Tarumã – Santa Isabel
Duas de doutor(es).
Convivo com doutos e não
doutos. Vamos por partes. Existem dois tipos de doutores: aqueles que possuem
titulação específica (curso de pós-graduação ao nível de doutorado) e aqueles
que não possuem. Contudo, estes últimos podem receber a titulação pró-forma por
atributo profissional, tradição secular nacional desde o tempo do imperador.
Não quero tomar muito do
seu tempo, mas vou contar duas histórias rápidas que envolvem doutores. Certa
feita, encontrei um cidadão que tripulava um automóvel Fiat Uno. O mesmo estava
todo arranhado, roupa rasgada e o automóvel também apresentava diversas
avarias. Viria a saber depois que fora um caso de conflito familiar e o
referido cidadão havia apanhado uma surra da sua esposa (briga por ciúmes).
Verifiquei que o referido cidadão era médico veterinário. Tentando auxiliá-lo,
busquei aproximação e declarei: Eu sou protetor de animais. Ele respondeu: Eu
sou muito mais do que isso.
A segunda situação foi a
seguinte: Eu estava perdido no Campus do Vale. Fui visitar o Setor Frota (local
onde ficam as viaturas da UFRGS) para resolver um problema administrativo, mas
eu não sabia onde ficava o prédio. Entrei no portão principal da Faculdade de
Agronomia e passei a percorrer o anel viário. Resolvi pedir informação para um
transeunte que passava, a fim de alcançar o meu objetivo. Cumprimentei o
cidadão que caminhava em sentido contrário. Solicitei a informação: O senhor
trabalha aqui? Sim, respondeu ele. Em seguida emendou: Eu sou pós-doutor aqui
na Faculdade de Agronomia.
O que dizer sobre? Dois
casos de doutores. Então é isso: Doutor gosta de dar “Carteiraço”. Veja o
segundo caso, por exemplo: Eu só queria uma informação – onde fica o Setor
Frota da UFRGS. Mas o doutor não titubeou e chamou na carteira. Agora observa,
se o cidadão atua assim com um simples transeunte, imagina o que ele faz em
situação de sala de aula na relação institucional com os seus alunos.
Tarumã – Santa Isabel foi
o ônibus que passou aqui (agora a pouco). Eu não sou doutor. Labuto no departamento de
Letras do CESAJO. Prefiro encontrar um cidadão comum elegante do que um doutor
em surto tomado de cólera com a carteira na mão esbravejando: Sabe com quem
está falando? Eu sou doutor.
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