quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Paulo Oddi





UFRGS  -  IFCH  -  PPGAS
ESTUDO  ANTROPOLÓGICO  DE  UM  ESPAÇO  URBANO  SINGULAR: CAIS  DO  PORTO  DE  PORTO  ALEGRE  (OU  DA  CIDADE  QUE  TEM  PORTO  ATÉ  NO  NOME)


ENTREVISTA  No. 05

DADOS  DE  IDENTIFICAÇÃO
BAIRRO:
SOBRENOME  DO  ENTREVISTADO: Oddi
NOME  DO  ENTREVISTADO: Paulo
NOME  CARACTERÍSTICO (se houver):
DATA  DA  REALIZAÇÃO  DA  ENTREVISTA:  21 / 07 / 98.
ENDEREÇO:  Av. Mauá. / Cais Mauá.
FONE:
HORÁRIO   REALIZAÇÃO  DA  ENTREVISTA:  9 H 30 min
DURAÇÃO  DA  ENTREVISTA: 1 h 30 min


ENTREVISTADOR: Jaques
INDICAÇÃO: ......................................................................................................................




DESCRIÇÃO  DO  CONTEXTO:

       
Fui recebido no escritório do Dr. Paulo Oddi, administrador do Cais Mauá / Cais do Porto de Porto Alegre no horário combinado para a entrevista. O encontro foi acompanhado por uma funcionária administrativa que desempenha funções de assessora de imprensa junto a este órgão.
        A entrevista foi pautada pela praticidade e tecnicidade do Engenheiro Oddi que destacou na sua fala, essencialmente, os aspectos administrativos do Caís, bem como os aspectos de controle, normalização, segurança e contenção deste (e neste) espaço urbano.
        Chamou a minha atenção, uma pergunta formulada pelo entrevistado, no final da entrevista, sobre a opção dos portalegrenses em estarem constantemente presentes no cais do porto contemplando-o, curtindo o por do sol, etc. Ele indagava sobre porque não contemplar o por do sol de qualquer outro lugar da cidade que não o porto. Ficou claro o tom inquisitivo e, de certa forma, arrogante, na pergunta do administrador sobre o nosso nível de conhecimento sobre aquele espaço urbano e as suas relações com os cidadãos desta cidade. Utilizei os nossos conhecimentos históricos da formação da própria cidade, resgatando aspectos da chagada dos Casais Açorianos, relacionados com a história atual da cidade para respondera esta indagação.
        De um modo geral, a entrevista foi bastante interessante. Ao final da entrevista, o administrador se colocou a disposição para colaborar com o nosso projeto de pesquisa no que fosse necessário e sugeriu que visitássemos a biblioteca do Cais do Porto onde estão vários documentos históricos que remontam várias épocas da existência deste importante espaço urbano.  
                                                      

TRANSCRIÇÃO  DA  FITA


Jaques – O Sr. Trabalha para o  DEPREC ?
Paulo – Estou vinculado a secretaria de transportes, administro os portos e hidrovias, portos  interiores, porto de Porto Alegre, de Pelotas, porto de Cachoeira e mais 700 quilômetros de hidrovias navegáveis. Essa é a função principal da superintendência de portos e hidrovias que é constituído de três diretorias básicas: uma de grande porte interiores, uma diretoria de hidrovias e uma diretoria financeira-administrativa, tudo isso coordenado por uma superintendente que executa as atividades (como autarquia estadual).

Jaques – Vejo nos muros do porto a inscrição DNOS. Ainda existe este departamento ?
Paulo  - Foi extinto na era Color. Foi o que fez a cortina da Mauá, é uma das obras do DNOS que mais chama a tenção, mas este órgão foi instinto não tem mais.

Jaques – Então a administração do porto está somente a nível estadual ?
Paulo – A administração portuária é estadual, a superintendência é uma autarquia estadual que administra sob concessão da união que concede ao estado o gerenciamento dos portos e hidrovias. Tudo isso é patrimônio da união e o estado criou uma autarquia para gerenciar esta concessão em nome da união.

Jaques – Quanto a operacionalidade do cais de Porto Alegre ?
Paulo – Antes da lei 8.630, a lei de modernização dos portos, de 1993, toda a movimentação do cais do porto era feita pela própria autarquia, a partir daí, então os serviços de operação no cais, movimentação horizontal de carga, operação de carga e descarga, recebimento e entrega de carga nos armazéns, foi sendo terceirizado gradativamente. Hoje todo movimento de carga é feito por terceiros (serviço privado). Os serviços, o gerenciamento, o monitoramento, disciplinamento ainda é feito pela autoridade portuária, pela administração do porto, mas a execução dele é feita por operadores portuários privados. Isso vem de 1993 para cá, gradativamente vai sendo mudado o modelo. Parte dos investimentos, equipamentos, tudo é feito pelo privado no sentido de melhorar e  aperfeiçoar a operação.

Jaques – Estes funcionários, pessoas que vejo carregando e descarregando os navios são funcionários do porto ?
Paulo – não são funcionários do porto, são funcionários de portuários privados. Nosso pessoal trabalha somente na coordenação das atividades, no monitoramento e no disciplinamento das atividades.

Jaques – A parte da segurança ... ?
Paulo – segurança, normalização, tarifas, horário, enfim tudo que envolva a organização da operação como um todo é feita pela administração que executa os serviços. Nas empresas portuárias privadas nós não interferimos neste processo, isso é no Brasil inteiro, alguns portos são mais avançados, outros menos, mas todos caminham para isso, e tudo começou em 1993 com a lei de modernização dos portos. Está mudando radicalmente o perfil operacional dos portos de Rio Grande, por exemplo, que já está com toda a sua operação feita por privados, gradativamente estão se adaptando a nova legislação.

Jaques – Então o quadro de pessoal não é muito grande hoje ?
Paulo – É muito reduzido. É mais a parte administrativa e manutenção. Temos uma equipe mínima de manutenção das instalações que é o patrimônio do porto, mas reduziu bastante o número de funcionáros, eu diria drasticamente.

Jaques – Aproximadamente, quantos funcionários?
Paulo – Hoje a superintendência que envolve Porto Alegre, Pelotas, Cachoeira, Rio Pardo e as hidrovias, entre pessoal de manutenção e pessoal administrativo são uns 200, no máximo e tende a diminuir cada vez mais. Isso a superintendência de portos e hidrovias, nada a ver com o porto de Rio Grande, porto de Rio Grande separado, eu falo Pelotas, Porto Alegre, e hidrovias interiores, pessoal carregado de fazer a manutenção da dragagem, sinalização, isto é,  para garantir a segurança da navegação.

Jaques – Sobre as mudanças que estão previstas dentro do projeto Porto dos Casais, como o senhor vê estas mudanças?
Paulo – Eu diria que o porto de Porto Alegre vai se transformar enormemente com o advento do porto dos casais. A vinda da GM e da Ford vai trazer uma transformação tão grande como foi na década  de 1970 com o complexo de soja que revolucionou o sistema portuário gaúcho, tanto que Porto Alegre, como Rio Grande, isto na parte dos granéis da época, (...) Hoje eu diria que o porto de Porto Alegre passa por uma explosão, uma transformação de atividades dentro de um complexo das cargas, em geral manufaturados (...). Eu diria, me atrevo a dizer que é a maior  transformação que Porto Alegre vai enfrentar nestes próximos anos a partir destes investimentos grandes maciços. Vai ser fantástico ! Nós não conseguimos nem imaginar, é imaginável o volume de carga, o volume de carga que pode representar para o porto, eu diria até que nos próximos 20 anos o porto vai ser insuficiente para atender toda a demanda de carga gerada,  decorrente destes investimentos nas cidades vizinhas do porto: GM, FORD, GODYEAR,  PYRELE e outras inúmeras empresas que vão se instalar aqui decorrente destes movimentos mais a transformação visual que  o porto dos casais vai causar, também vai ser um atrativo comercial de grande circulação e demanda de negócios que nós hoje nem conseguimos imaginar.


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