quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Teoria Antropológica

PPGAS/IFCH/UFRGS


PROVA  2  -  Teoria  Antropológica 1

 

Questão 1

Enquanto Malinowski enfatiza a cultura como conceito explicativo das sociedades primitivas, Radcliffe-Brown elege o conceito de estrutura.  A partir do sentido que estes conceitos tem para cada um dos autores, procure estabelecer os pontos de continuidade e ruptura entre eles.

MALI

Cultura = Herança social (lingua, hábitos, idéias e crenças), herdados pelos indivíduos que nascem em uma determinada cultura. Portanto Herança Social é um conceito chave para a antropologia e é chamada nesse ramo da ciência por CULTURA.

A CULTURA é uma unidade bem organizada que se divide em dois aspectos fundamentais: I – Um conjunto de artefatos e II – Um sistema de costumes, também possui outras subdivisões ou unidades.

Todos os Elementos da Cultura dever estar funcionando, serem ativos e eficazes. O caráter dinâmico dos elementos da cultura e suas relações sugere que a tarefa mais importante da antropologia consiste no estudo da função de cultura.

AS NECESSIDADES ORGÂNICAS DO HOMEM constituem os imperativos básicos que conduzem ao desenvolvimento da cultura, na medida em que obriga a toda a comunidade a levar a cabo certo número de atividades organizadas.


RADICLIFF-BROWN


A CULTURA e a tradição Cultural se constituem em aspectos do processo da vida social.
Em R B o importante é observar este PROCESSO da vida social que é a sua unidade de investigaçào.
O PROCESSO consiste numa enorme multidão de ações e interações de seres humanos, agindo como indivíduos em combinação.
O Processo de MUDANÇA SOCIAL também é preocupação do autor.
A Cultura se constituem em aspectos do processo da vida social.
R B introduz a noção de SISTEMA SOCIAL.

 



Questão 7

Qual a contribuição de Marx para a antropologia segundo Firth e Godelier, tendo como referência os textos da sessão 14 ?
Tendo como ponto de partida a noção de mercadoria, Godelier propõe pensar a contribuição de Marx para as investigações antropológicas. Segundo o meu entendimento deste texto, o autor consegue trazer, de uma forma resumida, alguns dos principais pressupostos de “El Capital”, a partir desta primeira noção de mercadoria.
Para Godelier, a contribuição de Marx para a antropologia é positiva e complementar para que os pesquisadores, de um modo geral, consigam perceber a “essência” das relações econômicas e sociais. Ele afirma “la apariencia de las relaciones económicas dissimula y contradice su esencia”. (Pg. 314)
Ao referir a significativa contribuição de Marx para a definição da idéia de que o trabalho humano tem um duplo caráter representado na mercadoria: um concreto e outro abstrato, Godelier destaca que Marx havia realizado “um grande salto” em relação aos pensadores que o antecederam e que problematizavam esta mesma questão (cita William Petty e Adam Smith) sem haver percebido este caráter duplo do trabalho representado na mercadoria. Ele lembra ainda que Marx consegui realizar o que a economia burguesa sequer havia tentado realizar: colocar de forma clara as distinções da gênesis e da forma na noção da categoria dinheiro.
Godelier cita Marx inserido no rol dos grandes gênios do pensamento humano, ao lado de Freud e Aristóteles. De Freud ele argumenta que, a exemplo de Marx, este pensador conseguiu realizar o movimento em direção a “essência” da psique humana, ou seja, para trabalhar com as enfermidades mentais descobre  o inconsciente, fato que iria revolucionar toda a construção de conhecimento desta área. Quanto a Aristóteles, Godelier lembra uma passagem que o próprio Marx cita Aristóteles como um pensador que teve uma importante contribuição na sua definição de alguns elementos essenciais para a sua análise do capitalismo. A proposta de Aristóteles em definir que existia uma relação de igualdade nas expressões de valor das mercadorias, foi uma desta contribuições que levariam o próprio Marx a definir o caráter dual da mercadoria (valor de uso e valor de troca). Só faltou Godelier afirmar que Marx “relativizou” os pressupostos de Aristóteles para definir os seus próprios pressupostos, de qualquer forma, para este autor, Marx traz uma significativa (ou talvez decisiva) contribuição para a antropologia no sentido de aprender a superar os limites da própria ciência social, em um movimento rumo ao desvendamento das “essências” ou dos elementos que extrapolam as superfícies cognitivas do pensamento humano.

Questão 6
Estabeleça pontos de contato e de diferenciação no conceito de liminalidade conforme ele aparece no texto de Mary Douglas e de Victor Turner
Em Mary Douglas temos uma preocupação do tipo higienizadora para pensar a organização social. O corpo, com seus orifícios (entradas e saídas) é tomado como “modelo” para se investigar as estruturas sociais, onde as aberturas corporais representam, além de passagens, perigos e medos. “O Corpo é uma estrutura complexa”. Precisamos “ver no corpo um símbolo da sociedade, e os poderes e perigos creditados à estrutura social reproduzidos em miniatura no corpo humano.” (pg. 142)
“A idéia de sociedade é uma imagem poderosa. Ela é potente no seu próprio direito de controlar ou estimular homens à ação. Esta imagem tem forma, limites externos, margens e estrutura interna. Seus contornos encerram poder de recompensar a conformidade e repelir o ataque. Há energia em suas margens e áreas desestruturadas. Pelos símbolos da sociedade qualquer experiência humana de estruturas, margens e limites, está ao alcance da mão.”
Aqui “Os limiares simbolizam inícios de novos status” já em Turner a “liminaridade frequentemente é comparada à morte, ao estar no útero, à invisibilidade, à escuridão, à bissexualidade, às regiões selvagens e a um eclipse do sol ou da lua” (pg. 117), ou seja, como seres liminares não possuem status.
Para M. Douglas “qualquer cultura é uma série de estruturas relacionadas que abrangem formas sociais, valores, cosmologia, o todo do conhecimento e, através da qual toda a experiência é mediada. Em V. Turner temos dois elementos constituindo o tecido social: a estrutura e a comunitas. Na estrutura estão as relações sociais, o cotidiano, enquanto na communitas temos um tipo de desordem, onde as regras são desfeitas e ocorre algumas inversões de valores pré-estabelecidos. Sempre que uma communitas se estrutura deixa de ser communitas e abre espaço para uma nova communitas. Neste caso, a maneira que as pessoas utilizam para resolver os seus problemas é através da dramatização (ou dramaticidade), ou seja, soluciona-se uma crise organizando ou realizando um momento ritual.
Em V. Turner temos a noção de que “Os atributos de liminaridade, ou de pessoas liminares são necessariamente ambíguos, uma vez que esta condição e estas pessoas furtam-se ou escapam à rede de classificações que normalmente determinam a localização de estados e posições num espaço cultural. As entidades liminares não se situam aqui nem lá, estão no meio e entre as posições atribuídas e ordenadas pela lei, pelos costumes, convenções e cerimonial.





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