sábado, 11 de janeiro de 2014

O duplo



O DUPLO E SEUS DESDOBRAMENTOS

A temática do duplo perpassa distintos discursos ao longo da história. Suas aparições, invariavelmente perturbadoras, encontram eco em uma vasta produção ficcional e consistem em objeto da pesquisa psicanalítica. Em O duplo, de 1914, Otto Rank adota como ponto de partida de sua reflexão o filme O estudante de Praga, de 1913. A partir da análise dessa obra, o psicanalista faz uma extensa revisão da presença do duplo na literatura do século XIX, no folclore europeu, na mitologia e na etnografia. Sua hipótese é a de que a duplicação do eu consiste, inicialmente, em um modo narcísico de desmentir a finitude. No entanto, invariavelmente o duplo converte-se em um inquietante mensageiro da morte. Em O estranho, de 1919, Freud retoma esse tema, interrogando-o de outro ângulo: em que condições a aparição artística do duplo produz efeitos sinistros em quem a ela se expõe? A pergunta freudiana é o fio condutor dessa análise de um corpus de filmes, cujo foco é o fenômeno do doppelgänger, em seus diversos desdobramentos.


11/3: Fantasma (1922), de F. W. Murnau

18/3: O estudante de Praga (1926), de Henrik Galeen, e William Wilson (1968), de Louis Malle

25/3: O retrato de Dorian Gray (1945), de Albert Lewin

1/4: Um corpo que cai (1958), de Alfred Hitchcock

8/4: O testamento do Dr. Cordelier (1959), de Jean Renoir

15/4: Psicose (1960), de Alfred Hitchcock

22/4: Persona (1966), de Ingmar Bergman

29/4: A bela da tarde (1967), de Luis Buñuel

6/5: As irmãs diabólicas (1973), de Brian de Palma

13/5: A mulher do tenente francês (1981), de Karel Reisz

20/5: Gêmeos, mórbida semelhança (1988), de David Cronenberg

27/5: Noturno indiano (1989), de Alain Corneau

3/6: A dupla vida de Véronique (1991), de Krzysztof Kieslowski

10/6: Amores expressos (1994), de Wong Kar-Wai

17/6: Clube da luta (1999), de David Fincher

24/6: Melinda e Melinda (2004), de Woody Allen

1/7: Mais estranho que a ficção (2006), de Marc Forster

8/7: Ilha do medo (2010), de Martin Scorsese

15/7: Cisne negro (2010), de Darren Aronofsky

Duração: 11/03 a 15/07/2014
Horário: terças-feiras, das 8:30 às 12h
Local: sala 210 do Instituto de Psicologia
Informações: oduplonocinema@gmail.com

Equipe coordenadora
Amadeu de Oliveira Weinmann (Psicologia / UFRGS)
Lúcia Serrano Pereira (APPOA)
Márcia Ivana Lima e Silva (PPG em Letras / UFRGS)

Referências bibliográficas

Dostoiévski, Fiódor. O duplo. 2. ed. São Paulo: Ed. 34, 2013.
Freud, Sigmund. Lo ominoso (1919). In: Sigmund Freud: obras completas. Buenos Aires: Amorrortu, 1984. v. 17. p. 215-251.
Lacan, Jacques. O estádio do espelho como formador da função do eu tal como nos é revelada na experiência psicanalítica. In: Escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1998. p. 96-103.
Müller, Adalberto. O estudante de Praga: o duplo, o espelho, o autor. In: Hamburguer, Esther; Souza, Gustavo; Mendonça, Leandro; Amancio, Tunico (Orgs.). Estudos de cinema – SOCINE. São Paulo: Annablume; Fapesp; Socine, 2008. p. 15-23.
Pereira, Lúcia Serrano. Um narrador incerto entre o estranho e o familiar. Rio de Janeiro: Companhia de Freud, 2004.
Poe, Edgar Allan. William Wilson. In: Histórias extraordinárias. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. p. 234-253.
Rank, Otto. O duplo: um estudo psicanalítico. Porto Alegre: Dublinense, 2013.
Rosset, Clément. O real e seu duplo: ensaio sobre a ilusão. 2. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2008.
Santos, Adilson. Um périplo pelo território duplo. In: Revista investigações: linguística e teoria literária, Recife, v. 22, n. 1, p. 51-101, jan., 2009.
Stevenson, Robert Louis. O médico e o monstro. Porto Alegre: L&PM, 2013.
Tabucchi, Antonio. Noturno indiano. São Paulo: Cosac Naify, 2012.
Weinmann, Amadeu. Notas psicanalíticas sobre o Fantasma, de Murnau. In: Revista universitária do audiovisual – dossiê #12 – cinema e psicanálise, São Carlos, SP, v. 48, p. 127-139, mai., 2012.
Wilde, Oscar. O retrato de Dorian Gray. Rio de Janeiro: BestBolso, 2011.


 

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