Blog - Nota de Esclarecimento
Prezados e Prezadas
Amigos e amigas do blog.
Sinto que é necessário
apresentar esta “Nota de Esclarecimento” sobre o trabalho desenvolvido aqui
neste espaço virtual.
A composição da página WWW.jacquesja.blogspot.com.br
está calcada prioritariamente (ou seja, não exclusivamente) no trabalho
acadêmico que realizei no Curso de Graduação em Ciências Sociais (Licenciatura)
e no Curso de Pós-Graduação (Mestrado) em Antropologia Social (PPGAS) –
Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (UFRGS).
A nota se faz necessária
especialmente pela questão temporal dos textos apresentados. Nem sempre vai
aparecer a data de realização do trabalho, por motivos diversos. Contudo, todo
o material foi produzido entre os anos de 1992 (graduação) e 2001
(Pós-Graduação). Fique atento neste detalhe, pois não se trata de produção acadêmica
atual.
Dito de outra forma:
apresento um panorama geral sobre parte do conteúdo desenvolvido naquela
oportunidade. Publico os originais sem comentá-los, pois acho desnecessário.
Nem, tampouco tenho inserido os textos (trabalho acadêmico) atuais que
desenvolvo no Curso de Graduação em Ciências Sociais (Bacharelado). Neste
sentido, importa destacar que mantenho vinculo institucional com a Pontifícia
Universidade Católica de Porto Alegre (PUC/RS) no Curso de Graduação em
Ciências Jurídicas e Sociais (Bacharelado).
As imagens associadas com
as publicações podem ser visitadas em espaços específicos como, por exemplo, o
sítio de jacquesja no WWW.panoramio.com
.
Gostaria de agradecer a
presença de todos os leitores deste espaço e declarar a minha intenção de
manter aberto este canal de comunicação com os interessados na temática aqui
apresentada.
Publico abaixo do corpo
da “Nota de Esclarecimento”, uma amostra de uma das atividades laborais mais
complexas desenvolvidas no campo da pesquisa em Ciências Humanas: Entrevistas
(Diretas e Participantes) com o uso de gravador de áudio, seguida de
transcrição e análise textual da mesma.
Namastê.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ANTROPOLOGIA SOCIAL
Disciplina: Método e técnica de pesquisa
Semestre 99/II
-
Exercício de Aula -
Aluno: JACQUES
JACOMINI
UFRGS - IFCH
- PPGAS
ESTUDO ANTROPOLÓGICO DE
UM ESPAÇO URBANO
SINGULAR: CAIS DO PORTO
DE PORTO ALEGRE
(OU DA CIDADE
QUE TEM PORTO
ATÉ NO NOME)
ENTREVISTA No.
05
DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
BAIRRO:
SOBRENOME DO
ENTREVISTADO: Oddi
NOME DO
ENTREVISTADO: Paulo
NOME CARACTERÍSTICO (se houver):
DATA DA
REALIZAÇÃO DA ENTREVISTA:
21 / 07 / 98.
ENDEREÇO: Av. Mauá. / Cais Mauá.
FONE:
HORÁRIO REALIZAÇÃO
DA ENTREVISTA: 9 H 30 min
DURAÇÃO DA
ENTREVISTA: 1 h 30 min
ENTREVISTADOR:
Jaques
INDICAÇÃO:
......................................................................................................................
DESCRIÇÃO
DO CONTEXTO:
Fui recebido no escritório do Dr. Paulo Oddi, administrador
do Cais Mauá / Cais do Porto de Porto Alegre no horário combinado para a
entrevista. O encontro foi acompanhado por uma funcionária administrativa que
desempenha funções de assessora de imprensa junto a este órgão.
A entrevista foi pautada pela
praticidade e tecnicidade do Engenheiro Oddi que destacou na sua fala,
essencialmente, os aspectos administrativos do Caís, bem como os aspectos de
controle, normalização, segurança e contenção deste (e neste) espaço urbano.
Chamou a minha atenção, uma pergunta
formulada pelo entrevistado, no final da entrevista, sobre a opção dos
portalegrenses em estarem constantemente presentes no cais do porto
contemplando-o, curtindo o por do sol, etc. Ele indagava sobre porque não
contemplar o por do sol de qualquer outro lugar da cidade que não o porto.
Ficou claro o tom inquisitivo e, de certa forma, arrogante, na pergunta do
administrador sobre o nosso nível de conhecimento sobre aquele espaço urbano e
as suas relações com os cidadãos desta cidade. Utilizei os nossos conhecimentos
históricos da formação da própria cidade, resgatando aspectos da chagada dos
Casais Açorianos, relacionados com a história atual da cidade para respondera
esta indagação.
De um modo geral, a entrevista foi
bastante interessante. Ao final da entrevista, o administrador se colocou a
disposição para colaborar com o nosso projeto de pesquisa no que fosse
necessário e sugeriu que visitássemos a biblioteca do Cais do Porto onde estão
vários documentos históricos que remontam várias épocas da existência deste
importante espaço urbano.
TRANSCRIÇÃO DA FITA
Jaques – O
Sr. Trabalha para o DEPREC ?
Paulo –
Estou vinculado a secretaria de transportes, administro os portos e hidrovias,
portos interiores, porto de Porto
Alegre, de Pelotas, porto de Cachoeira e mais 700 quilômetros de hidrovias
navegáveis. Essa é a função principal da superintendência de portos e hidrovias
que é constituído de três diretorias básicas: uma de grande porte interiores,
uma diretoria de hidrovias e uma diretoria financeira-administrativa, tudo isso
coordenado por uma superintendente que executa as atividades (como autarquia
estadual).
Jaques –
Vejo nos muros do porto a inscrição DNOS. Ainda existe este departamento ?
Paulo - Foi extinto na era Color. Foi o que fez a
cortina da Mauá, é uma das obras do DNOS que mais chama a tenção, mas este
órgão foi instinto não tem mais.
Jaques –
Então a administração do porto está somente a nível estadual ?
Paulo – A
administração portuária é estadual, a superintendência é uma autarquia estadual
que administra sob concessão da união que concede ao estado o gerenciamento dos
portos e hidrovias. Tudo isso é patrimônio da união e o estado criou uma
autarquia para gerenciar esta concessão em nome da união.
Jaques –
Quanto a operacionalidade do cais de Porto Alegre ?
Paulo –
Antes da lei 8.630, a lei de modernização dos portos, de 1993, toda a
movimentação do cais do porto era feita pela própria autarquia, a partir daí, então
os serviços de operação no cais, movimentação horizontal de carga, operação de
carga e descarga, recebimento e entrega de carga nos armazéns, foi sendo
terceirizado gradativamente. Hoje todo movimento de carga é feito por terceiros
(serviço privado). Os serviços, o gerenciamento, o monitoramento,
disciplinamento ainda é feito pela autoridade portuária, pela administração do
porto, mas a execução dele é feita por operadores portuários privados. Isso vem
de 1993 para cá, gradativamente vai sendo mudado o modelo. Parte dos
investimentos, equipamentos, tudo é feito pelo privado no sentido de melhorar
e aperfeiçoar a operação.
Jaques –
Estes funcionários, pessoas que vejo carregando e descarregando os navios são
funcionários do porto ?
Paulo – não
são funcionários do porto, são funcionários de portuários privados. Nosso
pessoal trabalha somente na coordenação das atividades, no monitoramento e no
disciplinamento das atividades.
Jaques – A
parte da segurança ... ?
Paulo –
segurança, normalização, tarifas, horário, enfim tudo que envolva a organização
da operação como um todo é feita pela administração que executa os serviços.
Nas empresas portuárias privadas nós não interferimos neste processo, isso é no
Brasil inteiro, alguns portos são mais avançados, outros menos, mas todos
caminham para isso, e tudo começou em 1993 com a lei de modernização dos
portos. Está mudando radicalmente o perfil operacional dos portos de Rio
Grande, por exemplo, que já está com toda a sua operação feita por privados,
gradativamente estão se adaptando a nova legislação.
Jaques –
Então o quadro de pessoal não é muito grande hoje ?
Paulo – É
muito reduzido. É mais a parte administrativa e manutenção. Temos uma equipe
mínima de manutenção das instalações que é o patrimônio do porto, mas reduziu
bastante o número de funcionáros, eu diria drasticamente.
Jaques –
Aproximadamente, quantos funcionários?
Paulo –
Hoje a superintendência que envolve Porto Alegre, Pelotas, Cachoeira, Rio Pardo
e as hidrovias, entre pessoal de manutenção e pessoal administrativo são uns
200, no máximo e tende a diminuir cada vez mais. Isso a superintendência de
portos e hidrovias, nada a ver com o porto de Rio Grande, porto de Rio Grande
separado, eu falo Pelotas, Porto Alegre, e hidrovias interiores, pessoal carregado
de fazer a manutenção da dragagem, sinalização, isto é, para garantir a segurança da navegação.
Jaques –
Sobre as mudanças que estão previstas dentro do projeto Porto dos Casais, como
o senhor vê estas mudanças?
Paulo – Eu
diria que o porto de Porto Alegre vai se transformar enormemente com o advento
do porto dos casais. A vinda da GM e da Ford vai trazer uma transformação tão
grande como foi na década de 1970 com o
complexo de soja que revolucionou o sistema portuário gaúcho, tanto que Porto Alegre,
como Rio Grande, isto na parte dos granéis da época, (...) Hoje eu diria que o
porto de Porto Alegre passa por uma explosão, uma transformação de atividades
dentro de um complexo das cargas, em geral manufaturados (...). Eu diria, me
atrevo a dizer que é a maior
transformação que Porto Alegre vai enfrentar nestes próximos anos a
partir destes investimentos grandes maciços. Vai ser fantástico ! Nós não
conseguimos nem imaginar, é imaginável o volume de carga, o volume de carga que
pode representar para o porto, eu diria até que nos próximos 20 anos o porto
vai ser insuficiente para atender toda a demanda de carga gerada, decorrente destes investimentos nas cidades
vizinhas do porto: GM, FORD, GODYEAR,
PYRELE e outras inúmeras empresas que vão se instalar aqui decorrente
destes movimentos mais a transformação visual que o porto dos casais vai causar, também vai ser
um atrativo comercial de grande circulação e demanda de negócios que nós hoje
nem conseguimos imaginar.
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