terça-feira, 26 de julho de 2016

Creio




Creio
"Basta acreditar"

Vide a obra cinematográfica
Finding Neverland
(Em Busca da Terra do Nunca
(título no Brasil)
ou À Procura da Terra do Nunca
(título em Portugal)).
Filme britânico-americano de 2004,
um drama biográfico dirigido por
 Marc Forster, com roteiro baseado
em peça teatral de Allan Knee.


Em Busca do contexto da obra “Terra do Nunca” (ou algo do tipo, veja citação acima)
Hoje é um dia muito especial. Julho abençoado. Colecionando vitórias. Sei que posso perder algum leitor hoje, mas não posso me furtar do meu papel principal. Letras.
Se você digita no google: “Santa Isabel, Viamão” o que aparece? Um texto de minha autoria no Wikipédia. Defini a Praça Santa Isabel como um espaço de encontro de todas as gerações. Elegi a árvore símbolo da Santa Isabel (Timbaúva). Criei o primeiro livro sobre a história da Santa Isabel e o primeiro blog temático sobre a Santa Isabel. Cunhei o termo “cidadenização” para explicar o que ocorreu com a Vila, quase Cidade, chamada de Região por uns e de Bairro por outros (segundo o minha modesta opinião uma Cidade). E por ai vai.  Muitos copiam tudo isso e “esquecem” de me dar os devidos créditos. Tudo bem. Na mídia nada se cria, tudo se copia já dizia o “Velho Guerreiro” (Chacrinha). Fogo.
Você que está lendo este texto agora observe o desafio. Caminhe pela Avenida Liberdade. Em frente ao Salão de Cabelereiros mais suntuoso e desagradável da região existe uma casa de santo (no letreiro lê-se Flora). Entre com dignidade e respeito e deposite um valor nos pés do “Preto Velho” (Valor mínimo deve ser vinte reais). O que é isso? Observa! Eu sei que você já visitou Casa de Santo. Assistiu roda de Umbanda. Consultou cartas e búzios. Fez aché para não te furtarem o veículo (não havia valores disponíveis para a seguradora). Acionou os Orixás para causas de amor, negócio e outras vaidades. Portanto, não se ofenda. É isso mesmo. E se eu não fizer isto?
As vezes a pessoa sente dor de cabeça. Uma torção involuntária em partes da perna. Perde a carteira com todos os documentos. Bate o carro numa bobeira no trânsito, etc. e não entende o que aconteceu? Fluídos atuam o tempo todo no teu entorno. Dor de barriga, má digestão, pensamentos nefastos e você não entende o que está ocorrendo? Gratidão é uma palavra que está na boca de muita gente, mas o que é realmente este sentimento? Vai lá e agradece. Especialmente se você é do sexo feminino e está em idade fértil. Caso contrário, não vai mudar muito, pois já carrega uma condenação nas costas. Peso. Penso.
Tem um ciclone extra-tropical agindo na costa. Hoje as dezoito horas lembrei da obra de Érico Veríssiomo – O Tempo e o Vento. Alô Senhora Mozara, por favor, calibre o seu dispositivo de alarme no prédio novo. A vizinhança toda não aguenta mais o barulho infernal das sirenes sendo acionadas a todo instante (as vezes, durante toda a noite, sem motivo aparente). Os Deuses agradecem a vossa atenção.
Desejo uma boa noite à todos. Segue a última parte do trabalho “Flanelas”. Namastê.












CONCLUSÃO

As conclusões são tão experimentais quanto toda esta pesquisa realizada, em função da nossa condição de iniciados em ciências sociais,  portanto elas mais abrem questões de debate e análise do que encerram grandes constatações.
Um aspecto que me parece interessante chamar para este momento do nosso texto é do desafio que estava colocado para nós, quando do início deste trabalho. É a primeira vez que tentamos “estranhar o familiar”, através de uma pesquisa voltado para um espaço social que é o nosso próprio, ou seja, o espaço urbano contemporâneo. Aceitando o convite de Gilberto Velho: “(...) Não há como fugir, nem retardar mais o processo de assumir o estudo antropológico da nossa sociedade e cultura como tarefa fundamental.” (Velho, 1980), nos embrenhamos nesta atividade que nos trouxe muita satisfação intelectual.
Uma percepção também presente neste momento é o do entendimento que os recursos visuais, fotográficos, iconográficos e imagéticos trazem uma enorme contribuição para este tipo de pesquisa que realizamos. Inicialmente, estava previsto a realização de fotos e imagens no campo estudado, porém, em função de alguns problemas de divisão de tarefas não foi possível assim proceder. Limitamo-nos, então aos recursos iconográficos (mapas, traçados, desenhos, ...).
No campo mais teórico, uma das principais constatações é que precisamos tentar entender os guardadores de carros enquanto atores sociais urbanos contemporâneos inseridos em uma dinâmica social moderna. Ao invés de classificá-los como bandidos ou heróis de uma sociedade moderna, impregnada de conflitos, de tensões e de crises, é necessário perceber a dramaturgia que está colocada na sua atuação social. Portanto, acreditamos que “(...) todo o ator social procura, para além dos papéis institucionalizados, oferecer a outrem uma imagem de si próprio que lhe garanta o controle desta interação. As estratégias assim elaboradas envolvem comportamentos físicos ou verbais, e são tanto mais necessárias quanto mais ameaçado estiver a identidade pessoal.” (Goffman, 1975)  Este princípio teórico é perfeitamente comprovado através dos dados empíricos levantados em campo, através das entrevistas e conversas informais com os “flanelas”. Observamos os momentos em que os nossos atores sociais ritualizavam, estetizavam e encenavam, através de comportamentos, gestos e expressões verbais, estratégias de afirmação da sua presença no local de trabalho, bem como de convencimento da necessidade da sua permanência junto aos veículos para garantir a segurança dos mesmos.
Só para citar um exemplo, citaríamos a situação de estacionamento de um veículo:  - Ao perceber que um carro se aproxima de uma das vagas do estacionamento, o “flanela” também se aproxima do veículo, tentando auxiliar o processo de manobragem e estacionamento, propriamente dito. Uma vez estacionado, ele, por vezes, abre gentilmente a porta do veículo e passa a oferecer os seus préstimos de guardador e de lavador de automóveis. Já com uma “flanela” na mão, pode rapidamente passar a flanela em alguma parte do carro, tentando limpá-lo parcialmente; Quando o “usuário” retorna ao veículo, acontece algo semelhante: o “flanela” se aproxima, auxilia na manobragem para a saída do veículo e “faz cara de cachorro molhado” para tentar algum tipo de pagamento ou gorjeta. As expressões: “bem cuidado”, “quer lavar, Doutor ?”, “Não sai um troquinho para um cafezinho ai chefe ?”, são expressões muito usadas pelos “flanelas” no seu trabalho diário e fazem parte da encenação e ritualização que aqui referimos. As caras feias ou expressões carrancudas também fazem parte desta encenação e são motivadas pela situação onde o “usuário” passa a usar o estacionamento sem retribuir o trabalho do “flanela” com nenhuma importância em dinheiro ou objeto de consumo. Ou seja, a expressões de descontentamento ou indignação do “flanela” para com o usuário que não contribuiu com o seu trabalho não significa, exatamente, desejo de agressão física ou moral do “flanela” para com este usuário, ou mesmo vontade de danificação do seu patrimônio pessoal, neste caso o carro.  
Este entendimento da dinâmica do trabalho do flanela é o principal eixo desta conclusão. Precisamos fugir das observações jornalística que generalizando os fenômenos sociais, acabam por desfigurá-los e desqualificá-los. A antropologia urbana nos apresenta um importante instrumental de análise e estudo destes atores urbanos contemporâneos. Oportunamente, pretendemos retomar esta análise a fim de ampliá-la e relativizá-la um pouco mais. Portanto, obviamente que aqui poderíamos levantar outros aspectos, mas não o faremos em função da brevidade desta investigação que ora concluímos.
 





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