PPGAS/IFCH/UFRGS
PROVA 2
- Teoria Antropológica 1
Questão 1
Enquanto
Malinowski enfatiza a cultura como
conceito explicativo das sociedades primitivas, Radcliffe-Brown elege o
conceito de estrutura. A partir do sentido que estes conceitos
tem para cada um dos autores, procure estabelecer os pontos de continuidade e
ruptura entre eles.
MALI
Cultura = Herança
social (lingua, hábitos, idéias e crenças), herdados pelos indivíduos que
nascem em uma determinada cultura. Portanto Herança Social é um conceito chave
para a antropologia e é chamada nesse ramo da ciência por CULTURA.
A
CULTURA é uma unidade bem organizada que se divide em dois aspectos
fundamentais: I – Um conjunto de artefatos e II – Um sistema de costumes,
também possui outras subdivisões ou unidades.
Todos
os Elementos da Cultura dever estar funcionando, serem ativos e eficazes. O
caráter dinâmico dos elementos da cultura e suas relações sugere que a tarefa
mais importante da antropologia consiste no estudo da função de cultura.
AS
NECESSIDADES ORGÂNICAS DO HOMEM constituem os imperativos básicos que conduzem
ao desenvolvimento da cultura, na medida em que obriga a toda a comunidade a
levar a cabo certo número de atividades organizadas.
RADICLIFF-BROWN
A
CULTURA e a tradição Cultural se constituem em aspectos do processo da vida
social.
Em
R B o importante é observar este PROCESSO da vida social que é a sua unidade de
investigaçào.
O
PROCESSO consiste numa enorme multidão de ações e interações de seres humanos,
agindo como indivíduos em combinação.
O
Processo de MUDANÇA SOCIAL também é preocupação do autor.
A
Cultura se constituem em aspectos do processo da vida social.
R
B introduz a noção de SISTEMA SOCIAL.
Questão 7
Qual a contribuição de Marx para a
antropologia segundo Firth e Godelier, tendo como referência os textos da
sessão 14 ?
Tendo como ponto de partida a noção de mercadoria, Godelier
propõe pensar a contribuição de Marx para as investigações antropológicas.
Segundo o meu entendimento deste texto, o autor consegue trazer, de uma forma
resumida, alguns dos principais pressupostos de “El Capital”, a partir desta
primeira noção de mercadoria.
Para Godelier, a contribuição de Marx para a antropologia é
positiva e complementar para que os pesquisadores, de um modo geral, consigam perceber
a “essência” das relações econômicas e sociais. Ele afirma “la apariencia de
las relaciones económicas dissimula y contradice su esencia”. (Pg. 314)
Ao referir a significativa contribuição de Marx para a definição
da idéia de que o trabalho humano tem um duplo caráter representado na
mercadoria: um concreto e outro abstrato, Godelier destaca que Marx havia
realizado “um grande salto” em relação aos pensadores que o antecederam e que
problematizavam esta mesma questão (cita William Petty e Adam Smith) sem haver
percebido este caráter duplo do trabalho representado na mercadoria. Ele lembra
ainda que Marx consegui realizar o que a economia burguesa sequer havia tentado
realizar: colocar de forma clara as distinções da gênesis e da forma na noção
da categoria dinheiro.
Godelier cita Marx inserido no rol dos grandes gênios do
pensamento humano, ao lado de Freud e Aristóteles. De Freud ele argumenta que,
a exemplo de Marx, este pensador conseguiu realizar o movimento em direção a
“essência” da psique humana, ou seja, para trabalhar com as enfermidades
mentais descobre o inconsciente, fato
que iria revolucionar toda a construção de conhecimento desta área. Quanto a
Aristóteles, Godelier lembra uma passagem que o próprio Marx cita Aristóteles
como um pensador que teve uma importante contribuição na sua definição de
alguns elementos essenciais para a sua análise do capitalismo. A proposta de
Aristóteles em definir que existia uma relação de igualdade nas expressões de
valor das mercadorias, foi uma desta contribuições que levariam o próprio Marx
a definir o caráter dual da mercadoria (valor de uso e valor de troca). Só
faltou Godelier afirmar que Marx “relativizou” os pressupostos de Aristóteles
para definir os seus próprios pressupostos, de qualquer forma, para este autor,
Marx traz uma significativa (ou talvez decisiva) contribuição para a
antropologia no sentido de aprender a superar os limites da própria ciência
social, em um movimento rumo ao desvendamento das “essências” ou dos elementos
que extrapolam as superfícies cognitivas do pensamento humano.
Questão
6
Estabeleça pontos de contato e de
diferenciação no conceito de liminalidade conforme ele aparece no texto de Mary
Douglas e de Victor Turner
Em Mary Douglas temos uma preocupação do tipo higienizadora para
pensar a organização social. O corpo, com seus orifícios (entradas e saídas) é
tomado como “modelo” para se investigar as estruturas sociais, onde as
aberturas corporais representam, além de passagens, perigos e medos. “O Corpo é
uma estrutura complexa”. Precisamos “ver no corpo um símbolo da sociedade, e os
poderes e perigos creditados à estrutura social reproduzidos em miniatura no
corpo humano.” (pg. 142)
“A idéia de sociedade é uma imagem poderosa. Ela é potente no
seu próprio direito de controlar ou estimular homens à ação. Esta imagem tem
forma, limites externos, margens e estrutura interna. Seus contornos encerram
poder de recompensar a conformidade e repelir o ataque. Há energia em suas
margens e áreas desestruturadas. Pelos símbolos da sociedade qualquer
experiência humana de estruturas, margens e limites, está ao alcance da mão.”
Aqui “Os limiares simbolizam inícios de novos status” já em
Turner a “liminaridade frequentemente é comparada à morte, ao estar no útero, à
invisibilidade, à escuridão, à bissexualidade, às regiões selvagens e a um
eclipse do sol ou da lua” (pg. 117), ou seja, como seres liminares não possuem
status.
Para M. Douglas “qualquer cultura é uma série de estruturas
relacionadas que abrangem formas sociais, valores, cosmologia, o todo do
conhecimento e, através da qual toda a experiência é mediada. Em V. Turner
temos dois elementos constituindo o tecido social: a estrutura e a comunitas.
Na estrutura estão as relações sociais, o cotidiano, enquanto na communitas
temos um tipo de desordem, onde as regras são desfeitas e ocorre algumas
inversões de valores pré-estabelecidos. Sempre que uma communitas se estrutura
deixa de ser communitas e abre espaço para uma nova communitas. Neste caso, a
maneira que as pessoas utilizam para resolver os seus problemas é através da
dramatização (ou dramaticidade), ou seja, soluciona-se uma crise organizando ou
realizando um momento ritual.
Em V. Turner temos a noção de que “Os atributos de liminaridade,
ou de pessoas liminares são necessariamente ambíguos, uma vez que esta condição
e estas pessoas furtam-se ou escapam à rede de classificações que normalmente
determinam a localização de estados e posições num espaço cultural. As
entidades liminares não se situam aqui nem lá, estão no meio e entre as
posições atribuídas e ordenadas pela lei, pelos costumes, convenções e
cerimonial.
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