terça-feira, 27 de outubro de 2015

Estudo durkheiminiano




DURKHEIM E MAUSS:

REPRESENTAÇÕES COLETIVAS E SOCIAIS


Durkheim trata a consciência na interioridade mesma dos fenômenos sociológicos, para ele as representações coletivas são categorias de entendimento cuja função se funda na integração e grupos sociais.
1898 Representações individuais e coletivas
1903 em co-autoria com Mauss  Algumas formas primitivas de classificação
1912 As formas elementares da vida religiosa
Para Durkheim as representações coletivas são o produto de uma imensa cooperação. São categorias de entendimento, noções essenciais que dominam toda nossa vida intelectual, embora nem todas as representações coletivas  seja categorias. Isto é, as categorias são a ossatura da inteligência, são os quadros sólidos que encerram o pensamento, enquanto que as demais representações são noções contingentes e móveis.  Durkheim assimila a categoria ao conceito, O conceito para Durkheim não é uma representação impessoal, é representação coletiva: corresponde à maneira pela qual esse ser especial que é a sociedade pensa as coisas de sua experiência própria.
As primeiras categorias lógicas foram categorias sociais, as primeiras classes de coisas forma classes de homens nas quais tais classes forma integradas.
Foi porque os homens estavam agrupados e viam-se em pensamento em forma de grupos que agruparam idealmente os outros seres, e as duas maneiras de agrupamento começaram a confundir-se a ponto de se tornar indistintas (451)
São estados de almas coletivas que deram origem a esses agrupamentos e toda sorte de elementos afetivos concorrem para a representação que se faz dela.
O conceito organizador é a idéia de representação social, representações sociais podem ser entendidas como uma manifestação social e individual em que fundem-se aquilo que é visto aquilo que acredita-se estar vendo e aquilo que vede ser visto. Para Durkheim (1069) “uma representação não se produz sem agir sobre o corpo e o espírito”, de forma que as representações são semipro socialmente construídas e individualmente incorporadas, ou seja, um fenômeno social só existe na forma mesma da representação.
Para Durkheim a vida psíquica de cada indivíduo é um certo contínuo de representações, e assim tanto a vida individual, quanto a vida coletiva, a vida em sociedade, são constituídas essencialmente por representações. De modo que aquilo que é representado manifesta-se enquanto realidade, e os elementos simbólicos que a estruturam podem ser transmitidos, comunicados e socialmente compartilhados, encontrando no interior da cultura os significados que os legitimam. Portanto a representação daquilo que é percebido como real estabelece-se necessariamente no interior de uma cultura dada (ou da sociedade, como diria Durkheim).

Sob esses princípios pode-se considerar o pensamento humano como essencialmente social (social em sua origem, em suas funções, social em suas formas, social em suas aplicações; Geertz 1978:225). Por outro lado o pensamento (e assim as representações s sociais ) é semipro posto em ação como manifestação individual, sendo portanto, historicamente construído, socialmente assegurado e individualmente aplicado.
Durkheim (1968) trata a noção de representações sociais (ou representações coletivas) como o resultado de uma “imensa cooperação que se estende não apenas no espaço, mas no tempo” e da qual participam uma “multidão de espíritos diversos”, produzindo, misturando e combinando experiência e saber, ultrapassando assim o indivíduo que deve submeter suas representações de caráter individual àquelas de caráter coletivo (social). O homem é, segundo o autor, duplo: ao mesmo tempo individual e social, sendo que a sociedade predomina sobre os indivíduos, ou mais detalhadamente, as representações coletivas se antepõem às individuais enquanto a mais apurada forma de “realidade na ordem intelectual e moral”. Assim, na medida em que “participa da sociedade, o indivíduo ultrapassa naturalmente a sim mesmo, tanto quanto pensar  como quando age.
O que conduz à questão da identidade social, ou à forma das individualidades (dos sujeitos)colocarem-se no interior de uma dada cultura
O que é dado a cada homem é uma realidade socialmente construída e atualizada pela ação coletiva, exterior aos indivíduos, mas incorporada por estes enquanto norma. Deste modo o que manifesta-se como fenômeno no mundo só adquire sentido a nível do social, tornando-se então a objetivação de uma vontade coletiva quer dizer: “a vontade (coletiva) tornada objeto, isto é, representação” (Schop. 1978). Durkheim (1969) considera que “categorias” são semipro representações coletivas do conhecimento, enquanto que o conhecimento empírico é estado individual, sendo inteiramente explicado pela natureza psíquica do indivíduo. Assim, uma vez que as categorias são essencialmente representações coletivas “... traduzem antes de tudo estados de coletividade: dependem da maneira pela qual esta é construída e organizada, de sua morfologia, de suas instituições religiosas, morais, econômicas, etc. Portanto, entre estas duas espécies de representações existe toda a distância que separa o individual do social e tanto não se pode derivar as segundas das primeiras, quanto não se pode deduzir a sociedade do indivíduo, o todo da parte, o complexo do simples (Durkheim 1969)
O indivíduo, Bourdieu (1983) [é produtor e reprodutor de sentido objetivo, mesmo que disto não saiba. Isto porque suas ações, obras e concepções encerram uma intuição objetiva que ultrapassa semipro suas intenções conscientes. Assim estes agentes socializados tem a sua disposição “os instrumentos de uma ordenação do mundo, um sistema classificatório que organiza suas práticas” e da qual se utilizam na sua relação com o mundo e consigo mesmos, com a intenção de introduzir um princípio de ordem no universo. Como afirma Levi-Strauss (1976) uma “classificação, qualquer que seja, possui uma virtude própria em relação a falta de classificação. No entanto parece ser mais do que isto, pois tal princípio organizador parece ser para os indivíduos, enquanto agentes socializados, necessário e inevitável na vida em sociedade.  Levi-Strauss, afirma que é ao nível da língua que situam-se os sistemas classificatórios e desta forma apresentam-se como um conjunto de códigos que visa a exprimir sentidos. Sendo assim tudo oferece um sentido, senão nata tem sentido.
Esta busca por um sentido é essencialmente humano e está na base de qualquer sistema classificatório e de pensamento.
NECESSIDADE e AÇÃO. O primeiro, a idéia de necessidade remete ao discutido por Lévi-Strauus em O pensamento Selvagem sobre a inexistência de uma utilidade prática como forjador de um sistema classificatório, uma vez que animais, plantas e outros objetos e fenômenos não são apenas bons para comer ou usar, mas também são bons  para pensar.
Com relação à idéia de ação esta pode conduzir a uma teoria da prática (da ação). Bourdieu (1983) propõe uma praxiologia que teve o pensamento sociológico mais além do ponto atingido pelo objetivismo durkheiminiano, sem contudo abandoná-lo. Considera, assim, a ação para além de uma simples fenomenologia, não apenas execução, mas “núcleo de significação do mundo Define então o conhecimento praxiológico como produto de uma dupla translação teórica, na medida em que “este opera uma nova inversão da problemática que a ciência objetiva do mundo social, como sistema de relações objetivas e independente das consciências e das vontades individuais, constitui, ao colocar ela mesma as questões que a experiência tendia a excluir”.
Bourdieu pretende, assim, abrir um caminho teórico por entre o objetivismo e a fenomenologia através de uma teoria do conhecimento praxiológico que introduz como mediação entre sujeito e historia (ou indivíduo e sociedade) a noção de HABITUS, que enfatiza “a dimensão de um aprendizado passado para assim chegar à compreensão da dialética definida como interiorização da exterioridade e exteriozação da interioridade.

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