Prezados
Antes de avançar com o mulato segue uma nota antropológica.
Veja o que eu encontrei na boca da Tiuca. Trata-se de um texto com o título "A técnica e linguagem audiovisual aplicadas à prática da pesquisa antropológica: a câmera como diário de campo". A autoria do texto? Alfredo Barros. A data? Mil novecentos e antigamente.
Resumo da ópera: Você sabe a quanto tento faço lavra neste campo?
Resposta: desde o tempo em que eu não tinha máquina fotográfica.
Vejam então os senhores,
por essas e por outras penso que "O Fazendeiro" não foi justo com a minha pessoa. Perguntou ele: Quem tu indicas para compor a banca avaliadora? Respondi: A professora fulana de tal. Replicou ele: "Hum! Não sei não! O teu trabalho não tem antropologia visual (problematização teórica sobre). Acho que não vai dar".
Pode?
Se o trabalho não era sobre antropologia visual eu volto para o ensino fundamental.
A grande questão é a mesma já exposta aqui: os doutos não tem tempo para ler os não doutos. Ele não lia o trabalho e soltava uma baforada de fumaça atrás da outra. Respeito, mas não compartilho.
Preciso avançar com O Mulato. Antes disso gostaria de lembrar que "O Cansadinho" ficou com uma cópia do meu trabalho e também não devolveu nem se manifestou sobre. Sobre esse ponto volto depois. Vamos a mais um capítulo do trabalho em tela.
16 Análise Crítica da Bibliografia
A leitura e a escrita são duas atividades que se
complementam. A pesquisa envolveu a leitura de um conjunto textos que apanhei
em diversas bibliotecas (além de conteúdo virtual acessado através da internet,
visitas a diversos museus, etc.). Parte deste conjunto veio a compor uma
coleção interessante, pois decidi adquirir várias obras neste contexto de
trabalho. Gostaria de citar aqui dois exemplos, para ilustrar o que afirmei
anteriormente.
Adquiri a obra denominada “A idéia de Raça” de
Michael Banton e a obra Denominada “Origens Africanas do Brasil Contemporâneo
de Kabengele Munanga que passam a compor o meu acervo pessoal. A decisão de
adquirir as obras acontece diante da dificuldade de ter acesso as referidas
obras através da biblioteca do IFCH. A Biblioteca Setorial de Ciências Sociais
e Humanidades esteve “indisponível” durante todo o transcurso de realização
desta pesquisa. Como se não bastasse essa situação descrita anteriormente, no
início do mês de junho os servidores da BSCSH decidiram aderir ao movimento
grevista já deflagrado pelos demais colegas da UFRGS.
Voltando a obra denominada “A idéia de Raça” de
Michael Banton, durante a leitura percebi diversos problemas de tradução que
tornam o trabalho um pouco difícil com este autor. De qualquer forma foi
possível realizar um aprendizado bem interessante a partir dos pressupostos
teóricos ali elencados. Parece-me que a síntese da obra está na página 15 onde
leio: “A Tese deste livro é a de
que o estudante que queira entender a natureza do campo de estudo das relações
raciais tem de o abordar do ponto de vista do crescimento do saber”. E agora
voltando a obra Denominada “Origens Africanas do Brasil
Contemporâneo de Kabengele Munanga, também tenho considerações a fazer, pois
esta é distinta da anterior. Trata-se de um bel livro amplamente ilustrado e de
fácil manuseio e entendimento da proposta do autor. É o tipo de literatura que
anima o meu trabalho, pois ler aqueles “textos Xerox” em face monocromática com
cheiro de “ilícito penal”, conforme já declarei da minha contrariedade na
manutenção da “cultura do Xerox” dentro do IFCH, me remete novamente ao texto
do meu Trabalho de Conclusão de Curso onde defendi a adoção do trabalho
acadêmico através de “livro texto”. Pois, acredito que a inserção textos, ricamente
ilustrados, ajuda o entendimento das questões acadêmicas. Portanto, segundo o
meu ponto de vista, é correto afirmar que a bibliografia do tipo: “livros
textos” também podem ser elencados na bibliografia de um curso de graduação em
ciências sociais. Este é o caso de “Amazônia lendária” de Altino Berthice
Brasil. Sinto que há muito preconceito do acadêmico tradicional em relação ao
não acadêmico. Supõe-se que se a obra não é oriunda de uma tese acadêmica, não
é merecedora de atenção.
A exemplo do que afirmei no texto do trabalho de
conclusão de curso (TCC) aqui também quero registrar a minha gratidão as demais
bibliotecas do Sistema de Bibliotecas da UFRGS, especialmente a biblioteca da
Faculdade de Educação e a Biblioteca do Colégio de Aplicação da UFRGS. Agradeço
também aos servidores da Biblioteca Pública Municipal Érico Veríssimo da
Secretaria Municipal de Educação, Prefeitura Municipal de Viamão. Ali encontrei
obras interessantes e uma sala de leitura aconchegante. Além disso fiz contatos
importantes no sentido de me atualizar sobre a situação da Biblioteca Pública
Municipal Mário Quintana que estava sediada junto ao extinto terminal da
Avenida do Trabalhador. Posteriormente foi removida para o interior da Escola
Pública Municipal Alberto Pasqualini, tendo permanecido indisponível no período
de férias escolares, em função de uma obra civil que ocorria naquele local.
Acabou a obra e acabou a biblioteca, pois ao solicitar informações na escola
sobre a atual situação, fui informado que a Biblioteca Mário Quintana foi
“desativada”. Para maiores informações sobre esta cena urbana de descaso com a
educação e a cultura da comunidade local ver publicação no site http://jacquesja.blogspot.com.br/2014/12/a-inteligencia-das-flores.html
Penso que livros como “A Servidão Negra” de Mário
Maestri e diversas obras de Décio Freitas poderiam compor o corpo da
bibliografia da disciplina Afro-descendencia e Cidadania no Brasil
contemporâneo. Percebi também que Abdias do Nascimento é muito mais que um
autor, portanto o trabalho desta importante personalidade nacional mereceria um
destaque bem maior dentro da referida disciplina. Além disso, proponho que seja
avaliada a inclusão de alguma obra do autor Francisco Solano Trindade, Milton
Santos e Carolina Maria de Jesus.
Gostaria de citar duas obras muito instigantes
que tive acesso nesse período. A primeira chama-se “A Violência legal no
contexto social” e a segunda “O Guerreiro de Belo Monte contra Prudente
matadeira” de Zé Antônio. Trata-se de dois pequenos livros tradicionalmente
classificados como literatura de cordel, mas que tem um conteúdo que auxilia a
análise geral da defesa dos direitos dos povos oprimidos brasileiros,
especialmente os afro-descendentes.
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