UMA MALA NA
MÃO, UM SONHO NO CORAÇÃO
Bachelard
nos ensina que “a vida começa bem, começa fechada, agasalhada no regaço da
casa.” Contudo, chega o dia em que precisamos sair da casa natal, do lugar
primeiro para experimentar outras paragens. Como não podemos carregar uma casa
inteira, quando partimos de algum lugar, elegemos alguns objetos e pertences
mais significativos para que eles nos acompanhem.
Tão
importante quanto a própria caminhada, estes objetos são selecionados porque
representam um pouco das nossas emoções, dos nossos sentimentos, afeições,
amores, carinhos. A mala - de mão, de garupa ou mesmo apenas uma trouxa - de
alguma forma passa a representar, mesmo que transitoriamente, o que a nossa
casa, deixada para trás, representa: o nosso canto no mundo, o nosso primeiro
universo. Local de refúgio e abrigo que sempre buscamos quando todos os outros
lugares são apenas lugares.
Mala – Casa
?? Sim !!! Mala – Casa. A relação metafórica é essa, pois “podemos viver a casa
em sua realidade e em sua virtualidade, através do pensamento e dos sonhos, em
função de que todo o espaço realmente habitado traz a essência da noção de
casa.”
Com a mala
na mão e um sonho no coração partimos. E porque Partimos ?? Partimos em busca
de novos horizontes, em busca de novas casas, em busca da realização de nossas
utopias, que ao mesmo tempo em que nos remetem para saciar algumas necessidades
básicas de qualquer ser humano, também nos movem para a construção de grandes
realizações. Poderíamos dizer, enfim que, para nós, gente humilde e
trabalhadora, estas realizações são, nada mais, nada menos do que a luta por
uma vida digna, em uma casa agradável, com um emprego decente, uma remuneração
adequada, enfim buscamos o que acreditamos ser e chamamos de FELICIDADE.
Se temos uma
mala na mão e sonhos no coração, nos aventuramos na estrada da vida, buscando a
FELICIDADE.
Foi este
processo contínuo da busca da FELICIDADE, inerente a todos os seres humanos,
que trouxe um jovem de 24 anos, da longínqua cidade de PASSO FUNDO para a
capital do nosso Estado. Filho de Olinda Corá e Adolpho Jacomini, ambos
pequenos agricultores, ZEFERINO JACOMINI, optou por ingressar na Carreira
Militar e foi esta opção profissional que o trazia naquele momento para Porto
Alegre. Membro de uma família numerosa, 13 irmãos, ZEFERINO JACOMINI faria
carreira profissional na Brigada Militar tendo prestado cerca de 30 anos de
trabalho nesta corporação. Durante estes longos anos, sempre atuou com uma
conduta ética, disciplinar e moral exemplar, em razão disso, recebeu por várias
vezes elogios verbais e escritos dos seus superiores hierárquicos.
A sua
atuação como pai, amigo, irmão e esposo também sempre foi exemplar. Em função
disto, hoje prestamos-lhe esta singela homenagem que tenta resgatar um pouco da
sua história de vida.
“Lendo a sua
mala” e o que nela trouxe de Passo Fundo, percebemos que JACOMINI, seu nome de
guerra, hoje nos apresenta uma trajetória de vida infinitamente rica e sólida.
Rica em experiência, em motivações que o fizera vencer os obstáculos da cidade
grande, em força e tenacidade nos seus ideais e nos seus objetivos. Sólida na
busca da manutenção da família, da preservação dos valores morais e éticos
passados por seus pais.
Mário
Quintana falou em verso de seu pai no poema “As Mãos de Meu Pai”:
“ As tuas
mãos têm grossas veias como cordas azuis
sobre um
fundo de manchas já da cor da terra
- como são
belas as tuas mãos
pelo quanto
lidaram, acariciaram ou fremiram da nobre cólera dos justos ...
Porque há
nas tuas mãos, meu velho pai, essa beleza que se chama simplesmente vida.”
(...)
Nós optamos
pela prosa para falar do nosso pai, nestas poucas linhas denominada “Uma Mala
na Mão, um Sonho no Coração.”
Enfim, só
temos a agradecer e prestigiar este homem especial que por ainda buscar a
felicidade nos ensinou a sermos felizes.
Pai,
obrigado por tudo. Nós te amamos muito.
Jacques,
Charles, Esteder e Nina.
Viamão,
junho de 1999
Publicado originalmente em
http://jacquesja.nafoto.net/photo20100911194018.html
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