Ciências Sociais
A
Campanha eleitoral iniciou. Ciências sociais (Ciências Políticas ou
antropologia?)
As
pessoas estão me enviando mensagens, telefonando e me inquirindo na rua. O
tema? A Campanha de dois mil. Todos solicitam que eu conte aquela estória. Qual
estória? Aquela que já referi aqui antes. A questão é a seguinte: eu não tenho
autorização para fazê-lo, afinal de contas envolve pessoas físicas e pessoa jurídica.
Se vocês fazem tanta questão em “ouvir” este “conto” prometo solicitar
autorização para os envolvidos e, caso haja aquiescência, revelo tudo.
Caminhava
hoje pela Avenida Liberdade e presenciei a primeira movimentação política do
pleito: uma caminhada de integrantes do Partido Verde. Ainda tímidos e com cara
de militância de aluguel, empunhavam bandeiras verdes e caminhavam não se sabe
exatamente em qual direção. E até “dingou” de campanha já existe. Um tal de
Pegoraro não perdeu tempo e já colocou o bloco na rua. Sobre este tema: peça
publicitária de campanha política eu também tenho uma estória muito
interessante para contar. Depois retorno sobre.
Obrigado pela atenção de
todos. Segue abaixo a transcrição de mais um pequeno trabalho que pode auxiliar
aqueles alunos desorientados que sofrem no curso de graduação das ciências
sociais (urguês).
Namastê.
FICHA DE LEITURA -
DURKHEIM, Emile. As Regras do
Método Sociológico. São Paulo, Ed. Nacional, 1984.
PREFÁCIO DA PRIMEIRA EDIÇÃO
Justifica (Exaltando) a
importância da sua obra, quando afirma:
“O tratamento científico dos fatos sociais é tão pouco habitual que
algumas das proposições contidas neste livro correm o risco de surpreender o
leitor”. (Primeira Edição foi publicada em 1895) pg. XV
Introduz algumas
discussões que vão ser trabalhadas no livro como a diferença do normal e
patológico, relacionada com a questão da dor e do crime (pg. XVI)
Fala de OBJETIVOS:
“Estender à conduta
humana o relacionamento científico é, realmente, NOSSO PRINCIPAL OBJETIVO,
fazendo ver que, se analisarmos no passado, chegaremos a reduzi-la a relações
de causa e efeito; em seguida, uma operação não menos racional a poderá
transformar em regras de ação para o futuro.” (destacando ser RACIONALISTA)
PREFÁCIO DA
SEGUNDA EDIÇÃO
Destaca: “A vida social
é feita de representações”
Com relação ao MÉTODO:
“Nunca se pode fazer mais do algo provisório, pois ele se modifica à medida que
a ciência avança.” (pg. XX)
MÉTODO:
“Os fatos sociais devem ser tratados como
coisa – eis a proposição fundamental de nosso método, e a que mais tem
provocado contradições.” (Pg. XX)
Define COISA:
“É coisa todo objeto do conhecimento que a
inteligência não penetra de maneira natural, tudo aquilo de que não podemos
formular uma noção adequada por simples processo de análise mental, tudo o que
o espírito não pode chegar a compreender senão sob condição de sair de si
mesmo, por meio da observação e da experimentação, passando progressivamente
dos caracteres mais exteriores e mais imediatamente acessíveis para os menos
visíveis e mais profundos. Tratar fatos de uma certa ordem como coisas não é,
pois, classificá-los nesta ou naquela categoria do real; é observar, com
relação a eles, certa atitude mental.”
“Todo objeto da ciência
é coisa.” (pg. XXI)
II
“Os
fenômenos sociais são exteriores aos indivíduos.” (pg. XXIV)
“A
célula viva não contém senão partículas minerais, como a sociedade nada contém
a não ser os indivíduos.”
“A
vida (...) é una e, por conseguinte, não pode Ter por sede senão a substância
viva em sua totalidade. Ela existe no todo e não nas partes. Não são as
partículas inanimadas da célula que se alimentam, se reproduzem, que vivem em
suma; é a própria célula, e só a célula. (...) Apliquemos o mesmo princípio
para a sociologia. Se a síntese sui
generis que constitui toda a sociedade desenvolve fenômenos novos,
diferentes daqueles que se passam nas consciências solitárias, concorde-se
também que a sede de tais fatos específicos é a própria sociedade que os
produz, e não as partes desta, isto é, seus membros.” (pg. XXV)
“Para
compreender a maneira pela qual a sociedade se vê a si mesma e ao mundo que a
rodeia, é preciso considerar a natureza da sociedade, e não a dos indivíduos.
(Em relação a separação que faz entre psicologia e sociologia)” (pg. XXVI)
INTRODUÇÃO
Fala
da necessidade de se definir o método que deve ser adotado pela sociologia,
afirmando que os sociólogos que o antecederam assim não o fizeram ( Cita
SPENCER, STUART MILL, e COMTE)
“Com efeito, os grandes sociólogos cujos nomes
acabamos de lembrar não saíram das generalidades sobre a natureza das
sociedades, sobre as relações entre o reino social e o reino biológico, sobre a
marcha geral do progresso;” (pg. XXXV)
Justifica
a construção do seu método de pesquisa, dizendo:
“Fomos,
pois levados pela própria força das coisas a formar para nós mesmos um método,
que acreditamos mais preciso, adaptado de maneira mais exata à natureza
particular dos fenômenos sociais.”
CAPÍTULO I - QUE
É FATO SOCIAL?
Destaca que “antes de indagar qual o método que
convém ao estudo dos fatos sociais, é necessário saber que fatos podem ser
assim chamados.” (pg. 01)
LER 4º parágrafo pg. 01 + 1º
parágrafo pg. 02
·
O autor considera que é fato social toda maneira de agir fixa ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma
coerção exterior, ou então ainda, que é geral na extensão de uma sociedade dada,
apresentando uma existência própria, independente das manifestações individuais que possa ter.
·
Durkheim vai considerar ainda que o fato social não pode ser definido pela
sua generalidade no interior de um sociedade. São caracteres distintivos do fato
social: 1- Exterioridade em relação
às consciências individuais. 2-
Ação coercitiva que exerce ou é suscetível de exercer sobre aquelas
consciências.
·
FATOS SOCIAIS “consistem em maneiras de agir, de
pensar e de sentir exteriores ao indivíduo, dotadas de um poder de coerção em
virtude do qual se lhe impõem. Por conseguinte, não poderiam se confundir com
os fenômenos orgânicos, pois consistem em representações e em ações; nem com os
fenômenos psíquicos, que não existem senão na consciência individual e por meio
dela. Constituem, pois, uma espécie nova e é a eles que deve ser dada e
reservada a qualificação de sociais.(...) Estes
fatos são, pois o domínio próprio da Sociologia.” (pg. 03)
·
Uma experiência característica da definição de fato
social: LER Pg. 05 1º Parágrafo
·
“O Fato Social é reconhecível pelo poder de coerção
externa que exerce ou é suscetível de exercer sobre os indivíduos; e a presença
deste poder é reconhecível, por sua vez, seja pela existência de alguma sanção
determinada, seja pela resistência que o fato opões a qualquer empreendimento
individual que tenda a violentá-lo.” (Pg. 08)
CAPÍTULO II - Regras Relativas à Observação dos Fatos
Sociais.
Regra fundamental:
Tratar os fatos sociais como coisas.
Principal
Pressuposto de Durkheim: “A Reflexão é anterior à ciência; esta não faz mais do
que utilizá-la de maneira mais metódica. O homem não pode viver entre as coisas
sem formular idéias a respeito delas, e regula sua conduta de acordo com tais
idéias.” (Pg. 13)
1
- FASE IDEOLÓGICA:
Durkheim
fala de uma fase ideológica que atravessa todas as ciências e no decorrer da
qual elaboram noções vulgares e práticas, em lugar de descrever e de explicar
as coisas. Porque esta fase, em sociologia, se prolongaria mais ainda do que
nas outras ciências. Dados tomados à sociologia de Comte e à de Spencer, ao
estado atual da moral e da economia política, mostrando que tal estágio ainda
não foi ultrapassado.
Razões
para ultrapassar esta fase ideológica:
1. Os fatos
sociais devem ser tratados como coisas porque são os data imediatos da ciência, enquanto as idéias, apartir das quais se
acredita que eles se desenvolveram, não são dadas diretamente; LER
Pg. 24 – 1º parágrafo
2. Apresentam
todos os caracteres das coisas.
“Até
o presente, com efeito, a sociologia tratou, quase exclusivamente, não de
coisa, mas de conceitos. Tinha Comte, na verdade, proclamado que os fenômenos
sociais são fatos naturais, submetidos às leis naturais. Reconheceu assim
implicitamente seu caráter de coisas, pois não existem na natureza senão
coisas. Mas quando, abandonando as generalidade filosóficas, tentou aplicar o
princípio que estabelecera para fazer germinar a ciência nela contida, tomou as
idéias como objeto de estudo. Realmente, o progresso da humanidade no tempo constitui
a principal matéria de sua sociologia.” (pg. 17)
Além
de Comte, cita Spencer e Stuart Mill como “ideólogos” ou “ideologistas” (não
sei exatamente), ou seja, falaram de sociologia sem ultrapassar as suas
próprias ideologias e não construindo uma ciência verdadeiramente sociológica.
II
Em uma segunda parte do texto, dentro deste
capítulo, o autor fala das regras principais para “evitar antigos erros”:
1. Afastar da
ciência todas as pré-noções e o ponto de vista místico que se opões à aplicação
desta regra. Para Durkheim esta regra constitui a base de todo o seu método
científico.
2. “Nunca
tomar por objeto de pesquisa senão um grupo de fenômenos previamente definidos
por certos caracteres exteriores que lhe são comuns, e compreender na mesma
pesquisa todos aqueles que correspondem a esta definição.”
+
LER 1º parágrafo da pg. 30
3. Os
caracteres exteriores, em função dos quais define o objeto de suas pesquisas,
devem ser tão objetivos quanto possível.
+
LER 1º Parágrafo da pg. 38
Durkheim
diz: “quando um sociólogo empreende a exploração de uma ordem qualquer de fatos
sociais, deve se esforçar pôr considerá-los naquele aspecto em que se
apresentam isolados de suas manifestações individuais.” Pg. 39
CAPÍTULO III -
Regras Relativas à Distinção entre o Normal e o Patológico.
O
autor analisa, neste capítulo, a utilidade teórica e prática desta distinção
(de normal e patológico) e ressalta que é necessário que esta distinção seja
cientificamente possível para que a ciência possa desempenhar seu papel na orientação
do comportamento.
“
(...) reivindicar os direitos da razão sem cair na ideologia. (pg. 42)
I
Durkheim relata o exame dos critérios
correntemente empregados, dentro da análise da distinção entre o normal e o
patológico.
Neste ponto ele considera, entre outras
coisas, que a dor não é sinal distintivo de doença, pois faz parte do estado de
saúde: nem o declínio, pois é produzido muitas vezes por fatos normais como a
velhice, por exemplo, não resultando necessariamente da doença; ainda mais, este
critério é muitas vezes inaplicável, principalmente em sociologia.
A
doença distingue-se do estado de saúde como o anormal se distingue do normal.
LER
pg. 48 1º parágrafo + pg. 49 “o mesmo princípio aplica-se a
sociologia ...”
Como
esta definição do patológico coincide geralmente com o conceito corrente de
doença, o anormal é o acidental; porque o anormal, em geral, constitui no ser
um estado de inferioridade.
II
Utilidade
que existe em verificar os resultados do método precedente buscando as causas da
normalidade do fato, isto é, de sua generalidade. Sugere mais três regras:
1. Um fato
social é normal para um tipo social determinado considerado numa fase
determinada de seu desenvolvimento, quando se produz na média das sociedades
desta espécie, consideradas na fase correspondente de sua evolução;
2. Pode-se
verificar os resultados do método precedente fazendo ver que a generalidade do
fenômeno se prende às condições gerais da vida coletiva no tipo social
considerado;
3. Esta
verificação é necessária quando o fato se liga a um aspecto social que ainda
não cumpriu sua evolução integral.
III
Aplicação
destas regras a alguns casos, principalmente a questão do crime.
Vai
considerar a existência da criminalidade como um fenômeno normal. Pg 58 + 61
O
autor cita ainda alguns erro que podemos cair ao não seguir as regras que ele
sugere, dizendo que, neste caso, a própria ciência se torna impossível.
CAPÍTULO IV - Regras Relativas à Constituição dos Tipos Sociais.
Neste
capítulo, Durkheim considera que a distinção
entre o normal e o anormal implica a constituição de espécies sociais (ou
tipos). O autor trabalha a utilidade deste conceito de espécie, intermediário
entre a noção de genus homo e de sociedades particulares.
I
O
meio de constituir tais espécies sociais não é a utilização de monografias. É
necessário distinguir as sociedades segundo seu grau de composição.
LER
pg. 68 e 69
II
“As sociedades serão a princípio classificadas segundo o
grau de composição que apresentem, a partir da base constituída pela sociedade
perfeitamente simples, de segmento único; no interior destas classes,
distinguir-se-ão as variedade deferentes, segundo se produza ou não uma
coalescência completa dos segmentos iniciais.” (pg. 75)
III
·
Existem espécies sociais pela mesma razão por que existem espécies em
biologia.
·
O tipo específico social não apresenta contornos tão
definidos quanto os do tipo específico em biologia.
CAPÍTULO V -
Regras Relativas à Explicação dos Fatos Sociais.
Este
capítulo está dividido em quatro seções,
sendo um dos mais extensos do livro. Entre outras coisas, o autor irá se
debruçar sobre a necessidade de buscar as causas eficientes dos fatos sociais,
a importância preponderante destas causa em sociologia, demonstrada pela
generalidade das práticas sociais, mesmo as mais minuciosas, o caráter
psicológico do método de explicação geralmente seguido.
Em
resumo, Durkheim coloca neste capítulo que a maioria das tentativas feitas para
explicar racionalmente os fatos sociais pode-se objetar, ou que desfazem toda
idéia de disciplina social, ou que não conseguem mante-la senão com o auxílio
de falsos subterfúgios. E salienta que as regras que esta externando permitem,
ao contrário, construir uma sociologia que veria no espírito de disciplina a
condição essencial de toda vida em comum, fundando-a ao mesmo tempo na razão e
na verdade.
CAPÍTULO VI -
Regras Relativas à Administração da Prova ...
Neste
capítulo, o autor afirma que o método
comparativo, ou experimentação indireta,
é o método de prova em sociologia. Nesta parte do texto, Durkheim considera
ainda a inutilidade do método chamado por Comte de histórico e apresenta
algumas respostas às objeções de Stuart Mill.
·
Não se pode explicar um fato social de alguma
complexidade, senão sob a condição de seguir-lhe o desenvolvimento integral
através de todas as espécies sociais.
·
Para saber em que sentido evolui um fenômeno
social, comparar-se-á de que modo se
apresenta, durante a juventude de cada espécie, com o em que se torna durante a
juventude da espécie seguinte; segundo apresente intensidade maior, menor ou
igual ao passar de uma etapa para outra, dir-se-á que progride, recua ou se
mantém.
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