Livro e Literatura. Ciências Sociais. Antropologia. Sociologia. Porto Isabel. Viamão. Rio Grande do Sul. Brasil.
terça-feira, 31 de maio de 2016
UFRGS
Boa tarde,
Informamos que os técnicos da
COMGRAD realizarão paralisação de três dias a contar de 31 de maio de
acordo com deliberação da categoria na UFRGS.
Mais informações sobre os motivos da paralisação podem ser
adquiridas em www.assufrgs.org.br.
Retornamos na sexta-feira dia 03/06.
Att,
COMGRAD
segunda-feira, 30 de maio de 2016
Livro e Literatura
Livro e
Literatura (Projeto Livre
Pensar pela Imagem)
A despedida do maio em meio aos livros e a literatura.
O mês de maio está findando e eu apenas iniciando mais um projeto
sustentado no livro e na literatura. Pequena história do cotidiano: Estava eu a
conversar com um amigo de infância. Não o via à anos. Sabe o que ele me disse? Tenho
que devolver aquele teu livro. Eu não lembrava mais do título, afinal de contas
lá já se vão décadas do ocorrido. É assim, quem carrega livros, coleciona
amigos letrados.
Fui hoje até a capital. O objetivo não era adquirir obras literárias, mas
foi exatamente o que ocorreu. Comprei diversos livros e dentre eles uma
verdadeira raridade: Cantares ao meu povo (Solano Trindade). Sabe o que me
disseram lá na cátedra afro-descendencia e cidadania do Brasil? A titular (sôfrega)
exclamou: Eu não entendi a tua proposta (de trabalho). Existem muitas pessoas
que não entendem a minha proposta de trabalho e, de um modo geral, o problema
não está na origem, mas no “crivo”. Para esta douta senhora eu (que não sou
doutor) sugeri: acrescente Solano Trindade na sua –egrégia - bibliografia acadêmica
(Eilo aqui). Voltando aos livros.
Sigo trabalhando com a coleção denominada “A
Filosofia das Ciências Sociais” (de François Châtelet da Universidade de Paris
VIII). Retomei leituras técnicas da área do processamento digital de imagens
fotográfica a exemplo de “Tratamento Digital de Imagens (Alberto Domingo
Ajenjo) e agora Solano. Então vejam que foi pura má vontade do “Senhor Fumaça
Sentada” ao me excluir do “Programa de Bacharéis Urgueanos”. Ao meu humilde
juízo o desfecho deveria ter sido outro até por uma questão de “Direito
Adquirido”. Se defendem os vermelhos, porque não respeitar os azuis? Lamento
pelo ocorrido. Sigo quintaneando: Eles passarão, eu passarinho. Seis sabe do
que mais? Junho!
Gostaria de agradecer a presença de todos neste espaço virtual. Muito
obrigado pela atenção e paciência de todos que lêem estes singelos rasgos de
trincheira. Muito obrigado pelo interesse na minha singela e despretensiosa labuta
(camino). Sigo caminando. Caminando
(lavra) com determinação na direção da luz (que salva e liberta) e na defesa
dos inocentes de todo o gênero e espécie.
Namastê. (Projeto Livre Pensar pela Imagem)
sábado, 28 de maio de 2016
quinta-feira, 26 de maio de 2016
quarta-feira, 25 de maio de 2016
Cem Pés
Projeto
Livre Pensar pela Imagem
A retomada deste projeto neste mês de maio auspicioso não deixa de ser um
sinal: o passado passou. Ficou para trás as influencias de mestres doentes e se
inicia um novo tempo.
Sei que vai surgir uma pergunta básica aqui: Trata-se de antropologia
visual? A resposta é sim e não. Eu explico o que parece ser um relativismo
absurdo. Sim porque existe esta influência de saberes acadêmicos no meu
trabalho. Só para dar um exemplo sobre o tema: frequentei três vezes a
disciplina de “antropologia visual e da imagem” oferecida na Universidade. NÂO
porque eu não estou praticando o que preconizaram os doutos no assunto. O tipo
de trabalho que é desenvolvido lá não cabe aos meus anseios intelectuais. O que
fazem lá é exercício de poder. Tal qual aquela atividade nos jardins do Vale.
Aquilo com nome de “aula aberta” também é exercício de poder. Voltando para a
periferia.
O Projeto Livre Pensar pela Imagem está livre do “ranço acadêmico”, pois
não vem atrelado as hipocrisias do sistema institucional legal de uma
“Instituição Total” (GOFFMAN, 1983). Eles estão doentes. Seriamente doentes.
Possuem corpos e mentes abalados pelo “Medo”. A menção a este sentimento não
tem nada a ver com aquela pesquisa que participei em tempos idos. Aqui refiro “Medo”
como combustível do sistema capitalista (MARX, 1838). Além disso, o medo da
escassez conforme trabalhado por Sri Prem Baba também é válido neste contexto.
Eu vou retomar depois esta questão do medo para explicar de onde foi copiado a
tal “Cultura do Medo” (pesquisa desenvolvida pelo NUPECS). O tema é complexo e
não posso desenvolvê-lo aqui onde o foco é o trabalho com a imagem enquanto
ferramenta intelectual de se processar um entendimento razoável do sistema
social vigente.
O que
você vai encontrar aqui no Projeto Livre Pensar pela Imagem? Um esforço de
análise que trabalha baseado na contemplação (não drogada) da realidade que nos
cerca. Um exercício intelectual que capta a imagem. Processa este material com
os recursos da micro informática (ferramentas eletrônicas). Produz peças
relacionais em forma de imagens fotográficas e videográficas, além de alguns
arquivos de áudio acessórios. É claro que também tem risco e rabisco no papel.
Diário de campo no bloco de notas carregado no bolso do casaco de sempre, entre
outros recursos inomináveis. Publicações também ocorrem e ocorrerão no âmbito
do Projeto Livre Pensar pela Imagem, mas não são fundamentais para o mesmo.
Grande parte do material não vai ser “compartilhado” para o grande público
neste momento.
Fica o convite para você acompanhar e
apreciar o trabalho, na medida em que o mesmo for disponibilizado publicamente.
Existe a possibilidade da intervenção do público leitor com críticas e
contribuições. Especialmente através do uso da internet e suas ferramentas
maravilhosas de conexão entre as pessoas mundo a fora. Obrigado pela vossa
atenção.
Projeto
Livre Pensar pela Imagem
Jacques
Jacomini (autor)
terça-feira, 24 de maio de 2016
domingo, 22 de maio de 2016
quarta-feira, 18 de maio de 2016
Piada
De: comgradifch@ufrgs.br [mailto:comgradifch@ufrgs.br]
Enviada em: terça-feira, 17 de maio de 2016 19:23
Para: Undisclosed-Recipient:;
Assunto: Paralisação dos técnicos da COMGRAD-IFCH (DIA 18/05/16)
Enviada em: terça-feira, 17 de maio de 2016 19:23
Para: Undisclosed-Recipient:;
Assunto: Paralisação dos técnicos da COMGRAD-IFCH (DIA 18/05/16)
Boa tarde,
informamos que no dia de amanhã (18/05,
quarta-feira) os técnicos não estarão atendendo na COMGRAD em função de adesão
à paralisação nacional e
assembleia da categoria na Universidade.
Att,
COMGRAD
terça-feira, 17 de maio de 2016
segunda-feira, 16 de maio de 2016
sexta-feira, 13 de maio de 2016
quinta-feira, 12 de maio de 2016
Golpe de 2016
.
“Hoje
não se põe fim à democracia com forças armadas, é com outros meios".
Roberto de Figueiredo Caldas
Extrato
da fala do senador Paulo Paim
citando
as palavras do representante internacional: "Não podemos olhar para o lado
quando surgem ameaças à estabilidade institucional, quando surgem situações
anômalas que podem ameaçar a legalidade. Hoje não se põe fim à democracia com
forças armadas, é com outros meios". Roberto de Figueiredo Caldas, citando
as palavras do representante internacional: "Não podemos olhar para o lado
quando surgem ameaças à estabilidade institucional, quando surgem situações
anômalas que podem ameaçar a legalidade. Hoje não se põe fim à democracia com
forças armadas, é com outros meios".
Fonte:
quarta-feira, 11 de maio de 2016
terça-feira, 10 de maio de 2016
segunda-feira, 9 de maio de 2016
Projeto de pesquisa acadêmica
UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
INSTITUTO
DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
CURSO
DE CIÊNCIAS SOCIAIS
Disciplina:
Pesquisa Social IV - Projeto
Semestre:
1997 / I
Professora
: Tânia Steren dos Santos
-
PESQUISANDO UMA INSTITUIÇÃO
TOTAL : Estudo
de caso do
instituto dom bosco
masculino -
Aluno:
JAQUES XAVIER JACOMINI
Matrícula:
1409/92.7
SUMÁRIO
1.
JUSTIFICATIVA
................................................................................. 03
2.
PROBLEMA / HIPÓTESE
.................................................................. 06
3.
DEFINIÇÃO DE CONCEITOS
E
QUADRO
TEÓRICO DE REFERÊNCIA
.......................................
07
4.
OBJETIVOS DO PROJETO
............................................................ 19
5.
METODOLOGIA
................................................................................ 21
6.
CRONOGRAMA
................................................................................ 23
7.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
............................................... 25
8.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
.................................................... 26
1. JUSTIFICATIVA
“ O Tema da loucura encanta quem o toca. Ao abordar
a loucura (...) não devemos prescindir dela. Ela não invade apenas os outros
como pensou o médico Simão Bacamarte. Ela é em nossas vidas ora um acaso, ora
uma necessidade. Tocá-la pode ser irreversível; desconsiderá-la pode ser
lamentável. (...)
A loucura é capaz de legislar e consagrar, ainda que
temporariamente, um incêndio para a diversão dos monótonos romanos, exauridos
já pelo tédio das conquistas (...)
A loucura, pôr outro lado, não é um formidável
privilégio de alguns leigos ou doutos. A loucura é um sofrimento psíquico que
pode ser minimizado, e o primeiro requisito para esta
tarefa talvez seja
tão imaterial quanto
a própria enfermidade
: (...)” [1]
O tema da normalidade (ou
normalização das sociedades no sentido como é trabalhado pôr Roberto Machado [2]) dentro das sociedades contemporâneas tem sido
trabalhado pôr vários pensadores e intelectuais de várias épocas e de vários
períodos históricos. Desde as considerações de Durkheim sobre o que chamou de
“normal e patológico” até, mais recentemente, os estudos de Nietzsche, Freud e
Foucault, acumulam-se várias propostas
de se abordar o tema, temos assim a noção da importância deste debate para nós
cientistas sociais e para a organização
de nossa sociedade atual.
Dentro deste contexto,
tentando delimitar um pouco mais o nosso campo de análise, consideramos os
movimentos mundiais em defesa da restruturação e reorganização dos princípios
científicos e filosóficos que nortearam, até os nossos dias, o trabalho em saúde
mental. Temos noticia de propostas que caminham nesta direção como os processos
já implantados de, pôr exemplo, “saúde mental comunitária - experiência dos
Estados Unidos da América, a antipsiquiatria - modelo da Inglaterra, a
psiquiatria de setor - proposta na França, reformas psiquiátricas - na Itália e
na Espanha, e a atenção primária, experiência de Cuba.” [3] Dentre estas várias experiências, caberia
destacar, entretanto aquela que, segundo o meu levantamento, funciona como o
sustentáculo das propostas de reformulação deste setor de saúde no Brasil,
refiro-me a lei 180 da Itália e a Declaração de Caracas de 1990.
A nível nacional, até como
reflexo deste movimento mundial, surgiu no Senado Federal proposta de lei do
Deputado Paulo Delgado (PT - MG) e na Assembléia Legislativa do Estado do Rio
Grande do Sul projeto de lei do Deputado Estadual Marcos Rolim (PT), ambos
sinalizando para a extinção progressiva dos hospitais psiquiátricos e sua
substituição pôr outros recursos assistências, para a regulamentação da
internação psiquiátrica compulsória, entre outras propostas.
Diante de uma proposta de
reformulação das políticas de atendimento em saúde para os deficientes mentais,
através do projeto de lei que prevê a extinção progressiva dos hospitais
psiquiátricos tradicionais, debruço-me sobre esta análise de caso, caso Instituto
Dom Bosco Masculino, a fim de analisar o
novo ( nova proposta prevista no projeto de lei ) a partir de uma
experiência que remonta a forma
tradicional (de uso corrente no Brasil) de tratamento aos portadores de
necessidades especiais.
Este paralelo comparativo, o
novo e o tradicional, faz-se necessário uma vez que a forma atual de
atendimento tem apresentado vários problemas e as novas sugestões de trabalho
propõe mudanças estruturais significativas o que as coloca no centro de uma discussão
muito polêmica.
Poderíamos aqui ainda
referir a nossa intenção de, apesar de estarmos trabalhando com um análise de
caso - O Caso Instituto Dom Bosco Masculino / IDBM, trabalhamos com materiais, referencias e
considerações de outras instituições estilo manicomial como Instituto
Psiquiátrico Forense Dr. Maurício Cardoso, Hospital Psiquiátrico São Pedro e
Instituto Nacional do Centro Clínico de Saúde /
Hospital St. Elizabeths (E. U. A ).
Nesta primeira instituição realizamos pesquisa de campo, observação
participante e ensaio e uma posterior exposição de fotos, na segunda realizamos
pesquisa teórica a partir da tese de
mestrado do historiador Alexandre Schiavon e na terceira, “viajamos” teoricamente
para os Estados Unidos da América através da obra-- de Erving Goffman - Manicômios, prisões e
conventos.
Entendemos que este estudo é de elevada relevância para o debate da “loucura” e suas
formas ou proposta de tratamento nas sociedades contemporâneas. Sociedade esta
tomada pêlos ventos da pós-modernidade, altamente individualizada, segmentada;
em constante conflito e crises sociais, filosóficas, religiosas, ... que busca
entender as fronteiras do normal e do patológico, do racional e do irracional,
do possível e do impossível. Mais do que nunca, este debate é atual e
necessário uma vez que o homem busca desesperado o fulcro de suas construções e
realizações mentais e materiais.
2.
PROBLEMA / HIPÓTESE
Segundo orientação de nossa
professora destacamos o problema e a hipótese de forma relacionada, uma vez que
dada o grau de maturação de nossas idéias, seria um pouco precoce externá-los
separadamente e de forma definitiva.
O problema central do nosso
projeto de pesquisa é :
“Qual a dimensão dos fatores
negativos e dos fatore positivos dentro do atual modelo de assistência médico /
psiquiátrica aos pacientes portadores de deficiências e perturbações mentais
atendidos nas redes de hospitais públicos e privados.”
Nos arriscando na tentativa
de formular uma hipótese inicial de trabalho para a nossa pesquisa, citamos a
seguir uma hipótese que precisa ainda ser lapidada, reelaborada, a partir do
aprofundamento de nossos estudos :
“ O atendimento (ou
tratamento) ao indivíduo portador de deficiência ou problemas mentais em
instituições totais [4]
como os manicômios ( ou casas similares ), como o Instituto Dom Bosco, objeto
do estudo de caso presente neste projeto, é extremamente maléfico para as
pessoas ali internadas [5].
Ou seja, o estado de saúde dos pacientes regride e piora progressivamente na
mesma proporção em que aumenta o tempo de permanência (e / ou
internação) deste paciente nas
instituições totais [6].”
3.
DEFINIÇÃO DE CONCEITOS
e QUADRO TEÓRICO
DE REFERÊNCIA
“ Penso que,
atualmente, para que os conceitos sociológicos sejam tratados adequadamente,
cada um deles deve ser ligado ao aspecto a que melhor se aplica, e seguido a
partir daí até onde pareça levar, e obrigado a revelar o resto de sua ‘família’. Talvez seja melhor usar diferentes cobertores
para abrigar bem as crianças do que utilizar uma cobertura única e esplendida,
mas onde todas fiquem tremendo de frio.” [7]
Me proponho a trabalhar a
definição dos conceitos e o quadro teórico de referencia de uma forma conjunta,
inicialmente, pôr uma intuição
intelectual, e, a posteriori, pôr orientação de Salomon [8]
que nos diz: “Na prática, e tecnicamente,
o marco teórico de referência reflete :
(...) o conjunto de conceitos,
categorias e construções abstratos que constituem o arcabouço teórico, onde se
situam suas preocupações científicas, particularmente os problemas cognitivos
que o preocupam .” [9]
Dentro do nosso projeto de
pesquisa, já é possível identificar alguns conceitos centrais e também alguns
pressupostos teóricos dentre outros vários (conceitos e pressupostos) que
poderiam ser aqui referidos. Dentre
eles, destacamos os que seguem:
INSTITUIÇÕES TOTAIS -
Trabalhamos este conceito
como denominado pôr Erving Goffman em Manicômios, prisões e conventos, ou seja,
são instituições totais “ locais de
residência e trabalho onde um grande número de indivíduos com situação
semelhante, separados da sociedade mais ampla pôr considerável período de
tempo, levam uma vida fechada e formalmente administrada.” [10]
O autor ainda vai definir o
hospital psiquiátrico dentro desta classificação de instituição total, quando
diz : “As instituições do tipo de
hospitais psiquiátricos são ‘totais’, pois o internado vive todos os aspectos
de sua vida no edifício do hospital, em intima companhia com outras pessoas
igualmente separadas do mundo mais amplo.” [11]
MORTIFICAÇÃO
Este conceito também é
tomado da obra de Goffman ( a mesma que referimos anteriormente) e esta
relacionado ao processo de anulação da subjetividade dos indivíduos
institucionalizados. O autor analisa a questão a partir de considerações sobre
a construção do “eu” individual das pessoas :
“Tal como ocorre com o novato de muitas dessas
instituições totais, o novo internado percebe que está despojado de muitas de
suas defesas, satisfações e afirmações usuais, e está sujeito a um conjunto
relativamente completo de experiências de mortificação : restrição de movimento
livre, vida comunitária, autoridade difusa de toda uma escala de pessoas, e
assim pôr diante. Aqui começamos a aprender até que ponto é limitada a
concepção de si mesma que uma pessoa pode conservar quando o ambiente usual de
apoios é subitamente retirado.” [12]
EQUIPE DIRIGENTE
Tomo esta definição
novamente do Goffman que a utiliza para referir a equipe de médicos,
enfermeiros e atendentes da instituição, ou seja, os profissionais que dirigem
e administram a vida do internado (ou paciente).
Neste trecho do livro
referido anteriormente o autor contempla esta definição :
“ Nas
instituições totais, existe uma divisão básica entre um grande grupo
controlado, que podemos denominar o grupo dos internados, e uma pequena equipe
de supervisão. Geralmente, os internados vivem na instituição e tem contato
restrito com o mundo existente fora de suas paredes; a equipe dirigente muitas
vezes trabalha num sistema de oito horas pôr dia e está integrada no mundo
externo. (...) Os participantes da equipe dirigente tendem a sentir-se
superiores e corretos. [13]
”
SOBRE O
GOFFMAN
Esta obra de Goffman é uma das principais fontes
teóricas para esta pesquisa pôr várias razoes.
Em primeiro lugar, a noção de “instituição
total” e suas características são essenciais para trabalhar a nossa pesquisa de
campo no Instituto Dom Bosco, pois lá encontramos infinitas analogias entre as
descrições deste autor em suas pesquisas de campo com a instituição objeto de
nosso estudo, em termos de organização de rotinas, aspectos da “equipe
dirigente” e “grupo de internados”, organização estrutural, interações sociais
na instituição, entre outras que poderiam ser aqui elencadas. Ou seja, o IDBM é
uma instituição total estilo manicomial e, portanto, deve ser considerada,
analisada e trabalhada como tal. Apesar das analogias citadas, existem aspectos
institucionais muito específicos ao IDBM, em função disto, pretendemos, através
da pesquisa de campo e pesquisa bibliográfica, delimitar estas semelhanças e as
não semelhanças com as instituições trabalhadas pôr Goffman. Em nenhum momento,
propomos a formulação de generalizações, pois a entendemos perigosas e
totalmente fora da nossa proposta de trabalho que a antropologia orienta.
Em segundo lugar, apesar de ser este o
conceito chave, instituição total, para colocarmos em prática a nossa pesquisa
existem outros vários conceitos que são também muito significativos para a
análise que propomos neste projeto. As idéias de “mortificação”, “regimes de
enfermaria”, “equipe dirigente”, entre outros encaixam perfeitamente com a
abordagem de outros autores que trazemos para este debate como Foucault, Roberto
Machado e Nietzsche, dentre outros. As considerações sobre a construção e
reconstrução das subjetividades ou dos “Eus”[14]
dos internados que Goffman traz nesta obra, bem como mais especificamente sobre
a construção dos estigmas [15]
representaram para nós o primeiro contato com esta bibliografia que se debruça
sobre o tema da loucura, dos desvios e desviantes, do normal e do patológico.
Em especial, o tema da “mortificação” é central para a análise das nossas
hipóteses e dos nossos problemas de pesquisa, ou seja, estudar o tipo de
tratamento médico / terapêutico atualmente oferecido aos internos da
instituição, com vistas a dar ênfase aos seus aspectos negativos e os
escassos aspectos positivos e
relacioná-lo com as novas propostas de atendimento e tratamento. Goffman
trabalha muito bem esta questão, a mortificação, onde, sem nenhuma dificuldade,
o pesquisador pode entender como acontece este processo de anulação do “Eu”
individual dos internos, processo este característico não só aos manicômios
como também a outras instituições totais referidas pelo autor. Seria
interessante ressaltar que, neste sentido, já possuímos algumas constatações
importantes, face a nossa pesquisa de campo realizada no IDBM pôr,
aproximadamente, dois anos ( de 1991 a 1993), onde, através de entrevistas e
pesquisa participante colhemos vários elementos que nos auxiliam nessa análise.
Só para explicitar um pouco mais, revendo a conclusão da monografia
“Pesquisando uma Instituição Total”, de minha autoria, realizada em 1993 na cadeira de Antropologia,
sob a supervisão da Professora
DENISE JARDIM, gostaria de trazer
alguns trechos para este projeto, que na verdade é a tentativa de retomar
aquela discussão, agora de forma mais elaborada e mais sistemática :
“A Instituição total não contribui para a melhora do
estado de saúde dos internados. Muito pelo contrário, ela prejudica e debilita
ainda mais a sanidade mental das pessoas. Isso graças à sua capacidade de se
apropriar da vontade de viver dos internos, das suas manifestações de vida,
daquilo que ele aprendeu fora da instituição.
Pôr que isto acontece ?
Isto acontece porque, a partir do momento da
internação (compulsória) [16] o interno passa a ter a sua vida totalmente
administrada, ou seja, com o “rótulo” de
louco e internado em uma “Casa Verde do século XX” [17], ele perde o controle de tudo o que lhe
pertencia antes. Desde os seus pertences pessoais, objetos de estimação
(roupas, calcados, ...) e tudo o que funcionava antes como um referencial do
seu próprio “Eu”, da sua razão subjetiva, é apropriado pela instituição. A
partir de agora ele possuirá monitoramento de terceiros para todas as
atividades, desde as mais elementares, como as de higiene do próprio corpo, até
as mais elaboradas, como criação artística e / ou intelectual. Tudo acontece
agora na sua vida em função de uma coletividade: o banho, as refeições, os
escassos momentos de lazer, enfim, tudo deixou de ser particular ou privado
para ser coletivo e monitorado (supervisionado).
(...)
A instituição segrega, ou, como é citado pôr
Goffman, “Mortifica” a vida do internado. Com as suas atividades excludentes e
discriminatórias a instituição reafirma e reproduz, em maior escala, os
preconceitos e a marginalização do deficiente mental que são produzidos na
sociedade. (...)”[18]
Em terceiro e último lugar,
trabalhar com Goffman representa trabalhar com um pensador que, apesar de não
ser antropólogo, refere claramente na sua obra aquele objetivo que é, para a
antropologia o seu maior desafio e o seu maior objetivo, “relativizar”. Esta proposta
do autor esta categoricamente colocada no texto e até me arrisco a afirmar que
não poderia ser de outra forma, pois nestes “terrenos pantanosos” [19]
das ciências humanas não existe teoria pronta e acabada, pressuposto teórico
definitivo ou escola ideal para abordá-la. A relativização é, sem dúvida o
caminho mais adequado para trabalharmos com estes temas que nos ocupamos neste
momento. Não me alongarei mais sobre os aspectos deste autor e suas obras, uma
vez que acabaria, se assim o fizesse, entrando no quadro teórico dos outros
autores convidados para esta análise.
NORMALIZAÇÃO DA
SOCIEDADE
Conceito como trabalhado pôr
Roberto Machado, podendo ser também chamado de “medicalização” da sociedade
significa o processo de controlar os indivíduos, a partir da intervenção do
poder da norma e da intervenção médica. Em determinada passagem do livro de
Machado, assim o refere o autor:
“Os médicos elaboram uma teoria social,
definem os requisitos de uma sociedade perfeita, ordenada e democrática e,
através de vários instrumentos, propõem e concretizam sua participação na
direção da sociedade, trazendo ao governo o apoio da ciência.” [20]
Nesta obra este aspecto da
medicalização e normalização é abordado no contexto mais geral da sociedade e
também em relação a determinadas instituições, como hospitais, cadeias,
quartéis, etc. Em todas elas é interessante ressaltar a abordagem da medicina
relacionada ao poder político de organização e ordenação das instituições, a
exaltação do poder oriundo do saber médico - único capaz de urbanizar o homem,
curar as suas doenças e moléstias do corpo e do espírito, a relação entre
medicina e planejamento urbano, dentre outras. Alguns trechos que seguem são
esclarecedores neste sentido :
“ A cidade configura-se então como objeto
privilegiado ou mesmo exclusivo de intervenção médica pôr reunir em sua
desordem as causas da doença da população. (...)
A medicina em tudo intervém, (...) Nada do que é
urbano lhe pode ser estranho, sob pena de sua intervenção se tornar precária ou
ineficaz. Todos os componentes urbanos,
todos os seus lugares, objetos e elementos devem estar sob controle e sob seu
controle. Pretendendo controlar a vida social, estendendo-se pela cidade como
um todo com o objetivo de corrigir a desordem que
ela acarreta, a intervenção normalizadora da medicina deverá ser tão constante
quanto a corrupção do meio ambiente e o perigo que a caracteriza. Somente o
olhar conhecedor e autoritário de médico e seus subordinados, percorrendo
permanentemente a cidade, poderá detectar os locais de perigo atual ou virtual.
(...) ” [21]
PANOPTISMO ( OU
PANÓPTICO DE BENTHAM )
Este é mais do que um
conceito, poderíamos dizer que é um princípio relacional, no que tange a
organização espacial e arquitetônica das instituições totais. Trabalhado na
obra de Foucault - Vigiar e Punir - ele compreende um capitulo inteiro do
livro, dada a sua relevância para a análise das instituições. Esta intimamente
relacionado a idéia de controle e as políticas de contenção nos universos
institucionais, ou seja, ver tudo, observar tudo, controlar tudo.
Pensado a partir da
organização espacial de um jardim zoológico da idade média, “o panóptico
funciona como uma espécie de laboratório de poder.” [22]
Puxarei algumas citações do
referido texto que afirmam as minha colocações sobre o panóptico :
“O Panóptico de Bentham é a figura arquitetural
(...) na periferia uma construção em anel, no centro uma torre, esta é vazada
de largas janelas que se abrem sobre a face interna do anel; a construção
periférica é dividida em celas, cada uma atravessando toda a espessura da
construção; elas tem duas janelas, uma para o interior, correspondendo as
janelas da torre; outra que dá para o exterior, permite que a luz atravesse a
cela lado a lado. Basta então colocar um vigia na torre central, e em cada cela
trancar um louco, um doente, um condenado, um operário ou um escolar. (...)
(...) o efeito mais importante do panóptico: induzir
no detento um estado consciente e permanente de visibilidade que assegura o
funcionamento automático do poder. Fazer com que a vigilância seja permanente em seus efeitos, mesmo se é
descontinua em sua ação (...)
Uma espécie de ‘ovo de Colombo’ na ordem política.
Ele é capaz com efeito de vir se integrar a uma função qualquer (de educação,
de terapêutica, de produção, de castigo, ...); de aumentar essa função,
ligando-se intimamente a ela (...) Em suma, faz com que o exercício do poder
não se acrescente de fora, como uma limitação rígida ou como um peso, sobre as funções que
investe, mas que esteja nelas presente bastante sutilmente para aumentar-lhes a
eficácia aumentando ele mesmo seus próprios pontos de apoio. (...) ” [23]
Com vistas a pensar o IDBM a
partir destas noções teóricas do panóptico estudadas pôr Foucault, é uma das
nossas metas de trabalho a análise e avaliação dos aspectos físicos e
arquitetônicos, bem como da organização e dimensionamento do espaço na instituição
a ser estudada. Para isso utilizaremos desenhos, croquis, plantas baixas da
instituição onde poderão ser visualizadas estes aspectos físicos / estruturais
que são imprescindíveis para esta análise e estudo do panóptico no IDBM [24]
.
PODER /
DISCIPLINA / VIGILÂNCIA
Estes conceitos são tomados
aqui a partir das considerações e como estão sendo trabalhados pôr Foucault em
Vigiar e Punir. Abordagens mais detalhadas sobre eles não serão aqui
realizadas, em função de questões de ordem prática. Contudo, estes conceitos e
suas abordagens são muito importantes para esta pesquisa a qual nos propomos a
realizar. Mais do que os conceitos e pressupostos teóricos, este autor,
Foucault, de um modo geral, em especial em Vigiar e Punir, a exemplo de como
referimos o Roberto Machado, é central para a nossa análise, estudo e debate.
Não é necessário empenharmos uma defesa maior de Foucault e de suas teorias,
pois pensamos que isto é quase um consenso entre os intelectuais, é necessário
apenas posicioná-lo e identificá-lo como o pensador que mais tem nos mobilizado
para o debate desta discussão das instituições totais e suas formas de
tratamento dos loucos ou desviantes, contemplando o embate das propostas de
atendimento tradicionais com as novas propostas sugeridas nos projetos de leis
já referidos.
LOUCURA
Este conceito, a exemplo da
normalidade / anormalidade, é muito
importante para o nosso trabalho, talvez o mais importante, pois é a partir
dele que todos os demais se agregam. Não estaríamos discutindo manicômios se
não houvessem loucos, não estaríamos discutindo loucura se ela não estivesse em
nossa sociedade, não estaríamos estudando a loucura se não nos preocupássemos
com ela, enfim, não sei se a lógica é realmente esta, contudo, loucura é “o
nosso alimento intelectual” neste momento.
Basicamente, lançaremos mão
dos conceitos de Foucault e também de Nietzsche. Este primeiro autor já foi
utilizado para a elaboração da monografia que já referi, quando da discussão da
loucura, na qual abordamos este tema ou este conceito. Na obra Vigiar e Punir,
Foucault remonta historicamente a trajetória e surgimento da loucura como
aparato político de contenção das anormalidade ou desvios. É muito interessante
de ver esta avaliação histórica para entendermos o que é loucura hoje, como é,
e pôr que que é, ... Uma vez
instrumentalizados desta perspectiva histórica, a nosso ver, a análise da
loucura contemporânea fica mais clara, concisa e tranqüila. Entendemos que
Foucault contribui decisivamente para este debate, chegando ao ponto de alguns
pensadores como Sérgio Adorno classificarem a análise da nossa contemporaneidade
divididas em dois momentos : período anterior a Foucault e período
pós-Foucault. Não estamos adotando esta proposta de classificação do debate,
apenas referimos como algo a se pensar e avaliar.
Não poderíamos deixar,
entretanto, fora deste debate, o grande
filósofo e pensador Nietzsche. Sem duvida, foi ele um dos pensadores que
mais se aproximou efetivamente deste debate, até ao ponto de, no final de sua dúvida, ser pego pôr aquilo que considerava não
existir (como fato patológico), a loucura. Na verdade, pensamos que acabou pôr
ser “engolido” pelo sistema de controle, de normalização, de medicalização
quando foi diagnosticado como louco. Mas como classificar como louco alguém que
considerava a insistência do fato patológico. Para ele, nem a saúde, nem a
doença são entidades; a fisiologia e a patologia são uma única coisa; as
oposições entre bem e mal, verdadeiro e falso, doença e saúde são apenas jogos
de superfície. Há uma continuidade, diz Nietzsche, entre a doença e a saúde e a
diferença entre as duas é apenas de grau, sendo a doença um desvio interior à
própria vida; assim não há fato patológico.
Nietzsche vai considerar que
a loucura não passa de uma máscara que esconde alguma coisa, esconde um saber
fatal e “demasiado certo”. [25] A técnica utilizada pelas classes
sacerdotais, pôr exemplo, para a cura da loucura é a “medicação ascética”, que consiste em enfraquecer os instintos e
expulsar as paixões; com isso, a vontade de potência, a sensualidade e o livre
florescimento do eu são considerados “manifestações diabólicas”. Mas para
Nietzsche, aniquilar as paixões é uma “triste loucura”, cuja decifração cabe à
filosofia, pois é a loucura que torna mais plano o caminho para as idéias
novas, rompendo os costumes e as supertições veneradas e constituindo uma
verdadeira subversão dos valores.
Para Nietzsche, os homens do passado estiveram
mais próximos da idéia de que onde existe loucura há um grão de gênio e de
sabedoria, alguma coisa de divino : “ Pela loucura os maiores feitos foram
espalhados pela Grécia.” [26]
Em suma, aos “filósofos além
do bem e do mal”, aos emissários dos novos valores e da nova moral não resta
outro recurso, diz Nietzsche, a não ser o de proclamar as novas leis e quebrar
o jugo da moralidade, sob o travestimento da loucura. É dentro desta
perspectiva, portanto, que se deve compreender a presença da loucura na obra de
Nietzsche.
4.
OBJETIVOS DO PROJETO
DE PESQUISA
A -
OBJETIVOS GERAIS
Analisar a atual estrutura,
organização e metodologia de atendimento médico / hospitalar em uma instituição
total para tratamento de portadores de necessidades especiais (deficientes
mentais) com base em um estudo de caso (O caso Instituto Dom Bosco Masculino),
com vistas a projetar as possibilidades de melhoria e restruturação do atual
modelo de atendimento ( problematizando os aspectos que estão inseridos nos
projetos de lei que prevêem a “reforma psiquiátrica brasileira”) [27].
Este objetivo ainda não é
definitivo, uma vez que estamos buscando o amadurecimento do temas e das
possibilidades de implementação desta pesquisa. De qualquer foram, hoje,
segundo a nossa leitura, em termos de proposta de trabalho, este é o objetivo
que podemos referir como sendo o mais geral.
B - OBJETIVOS
ESPECÍFICOS
I - Relacionar as novas
políticas de atendimento médico / hospitalar (tendo pôr base os projetos de lei
e as propostas da reforma psiquiátrica)
com o modelo tradicional de atendimento, ou seja, o atendimento oferecido
aos internos do IDBM;
II - Avaliar o tratamento
médico - terapêutico que os internos recebem na instituição estudada,
relacionando-o com a evolução de seus estados de saúde física e mental (neste
sentido, avaliar as evoluções e regressões dos estados de saúde dos internos);
III - Descrever os aspectos
institucionais particulares ao IDBM, bem como suas características fundamentais
;
IV - Estudar os aspectos
físicos e arquitetônicos, bem como a organização da lógica espacial desta
instituição a luz dos autores citados;
V - Estudar as relações
sociais internos / pacientes nesta instituição, dentro da lógica de um e do
outro grupo e a partir da lógica do pesquisador.
5. METODOLOGIA
“(...) nossa perspectiva crítica, em matéria de
concepção de investigação sociológica, situa-se em reação contra o empiricismo
e o positivismo da sociologia convencional sem descartar, no entanto, a
exigência antiteoricista de questionar a realidade concreta.” [28]
Estamos considerando aqui a
metodologia “como suporte e diretriz da pesquisa.” [29]
O nosso método de pesquisa
realizar-se-á através de um estudo de caso, com a adoção de uma ênfase maior em
observações participantes.
Apesar de estarmos
trabalhando com um tema relacionado a saúde, não propomos empreitar a atividade
de “curandeiros sociais” [30],
portanto não optamos pôr este método na sua relação com uma tendência
empiricista. Porém, concordamos com Thiollent quando refere que “a crítica do empiricismo não deve fornecer o
desvio oposto que podemos chamar de ‘teoricismo” e que consiste em um discurso
supergeneralizante.” [31]
Para realizarmos a nossa
pesquisa de campo, antevemos alguns problemas no que tange ao acesso com o
universo a ser estudado, uma instituição total estilo manicomial. Pôr se tratar
de uma instituição deste tipo, ou seja, bastante fechada para a comunidade em
que se encontra e, administrativamente, muito “policiada” e controlada,
observamos que poderão surgir alguns entraves nos primeiros momentos de
inserção dos pesquisadores em campo. De qualquer forma, pretendemos utilizar os
recursos que temos, institucionais e informais, para, digamos assim, “quebrar o
gelo inicial” e podermos assim trabalhar tranqüilos.
Na tentativa de
justificarmos [32] a
escolha do nosso método de pesquisa, podemos dizer que elegemos o estudo de
caso, com ênfase na observação participante, pôr identificá-lo como um dos
métodos mais significativos, usuais e de maior aceitação na nossa área,
antropologia. Além disso, a observação participante nos permite realizar um
movimento de interação com o nosso objeto de estudo muito mais aprofundado, o
que nos permite realizar um dos nossos grandes objetivos em pesquisa, o da
“relativização”.
Para a definição da nossa
amostra de pesquisa, trabalharemos da seguinte forma: Em uma população de,
aproximadamente, 100 internos, escolheremos uma amostra aleatória que seja
significativa, de 30 a 40 internos, para realizar nosso estudo. Eventualmente,
poderemos extrapolar esta amostra inicial, pesquisando outros indivíduos que
considerarmos, no transcorrer da pesquisa, como fundamentais para a realização
do nosso trabalho. No que concerne a “equipe dirigente”, esta população será
estudada no seu todo, em função de que este é um grupo menor, e também porque
estudar este grupo a partir do seu todo é algo muito importante para o tipo de
análise científica que propomos.
Para a coleta de dados,
pretendemos pesquisar atas, registros, anais, relatórios, prontuários e demais
documentos da instituição, a fim de elaborarmos tabelas, gráficos, e / ou
relatórios que venham a subsidiar os nossos estudos sobre a instituição eleita
para este projeto. Para esta atividade, consideramos como essenciais os
recursos de informática que auxiliarão significativamente estas tarefas.
Ainda dentro da coleta de
dados, pretendemos trabalhar com metodologias da Antropologia Visual,
utilizando fotografias, filmagens em VHS e outros recursos audiovisuais para a
apreensão de aspectos que fogem dos recursos tradicionais de pesquisa científica.
Para a análise de dados,
utilizaremos tanto a análise estatística, sem seguir “O Ritual Estatístico” [33],
quanto a análise qualitativa. Obviamente que privilegiaremos a análise qualitativa, como análise de textos,
de discursos, de conteúdo, etc. pois a consideramos como a mais importante para
o tipo de pesquisa que nos empenhamos neste momento.
6. CRONOGRAMA
Para a realização do
cronograma, apresentaremos uma “tabela cruzada” [34]
onde supomos ter como tempo de duração para a realização de nossa pesquisa o
espaço de tempo de um ano. Dentro deste espaço temporal, um ano, subdividimos
as fases em meses para a perfeita visualização das atividades e seus
respectivos períodos de desenvolvimento.
Em função da natureza deste projeto, toda esta
organização cronologia / atividades é muito embrionária e está, portanto,
sujeita a algumas variações e reformulações posteriores que ocorrerão no
transcorrer do amadurecimento de nosso trabalho acadêmico.
7.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1 - ASSIS,
Machado de. O Alienista. Porto Alegre: WM Jackson inc., 1942.
2 -FOUCAULT,
Michel. Vigiar e Punir. História da Violência nas Prisões. Petrópolis: Vozes,
1988.
3 -GOFFMAN,
Erving. Manicômios, Prisões e Conventos. São Paulo : Perspectiva, 1974
4 -
-------------, -------- . Estigma -
Notas Sobre a Manipulação da Identidade Deteriorada. Rio de Janeiro : Zahar,
1980.
5 -
NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm. Vida e obra. Coleção Os Pensadores. São Paulo
: Ed. Nova Cultural, 1996.
6 -ROLIM,
Marcos. A Nau dos Loucos. Carta de um Companheiro de Viagem. In: Jornal Utopia.
São Paulo, Abril/Maio 92.p. 5.
7 -ROTELLI,
Franco. Loucos pelo Vida.
8 - SALOMON,
Délcio Vieira. Como Fazer uma Monografia. Elementos de Metodologia de Trabalho
Científico. Belo Horizonte Interlivros, 1974.
9
-THIOLLENT, M. Crítica Metodológica,
Investigação Social e Enquete Operária. São Paulo : Polis, 1980.
8.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
1 - ARENT,
Marion. Síntese das Entrevistas com a Monitoria do Instituto Dom Bosco.
Relatório. Viamão, maio de 1991.
2 - BRASIL,
Luís Antônio de. Cães da Província. Porto Alegre : Mercado Aberto, 1991.
3 - DOTTI,
Sotero. Relatório Anual do Instituto Dom Bosco Masculino. Viamão, 10 de janeiro
de 1985.
4 - --------,
-------- . Relatório Anual do Instituto
Dom Bosco Masculino. Viamão, 23 de janeiro de 1989.
5 - JÚNIOR,
Benilton Bezerra. Cidadania e Loucura : Políticas de Saúde Mental no
Brasil. Petrópolis : Vozes, 1987.
6 - MORAIS,
Frederico. A Recuperação do Universo Segundo Arthur Bispo do Rosário. In. Jornal de divulgação da exposição :
“Registro de minha passagem pela terra : Arthur Bispo do Rosário” . Pinacoteca
do MARGS, junho de 1992.
7 - OLIVEIRA,
Carmem. Pôr Uma Sociedade sem Manicômios : um Olhar Sobre o São Pedro. In.
Jornal da Pinacoteca do MARGS, junho de 1992.
8 - PACHECO,
Alexandre. Et alli. Informações Técnicas a Respeito da Realidade Institucional
do Instituto Dom Bosco Masculino. Viamão, agosto de 1992.
9 - SILVA,
Luciana Kraemer da. Crise põe em Risco Oferta de Trabalho em Viamão. In. Jornal
Quarta Feira. Viamão, 10 de janeiro de 1992.
10 - SZASZ,
Thomas S. A Fabricação da Loucura - Um Estudo Comparativo
entre a Inquisição e o Movimento de Saúde Mental. Rio de Janeiro : Zahar, 1978.
11 -
TREVISAN, Janine Bendorovicz. Um Estudo Sobre Crianças Excepcionais em uma
Instituição da FEBEM. Monografia. Fevereiro de 1992.
[1] Discurso do deputado
estadual Marcos Rolim na Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul,
pôr ocasião da defesa do projeto de lei que previa a extinção progressiva dos
manicômios.
[2] MACHADO, Roberto et alii.
Danação da norma : Medicina social e
constituição da psiquiatria no Brasil.
[3] OLIVEIRA, Carmem de. Pôr
que lutar pôr uma sociedade sem manicômios ?
In. Jorna A Parte / Publicação do
gabinete do Deputado estadual Marcos Rolim
PT / RS.
[4] Instituições Totais -
denominação como é trabalhada pôr Erving Goffman em Manicômios, prisões e
conventos.
[5] Goffman faz uma referencia
clara e completa neste sentido na página 141 do livro já referido, quando
menciona: “ (...) temos provas dos efeitos destrutivos do fato de viver num
mundo dentro de outro mundo, e em condições que tornam difícil levar a sério
qualquer um dos dois.” É importante deixar claro que o autor, quando fala em
“um mundo dentro de outro mundo”, ele esta se referindo diretamente às
instituições totais do tipo manicomial.
[6] Em monografia realizada
anteriormente, todas as análises e estudos, com base em pesquisa de campo de
aproximadamente dois anos, levam a aceitação desta hipótese.
[7] GOFFMAN, Erving.
Manicômios, prisões e conventos. São
Paulo : Ed. Perspectiva 1974. p . 12
[8] SALOMON, Délcio Vieiras. Como fazer uma monografia.
[9] Idem, p. 156
[10] Goffman, Erving. Manicômios, Prisões e Conventos. p. 11
[11] idem, p. 171
[12] ibidem, p. 127
[13] ibidem,
p. 18-9
[14] Em Prisões, manicômios e
conventos, Goffman coloca claramente que o seu maior objetivo nesta
obra é “chegar a
uma versão sociológica
da estrutura do ‘Eu’ ” p. 11
[15] GOFFMAN, Erving. Estigma -
Notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. Rio de Janeiro, 1980.
[16] COMPULSÓRIA não no sentido
de que esta internação foi feita com ou sem
o consentimento e aprovação do próprio paciente, porque este, na maioria
das vezes é levado pôr um terceiro até a instituição (Goffman analisa esta chegada
a instituição) mas sim, no sentido, de que o tempo de permanência do interno no
manicômio passa a ser compulsório. A “reabilitação” do paciente fica
prejudicada em função da incompetência médica, inoperância jurídica e situação
caótica da burocracia interna da casa que não possibilita o reingresso deste
indivíduo ao seu grupo social.
[17] Casa Verde plajeando o
Machado de Assis e sua obra.
[18] JACOMINI, Jaques.
Pesquisando uma instituição total.
[19] Expressão de minha autoria para referir os
aspectos pouco esclarecedores, principalmente quando não relativizados, que
comparecem ao debate da normalidade ou patologia, sanidade e loucura, ...
[20] MACHADO, Roberto. Danação da norma : medicina social e
constituição da psiquiatria no Brasil. P. 258
[21] Idem, p. 260-61
[22] FOUCAULT, Michel. Vigiar e
Punir : Nascimento da Prisão. Petrópolis
: Ed. Vozes. p. 180.
[23] Idem, p. 182
[24] Seguem em anexo alguns
desenhos que foram realizados neste sentido, pôr ocasião da realização da
monografia que referi antes trabalhada com a professora Denise Jardim.
[25] NIETZSCHE, Friedrich
Wilhelm. Vida e obra. Coleção Os
Pensadores. São Paulo : Ed. Nova Cultural, 1996.
[26] idem
[27] Reforma psiquiátrica
brasileira : terminologia de minha autoria para referir as propostas que estão
no boje dos projetos de lei como a extinção gradual dos manicômios e a
implementação de formas de tratamento alternativos, descentralização do
atendimento aos pacientes do sistema de saúde mental, etc.
[28] THIOLLENT, Michel J. M.
Crítica Metodológica, Investigação Social & Enquete Operária. São
Paulo : Ed. Polis, 1980.
[29] idem
[30] ibidem, p. 20
[31] Ibidem
[32]
SALOMON, Délcio Vieira. Como Fazer Uma Monografia. São Paulo : Martins Fontes, 1994. P. 157
[33] Ritual
Estatístico como trabalhado pôr MILLS, C. Wright em A Imaginação Sociológica.
[34]
SALOMON, Délcio Vieira. Como Fazer uma Monografia. P. 158-59
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