terça-feira, 16 de agosto de 2016

Ciências Sociais





Ciências Sociais

            A Campanha eleitoral iniciou. Ciências sociais (Ciências Políticas ou antropologia?)
            As pessoas estão me enviando mensagens, telefonando e me inquirindo na rua. O tema? A Campanha de dois mil. Todos solicitam que eu conte aquela estória. Qual estória? Aquela que já referi aqui antes. A questão é a seguinte: eu não tenho autorização para fazê-lo, afinal de contas envolve pessoas físicas e pessoa jurídica. Se vocês fazem tanta questão em “ouvir” este “conto” prometo solicitar autorização para os envolvidos e, caso haja aquiescência, revelo tudo.
            Caminhava hoje pela Avenida Liberdade e presenciei a primeira movimentação política do pleito: uma caminhada de integrantes do Partido Verde. Ainda tímidos e com cara de militância de aluguel, empunhavam bandeiras verdes e caminhavam não se sabe exatamente em qual direção. E até “dingou” de campanha já existe. Um tal de Pegoraro não perdeu tempo e já colocou o bloco na rua. Sobre este tema: peça publicitária de campanha política eu também tenho uma estória muito interessante para contar. Depois retorno sobre.
Obrigado pela atenção de todos. Segue abaixo a transcrição de mais um pequeno trabalho que pode auxiliar aqueles alunos desorientados que sofrem no curso de graduação das ciências sociais (urguês).
Namastê.


FICHA DE LEITURA     -     
DURKHEIM, Emile. As Regras do Método Sociológico. São Paulo, Ed. Nacional, 1984.

PREFÁCIO DA PRIMEIRA EDIÇÃO

Justifica (Exaltando) a importância da sua obra, quando afirma:  “O tratamento científico dos fatos sociais é tão pouco habitual que algumas das proposições contidas neste livro correm o risco de surpreender o leitor”. (Primeira Edição foi publicada em 1895) pg. XV
Introduz algumas discussões que vão ser trabalhadas no livro como a diferença do normal e patológico, relacionada com a questão da dor e do crime (pg. XVI)
Fala de OBJETIVOS:
“Estender à conduta humana o relacionamento científico é, realmente, NOSSO PRINCIPAL OBJETIVO, fazendo ver que, se analisarmos no passado, chegaremos a reduzi-la a relações de causa e efeito; em seguida, uma operação não menos racional a poderá transformar em regras de ação para o futuro.” (destacando ser RACIONALISTA)

PREFÁCIO DA SEGUNDA EDIÇÃO
Destaca: “A vida social é feita de representações”
Com relação ao MÉTODO: “Nunca se pode fazer mais do algo provisório, pois ele se modifica à medida que a ciência avança.” (pg. XX)
MÉTODO:
 “Os fatos sociais devem ser tratados como coisa – eis a proposição fundamental de nosso método, e a que mais tem provocado contradições.” (Pg. XX)
Define COISA:
 “É coisa todo objeto do conhecimento que a inteligência não penetra de maneira natural, tudo aquilo de que não podemos formular uma noção adequada por simples processo de análise mental, tudo o que o espírito não pode chegar a compreender senão sob condição de sair de si mesmo, por meio da observação e da experimentação, passando progressivamente dos caracteres mais exteriores e mais imediatamente acessíveis para os menos visíveis e mais profundos. Tratar fatos de uma certa ordem como coisas não é, pois, classificá-los nesta ou naquela categoria do real; é observar, com relação a eles, certa atitude mental.”
“Todo objeto da ciência é coisa.” (pg. XXI)

II

“Os fenômenos sociais são exteriores aos indivíduos.” (pg. XXIV)
“A célula viva não contém senão partículas minerais, como a sociedade nada contém a não ser os indivíduos.”
“A vida (...) é una e, por conseguinte, não pode Ter por sede senão a substância viva em sua totalidade. Ela existe no todo e não nas partes. Não são as partículas inanimadas da célula que se alimentam, se reproduzem, que vivem em suma; é a própria célula, e só a célula. (...) Apliquemos o mesmo princípio para a sociologia. Se a síntese sui generis que constitui toda a sociedade desenvolve fenômenos novos, diferentes daqueles que se passam nas consciências solitárias, concorde-se também que a sede de tais fatos específicos é a própria sociedade que os produz, e não as partes desta, isto é, seus membros.” (pg. XXV)
“Para compreender a maneira pela qual a sociedade se vê a si mesma e ao mundo que a rodeia, é preciso considerar a natureza da sociedade, e não a dos indivíduos. (Em relação a separação que faz entre psicologia e sociologia)” (pg. XXVI)


INTRODUÇÃO

Fala da necessidade de se definir o método que deve ser adotado pela sociologia, afirmando que os sociólogos que o antecederam assim não o fizeram ( Cita SPENCER, STUART MILL, e COMTE)
“Com efeito, os grandes sociólogos cujos nomes acabamos de lembrar não saíram das generalidades sobre a natureza das sociedades, sobre as relações entre o reino social e o reino biológico, sobre a marcha geral do progresso;” (pg. XXXV)
Justifica a construção do seu método de pesquisa, dizendo:
“Fomos, pois levados pela própria força das coisas a formar para nós mesmos um método, que acreditamos mais preciso, adaptado de maneira mais exata à natureza particular dos fenômenos sociais.”

CAPÍTULO I  -   QUE É FATO SOCIAL?

Destaca que “antes de indagar qual o método que convém ao estudo dos fatos sociais, é necessário saber que fatos podem ser assim chamados.” (pg. 01)

LER  4º parágrafo pg. 01 + 1º parágrafo pg. 02

·       O autor considera que é fato social toda maneira de agir fixa ou não,  suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior, ou então ainda, que é geral na extensão de uma sociedade dada, apresentando uma existência própria, independente das manifestações  individuais que possa ter.

·       Durkheim vai considerar ainda que o fato social não pode ser definido pela sua generalidade no interior de um sociedade. São caracteres distintivos do fato social:  1-  Exterioridade em relação às consciências individuais.  2-  Ação coercitiva que exerce ou é suscetível de exercer sobre aquelas consciências.

·       FATOS SOCIAIS “consistem em maneiras de agir, de pensar e de sentir exteriores ao indivíduo, dotadas de um poder de coerção em virtude do qual se lhe impõem. Por conseguinte, não poderiam se confundir com os fenômenos orgânicos, pois consistem em representações e em ações; nem com os fenômenos psíquicos, que não existem senão na consciência individual e por meio dela. Constituem, pois, uma espécie nova e é a eles que deve ser dada e reservada a qualificação de sociais.(...) Estes fatos são, pois o domínio próprio da Sociologia.” (pg. 03)

·       Uma experiência característica da definição de  fato social: LER Pg. 05 1º Parágrafo

·       “O Fato Social é reconhecível pelo poder de coerção externa que exerce ou é suscetível de exercer sobre os indivíduos; e a presença deste poder é reconhecível, por sua vez, seja pela existência de alguma sanção determinada, seja pela resistência que o fato opões a qualquer empreendimento individual que tenda a violentá-lo.” (Pg. 08)

 
CAPÍTULO II  -  Regras Relativas à Observação dos Fatos Sociais.
 Regra fundamental: Tratar os fatos sociais como coisas.

Principal Pressuposto de Durkheim: “A Reflexão é anterior à ciência; esta não faz mais do que utilizá-la de maneira mais metódica. O homem não pode viver entre as coisas sem formular idéias a respeito delas, e regula sua conduta de acordo com tais idéias.” (Pg. 13)

1 - FASE IDEOLÓGICA:
Durkheim fala de uma fase ideológica que atravessa todas as ciências e no decorrer da qual elaboram noções vulgares e práticas, em lugar de descrever e de explicar as coisas. Porque esta fase, em sociologia, se prolongaria mais ainda do que nas outras ciências. Dados tomados à sociologia de Comte e à de Spencer, ao estado atual da moral e da economia política, mostrando que tal estágio ainda não foi ultrapassado.
 
Razões para ultrapassar esta fase  ideológica:
1.      Os fatos sociais devem ser tratados como coisas porque são os data imediatos da ciência, enquanto as idéias, apartir das quais se acredita que eles se desenvolveram, não são dadas diretamente;   LER  Pg. 24 – 1º parágrafo 
2.      Apresentam todos os caracteres das coisas.

“Até o presente, com efeito, a sociologia tratou, quase exclusivamente, não de coisa, mas de conceitos. Tinha Comte, na verdade, proclamado que os fenômenos sociais são fatos naturais, submetidos às leis naturais. Reconheceu assim implicitamente seu caráter de coisas, pois não existem na natureza senão coisas. Mas quando, abandonando as generalidade filosóficas, tentou aplicar o princípio que estabelecera para fazer germinar a ciência nela contida, tomou as idéias como objeto de estudo. Realmente, o progresso da humanidade no tempo constitui a principal matéria de sua sociologia.” (pg. 17)

Além de Comte, cita Spencer e Stuart Mill como “ideólogos” ou “ideologistas” (não sei exatamente), ou seja, falaram de sociologia sem ultrapassar as suas próprias ideologias e não construindo uma ciência verdadeiramente sociológica.


II


 Em uma segunda parte do texto, dentro deste capítulo, o autor fala das regras principais para “evitar antigos erros”:
1.      Afastar da ciência todas as pré-noções e o ponto de vista místico que se opões à aplicação desta regra. Para Durkheim esta regra constitui a base de todo o seu método científico.

2.      “Nunca tomar por objeto de pesquisa senão um grupo de fenômenos previamente definidos por certos caracteres exteriores que lhe são comuns, e compreender na mesma pesquisa todos aqueles que correspondem a esta definição.”
+ LER 1º parágrafo da pg. 30

3.      Os caracteres exteriores, em função dos quais define o objeto de suas pesquisas, devem ser tão objetivos quanto possível.
+ LER 1º Parágrafo da pg. 38

Durkheim diz: “quando um sociólogo empreende a exploração de uma ordem qualquer de fatos sociais, deve se esforçar pôr considerá-los naquele aspecto em que se apresentam isolados de suas manifestações individuais.” Pg. 39



CAPÍTULO  III  -  Regras Relativas à Distinção entre o Normal e o Patológico.

O autor analisa, neste capítulo, a utilidade teórica e prática desta distinção (de normal e patológico) e ressalta que é necessário que esta distinção seja cientificamente possível para que a ciência possa desempenhar seu papel na orientação do comportamento.
“ (...) reivindicar os direitos da razão sem cair na ideologia. (pg. 42)


I

 Durkheim relata o exame dos critérios correntemente empregados, dentro da análise da distinção entre o normal e o patológico.

 Neste ponto ele considera, entre outras coisas, que a dor não é sinal distintivo de doença, pois faz parte do estado de saúde: nem o declínio, pois é produzido muitas vezes por fatos normais como a velhice, por exemplo, não resultando necessariamente da doença; ainda mais, este critério é muitas vezes inaplicável, principalmente em sociologia.

A doença distingue-se do estado de saúde como o anormal se distingue do normal.

LER pg. 48 1º parágrafo + pg. 49 “o mesmo princípio aplica-se a sociologia ...”

Como esta definição do patológico coincide geralmente com o conceito corrente de doença, o anormal é o acidental; porque o anormal, em geral, constitui no ser um estado de inferioridade.

II

Utilidade que existe em verificar os resultados do método precedente buscando as causas da normalidade do fato, isto é, de sua generalidade. Sugere mais três regras:
1.      Um fato social é normal para um tipo social determinado considerado numa fase determinada de seu desenvolvimento, quando se produz na média das sociedades desta espécie, consideradas na fase correspondente de sua evolução;
2.      Pode-se verificar os resultados do método precedente fazendo ver que a generalidade do fenômeno se prende às condições gerais da vida coletiva no tipo social considerado;
3.      Esta verificação é necessária quando o fato se liga a um aspecto social que ainda não cumpriu sua evolução integral.


III

Aplicação destas regras a alguns casos, principalmente a questão do crime.


Vai considerar a existência da criminalidade como um fenômeno normal. Pg 58 + 61

O autor cita ainda alguns erro que podemos cair ao não seguir as regras que ele sugere, dizendo que, neste caso, a própria ciência se torna impossível.


CAPÍTULO IV  -  Regras Relativas à  Constituição dos Tipos Sociais.

Neste capítulo, Durkheim  considera que a distinção entre o normal e o anormal implica a constituição de espécies sociais (ou tipos). O autor trabalha a utilidade deste conceito de espécie, intermediário entre a noção de genus homo e de sociedades particulares.

I

O meio de constituir tais espécies sociais não é a utilização de monografias. É necessário distinguir as sociedades segundo seu grau de composição.
LER pg. 68 e 69

II

“As sociedades serão a princípio classificadas segundo o grau de composição que apresentem, a partir da base constituída pela sociedade perfeitamente simples, de segmento único; no interior destas classes, distinguir-se-ão as variedade deferentes, segundo se produza ou não uma coalescência completa dos segmentos iniciais.” (pg. 75)


III

·      Existem espécies sociais pela  mesma razão por que existem espécies em biologia.
·      O tipo específico social não apresenta contornos tão definidos quanto os do tipo específico em biologia.


CAPÍTULO  V  -  Regras Relativas à Explicação dos Fatos Sociais.

Este capítulo está dividido em quatro seções,  sendo um dos mais extensos do livro. Entre outras coisas, o autor irá se debruçar sobre a necessidade de buscar as causas eficientes dos fatos sociais, a importância preponderante destas causa em sociologia, demonstrada pela generalidade das práticas sociais, mesmo as mais minuciosas, o caráter psicológico do método de explicação geralmente seguido.
Em resumo, Durkheim coloca neste capítulo que a maioria das tentativas feitas para explicar racionalmente os fatos sociais pode-se objetar, ou que desfazem toda idéia de disciplina social, ou que não conseguem mante-la senão com o auxílio de falsos subterfúgios. E salienta que as regras que esta externando permitem, ao contrário, construir uma sociologia que veria no espírito de disciplina a condição essencial de toda vida em comum, fundando-a ao mesmo tempo na razão e na verdade.




CAPÍTULO  VI  -  Regras Relativas à Administração da Prova ...

Neste capítulo, o autor afirma que  o método comparativo, ou experimentação  indireta, é o método de prova em sociologia. Nesta parte do texto, Durkheim considera ainda a inutilidade do método chamado por Comte de histórico e apresenta algumas respostas às objeções de Stuart Mill.
·      Não se pode explicar um fato social de alguma complexidade, senão sob a condição de seguir-lhe o desenvolvimento integral através de todas as espécies sociais.
·      Para saber em que sentido evolui um fenômeno social,  comparar-se-á de que modo se apresenta, durante a juventude de cada espécie, com o em que se torna durante a juventude da espécie seguinte; segundo apresente intensidade maior, menor ou igual ao passar de uma etapa para outra, dir-se-á que progride, recua ou se mantém.


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