Livro e Literatura. Ciências Sociais. Antropologia. Sociologia. Porto Isabel. Viamão. Rio Grande do Sul. Brasil.
terça-feira, 30 de dezembro de 2014
segunda-feira, 29 de dezembro de 2014
A Inteligência das Flores
Maeterlinck*
A Inteligência das Flores
Nota Introdutória
Título Original: “A Inteligência
das Flores” (Lisboa, 1916)
A
nota introdutória faz-se necessário para preparar o nosso leitor sobre o que
vai encontrar nas páginas que seguem. O próprio tradutor, Candido de
Figueiredo, utiliza este recurso. Nas primeiras linhas você lê: Nota prévia.
Mas, a intenção aqui é transcrever um trecho de “A inteligência das flores”. Da
mesma forma como trabalhamos em “O Tesouro dos Humildes”.
Adendo
nesta nota o fato lamentável de não termos uma biblioteca na nossa comunidade.
A grande maioria das cidades pequenas (além das médias), pela Europa a fora,
possuem pelo menos uma biblioteca. As vezes comunitária, ou lendária (em termos
de tradição do lugar), muito pequena, com instalações discretas, mas há. Aqui
não. E como nós estamos em dezembro, gostaria de registrar que eu tentei. A
mais ou menos quatros anos atrás, preparei um material de divulgação e distribui
entre algumas pessoas mais próximas. O objetivo era reunir doações de livros,
revistas, CDs, DVDs, etc. para agregar ao acervo que já temos, com fins de
iniciar o trabalho de uma biblioteca comunitária. Sabe qual foi o retorno?
Praticamente zero. Não consegui sensibilizar os meus semelhantes quanto a
necessidade de fundação de um equipamento urbano deste tipo entre nós. Não
raramente, ao percorrer as ruas do condado, a pé ou de bicicleta, encontro nas
lixeiras livros, revistas, etc.
Deste
breve relato, duas conclusões importantes. Em primeiro lugar, as pessoas deste
lugar, de um modo geral, levam para a lixeira, junto ao lixo comum, material
reciclável. Entre o material reciclável, há livros e outras obras análogas que
poderiam estar abastecendo o acervo de uma biblioteca pública e/ou comunitária.
Não há a sensibilidade necessária dos meus co-cidadãos para as demandas da área
da cultura e educação. A cultura local é: o poder público que faça. E, aí,
entro no segundo ponto: não é responsabilidade apenas do poder público o fato
de não termos uma biblioteca pública aqui no “Condado”. Mas, especialmente do
poder público que já poderia ter atendido esta demanda da Cidade de Santa
Isabel. Para concluir o ponto, é importante frisar que nós tínhamos uma biblioteca
local. Ela chamava-se “Biblioteca Pública Municipal Mário Quintana” e
funcionava junto ao terminal da Avenida do Trabalhador (atualmente espaço da
Praça Santa Isabel). O Poder Público Local, na época sob a administração de
Senhor Alex Sander Alves Boscaini, decidiu extinguir o referido terminal e
transferir o acervo da biblioteca para o interior da Escola Municipal Alberto
Pasqualini. A decisão tornou a única biblioteca pública em mais uma biblioteca
escolar e a comunidade sem a possibilidade de acessar o equipamento como
ocorria outrora. Páginas tristes na
história de uma comunidade com sede de cultura, lazer e sociabilidades
educativas.
Vejam
os senhores, eu estou um pouco lá e um pouco aqui. Explico: a transcrição
provoca uma série de reflexões de cunho prático e também sobre o conteúdo do
texto trabalhado. Neste momento, me atenho apenas as primeiras causas
declaradas. A distância temporal que nos separa da confecção desta obra é de,
aproximadamente, um século. Como (e talvez por que) chegamos aqui neste
encontro hoje? Este que vos tecla vive em uma cidade que não existe biblioteca,
mas viaja diariamente até a academia para realizar um “Curso de Letras”. Neste
centro de saber topa com esta preciosidade (A falar. Falar e silenciar). Vivo
na América (extremo sul do Brasil). O autor viveu na Europa, centro do
vertedouro científico e literário de boa parte de toda a sociedade
contemporânea. E este encontro agora? Justo agora no momento em que os jovens
(meus semelhantes) nem sequer lêem como liam os seus progenitores. Tão apegados
aos novos suportes da informação que consomem a essência das obras literárias,
vivem de restos de uma cultura que, de tão decadente, espezinhada e ofendida,
por certo, em breve, se extinguirá como vapor a plasmar nuvens de um presente
que virou passado.
A
verdade é que esta transcrição não absolve ninguém da “pena” de Maurício
Maeterlinck. Temos (todos) o dever de conhecer esta obra, até para não cair na
infâmia traduzida pela célebre frase: Eu não sabia de nada. Como assim?
Simplesmente se esquivar de verdades tão sublimes já apresentadas
magnificamente por Maeterlinck a mais de um século. Ficou o registro da labuta
intelectual deste mestre das letras e também ficou a herança literária super
qualificada para os meus contemporâneos. Se agora preferem “drogas diversas”
que nem sabem a procedência, o que fazer? Eu vou continuar fiel a minha
linhagem de ancestrais que optaram por acreditar e trabalhar na defesa dos
bons, dos mansos, dos honestos e dos humildes.
ASPECTOS DA OBRA
A
folha de rosto do livro diz que esta é uma tradução feita por Candido de
Figueiredo. A procedência do livro é Lisboa/Portugal, datado de 1916. Deu
entrada na biblioteca da PUC/RS em 1951 e traz um carimbo da Faculdade Livre de
Educação, Ciências e Letras de Porto Alegre. Um detalhe importante a se
destacar aqui é que transcrevo conforme o original. É necessário ratificar: o
texto original é Frances, traduzido para a língua portuguesa de Portugal.
Portanto há diferenças tanto na semântica como na grafia se comparado com a
nossa língua oficial (português – Brasil). Pode ocorrer ainda que o software
(editor de texto) tenha puxado alguma grafia para o português Brasil, pois é
difícil de controlar as configurações automáticas do programa. Há que se considerar
também esta possibilidade. Eu lamento (profundamente) pela falta de
sensibilidade dos profissionais da biblioteconomia que gostam de colar selos e
mais selos em obras raras como esta que estou trabalhando. O que me parece é
que eles seguem um protocolo rígido de normas superiores que impõe este tipo de
agressão funesta às obras literárias. Este tipo de compendio nem devia estar
disponível para empréstimos focados no público em geral de acadêmicos mais
preocupados com as somas das médias aritméticas ao final dos períodos letivos,
do que com a formação profissional e intelectual, propriamente dita. Voltando
aos selos. Colam e sobrecolam, com objetivos, no mínimo, discutíveis e
parciais, selos, tarjas, etiquetas, papeletas de suporte para carimbos e arestos
diversos. Eu falei lá atrás em “pena” e se você abre o “A Inteligência das
Flores” é justamente o que você vai encontrar: uma palavra escrita com
equipamento que já foi tombado para peça de museu histórico. Há muita diferença
entre aquele tempo e hoje. Há uma distância muito grande de realidades vividas
lá e aqui. O que continua é a estupidez humana de não reconhecer preciosidades
que não estejam marcadas com cifrões.
Na pagina 232, leio ...
A
Inteligência das Flores
VIII
Por outro lado, como respondemos
nós a pregunta, quando já se não trata de nós, mas daquilo que respira conosco
sobre a terra?
Importamo-nos nós por
acaso da sobrevivência dos animais? O cão mais fiel, o mais inteligente, o mais
afectuoso, assim que morre, não passa de uns restos repugnantes, de que nós nos
desembaraçamos, o mais depressa possível. Nem sequer nos parece possível que
preguntemos a nós mesmos se alguma coisa da vida, já espiritual, que nele
amamos, subsiste apenas em a nossa recordação, e se existe outro mundo para os
cães. Parecer-nos-ia altamente ridículo que o tempo e o espaço conservassem
preciosamente , durante a eternidade, entre os astros e nos palácios ilimitados
do éter, a alma de um pobre animal, constituída de cinco ou seis hábitos
enternecedores, mas muito ingênuos, e do desejo de beber, de comer, de dormir e
de saudar os seus semelhantes, do modo que sabemos.
Demais, que restaria
daquela alma, formada inteiramente de algumas necessidades de um corpo
rudimentar, quando esse corpo já não existisse? Mas com que direito imaginamos,
entre nós e o animal, um abismo, que nem sequer existe entre o mineral e o
vegetal, entre o vegetal e o animal?
Seria mister examinar,
antes de tudo, esse direito de nos julgarmos tão distantes e tão diferentes de
tudo que vive na terra, assim como a pretensão de nos colocarmos numa categoria
e num reino, a que os próprios deuses que nós criamos nem sempre teriam acesso.
Continua na
Pag 234
CONCLUSÃO
A sensibilidade é plantada no coração do ser logo da sua chegada nesta esfera
(ou quem sabe antes). Os pré-destinados, os seres sensíveis, os escolhidos
pelos Deuses possuem este dom natural e não precisam “fazer força” para serem o
que “São”. O que são por essência? Senão: sensíveis, amáveis, gentis, enfim
especiais luzes.
Volta e meia, observo “deboches” dos rudes
aos especiais, justamente pela sua condição de “especialidade”. Os rudes, os
ardilosos, os bravios e vilipendiosos se regozijam em molestar os seres
sensíveis e especiais. Para eles é como um jogo onde vale golpe baixo. O
preconceito é real e vive entre nós. Contudo, concluo em grande estilo: Viva
Maurício! Este ser mais que especial. Antes de todos nós, já estava desperto e
de prontidão para falar da temática animal versus Homem com tanta sabedoria e
elevação. Ele tem toda a razão: pretencioso é o homem que se julga mais que um
não humano. É muito bom ler isto naqueles que nos antecederam. É animo puro
para quem respira esta luta anti-especicista, a exemplo do que decidimos
empenhar com tenacidade e honradez.
domingo, 28 de dezembro de 2014
clarissa eckert baeta neves
UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
INSTITUTO
DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
CURSO
DE CIÊNCIAS SOCIAIS
Disciplina:
PESQUISA SOCIAL I - HUM 04807
Professora:
CLARISSA ECKERT BAETA NEVES
Semestre
96/2
FICHAMENTO: KARL MARX
Aluno:
JAQUES XAVIER JACOMINI
Matrícula:
1409/92.7
terça-feira, 23 de dezembro de 2014
segunda-feira, 22 de dezembro de 2014
Carlos Drummond de Andrade
AUT: ANDRADE,
CARLOS DRUMMOND DE, 1902-1987
TIT: AS
IDENTIDADES DO POETA
PUB: COLOQUIO :
LETRAS. N.88 (NOV.1985). P.6-7.
MAC: LITERATURA
BRASILEIRA
POESIA
DES: LITERATURA
BRASILEIRA: POESIA
LOC: BSCSH P A/Z
Cyberanthropology
Trabalhando com
Banco de Imagens
e Banco de Dados
EQUIPE DE
TRABALHO : Ana Luiza Rocha
Sônia Picinini
Jaques Jacomini
Porto Alegre, junho de 1997.
SUMÁRIO
Justificativa ..................................................................................................................... 03
CONCEITOS BÁSICOS
Arquivamento
Métodos de
Arquivamento .................................................................................... 05
Método
Alfabético / Nominal ................................................................................ 06
Índice
.......................................................................................................................... 10
Documentação
............................................................................................................ 11
Classificação
A Classificação
Filosófica de Aristóteles ............................................................. 12
Catalogação
................................................................................................................ 15
Indexação
................................................................................................................... 16
Descritores
............................................................................................................. 18
Identificação
.......................................................................................................... 21
Registros e
Arranjos ................................................................................................... 22
Bibliografia ..................................................................................................................... 24
JUSTIFICATIVA
“Da
transposição da oralidade primária à civilização da escrita, do homem cuja mão
formava palavras e pontuava discursos à civilização da imagem, a era da
informática obriga cada vez mais o pesquisador, interessado no estudo das
memórias do social presentes ao mundo contemporâneo, a compreender as formas
mais integrativas e criativas de documentação e recuperação dos suportes
materiais e documentais onde começa a se depositar recentemente o patrimônio
universal da humanidade, ou seja, o espaço virtual das redes eletrônicas.[1]
Diante
do que está colocado neste pequeno trecho, parte de um todo maior - Oralidade, escrita e redes
digitais: modos e meios de pensamento em antropologia - cuja autora, Ana Luiza
Carvalho da Rocha, nos convida a realizar uma reflexão sobre o que tem
denominado de “Cyberanthropology”, nos
vemos como pesquisadores interessados no
estudo das memórias do social presentes ao mundo contemporâneo.
Nesta
condição, decidimos pesquisar em diversas fontes sobre os conhecimentos
necessários para a organização de um banco de imagens, já existente, e um banco
de dados, em fase de criação. Para nós, integrantes de uma equipe de trabalho
onde não possuímos uma pessoa com formação acadêmica formal da área de
biblioteconomia, foi necessário somarmos esforços no sentido de suprirmos esta
carência em termos de recursos humanos.
Recolhemos
vários materiais que abordam os temas com os quais nos ocupamos neste momento:
organização, classificação e indexação de documentos ( jornais, revistas,
artigos, fotos, ... ). Foi necessário então organizarmos e sistematizarmos este
material com vistas a dinamicidade de nossas demandas de trabalho e pesquisa. A
partir desta atividade de, digamos assim, peneirar (ou limpar) este material e
extrair aqueles elementos que consideramos como os mais significativos para as
nossas necessidades atuais, é que surge esta nossa nova apresentação, ou este
nosso rearranjo de idéias, conceitos, dicas e propostas para o debate acerca da
organização, classificação e indexação de documentos de pesquisa.
Apesar
de estarmos trabalhando com olhos voltados para a informatização deste processo
de organização, classificação e indexação, uma vez que existem inúmeros
softwares que auxiliam esta atividade do pesquisador, não desconsideramos ou
menosprezamos aquelas bibliografias que nos remetiam a proposta de trabalho que
utilizavam métodos manuais e mecânicos. Assim procedemos, pois entendemos que a
introdução de novas tecnologias, especialmente no campo da informática e telecomunicações,
representaram um grande salto de qualidade neste campo de conhecimento,
entretanto desconsiderar as experiências anteriores existentes ou acumuladas
pôr vários profissionais que nos antecederam seria, no mínimo, uma atitude
pouco inteligente.
Esta
apresentação inicial está sendo reelaborada e reescrita na medida em que os
nossos estudos e as nossas experimentações arquivísticas e documentalistas
avançam. Seria, portanto, agora um pouco prematuro lançarmos um trabalho já
acabado ou fechado para novas reflexões. Neste sentido, gostaríamos de externar
a nossa posição de abertura total para novas contribuições, sugestões e
orientações.
CONCEITOS BÁSICOS
ARQUIVAMENTO
Arquivamento
é a guarda e a conservação metodizada de livros e documentos que relatam e
comprovam atos e fatos de uma administração.
MÉTODOS DE
ARQUIVAMENTO
Há duas formas básicas de
arquivamento:
1.
Ordem Alfabética:
1.1 Nominal
1.2 Geográfico
1.3 Específico
ou pôr assunto
2.
Ordem Numérica:
2.1 Simples;
2.2 Cronológica;
2.3 Duplex.
Pode haver um terceiro modo:
3. Alfanumérico:
3.1 Decimal;
3.2 Automático;
3.3 Automático
Moderno.
Abordaremos
o método alfabético nominal, pois foi este o método que elegemos para trabalhar
neste momento.
MÉTODO ALFABÉTICO /
NOMINAL
É
um dos métodos mais simples e populares, de consulta direta. Consiste em abrir
pastas com o nome correspondente ao assunto de que tratam os documentos nela
contido.
Algumas
regras básicas de ordenação alfabética em arquivos são encontradas em Shin-Ya
Nakamura, conforme referimos em nossa bibliografia.
JUSTIFICATIVA PARA
A ADOÇÃO DO
MÉTODO ALFABÉTICO /
NOMINAL
O pesquisador trabalha em cima de “Assuntos”
muito específicos e muito pertinentes ao seu objeto e / ou universo de pesquisa.
Assim poderíamos ter um ecologista interessado em pesquisar “Os rios” da Amazônia, um sociólogo interessado em pesquisar “Os trabalhadores rurais”, um cientista político interessado em estudar “Democracias Latino-Americanas” ou um antropólogo interessado em pesquisar “moradores de rua”.
Assim poderíamos ter um ecologista interessado em pesquisar “Os rios” da Amazônia, um sociólogo interessado em pesquisar “Os trabalhadores rurais”, um cientista político interessado em estudar “Democracias Latino-Americanas” ou um antropólogo interessado em pesquisar “moradores de rua”.
Cada
pesquisador “alimentado por sua experiência de vida” [2],
trabalha os seus assuntos (objeto e universo) de pesquisa seguidos de seus
nomes referenciais principais.
Para
ilustrar a nossa dissertação, chamamos para o debate um ilustre pesquisador e
escritor da nossa contemporaneidade, Umberto Eco.
Para
quem já leu as suas obras, não é necessário maiores considerações sobre a sua
imensa contribuição para a ciência e a arte modernas. Para quem não leu,
gostaríamos de solicitar a leitura de uma de suas obras que, dentre outras, nos
orienta neste momento, “Como Fazer Uma Tese” [3].
Esta
obra célebre de Umberto Eco traz para nós, cientistas humanos (e / ou sociais),
imensas contribuições para a labuta diária da construção do conhecimento.
Considerada no seu todo, é um verdadeiro manual para a realização dos trabalhos
científicos. Gostaríamos, porém, de remeter ao terceiro capítulo desta obra -
“A Pesquisa do Material”.[4]
Nesta
parte, Umberto Eco propõe uma roteiro muito interessante pelos caminhos da
produção do conhecimento científico. Aborda, inicialmente, “A Acessabilidade
das Fontes : quais as fontes de um trabalho científico; Fontes de primeira e
segunda mão.” Após, aborda a “Pesquisa Bibliográfica : como abordar a
bibliografia.”; “A Citação Bibliográfica.” e, finalmente, aquele tópico que nos
interessa em especial : “A Biblioteca de Alexandria : Uma experiência.”
Neste
subtópico, o autor nos sugere uma situação hipotética para mapear uma cena
diária na vida do pesquisador : o trabalho de pesquisa em acervos, bibliotecas,
museus, centros de documentação, etc. com vistas a produção científica.
Umberto
Eco coloca toda uma situação muito característica a um tipo de estudante /
pesquisador que ele refere já no início
do livro como os “Outros”, grupo com o qual esta trabalhando e dedicando esta
obra. O que nos interessa, no entanto, é a situação colocada pelo autor : O
pesquisador no interior da biblioteca, frente a sua pesquisa, diante de três
caminhos a seguir :
“
- Começar o exame do catálogo por assuntos (...)
- Começar a consultar enciclopédias e
histórias da literatura (...)
- Começar a fazer perguntas ao
bibliotecário. (...)” [5]
Diante
das três alternativas, Eco sugere que o pesquisador opte pela primeira :
Acessar o “Catálogo por Assuntos”. Esta é, segundo a sua análise, a formas mais
adequada de proceder no acesso aos acervos documentais em uma fase inicial de
pesquisa.
Salomon
[6],
a exemplo de Umberto Eco, em “Como Fazer Uma Monografia”, capítulo 11 - Uso
da biblioteca e documentação ( 1. Biblioteconomia : noções em função do leitor;
2. Repertórios Bibliográficos; 3. Documentação : o que é - Razão de ser e como
pode prestar serviços ao trabalhador intelectual [7] -
nos remete a uma situação análoga a aquela sugerida por Eco ( a qual
referimos anteriormente ).
No
subtópico 1.2 - Vindo à Biblioteca[8],
pode o leitor trazer um dos seguintes problemas a resolver [9] -
Salomom supões as possibilidades seguintes, para a mesma situação
hipotética trabalhada no autor anterior, ou seja, a do pesquisador e / ou
estudante nos seus primeiros movimentos de contato com acervos documentais no
momento de uma pesquisa científica :
O
Pesquisador pergunta ou quer saber se -
A
- Tem a biblioteca uma obra de tal autor ?
B
- Tem a biblioteca uma obra com tal assunto ?
C
- Tem a biblioteca uma obra que trate de tal assunto ?
Neste
contexto, refere o autor que a pesquisa pelo assunto é um dos caminhos mais
recomendados para o pesquisador que esta começando a buscar informacões sobre o
seu trabalho científico. Neste sentido, Salomon cita o procedimento denominado
“desdobramento de fichas analíticas” [10]
que é realizado por bibliotecários e arquivistas e visa percorrer toda a obra e
identificar os vários assuntos de que trata, antes de qualquer outra análise
documental.
Com
base no que foi levantado em Umberto Eco, Délcio Salomon e também trabalhado
por W. Mills [11],
nos parece que todas as considerações destes autores, bem como de inúmeros
outros que não referimos, com os quais tentamos discutir, reafirmar a nossa
tendência, no que se refere a organização do “Banco de Imagens”: “Priorizar o assunto como elemento
desencadeador / estrutural para a organização do nosso acervo fotográfico.”
Gostaríamos
de resgatar, no entanto, algo que já afirmamos aqui : estas são impressões
iniciais e experimentais que serão revistas e reavaliadas no de correr do nosso
trabalho e com a evolução das situações conjunturais de trabalho que vierem a
ser observadas. Portanto, esta afirmativa - Organizar e catalogar por assunto -
é valida para este momento, com base no que temos de dados, de alternativas de
trabalho e de recursos humanos
ÍNDICE
O
índice de um sistema de classificação é uma listagem, em ordem alfabética, dos
termos, acompanhados dos símbolos que os representam.
Tem
como funções:
-
traduzir a linguagem natural do documento em símbolos de classificação
-
reunir os assuntos relacionados que se encontrem dispersos.
São
considerados índices:
-
Catálogos
-
Bibliografias
-
Índices de livros e artigos de periódicos
O
registro de cada documento no índice inclui o cabeçalho, a descrição do
documento e a localização do mesmo na coleção.
Exemplo:
(031)
Título: Os Homens da Fábrica
Produção: Sindicato dos
metalúrgicos de Volta Redonda
Sistema: VHSD
Duração: 53 mins.
Resumo: Este vídeo mostra a história da companhia
siderúrgica Nacional de Volta Redonda a partir de depoimentos de seus
operários. Reúne também depoimentos de seus primeiros operários, já
aposentados, e idealizadores.[12]
DOCUMENTAÇÃO
Documentação
é “uma técnica de nossos dias. Sua aparição é tão recente que o próprio nome é
discutido, já que nem todos o aceitam”. [13]
A
palavra começou a ser empregada desde quando o Instituto Internacional de
Bibliografia a propôs em lugar de “bibliografia”, devido ao aparecimento de documentos que não
são livros : fotocopiados, microfilmados, microfichados, xerocados, compilados
por computador, registrados e arquivados por meios mecânicos, elétricos e
eletrônicos de seleção, reprodução e transmissão.
Hoje,
após tantos congressos internacionais e devida à necessidade de se organizar e
transmitir a imensa quantidade de informações em todos os setores da atividade
humana, já é tranqüila a função da documentação. Há inclusive centros de documentação
que não são bibliotecas.
Os
centros de documentação prestam relevantes serviços `para a ciência,
especialmente ao trabalhador intelectual, de maneira mais completa do que as
bibliotecas, mesmo as modernizadas com os sistemas decimais de catalogação. Os
centros de documentação espalhados pelo mundo se relacionam entre si e se
filiam às sociedades internacionais dedicadas aos assuntos bibliográficos. Por
isso, todo o trabalhador intelectual pode recorrer a eles ou às referidas
sociedades, quando necessitar de um documento.
CLASSIFICAÇÃO
CLASSIFICAR
- 1. Distribuir em classes e / ou grupos, segundo um método de
classificação.
2. Determinar
as categorias em que se divide e subdivide um conjunto.
3. Pôr em
ordem documentos, coleções, ...
Classificar
um acervo é dividi-lo em grupos ou classes segundo diferenças ou semelhanças.
Um
sistema de classificação, portanto, consiste num conjunto de classes dispostas
em ordem sistemática.
O
termo “categorias” é empregado para as classes mais gerais dos fenômenos.
A CLASSIFICAÇÃO FILOSÓFICA
DE ARISTÓTELES
A
classificação filosófica de Aristóteles distribuiu as categorias em dez gêneros
supremos:
1.
SUBSTANCIA - homem, cachorro, pedra, casa, ...
2.
QUALIDADE - azul, virtuoso, ...
3.
QUANTIDADE - grande, comprido, 2 Kg, ...
4.
RELAÇÃO - mais pesado, escravo, duplo, mais barulhento, ...
5.
DURAÇÃO - ontem, 1970, de manhã, ...
6.
LUGAR - aqui, Brasil, no pátio, ...
7.
AÇÃO - correndo, cortando, falando, ...
8.
PAIXÃO OU SOFRIMENTO - derrotado, cortado, ...
9.
MANEIRA DE SER - saudável, febril, ...
10.
POSIÇÃO - horizontal, sentado, ...
CLASSIFICAÇÃO DE DOIS
PONTOS
Uma
das mais importantes sistematizações bibliográficas, a classificação de dois
pontos, ou Colon Classification, de Ranganathan, estabelece cinco categorias
fundamentais, conhecidas pela sigla
PMEST, cujas letras correspondem,
em inglês, às palavras:
1.
PERSONALIDADE - entidades, seus tipos ou espécies e
respectivas partes ou órgãos.
2.
MATÉRIA - tipos de materiais e substancias de que são feitas
as coisas.
3.
ENERGIA - ações, reações, atividades, operações, processos,
técnicas, tratamentos, problemas, ...
4.
ESPAÇO - divisões geográficas
5.
TEMPO - ano, hora, dia, ...
CLASSIFICATION RESEARCH GROUP
É uma nova
versão do PMEST. Estabelece as seguintes categorias:
1.
Tipos de produto final e partes - que correspondem a
PERSONALIDADE de Ranganathan e a SUBSTANCIA de Aristóteles.
2.
MATERIAIS
3.
PROPRIEDADES
4.
PROCESSOS
5.
OPERAÇÕES
6.
AGENTES
7.
ESPAÇO
8.
TEMPO
9.
FORMA DE APRESENTAÇÃO.
Diante
destes vários exemplos de sistemas de classificação, entre vários outros que
poderiam ser aqui mencionados, concluímos que existem tantas opções de emprego
de sistemas de classificação quantos sejam as semelhanças e / ou diferenças
encontradas nos objetos ou idéias a classificar.
CATALOGAÇÃO
Catalogação
é o processo de identificação e referenciação, mediante descrição de documentos
considerados como entidades físicas.
INDEXAÇÃO
A
inclusão do registro do documento no índice toma o nome de indexação e abrange
tarefas como:
-
Identificação do documento
-
Determinação do assunto de que trata
-
Seleção dos descritores
Pode
ser feita
Pôr
Palavras - utilizando a linguagem natural dos mesmos
Pôr
Conceitos - pressupões a análise do conteúdo temático dos documentos e emprega
uma linguagem artificial. Pode ser pré - coordenada ou pós -coordenada.
LINGUAGEM DE INDEXAÇÃO
(OU LINGUAGEM DE
DOCUMENTAÇÃO)
A
linguagem empregada para descrever os assuntos é chamada de linguagem de
indexação ou linguagem de documentação. Pode ser Natural ou Artificial.
NATURAL - utiliza os sinais usados
pelo homem
ARTIFICIAL - caracteriza-se pôr
possuir vocabulário controlado e sintaxe própria com o objetivo de preservar a
uniformidade da indexação
Não confundir
Linguagem Fotográfica -
Linguagem de Computador - Linguagem de Indexação
CAPACIDADE DE REVOCAÇÃO
A
habilidade de RECUPERAÇÃO de documentos relevantes de um acervo é chamada de
“Capacidade de Revocação”.
A
Precisão do sistema é determinada pela relação documentos relevantes / total de
documentos recuperados.
As
bibliotecas não especializadas costumam indexar somente pêlos assuntos gerais
(sumarização).
As
bibliotecas especializadas adotam uma indexação exaustiva.
DESCRITOR
O
termo selecionado para representar, sem ambigüidade, o conteúdo temático de um
documento é chamado de descritor.
Podem
indicar conceitos ou entidades individuais (nomes próprios ou identificadores)
e aparecem, na maioria das vezes, como substantivos, de preferencia no masculino,
devendo-se evitar as formas verbais.
Os
descritores são reunidos em vocabulário controlado, que, no caso de obedecer a
uma estrutura semântica, toma o nome de “Thesaurus”.
ORDEM DE CITAÇÃO
Na
construção de descritores a seqüência em que são enumerados os vários conceitos
presentes nos assuntos é denominada “ordem de citação.”
A
sua importância deriva do fato de que as características mencionadas em
primeiro lugar serão mais facilmente recuperadas no acervo.
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES VÁLIDAS PARA
O TRABALHO COM
OS DESCRITORES :
SINGULAR ou PLURAL
O
emprego do descritor no singular ou plural depende de como é usado na linguagem
natural. Algumas vezes ocorre ambas as formas, quando indicam conceitos
diferentes.
Exs.: memória; memórias
direito civil; direitos civis
Geralmente são empregados no
singular
- os termos indicativos de
materiais como areia
- propriedades específicas dos
corpos como condutividade
- processos químicos de
transformação como oxidação
- nomes próprios como UNESCO
- disciplinas como física
Geralmente são empregados no plural
- os termos genéricos
classificatórios como: estrelas, horas
de trabalho, relações humanas, ...
TERMO DE USO
COMUM OU DE
USO CIENTÍFICO
Deve-se
dar preferencia ao termo de uso comum ao invés de o cientifico. No entanto, se
o sistema de informação for especializado em ciências exatas, a denominação
científica prevalecerá. Fichas remissivas e de referencia orientarão o usuário.
PALAVRAS ESTRANGEIRAS
Palavra
estrangeira somente será empregada quando não houver equivalente em português.
Exs.: habeas corpus
Caso
coexistam as duas formas, ambas devem ser incluídas com referencias cruzadas.
Exs.: leasing ; arrendamento
mercantil
HOMÓGRAFOS
Os
homógrafos devem ser diferenciados, seja pôr uma explicação entre parênteses ou
pôr adjetivação.
Exs.: capital (dinheiro); capital
(sede do governo)
cálculo diferencial; cálculo integral;
cálculo renal.
SINÔNIMOS
Deve-se
evitar o emprego de descritores com o mesmo significado (sinonímia) e adotar -
se o termo que a pesquisa indique ser o mais correto.
A
maneira mais correta de se evitar a sinonímia é agrupar-se os termos segundo
uma classificação. Os antônimos e sinônimos deverão ser reunidos pôr fichas
remissivas e de referencia.
PARA DETERMINAR O
DESCRITOR (ASSUNTO) DEVE-SE:
1.
Analisar o documento para identificar as idéias nele contidas
e o objetivo do autor ao escrevê-lo;
2.
Precisar os conceitos que melhor representem o tema, os
objetivos e as idéias do documento;
3.
Selecionar os conceitos mais adequados à recuperação;
4.
Considerar os fenômenos
mencionados no documento;
5.
Considerar os processos
utilizados;
6.
Considerar as propriedades
inerentes aos objetos;
7.
Considerar as operações
efetuadas;
8.
Considerar o equipamento
empregado;
IDENTIFICAÇÃO
Recomenda-se,
sempre que possível, que as fotos sejam identificadas pelo autor. Quando essa
identificação não possa ser feita, como no caso de fotos antigas, o catalogador
providenciará pesquisa em fontes de referencia.
DESCRIÇÃO
A Catalogação pode ser completa ou
simplificada
TÍTULO
O
Catalogador transcreverá o título como aparece na fonte principal de
informação. Caso o material não possua título, deverá ser providenciado um,
breve e descritivo.
Uma
obra entra pelo título quando o autor é desconhecido ou não pode ser
determinado e não emana de uma entidade coletiva.
ELEMENTOS DE ENTRADA
Os nomes de ruas, avenidas e logradouros
públicos também poderão entrar diretamente, seguidos de termo identificador.
Ex.: Atlantida ( Avenida )
REGISTROS
& ARRANJOS
REGISTRO (ou REGISTO)
1.
Ato ou efeito de registrar
2.
Livro especial onde se registram ocorrências públicas ou
particulares
3.
Indicação em gráfico, escala, ... pôr aparelho apropriado, da
marcha de certas máquinas, da graduação
de instrumentos de precisão, etc.
4.
Relógio
5.
Chave de torneira, ou outro aparelho que regula a passagem
dum fluido
6.
Caução postal que se obtém pagando taxa extra sobre o perco
do porte
7.
Certidão de nascimento.
REGISTRAR
1.
Escrever ou lançar em livro especial
2.
Consignar pôr escrito
3.
Fazer o registro de ...
4.
Marcar pôr meio de registro ou registradora.
ARRANJAR
1.
Arrumar
2.
Avir-se
ARRANJO
1.
Ato ou efeito de arranjar
2.
Administração e / ou arrumação doméstica
PARA REGISTRAR OS
DOCUMENTOS NOS BANCOS
DE DADOS:
1.
Estabelecer um protocolo de chegada do material;
2.
Usar numeração seqüencial, tanto para as fotos, como para os
negativos, no caso de fotos, contatos e seus respectivos negativos formarem um
conjunto;
3.
Usar carimbo no verso da foto como elemento identificador da
instituição e do número seqüencial do documento. No caso de grande quantidade
de fotos, preceder a numeração com a indicação do ano. O carimbo, o menor
possível, deve ser colocado a um canto da fotografia, devido ao efeito de
polimerização da tinta sobre o papel. Deve-se usar tinta a mais clara possível;
4.
As fotos sem negativo e os negativos sem fotos não precisam,
necessariamente, ser numerados.
PARA ARRANJAR OS
DOCUMENTOS NOS BANCOS
DE DADOS
1.
Não usar clips nas fotos ou negativos, sobretudo metálicos;
2.
Evitar escrever no verso das fotos usando caneta
esferográfica. Não escrever nunca sobre a imagem fotográfica;
3.
Não grampear as fotos;
4.
Não usar fita adesiva sobre as fotos.
Sobre estas dicas de arranjo das
fotos, mais detalhes podem ser encontrados no “Manual de Normas Mínimas -
normas mínimas recomendadas para registro e arranjo.” ( segue a referencia
completa deste na nossa bibliografia).
BIBLIOGRAFIA
-
Catálogo do banco de imagens do museu universitário / UFRGS.
-
Controle vocabular - CPDOC
-Organização
de arquivos. Material do curso de especialização da Escola de Comunicação e
Artes da Universidade de São Paulo.
-
VIRUEZ, Guilma Vidal. Tratamento técnico bibliográfico, catalogação,
classificação e indexação de fotos.
-
OLIVEIRA, Gleidhe de o e. Técnicas de arquivo.
-
OLIVEIRA, Elizabeth de Mello Leitão Baptista de. Normas Mínimas recomendadas
para registro e arranjo.
-
DERISE, Ana. Normas Mínimas recomendadas para catalogação e classificação.
-
ROCHA, Ana Luiza Carvalho da. Oralidade, escrita e redes digitais: modos e
meios de pensamento em antropologia.
-
SALOMON. Délcio Vieira. Como Fazer Uma Monografia. São Paulo : Martins Fontes,
1994
-
ECO, Umberto. Como Fazer Uma Tese.
Sãp Paulo : Ed. Perspectiva, 1988.
-
MILLS, C. Wright. A Imaginação Sociológica. Rio de Janeiro : Zahar, 1980.
[1] ROCHA,
Ana Luiza Carvalho da. Oralidade, escrita e redes digitais : modos e meios de pensamento em antropologia.
[2]
MILLS, C. Wright. A Imaginação Sociológica.
Rio de Janeiro : Zahar, 1980.
[3]
ECO, Umberto. Como se Faz Uma Tese. São
Paulo : Ed. Perspectiva, 1988.
[4]
Idem. pag. 35
[5]
Ibidemp. 63-4
[6] SALOMON,
Délcio Vieira. Como Fazer Uma Monografia.
São Paulo : Martins Fontes, 1991.
[7] Idem p.
203
[8]
Biblioteca : conceito não é trabalhado aqui como tradicionalmente conhecido,
mas referemnciando mais a idéia de centros de documentação e acervos de um modo
mais geral. (Salomon : 1991)
[9] SALOMON,
Délcio Vieira. Como Fazer Uma Monografia.
p. 206
[10] Idem p.
207
[11]
MILLS, W. A Imaginação Sociológica
[12] Modelo
retirado do catálogo de fitas do CDS (Centro de Documentação Social) da
Biblioteca Setorial de
Ciências Sociais e Humanidades / IFCH / Ufrgs.
[13] LA
VEGA, Lasso de. Manual de Documentácion. In. SALOMON, Délcio Vieira. Como Fazer
Uma Monografia.
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