58]
FAGUNDES, Léa. A Escola é Reacionária. In. GONZATTO, Marcelo e STEFANELLI,
Ricardo. O Mascote Virtual Tirou os Pais do Sério. Jornal Zero Hora de agosto
de 1997. Pag. 36-38
[59] WOLK,
Sue. (1994, p.1)
[60] SILVA,
Antonio Paulo de Andrade e. Vantagens e Benefícios dos Discos Ópticos. In.
AVEDON, Don M. Discos Ópticos e Imagens Eletrônicas - Conceitos e Tecnologias.
[61] A
classificação filosófica de Aristóteles distribuiu as categorias em dez gêneros
supremos:
1.
SUBSTANCIA - homem, cachorro, pedra, casa, ...
2.
QUALIDADE - azul, virtuosos, ...
3.
QUANTIDADE - grande, comprido, 2Kg, ...
4.
RELAÇÃO - mais pesado, escravo, duplo, mais barulhento,
...
5.
DURAÇÃO - ontem, 1970, de manhã, ...
6.
LUGAR - aqui, Brasil, no pátio, ...
7.
AÇÃO - correndo, cortando, falando, ...
8.
PAIXÃO OU SOFRIMENTO - derrotado, cortado, ...
9.
MANEIRA DE SER - saudável, febril, ...
10. POSIÇÃO - horizontal,
sentado, ...
[62] A
menção a obra de Mills não é motivada por uma filiação a teoria sociológica
desenvolvida por este autor, mas a sua singular riqueza de elaborações no campo
da documentação pessoal.
[63] Os
procedimentos ensinados por Mills para a organização e utilização do arquivo
pessoal são muito interessantes e deveriam ser conhecidos por todo o cientista
social empenhado em desenvolver um trabalho rigorosamente científico.
[64] Para
definição de Hipertexto ver Pierre Lévy. As Tecnologias da Inteligência.
[65]
Considerações interessantes a este respeito encontramos em : LOUREIROS. Marcos
Dantas. Terá Marx Algo a Dizer Sobre a Informatização da Sociedade ?
[66] Lévy.
1996, p. 194
[67] Esta
discussão que tento resumir em poucas linhas é altamente densa e complexa,
portanto sobre ela seria necessário não só uma pequena reflexão, como a aqui
empenhada, mas várias elucubrações que
originariam inúmeros escritos.
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