Livro e Literatura. Ciências Sociais. Antropologia. Sociologia. Porto Isabel. Viamão. Rio Grande do Sul. Brasil.
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015
Da palavra ao silêncio
Da palavra ao silêncio
o teatro simbolista de Murice Maeterlinck
de Lara Biasoli Moler
o teatro simbolista de Murice Maeterlinck
de Lara Biasoli Moler
sábado, 21 de fevereiro de 2015
Vila Isabel
Atenção
Mensagem especial para quem chega
Este espaço é dedicado para “assuntos acadêmicos”. Produzo os bits e
bytes para tecer considerações sobre a academia. Ultimamente tenho publicado
trabalhos antigos elaborados no percurso do curso de graduação em Ciências
Sociais e de pós-graduação em Antropologia Social.
O objetivo é contribuir com os colegas da área e grafar uma espécie de “auto-biografia
literária”. Não há nada de brilhante ou de muito especial nos textos, mas
socializar a informação é uma meta deste que vos tecla.
Se, por ventura, você (ex-colega ou ex-professor) não gostou de alguma
publicação ou sentiu (de alguma forma) desconforto com o conteúdo é só “falar”.
Mande uma mensagem que prontamente avalio a exclusão do texto. Não é meu
objetivo lesar ninguém. A Academia é cheia de “disputas de beleza”. Não
participo desta roda. Aqui é jacquesja por jacquesja. Não sou puxa saco de
ninguém. Ponho em destaque o que considero importante.
Contudo, também poderei utilizar
esta página para falar dos meus afetos. Minha cidade, minhas origens, imagens
especiais, etecétera, etecétera e etecétera. E, por falar nisso, em resposta
aos “erros de avaliação” do poder público local que intencionava acabar com “a
água da bica”, canto os amigos da Banda Ponto de Equlíbrio: Vila Isabel
Vila Isabel
Eu sou da Zona Norte
O nosso lema é independência ou morte
Oi, Corra atrás dos seus princípios agora
Faça frente com sua pressão sonora
Não deixe que te encostem contra a parede
Mostre que você tem sede de mudança
O nosso lema é independência ou morte
Oi, Corra atrás dos seus princípios agora
Faça frente com sua pressão sonora
Não deixe que te encostem contra a parede
Mostre que você tem sede de mudança
(Vila Isabel) Quem é da vila não vacila
(Vila Isabel) Berço da música popular
(Vila Isabel) Morro e asfalto
(Vila Isabel) Só Jah Jah sabe (2x)
Lá a voz mais forte tá no lado pobre,
tá na zona norte
Eu só preciso saber que não dependemos deles
Que o meu trabalho eu mesmo posso fazer
Nem que me paguem
Nem se me pagarem a maior nota
Eu não me venderei, não me renderei
Seguirei na rota daquele que me fez
Seguirei os meus ancestrais
Pais dos meus pais
Pais dos pais dos meus pais
Eu só preciso saber que não dependemos deles
Que o meu trabalho eu mesmo posso fazer
Nem que me paguem
Nem se me pagarem a maior nota
Eu não me venderei, não me renderei
Seguirei na rota daquele que me fez
Seguirei os meus ancestrais
Pais dos meus pais
Pais dos pais dos meus pais
(Vila Isabel) Quem é da vila não
vacila
(Vila Isabel) Berço da música popular
(Vila Isabel) Morro e asfalto
(Vila Isabel) Só Jah Jah sabe (2x)
Bel, bel, bel bel, bel, bel, bel, bel
(Vila Isabel) Berço da música popular
(Vila Isabel) Morro e asfalto
(Vila Isabel) Só Jah Jah sabe (2x)
Bel, bel, bel bel, bel, bel, bel, bel
Aqui tenho de ficar de olho nisso ou
naquilo
Pois te digo amigo, atividade não é grilo
Ainda querem imitar o meu estilo
Estilo braço forte em meio aos bandidos fardados, engravatados
Ainda querem me levar tudo o que eu tenho
Ainda querem me roubar o meu talento
Não vão conseguir, não vão conseguir
Pois te digo amigo, atividade não é grilo
Ainda querem imitar o meu estilo
Estilo braço forte em meio aos bandidos fardados, engravatados
Ainda querem me levar tudo o que eu tenho
Ainda querem me roubar o meu talento
Não vão conseguir, não vão conseguir
(Vila Isabel) Quem é da vila não
vacila
(Vila Isabel) Berço da música popular
(Vila Isabel) Morro e asfalto
(Vila Isabel) Só Jah Jah sabe (2x)
(Vila Isabel) Berço da música popular
(Vila Isabel) Morro e asfalto
(Vila Isabel) Só Jah Jah sabe (2x)
http://www.youtube.com/watch?v=Jco8Nfo0HvI&feature=player_embedded
http://www.bandapontodeequilibrio.com.br/novo/
Marcadores:
antropologia,
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quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015
Seleção de Bolsista de Iniciação Científica (Cota CNPq)
Seleção de Bolsista de Iniciação Científica (Cota CNPq)
Projeto: Orçamentos Participativos
nas Cidades Gaúchas
Orientador: Prof. Alfredo
Alejandro Gugliano (Departamento Ciência Política)
Requisitos mínimos:
Interesse na área de pesquisa
Disponibilidade de 20h semanais
Conhecimentos de Informática
Processo de Seleção:
ETAPA
01:
Desenvolvimento
de questão relacionada com a pesquisa (em anexo) que deverá ser enviada para o
e-mail - priscila.priae78@gmail.com
ETAPA
02:
Entrevista
Cronograma:
Prazo para envio da questão: 13/03/2015
Entrevistas: 18/03/2015
Nome:
Curso:
Semestre:
Desenvolva
a seguinte questão (máximo 05 mil caracteres com espaço)
Qual
a importância da participação dos cidadãos e cidadãs na gestão pública?
Cláudia Mauch
-----Mensagem Original-----
From: Departamento de História
Sent: Thursday, February 19, 2015 4:08 PM
To: comgradsso@ufrgs.br ; COMGRAD Relações Internacionais
;
comgraddanca@ufrgs.br ; comlet@ufrgs.br ;
comgradgea@ufrgs.br ;
cgeco@ufrgs.br ; comgrad_dir@ufrgs.br ;
coord-comgrad-comsoc@ufrgs.br ;
comgradia@ufrgs.br ; comgrad.medicina@ufrgs.br
Cc: comgradifch@ufrgs.br ; comgradhis@ufrgs.br
Subject: Cancelamento disciplinas História-URGENTE
Prezados,
Reforçando nossa mensagem enviada em janeiro, solicitamos
que comuniquem
seus alunos novamente sobre a necessidade do cancelamento
das disciplinas
abaixo para os que eventualmente nelas se matricularam,
pois elas serão
canceladas em virtude da licença médica do professor
responsável.
- HUM03702 – História da Cultura Ocidental I – Turma U -
segundas, 8h30min,
4 créditos
- HUM03347 – Cultura Brasileira – Turma A - quartas,
8h30min, 4 créditos
Att.,
Cláudia Mauch
Chefe Substituta do Departamento de História
quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015
domingo, 8 de fevereiro de 2015
Disciplina: INDIVIDUALISMO, SOCIABILIDADE E MEMÓRIA Professora: CORNELIA ECKERT
UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
INSTITUTO
DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
CURSO
DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ANTROPOLOGIA SOCIAL
Disciplina:
INDIVIDUALISMO, SOCIABILIDADE E MEMÓRIA
Professora:
CORNELIA ECKERT
Semestre 99/1
EXERCÍCIO DE AVALIAÇÃO 1
SALEM, Tânia. "A "despossessäo
subjetiva": dos paradoxos do individualismo. In: Revista Brasileira
Ciências Sociais n° 18, ano 7, fev. 1992.
Aluno:
JAQUES XAVIER JACOMINI
Introdução
A
proposta de Tânia Salem no artigo A “Despossessão Subjetiva”: dos paradoxos, do
individualismo é bastante interessante e adequada para realizarmos uma espécie
de fechamento das discussões que realizamos até agora na disciplina
“Individualismo, Sociabilidade e Memória”. Assim entendemos esta atividade de
avaliação e assim nos empenhamos na feitura deste pequeno ensaio.
Para
a construção deste ensaio, seguimos a seguinte orientação estrutural: Em um
primeiro momento – Despossessão Subjetiva ? – trazemos questões mais gerais
tomadas do artigo de Salem, como os seus objetivos e princípios norteadores,
inspirações e influências teóricas. Neste ponto destacamos ainda a divisão dos
blocos (ou momentos) que compõe o trabalho da autora.
Em
um segundo momento - Retomando autores e suas concepções – tentamos trazer para
este ensaio considerações sobre alguns
dos autores trabalhados por Salem. Dentre eles, elegemos Simmel para uma
retomada mais pausada. Sobre este último, realizamos inicialmente um apanhado
mais geral sobre a sua teoria e, posteriormente, uma explanação mais específica
sobre as suas concepções de indivíduo.
1. Despossessão
Subjetiva ?
Como
a própria autora coloca, o objetivo deste trabalho é “repensar o modo como
cientistas sociais vêm tematizando a categoria moderna de Pessoa,
consubstanciada na noção de indivíduo e, em especial, na de indivíduo
psicológico”. Este esforço analítico de Tânia Salem tem nome: “A Despossessão
subjetiva”. A premissa básica é a de que há uma instância no interior do
próprio sujeito que o constrange às expensas de sua vontade e consciência.
A
abordagem desenvolvida pela autora visa “depreender descontinuidades
significativas na representação do sujeito psicológico, relativamente à de seu
predecessor – o indivíduo jurídico”. Salem destaca ainda que o indivíduo
psicológico só adquire sentido e inteligibilidade em um universo
individualista.
O
Artigo, desenvolvido em dois blocos (além da apresentação): “Do ‘Individualismo
possessivo’ ao sujeito psicológico: inflexões e descontinuidades” e “Das
articulações entre a ‘despossessão subjetiva’ e a configuração individualista”,
chama para o debate diversos pensadores que trabalhamos em sala de aula dentre
os quais Dumont e Simmel aparecem em
relevo. Dentre aqueles que não abordamos e que a autora utiliza na sua análise,
destacaria a presença de Foucault que “ainda que não se referindo
explicitamente à destituição do sujeito sobre si mesmo, a tangência, e a
elucida parcialmente, ao invocar as conseqüências derivadas do fato de saber /
poder formarem a partir do século XIX um todo indissociável.”
Ao
citar Gauchet & Swain – A História da individualização é, de outro lado e
necessariamente, a história de uma despossessão ou de uma destituição subjetiva
– fica claro para nós a fonte (ou uma das fontes) de inspiração que Salem toma
para articular a construção deste texto, bem como o porque de defini-lo “A
Despossessão Subjetiva”.
Retomando Autores e suas Concepções
Salem
destaca que os primórdios da investigação sobre este tema estão calcados na
obra de Mauss, porém é Dumont que “é o autor contemporâneo que mais extensa e
sistematicamente se empenhou na relativização e na crítica contumaz da moderna
categoria de indivíduo”.
Tendo
como tese central a oposição entre individualismo e holismo, a contribuição de
Dumont, segundo a autora, revelou-se insuficiente para a apreensão da categoria
moderna de indivíduo. Diante desta situação, a recorrência as teses de Simmel,
Lasch, Sennett, Ariès, Foucault, entre outros é a alternativa capaz de “suprir
o ‘elo falante’ relativamente ao eixo analítico dumontiano.” Diante dos
pensadores “alternativos” que colaboram para a “despossessão subjetiva”,
destacados por Tânia Salem, elegemos Simmel para realizarmos um aprofundamento
maior sobre as suas concepções.
Para
Simmel, a sociedade existe onde vários indivíduos entram em interação. Esta
ação reciproca se produz sempre por determinados instintos ou para determinados
fins. Instintos eróticos, religiosos ou simplesmente sociais, fins de defesa ou
ataque, de jogo ou ganho, de ajuda ou instrução, estes e infinitos outros fazem com que o
homem se encontre num estado de convivência com outros homens, com ações a
favor deles, em conjunto com eles, contra eles, em correlação de circunstâncias
com eles. Essas interações significam que os indivíduos, nos quais se encontram
aqueles instintos e fins, fora por eles levados a unir-se, convertendo-se numa
unidade, numa "sociedade". Pois unidade em sentido empírico nada mais
é do que interação de elementos. O mundo não poderia ser chamado de uno, se
cada parte não influísse de algum modo sobre as demais, ou se em algum ponto se
interrompesse a reciprocidade das influências.
A
unidade ou sociaçäo pode ter diversos graus, segundo a espécie e a intimidade
que tenha a interação - desde a união efêmera para dar um passeio até a família
- desde as relações por prazo indeterminado até a pertinência a um mesmo Estado
- desde a convivência fugitiva num hotel até a união estreita de uma corporação
medieval. Simmel designa como conteúdo ou matéria da sociaçäo tudo quanto
exista nos indivíduos (portadores concretos e imediatos de toda a realidade
histórica) - como instinto, interesse, fim, inclinação, estado ou movimento
psíquico -, tudo enfim capaz de originar ação sobre outros ou a recepção de
suas influências.
Dito
de outra forma, podemos considerar conteúdos (materiais) versus formas de vida
social onde:
1°)
uma delas é que em qualquer sociedade humana pode-se fazer uma distinção entre
seu conteúdo e sua forma.
2°)
é que a própria sociedade em geral se refere à interação entre indivíduos. Essa
interação sempre surge com base em certos impulsos ou em função de certos
propósitos. Os instintos eróticos, os interesses objetivos, os impulsos
religiosos e propósitos de defesa ou ataque, de ganho ou jogo, de auxilio ou
instrução, e incontáveis outros, fazem com que o homem viva com outros homens,
aja por eles, com eles, contra eles, organizando desse modo, reciprocamente, as
suas condições - em resumo, para influenciar os outros e para ser influenciado
por eles. A importância dessas
interações esta no fato de obrigar os indivíduos, que possuem aqueles
instintos, interesses, etc.; a formarem uma unidade - precisamente, uma
"sociedade".
A
sociaçäo só começa a existir quando a coexistência isolada dos indivíduos adota
formas determinadas de cooperação e de colaboração, que caem sob o conceito
geral da interação. A sociaçäo é, assim, a forma realizada de diversas
maneiras, na qual os indivíduos constituem uma unidade dentro da qual se
realizam seus interesses. E é na base desses interesses - tangíveis ou ideais,
momentâneos ou duradouros, conscientes ou inconscientes, impulsionados
casualmente ou induzidos teleologicamente - que os indivíduos constituem tais
unidades.
Em
qualquer fenômeno social dado, conteúdo e forma sociais constituem uma
realidade unitária. Uma forma social desligada de todo conteúdo não pode ter
existência, do mesmo modo que a forma espacial não pode existir sem uma matéria
da qual seja forma. Tais são justamente os elementos, inseparáveis na realidade,
de cada ser e acontecer sociais: um interesse, um fim, um motivo e uma forma ou
maneira de interação entre os indivíduos, pelo qual ou em cuja figura aquele
conteúdo alcança realidade social. Portanto, temos nem só objetividade, nem só
subjetividade. Somente quando a vida desses conteúdos adquire a forma da
influência reciproca, só quando se produz a ação de uns sobre os outros -
imediatamente ou por intermédio de um terceiro - é que a nova coexistência
social, ou também a sucessão no tempo, dos homens, se converte numa sociedade.
Para
clarear um pouco mais a tese geral de
Simmel, destacamos a seguinte citação:
“Por
sociedade não entendo apenas o conjunto complexo dos indivíduos e dos grupos
unidos numa mesma comunidade política. Vejo uma sociedade em toda parte onde os
homens se encontram em reciprocidade de ação e constituem uma unidade
permanente ou passageira. Logo, em cada
uma dessas uniões produz-se um fenômeno que caracteriza, da mesma forma, a vida
individual; a cada instante, forças perturbadoras, externas ou não, opõem-se ao
agrupamento, e este, se for deixado a agir por sua própria conta, não tardarão
elas a dissolvê-lo, isto é, a transferir seus elementos para agrupamentos
estranhos. ... Nessa circunstância, temos a sociedade como uma unidade sui
generis, distinta de seus elementos individuais”.
No
que tange a questão específica da concepção de indivíduo em Simmel, podemos
afirmar que “indivíduo em Simmel afirma-se como um ser proprietário de si,
tanto perante a sociedade quanto de um ponto de vista subjetivo”.
O
indivíduo psicológico em Simmel fala de um sujeito fundado em uma autonomia
subjetiva radical capaz de erigir em torno de si um abrigo intimo que o protege
dos "outros".
Sobre
a concepção de indivíduo moderno, temos
Simmel em uma posição diferenciada de Dumont e Pacpherson, pois estes
apresentaram uma preocupação sobre o plano formal ou externo do indivíduo
(indivíduo jurídico), enquanto que Simmel debruçou-se de forma explícita sobre
o domínio mais propriamente interno do indivíduo (indivíduo psicológico).
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ANTROPOLOGIA SOCIAL
UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
INSTITUTO
DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
CURSO
DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ANTROPOLOGIA SOCIAL
Disciplina:
INDIVIDUALISMO, SOCIABILIDADE E MEMÓRIA
Professora:
CORNELIA ECKERT
Semestre 99/1
EXERCÍCIO DE AVALIAÇÃO 1
SALEM, Tânia. "A "despossessäo
subjetiva": dos paradoxos do individualismo. In: Revista Brasileira
Ciências Sociais n° 18, ano 7, fev. 1992.
Aluno:
JAQUES XAVIER JACOMINI
Introdução
A proposta de Tânia Salem no artigo A “Despossessão Subjetiva”:
dos paradoxos, do individualismo é bastante interessante e adequada para
realizarmos uma espécie de fechamento das discussões que realizamos até agora
na disciplina “Individualismo, Sociabilidade e Memória”. Assim entendemos esta atividade
de avaliação e assim nos empenhamos na feitura deste pequeno ensaio.
Para a construção deste ensaio, seguimos a seguinte orientação
estrutural: Em um primeiro momento – Despossessão Subjetiva ? – trazemos
questões mais gerais tomadas do artigo de Salem, como os seus objetivos e
princípios norteadores, inspirações e influências teóricas. Neste ponto
destacamos ainda a divisão dos blocos (ou momentos) que compõe o trabalho da
autora.
Em um segundo momento - Retomando autores e suas concepções –
tentamos trazer para este ensaio
considerações sobre alguns dos autores trabalhados por Salem. Dentre
eles, elegemos Simmel para uma retomada mais pausada. Sobre este último,
realizamos inicialmente um apanhado mais geral sobre a sua teoria e,
posteriormente, uma explanação mais específica sobre as suas concepções de
indivíduo.
1.
Despossessão Subjetiva ?
Como a própria autora coloca, o objetivo deste trabalho é
“repensar o modo como cientistas sociais vêm tematizando a categoria moderna de
Pessoa, consubstanciada na noção de indivíduo e, em especial, na de indivíduo
psicológico”. Este esforço analítico de Tânia Salem tem nome: “A Despossessão
subjetiva”. A premissa básica é a de que há uma instância no interior do
próprio sujeito que o constrange às expensas de sua vontade e consciência.
A abordagem desenvolvida pela autora visa “depreender
descontinuidades significativas na representação do sujeito psicológico,
relativamente à de seu predecessor – o indivíduo jurídico”. Salem destaca ainda
que o indivíduo psicológico só adquire sentido e inteligibilidade em um
universo individualista.
O Artigo, desenvolvido em dois blocos (além da apresentação): “Do
‘Individualismo possessivo’ ao sujeito psicológico: inflexões e
descontinuidades” e “Das articulações entre a ‘despossessão subjetiva’ e a
configuração individualista”, chama para o debate diversos pensadores que
trabalhamos em sala de aula dentre os quais Dumont e Simmel aparecem em relevo. Dentre aqueles que não
abordamos e que a autora utiliza na sua análise, destacaria a presença de
Foucault que “ainda que não se referindo explicitamente à destituição do
sujeito sobre si mesmo, a tangência, e a elucida parcialmente, ao invocar as
conseqüências derivadas do fato de saber / poder formarem a partir do século
XIX um todo indissociável.”
Ao citar Gauchet & Swain – A História da individualização é,
de outro lado e necessariamente, a história de uma despossessão ou de uma
destituição subjetiva – fica claro para nós a fonte (ou uma das fontes) de
inspiração que Salem toma para articular a construção deste texto, bem como o
porque de defini-lo “A Despossessão Subjetiva”.
Retomando Autores e suas Concepções
Salem destaca que os primórdios da investigação sobre este tema
estão calcados na obra de Mauss, porém é Dumont que “é o autor contemporâneo
que mais extensa e sistematicamente se empenhou na relativização e na crítica
contumaz da moderna categoria de indivíduo”.
Tendo como tese central a oposição entre individualismo e holismo,
a contribuição de Dumont, segundo a autora, revelou-se insuficiente para a
apreensão da categoria moderna de indivíduo. Diante desta situação, a
recorrência as teses de Simmel, Lasch, Sennett, Ariès, Foucault, entre outros é
a alternativa capaz de “suprir o ‘elo falante’ relativamente ao eixo analítico
dumontiano.” Diante dos pensadores “alternativos” que colaboram para a
“despossessão subjetiva”, destacados por Tânia Salem, elegemos Simmel para
realizarmos um aprofundamento maior sobre as suas concepções.
Para Simmel, a sociedade existe onde vários indivíduos entram em
interação. Esta ação reciproca se produz sempre por determinados instintos ou
para determinados fins. Instintos eróticos, religiosos ou simplesmente sociais,
fins de defesa ou ataque, de jogo ou ganho, de ajuda ou instrução, estes e infinitos outros fazem com que o
homem se encontre num estado de convivência com outros homens, com ações a
favor deles, em conjunto com eles, contra eles, em correlação de circunstâncias
com eles. Essas interações significam que os indivíduos, nos quais se encontram
aqueles instintos e fins, fora por eles levados a unir-se, convertendo-se numa
unidade, numa "sociedade". Pois unidade em sentido empírico nada mais
é do que interação de elementos. O mundo não poderia ser chamado de uno, se
cada parte não influísse de algum modo sobre as demais, ou se em algum ponto se
interrompesse a reciprocidade das influências.
A unidade ou sociaçäo pode ter diversos graus, segundo a espécie e
a intimidade que tenha a interação - desde a união efêmera para dar um passeio
até a família - desde as relações por prazo indeterminado até a pertinência a
um mesmo Estado - desde a convivência fugitiva num hotel até a união estreita
de uma corporação medieval. Simmel designa como conteúdo ou matéria da sociaçäo
tudo quanto exista nos indivíduos (portadores concretos e imediatos de toda a
realidade histórica) - como instinto, interesse, fim, inclinação, estado ou
movimento psíquico -, tudo enfim capaz de originar ação sobre outros ou a
recepção de suas influências.
Dito de outra forma, podemos considerar conteúdos (materiais)
versus formas de vida social onde:
1°) uma delas é que em qualquer sociedade humana pode-se fazer uma
distinção entre seu conteúdo e sua forma.
2°) é que a própria sociedade em geral se refere à interação entre
indivíduos. Essa interação sempre surge com base em certos impulsos ou em
função de certos propósitos. Os instintos eróticos, os interesses objetivos, os
impulsos religiosos e propósitos de defesa ou ataque, de ganho ou jogo, de auxilio
ou instrução, e incontáveis outros, fazem com que o homem viva com outros
homens, aja por eles, com eles, contra eles, organizando desse modo,
reciprocamente, as suas condições - em resumo, para influenciar os outros e
para ser influenciado por eles. A
importância dessas interações esta no fato de obrigar os indivíduos, que
possuem aqueles instintos, interesses, etc.; a formarem uma unidade -
precisamente, uma "sociedade".
A sociaçäo só começa a existir quando a coexistência isolada dos
indivíduos adota formas determinadas de cooperação e de colaboração, que caem
sob o conceito geral da interação. A sociaçäo é, assim, a forma realizada de
diversas maneiras, na qual os indivíduos constituem uma unidade dentro da qual
se realizam seus interesses. E é na base desses interesses - tangíveis ou
ideais, momentâneos ou duradouros, conscientes ou inconscientes, impulsionados
casualmente ou induzidos teleologicamente - que os indivíduos constituem tais
unidades.
Em qualquer fenômeno social dado, conteúdo e forma sociais
constituem uma realidade unitária. Uma forma social desligada de todo conteúdo
não pode ter existência, do mesmo modo que a forma espacial não pode existir
sem uma matéria da qual seja forma. Tais são justamente os elementos,
inseparáveis na realidade, de cada ser e acontecer sociais: um interesse, um
fim, um motivo e uma forma ou maneira de interação entre os indivíduos, pelo
qual ou em cuja figura aquele conteúdo alcança realidade social. Portanto,
temos nem só objetividade, nem só subjetividade. Somente quando a vida desses
conteúdos adquire a forma da influência reciproca, só quando se produz a ação
de uns sobre os outros - imediatamente ou por intermédio de um terceiro - é que
a nova coexistência social, ou também a sucessão no tempo, dos homens, se
converte numa sociedade.
Para clarear um pouco mais a tese
geral de Simmel, destacamos a seguinte citação:
“Por sociedade não entendo apenas o conjunto complexo dos
indivíduos e dos grupos unidos numa mesma comunidade política. Vejo uma
sociedade em toda parte onde os homens se encontram em reciprocidade de ação e
constituem uma unidade permanente ou passageira. Logo, em cada uma dessas uniões produz-se um
fenômeno que caracteriza, da mesma forma, a vida individual; a cada instante,
forças perturbadoras, externas ou não, opõem-se ao agrupamento, e este, se for
deixado a agir por sua própria conta, não tardarão elas a dissolvê-lo, isto é,
a transferir seus elementos para agrupamentos estranhos. ... Nessa
circunstância, temos a sociedade como uma unidade sui generis, distinta de seus
elementos individuais”.
No que tange a questão específica da concepção de indivíduo em
Simmel, podemos afirmar que “indivíduo em Simmel afirma-se como um ser
proprietário de si, tanto perante a sociedade quanto de um ponto de vista
subjetivo”.
O indivíduo psicológico em Simmel fala de um sujeito fundado em
uma autonomia subjetiva radical capaz de erigir em torno de si um abrigo intimo
que o protege dos "outros".
Sobre a concepção de
indivíduo moderno, temos Simmel em uma posição diferenciada de Dumont e
Pacpherson, pois estes apresentaram uma preocupação sobre o plano formal ou
externo do indivíduo (indivíduo jurídico), enquanto que Simmel debruçou-se de
forma explícita sobre o domínio mais propriamente interno do indivíduo
(indivíduo psicológico).
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