Ou Tubro
Ou Tubro
Há três tipos de texto: o acadêmico, o comercial e o livre.
A escrita quente de uma manhã de primavera. Este é o meu
primeiro “curso de letras”, portanto considere que tudo o que construí até aqui
foi fruto do mais puro e dedicado auto-didatismo. Auto-suficiência? Não! Eu
disse auto-didatismo. E, em tempos de tanta didática descartável e discutível,
por que eu não faria juz da condição de criador da própria didática empenhada
no transcurso da feitura desta obra?
A preliminar, parágrafo anterior expresso, é apenas uma
justificativa para a introdução do sub-tema (o tema, propriamente dito, é
expresso na primeira frase e me atenho a ele no desenrolar deste): Estou
encontrando dificuldades para voltar ao “texto acadêmico”. Confesso os meus
limites intelectuais, pois eles estão aqui nas entrelinhas deste. É uma questão
de forma? Sim e não. Sim, porque a forma acadêmica é muito específica,
limitadora e aparadora de arestas criativas que não a própria
(academicistaticamente imposta). Não porque esta “forma” forma e não está livre
em estado de inércia, por assim dizer. Há uma força de “gravidade
institucional” atuando severamente para a “forma” formar corações e mentes,
segundo pressupostos e princípios previamente estabelecidos pelos “donos do
poder” (a la Raimundo Faoro).
O texto comercial é aquele produzido especialmente para o
mercado, portanto é uma “mercadoria”, a exemplo de todas as outras disponíveis
nas prateleiras dos mercados e dos super mercados. Possui preço e é oferecido
nos balcões com direito, muitas vezes, a “ofertas”. É verdade que o texto
descrito anteriormente (acadêmico) pode estar relacionado com este segundo tipo
de texto aqui descrito, o comercial. Quantas teses e dissertações, após ganhar
brilho na academia, ganham novas roupagens e são oferecidas em novos formatos
na condição de livros pelo mercado editorial? Não são raros os casos.
Inclusive, a pouco, adquiri uma obra com este viés. Nasceu na academia e agora
chega no mercado editorial mais amplo. Detalhe: enquanto figurou apenas no meio
eletrônico e academico (livre acesso e utilização), as organizadoras lembraram
que “Jaques Xavier Jacomini” foi autor de um estudo denominado: “Estudo
Antropológico de um espaço urbano singular: cais do porto de Porto Alegre (ou
da Cidade que tem Porto até no nome), apenso a obra intitulada “Etnografia de
Rua”. E estava eu lá. Era apenas uma nota de rodapé, mas estava lá. Agora não
mais. Fui deletado, apagado, esquecido (funesto). Paguei cinqüenta reais pela
prova do crime. Está ali na minha estante, aguardando a confecção da inicial.
Coisas da academia.
E o texto livre? Bom, é aqui que o espírito livre e criativo
aporta (encontra guarida). Ele que não está preocupado com as moedas e o seu
poder pecuniário, nem tampouco preocupado em render homenagens a doutos
senhores ignorantes, produz arte literária livre. É mais fácil viver assim? Não
sei, exatamente. Acho que aqui também cabe um sim e um não. Ou, ou tudo,
outubro, porque se livre o é, e a quem interessar possa, está escrito, reúne o
que os anteriores não podem oferecer pelo rigor das regras impostas. O texto
livre é obra de espíritos livres, tal qual ensinou Friedrich Nietzsche em
diversos momentos da sua escritura. O texto é livre, quando fala por si do
contexto vivido pelo autor, desvelado da tangencia da norma previamente exposta
de A e de B. O texto livre não é produzido para o mercado, não busca
retribuições ou homenagens e não está a serviço de nenhum universo
institucional específico (a não ser que a envergadura da obra seja tão
significativa que crie o seu próprio universo - constitucional). O texto livre
não está preocupado com a crítica e com os zombadores de plantão que, escravos
das verdades da maioria, zombam da minoria que ousa se posicionar e criar no
“ocaso das sociedades das letras”.
O tema é muito complexo e não é uma questão de “ou tudo ou
nada”. Outubro, dez, Vera. (H)averá setembros, outubros (...) . Sou JacquesJa.
Vivo no extremo sul do país dos não-brancos. Sinto, tanto quanto você as dores
do parto das letras. Este é o meu primeiro “curso de letras”, portanto
considere este (texto) como apenas mais um “Estudo” (a exemplo do que dizem os
pintores ao criar uma simples e linda aquarela). Orientado pelos divinos e
divinas, oriundos do sempre, quero lhe desejar um bom sete (primeira feira).
Escrito em 20/10/2013
Namaste
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