Creio
"Basta
acreditar"
Vide a obra cinematográfica
Finding
Neverland
(Em
Busca da Terra do Nunca
(título
no Brasil)
ou
À Procura da Terra do Nunca
(título
em Portugal)).
Filme
britânico-americano de 2004,
um
drama biográfico dirigido por
Marc Forster, com roteiro baseado
em
peça teatral de Allan Knee.
Em Busca
do contexto da obra “Terra do Nunca” (ou algo do tipo, veja citação acima)
Hoje é um
dia muito especial. Julho abençoado. Colecionando vitórias. Sei que posso
perder algum leitor hoje, mas não posso me furtar do meu papel principal.
Letras.
Se você
digita no google: “Santa Isabel, Viamão” o que aparece? Um texto de minha
autoria no Wikipédia. Defini a Praça Santa Isabel como um espaço de encontro de
todas as gerações. Elegi a árvore símbolo da Santa Isabel (Timbaúva). Criei o
primeiro livro sobre a história da Santa Isabel e o primeiro blog temático
sobre a Santa Isabel. Cunhei o termo “cidadenização” para explicar o que
ocorreu com a Vila, quase Cidade, chamada de Região por uns e de Bairro por
outros (segundo o minha modesta opinião uma Cidade). E por ai vai. Muitos copiam tudo isso e “esquecem” de me
dar os devidos créditos. Tudo bem. Na mídia nada se cria, tudo se copia já
dizia o “Velho Guerreiro” (Chacrinha). Fogo.
Você que
está lendo este texto agora observe o desafio. Caminhe pela Avenida Liberdade.
Em frente ao Salão de Cabelereiros mais suntuoso e desagradável da região
existe uma casa de santo (no letreiro lê-se Flora). Entre com dignidade e
respeito e deposite um valor nos pés do “Preto Velho” (Valor mínimo deve ser
vinte reais). O que é isso? Observa! Eu sei que você já visitou Casa de Santo.
Assistiu roda de Umbanda. Consultou cartas e búzios. Fez aché para não te
furtarem o veículo (não havia valores disponíveis para a seguradora). Acionou
os Orixás para causas de amor, negócio e outras vaidades. Portanto, não se
ofenda. É isso mesmo. E se eu não fizer isto?
As vezes a
pessoa sente dor de cabeça. Uma torção involuntária em partes da perna. Perde a
carteira com todos os documentos. Bate o carro numa bobeira no trânsito, etc. e
não entende o que aconteceu? Fluídos atuam o tempo todo no teu entorno. Dor de
barriga, má digestão, pensamentos nefastos e você não entende o que está
ocorrendo? Gratidão é uma palavra que está na boca de muita gente, mas o que é
realmente este sentimento? Vai lá e agradece. Especialmente se você é do sexo
feminino e está em idade fértil. Caso contrário, não vai mudar muito, pois já
carrega uma condenação nas costas. Peso. Penso.
Tem um
ciclone extra-tropical agindo na costa. Hoje as dezoito horas lembrei da obra
de Érico Veríssiomo – O Tempo e o Vento. Alô Senhora Mozara, por favor, calibre
o seu dispositivo de alarme no prédio novo. A vizinhança toda não aguenta mais
o barulho infernal das sirenes sendo acionadas a todo instante (as vezes,
durante toda a noite, sem motivo aparente). Os Deuses agradecem a vossa
atenção.
Desejo uma
boa noite à todos. Segue a última parte do trabalho “Flanelas”. Namastê.
CONCLUSÃO
As
conclusões são tão experimentais quanto toda esta pesquisa realizada, em função
da nossa condição de iniciados em ciências sociais, portanto elas mais abrem questões de debate e
análise do que encerram grandes constatações.
Um
aspecto que me parece interessante chamar para este momento do nosso texto é do
desafio que estava colocado para nós, quando do início deste trabalho. É a
primeira vez que tentamos “estranhar o familiar”, através de uma pesquisa
voltado para um espaço social que é o nosso próprio, ou seja, o espaço urbano
contemporâneo. Aceitando o convite de Gilberto Velho: “(...) Não há como fugir,
nem retardar mais o processo de assumir o estudo antropológico da nossa
sociedade e cultura como tarefa fundamental.” (Velho, 1980), nos embrenhamos
nesta atividade que nos trouxe muita satisfação intelectual.
Uma
percepção também presente neste momento é o do entendimento que os recursos
visuais, fotográficos, iconográficos e imagéticos trazem uma enorme
contribuição para este tipo de pesquisa que realizamos. Inicialmente, estava
previsto a realização de fotos e imagens no campo estudado, porém, em função de
alguns problemas de divisão de tarefas não foi possível assim proceder.
Limitamo-nos, então aos recursos iconográficos (mapas, traçados, desenhos,
...).
No
campo mais teórico, uma das principais constatações é que precisamos tentar
entender os guardadores de carros enquanto atores sociais urbanos
contemporâneos inseridos em uma dinâmica social moderna. Ao invés de
classificá-los como bandidos ou heróis de uma sociedade moderna, impregnada de
conflitos, de tensões e de crises, é necessário perceber a dramaturgia que está
colocada na sua atuação social. Portanto, acreditamos que “(...) todo o ator
social procura, para além dos papéis institucionalizados, oferecer a outrem uma
imagem de si próprio que lhe garanta o controle desta interação. As estratégias
assim elaboradas envolvem comportamentos físicos ou verbais, e são tanto mais
necessárias quanto mais ameaçado estiver a identidade pessoal.” (Goffman,
1975) Este princípio teórico é
perfeitamente comprovado através dos dados empíricos levantados em campo,
através das entrevistas e conversas informais com os “flanelas”. Observamos os
momentos em que os nossos atores sociais ritualizavam, estetizavam e encenavam,
através de comportamentos, gestos e expressões verbais, estratégias de
afirmação da sua presença no local de trabalho, bem como de convencimento da
necessidade da sua permanência junto aos veículos para garantir a segurança dos
mesmos.
Só
para citar um exemplo, citaríamos a situação de estacionamento de um
veículo: - Ao perceber que um carro se
aproxima de uma das vagas do estacionamento, o “flanela” também se aproxima do
veículo, tentando auxiliar o processo de manobragem e estacionamento,
propriamente dito. Uma vez estacionado, ele, por vezes, abre gentilmente a
porta do veículo e passa a oferecer os seus préstimos de guardador e de lavador
de automóveis. Já com uma “flanela” na mão, pode rapidamente passar a flanela
em alguma parte do carro, tentando limpá-lo parcialmente; Quando o “usuário”
retorna ao veículo, acontece algo semelhante: o “flanela” se aproxima, auxilia
na manobragem para a saída do veículo e “faz cara de cachorro molhado” para
tentar algum tipo de pagamento ou gorjeta. As expressões: “bem cuidado”, “quer
lavar, Doutor ?”, “Não sai um troquinho para um cafezinho ai chefe ?”, são
expressões muito usadas pelos “flanelas” no seu trabalho diário e fazem parte
da encenação e ritualização que aqui referimos. As caras feias ou expressões
carrancudas também fazem parte desta encenação e são motivadas pela situação
onde o “usuário” passa a usar o estacionamento sem retribuir o trabalho do
“flanela” com nenhuma importância em dinheiro ou objeto de consumo. Ou seja, a
expressões de descontentamento ou indignação do “flanela” para com o usuário
que não contribuiu com o seu trabalho não significa, exatamente, desejo de
agressão física ou moral do “flanela” para com este usuário, ou mesmo vontade
de danificação do seu patrimônio pessoal, neste caso o carro.
Este
entendimento da dinâmica do trabalho do flanela é o principal eixo desta
conclusão. Precisamos fugir das observações jornalística que generalizando os
fenômenos sociais, acabam por desfigurá-los e desqualificá-los. A antropologia
urbana nos apresenta um importante instrumental de análise e estudo destes
atores urbanos contemporâneos. Oportunamente, pretendemos retomar esta análise
a fim de ampliá-la e relativizá-la um pouco mais. Portanto, obviamente que aqui
poderíamos levantar outros aspectos, mas não o faremos em função da brevidade
desta investigação que ora concluímos.
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