Livro e Literatura. Ciências Sociais. Antropologia. Sociologia. Porto Isabel. Viamão. Rio Grande do Sul. Brasil.
sexta-feira, 31 de julho de 2015
quinta-feira, 30 de julho de 2015
terça-feira, 28 de julho de 2015
domingo, 26 de julho de 2015
sexta-feira, 24 de julho de 2015
segunda-feira, 20 de julho de 2015
domingo, 19 de julho de 2015
sábado, 18 de julho de 2015
Parque Estadual de Itapeva
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José Otávio Catafesto de Souza,
ufrgs
sexta-feira, 17 de julho de 2015
quinta-feira, 16 de julho de 2015
quarta-feira, 15 de julho de 2015
terça-feira, 14 de julho de 2015
Aldeia Indígena Guarani MBYÁ Nhu Porá Torres Rs: História da Aldeia Nhu Porá
Aldeia Indígena Guarani MBYÁ Nhu Porá Torres Rs: História da Aldeia Nhu Porá: Tekoá Guapo'ý Porã , conhecida pelos não-indígenas como Aldeia Guarani de Torres, é uma comunidade indígena guarani localiza...
Condição Pós-Moderna
Fichamento de
HARVEY, David.
A Condição Pós-Moderna –
uma pesquisa sobre as origens da mudança cultural.
São Paulo: Ed. Loyola, 1993.
Por Jacques
Jacomini
1ª. Parte
PANORAMA GERAL DO
LIVRO
A obra de Harvey que nos ocupamos neste momento é,
sobre o meu ponto de vista, um trabalho instigante e muito interessante sobre
uma das temáticas mais discutidas e analisadas nas ciências sociais
contemporâneas, a pós-modernidade. O livro, no seu todo, traz um texto rico de
conceituações, discussões e pressupostos colocados dentro deste campo de
debate, modernidade X pós-modernidade. Além do texto, propriamente dito,
encontramos ainda nesta obra uma série de recursos iconográficos, (gravuras,
fotos, imagens de algumas obras de arte, ...), de tabelas, esquemas e de
gráficos ilustrativos que tornam o seu conteúdo ainda mais interessante e
esclarecedor. Portanto, em resumo, trata-se de uma publicação da mais alta
relevância para todos os intelectuais e pesquisadores interessados em empenhar
este debate, moderno X pós-moderno, tão presente e tão necessário no meio
acadêmico e científico.
O livro está dividido em 4 partes, mais uma
introdução que o autor chama de “a tese”, um prefácio e a parte dos
agradecimentos. Para este fichamento, nos determos somente sobre a parte 4a.
- A Condição Pós-Moderna -
Um aspecto que chama a atenção do leitor no livro,
no que concerne a sua estrutura, é a forma pontual como aborda os temas que
propõe discutir. Nesta parte 4, por exemplo, temos 9 pontos (ou tópicos) que
abordam diversas questões que estão colocadas no seio da discussão moderno X
pós-moderno, desenvolvidos de uma forma pontual, sintética e divididos entre si
dentro do corpo geral do livro.
19
A Pós-Modernidade como condição histórica
Este ponto do texto vai discutir “As práticas
estéticas e culturais têm particular suscetibilidade à experiência cambiante do
espaço e do tempo exatamente por envolverem a construção de representações e
artefatos espaciais a partir do fluxo da experiência humana. Elas sempre
servem de intermediário entre o Ser e o Vir-a-Ser”. (pag. 293)
Surge, dentro desta perspectiva de uma abordagem
espacial e temporal, a abordagem da estética como um elemento constituinte da
pós-modernidade. Neste sentido, o autor afirma: “É possível escrever a
geografia histórica da experiência do espaço e do tempo na vida social, assim
como compreender as transformações por que ambos têm passado, tendo por
referência condições sociais e materiais. (...) Aí, as dimensões do
espaço e do tempo têm sido sujeitas à persistente pressão da circulação e da
acumulação do capital, culminando (em especial durante as crises periódicas de
superacumulação que passaram a surgir a partir da metade do século passado) em
surtos desconcertantes e destruidores de compressão do tempo-espaço.
As respostas estéticas a condições de compressão do
tempo-espaço são importantes, e assim têm sido desde que a separação, ocorrida
no século XVIII, entre conhecimento científico e julgamento moral criou para
elas um papel distintivo.
segunda-feira, 13 de julho de 2015
LAE
LAE –
Laboratório
de Arqueologia e Etnologia
O
Laboratório de Arqueologia e Etnologia – LAE é herdeiro do antigo Gabinete de
Arqueologia, criado por José Proenza Brochado e Pedro Ignácio Schmitz, em 1967.
Mantém o acervo acumulado desde então e oferece suporte ao desenvolvimento de
projetos de investigação histórica e arqueológica sobre populações autóctones
pré-colombianas e grupos remanescentes de quilombos.
O
LAE também presta serviços técnicos à capacitação de agentes públicos que atuam
com coletivos tradicionais, nas áreas de sustentabilidade, saúde, educação,
etc. Realiza perícias e laudos antropológicos em processos judiciais, de
regularização fundiária e de licenciamento ambiental.
No
âmbito do ensino, o LAE é um espaço interdisciplinar de formação para
estudantes de graduação e pós-graduação do IFCH/UFRGS, com ênfase no trabalho
de investigação de campo.
Coordenador
do LAE: José Otávio Catafesto de Souza
O
Laboratório está sediado na Sala 2/Anexo A2 do prédio 43312 do IFCH, UFRGS –
Campus do Vale – Av. Bento Gonçalves, 9500 – Porto Alegre – RS – CEP 91509-900.
Telefone: (51) 3308-9941
Fax: (51) 3308-7306
David Harvey
Fichamento de
HARVEY, David.
A Condição Pós-Moderna –
uma pesquisa sobre as origens da mudança cultural.
São Paulo: Ed. Loyola, 1993.
Por Jacques
Jacomini
1ª. Parte
PANORAMA GERAL DO
LIVRO
A obra de Harvey que nos ocupamos neste momento é,
sobre o meu ponto de vista, um trabalho instigante e muito interessante sobre
uma das temáticas mais discutidas e analisadas nas ciências sociais
contemporâneas, a pós-modernidade. O livro, no seu todo, traz um texto rico de
conceituações, discussões e pressupostos colocados dentro deste campo de
debate, modernidade X pós-modernidade. Além do texto, propriamente dito,
encontramos ainda nesta obra uma série de recursos iconográficos, (gravuras,
fotos, imagens de algumas obras de arte, ...), de tabelas, esquemas e de
gráficos ilustrativos que tornam o seu conteúdo ainda mais interessante e
esclarecedor. Portanto, em resumo, trata-se de uma publicação da mais alta
relevância para todos os intelectuais e pesquisadores interessados em empenhar
este debate, moderno X pós-moderno, tão presente e tão necessário no meio
acadêmico e científico.
O livro está dividido em 4 partes, mais uma
introdução que o autor chama de “a tese”, um prefácio e a parte dos
agradecimentos. Para este fichamento, nos determos somente sobre a parte 4a.
- A Condição Pós-Moderna -
Um aspecto que chama a atenção do leitor no livro,
no que concerne a sua estrutura, é a forma pontual como aborda os temas que
propõe discutir. Nesta parte 4, por exemplo, temos 9 pontos (ou tópicos) que
abordam diversas questões que estão colocadas no seio da discussão moderno X
pós-moderno, desenvolvidos de uma forma pontual, sintética e divididos entre si
dentro do corpo geral do livro.
quinta-feira, 9 de julho de 2015
quarta-feira, 8 de julho de 2015
Arte Missioneira
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Tava Miri
Jacquesja
3.3
JacquesJa e a experiência de editar um blog temático
Inicio com uma composição feita dentro do
universo citado anteriormente: Cena Hip Hop. Criei juntamente com o jovem
William Metz a letra e a música denominada “Hap do Tiololinho”. Foi um trabalho
diminuto, mas interessante, pois me insere nesta cena artística urbana também
como autor de uma peça musical que tem origem as vivências experimentadas em
uma cidade da periferia de Porto Alegre. Para a visualização da peça artística
citada coloco em anexo uma cópia da mesma (Ver Anexo 03).
Gostaria de referir que a organização de
Banco de Dados e Banco de Imagens foi a grande motivação para iniciar o
trabalho com as bases de dados informatizadas e, posteriormente, com a criação
de espaços virtuais na internet. Um exemplo deste trabalho foi a criação do
artigo denominado: VIRTUAL. Na introdução afirmei: As novas tecnologias da
inteligência disponibilizam um imenso universo a ser explorado: o ambiente
virtual (computadorizado). A distância entre o cidadão urbano contemporâneo e a
natureza só faz aumentar.
A verdade é que este trabalho do blog inicia
em outra base informatizada que não a atual (Empresa Google Net Works). Eu tive
por um período uma assinatura no provedor de internet da Empresa Terra Net
Works. Ali iniciei um trabalho de divulgação sobre a nossa cidade, publicando
imagens em um fotoblog temático. Depois a referida empresa decidiu desabilitar
o serviço e as publicações passaram para base off-line. Neste ínterim,
tornei-me assinante do UOL e passei a operar com as ferramentas que esta
empresa disponibilizava. O fato é que os engenheiros de informática desta
empresa tem uma proposta de trabalho muito limitada e retrógrada. Isso me
incomodava tecnicamente e, depois de tentar trabalhar com esta base, desisti,
migrando em definitivo para a Empresa Google Net Works.
Penso que é importante destacar o processo de
construção deste trabalho, a fim de demonstrar que todas as decisões técnicas e
literárias estão dentro deste contexto mais amplo de estudo, de pesquisa e de
relação com as novas tecnologias da inteligência conforme trabalhou Pierre Lévy
na obra denominada: As tecnologias da inteligência – o futuro do pensamento na
era da informática.
Mesmo antes de integrar a equipe de trabalho
do Banco de Imagens e Efeitos Visuais da Cidade de Porto Alegre (BIEV) eu já me
questionava: o que eu estou fazendo aqui? Perguntei diversas vezes para os meus
pais sobre a trajetória de vida de ambos e como fizeram a opção de morar na
Santa Isabel. Recuperei esta história e publiquei vários textos relativos ao
assunto no blog da Santa Isabel.
Mesmo antes de conhecer este belíssimo
trabalho do Projeto Habitantes do Arroio buscava descobrir as minhas origens
desde o nascimento na maternidade do Hospital Beneficência Portuguesa, Cidade
de Porto Alegre até a chegada na Rua Lisboa, Santa Isabel, Viamão. Certa feita,
em um domingo a tarde, fomos visitar o local onde ficava a nossa primeira
residência. Realizei registro fotográfico e fonográfico, apanhando os
depoimentos de Zeferino Jacomini (a época presente entre nós), de Bernardina
Xavier Jacomini e de Terezinha Xavier Casagrande (que também já partiu). Foi um
momento bem importante para mim e muito deste material virou texto que
publiquei no blog A Cidade de Santa Isabel. Darei alguns exemplos.
Na página http://acidadedesantaisabel.blogspot.com.br/2013/01/burica.html publiquei um artigo que remonta a nossa chegada na Santa
Isabel e o grande desafio de viver naquele lugar sem as necessidades básicas de
existência como a disponibilidade de água encanada, por exemplo. Denominei o
texto de Burica, pois esse é o nome de uma senhora que morava próximo a nossa
casa e nos cedeu água que tirávamos de um poço artesiano que ficava no seu
quintal. Segue um extrato do referido texto:
“Em 1971 chegamos à Santa Isabel. “Sentamos praça” ali na
Rua Lisboa, esquina com Napoleão Bonaparte. O meu pai construi (não mandou
construir, eu disse construiu) uma casa muito simples de madeira reciclada. Em
seguida ele solicitou, para a empresa prestadora do serviço, um ramal elétrico.
Porém não havia rede pública para abastecer o nosso domicílio em água potável.
Zeferino era militar e tinha um colega que morava próximo. O Cabo Beto mandara
cavar um poço artesiano para abastecer a sua residência. Nascia ali a nossa primeira
alternativa de abastecimento de água. Descíamos cerca de duzentos metros até a
residência da Burica (Rua João Braulio Muniz), esposa do Cabo Beto, apanhávamos
água no poço e subíamos a Rua Nova empunhando baldes com a água que abastecia a
nossa residência”
Em outro momento publiquei um artigo que
remonta uma experiência de deslocamento na Santa Isabel, utilizando transporte
público de passageiros. Aqui aparece a questão da negritude que não foi
expressa diretamente no mesmo. Quando referi “grupo de passageiros”, fazia
referencia a afro descendentes aqui da região. O exemplo do texto anterior
utiliza uma linguagem diferente do texto acadêmico. Trata-se de um texto mais
leve, mais informal que o utilizado no meio acadêmico. Além disso, utilizo um
recurso dialógico na construção dos parágrafos, simulando uma situação onde
blogueiro e leitor dialogam sobre determinado assunto. A temática central do
blog é a “Cidade de Santa Isabel”, suas dinâmicas internas, sua relação com o
exterior (Cidade de Viamão e Cidade de Porto Alegre), entre outros. Segue um
extrato do referido texto:
“Passa no Paço?
Eu quero que você tenha paciência comigo, pois este texto
é bem importante. Presta a atenção, por favor.
Desloquei, via rodoviária, no dia de ontem, da Casa
Branca até a Sul Bike (Oficina e loja de bicicletas). O referido
estabelecimento fica Vila São Jorge (Parada 39 – RS 040 – Rodovia que liga
Porto Alegre à Balneário Pinhal). Na viajem de ida utilizei o veículo bicicleta
e no retorno, transporte coletivo de passageiros. Tomei assento em um ônibus
municipal da Empresa Via-Leste que fazia a Linha Viamão Centro até Santa
Isabel. Ao chegar na Avenida Liberdade, o coletivo para no ponto, abre a porta
para um grupo de passageiros. Ouço a seguinte frase de uma senhora que
adentrava ao veículo: Passa no paço?
A esta altura do texto já tem leitor prestes a xingar o
autor. “Este Jacques! Sempre inventando moda”, diz um transeunte apressado (que
passa ao largo). Calma, calma, calma. Só mais um pouco. Você vai curtir. Passo
a passo, na construção deste texto. É domingo, a comunidade está reunida na
Escola (Unidos de Vila Isabel) e eu teclo-lhes (com carinho e respeito).
Voltando: de que paço a passageira fazia referência?
Passo (ou Paço) do Dorneles. Viva! Consegui segurar você até aqui. Então, me
acompanha mais um pouco. Dá uma olhada no Google. O Passo do Dorneles é a
denominação (...)”
Na página http://acidadedesantaisabel.blogspot.com.br/2014/05/racismo.html publiquei um artigo que analisa as novas faces do
racismo. Inicio com uma frase do jornalista Juremir Machado da Silva em artigo
publicado no Jornal Correio do Povo onde este afirma: “O racismo é uma das
coisas mais nojentas que se pode conhecer. Mandela representou a
luta contra essa deformação das relações entre os homens em todas as
suas possibilidades e facetas”. Publicado em 13/05/2014, consegui neste
pequeno texto articular as contribuições teóricas de dois grandes pensadores
brasileiros (Darcy Ribeiro e Gilberto Freyre), chamando o leitor para realizar
uma reflexão sobre a questão da negritude no Brasil e a questão da
discriminação racial. Segue um pequeno extrato do mesmo:
“Racismo
A Escravidão não acabou. A persistência atordoante do
racismo é a maior prova desta triste (porém real) verdade.
Você leu Jornal Correio do Povo de Porto Alegre no dia de
hoje? Você leu a coluna do Juremir Machado da Silva publicada no Jornal Correio
do Povo de Porto Alegre no dia de hoje? Se não leu, por favor, leia. Ele fala
da Copa, de política, mas também de racismo, de Gilberto Freyre e das relações
sociais no Brasil.
Leia porque parece que é só jacquesja que insisti neste
assunto. E não é. O racismo, velado e reatualizado, persiste. E eu tenho
chamado a sua atenção aqui sobre esta temática. A consciência racial leva-me a
trabalhar na defesa dos que muito já sofreram (e seguem sofrendo) pela práticas
constantes do etnocentrismo praticado pela classe dominante.
Esta página vem agora como uma nota introdutória do
trabalho que iniciei neste semestre com Gilberto Freyre. Decidi fazer um estudo
a partir da obra “Sobrados e Mucambos”, a fim de aprofundar o meu conhecimento
sobre as relações inter-étnicas no Brasil. É um tema muito atual e envolvente.
A Cidade de Viamão possui diversas comunidades
quilombolas. Tenho especial apresso pela comunidade do Beco dos Botinhas que
fica ali no limite geográfico entre Viamão e Alvorada. Na última oportunidade
em que visitei alguns amigos que vivem no lugar, surgiu o embrião de uma nova
possibilidade de pesquisa antropológica. Ainda é cedo para trazer aqui maiores
detalhes sobre este assunto. Contudo, fica o registro da necessidade de ver a
diversidade étnico-racial como uma das maiores riquezas do povo brasileiro.
Darcy Ribeiro na célebre obra denominada “O Povo Brasileiro” também desenvolveu
uma tese muito interessante a este respeito.
Mandela vive em cada gesto, em cada sonho, em cada sopro
da nação não branca guerreira que não para de lutar pela libertação definitiva
do seu povo. A resistência (mesmo que silenciosa) vai continuar. A esperança de
não haver mais agressões ao negro é o sustentáculo deste trabalho.”
Além das publicações rotineiras chamada de
“post” pelos blogueiros, fato que dá um caráter de periódico para o blog A
Cidade de Santa Isabel, há uma estrutura mais ou menos fixa composta por
páginas dentro do blog. À direita e no alto da janela principal existe uma
coleção de guias que, através de um simples click de mouse remetem o visitante
para páginas que compõe o conteúdo permanente do blog. Estas publicações são
compostas por conteúdos mais extensos e complexos como é o caso do livro: Os
Primórdios da História da Santa Isabel. Qualquer cidadão que esteja em qualquer
parte do globo terrestre poderá, através da rede mundial de computadores
acessar esta página e conhecer os principais aspectos da historiografia local
do isabelense, segundo a versão de JacquesJa. Da mesma forma, clicando na
palavra “Raízes de Viamão”, o visitante poderá conhecer a obra denominada
“Viamão”. Trata-se de produção de minha própria lavra acadêmica e não acadêmica
onde faço uma análise de diversos aspectos sociais e antropológicos da Cidade
de Viamão. Portanto, este breve relato é também uma espécie de convite para que
os interessados em conhecer mais do trabalho citado visitem o blog e interajam
com o seu autor.
terça-feira, 7 de julho de 2015
Mestre Borel
A lembrança que aqui se faz necessária é a seguinte:
já na oportunidade em que fui provocado para compor uma proposta inicial de
conclusão da disciplina, fiz grafar em documento enviado a ministrante da
disciplina o projeto que propunha realizar análise crítica de obra
cinematográfica avaliada sob o plano de trabalho acadêmico desenvolvido na
disciplina Afro descendência e Cidadania No Brasil Contemporâneo. Assim
procedi, pois acredito que os recursos áudios-visuais são fundamentais no
processo de ensino-aprendizagem. Além disso, a minha trajetória de trabalho na
área da antropologia visual demonstra previamente que sempre estive mobilizado
para realizar estudos antropológicos que dialoguem diretamente com os recursos
oferecidos pela arte fotográfica e cinematográfica.
Neste sentido, a época da citada provocação acadêmica,
citei duas alternativas. Em primeiro lugar, avaliar criticamente a obra
denominada: The Great Debaters que tem como título no Brasil: O Grande Desafio.
Em segundo lugar realizar análise crítica de vídeo etnográfico avaliado sob o
plano de trabalho acadêmico desenvolvido na disciplina Afro descendência e
Cidadania No Brasil Contemporâneo. A fim de tentar viabilizar a segunda
alternativa, estive pessoalmente na sede do Banco de Imagens e Efeitos Visuais
da Cidade de Porto Alegre (BIEV), para solicitar uma cópia da obra denominada:
Mestre Borel – A Ancestralidade Negra em Porto Alegre. Uma vez que não
considerava adequado trabalhar a partir da versão publicada na rede mundial de
computadores. Fui muito bem recebido e até convidado para permanecer naquele
local onde ocorria uma aula da disciplina de Antropologia Visual e da Imagem
(PPGAS/IFCH). Agradeci e explanei as minhas metas dentro da demanda que me
colocava naquele ambiente acadêmico: Relacionar o conteúdo da obra (Vídeo
Etnográfico) com as temáticas trabalhadas em sala de aula durante o semestre
(leituras dos textos e discussões e debates realizados sobre as atividades da
disciplina da disciplina Afro-descendencia e Cidadania no Brasil Contemporâneo).
Destaquei ainda que o objetivo era construir um texto do tipo ensaio acadêmico
no fechamento da avaliação da obra cinematográfica, com vistas à futura
disponibilização do mesmo na rede
mundial de computadores para todos os interessados.
O fato é que até o presente momento não tive acesso a
uma versão original do documentário Mestre Borel: a ancestralidade negra em
Porto Alegre. Mas, mesmo assim, decidi trabalhar com a biografia de Walter
Calixto Ferreira, o Mestre Borel. A decisão ocorre, pois as adversidades
encontradas para realizar este trabalho monográfico são comuns a todo não
branco. Ou seja, a elite branca não costuma privilegiar as demandas dos
afro-descendentes. Como já conheço bem todo este contexto decidi seguir na
luta.
A peça videográfica supra citada coloca Walter Calixto
no centro de uma cena biográfica, falando sobre suas memórias e experiências em
Porto Alegre e ao redor do Brasil, ligadas a um itinerário negro nas cidades. Mestre
Borel, apresenta os seus saberes e seus fazeres. Declara-se detentor de traços
da cultura de matriz africana e narra sobre os seus conhecimentos religiosos,
históricos, mitológicos e artísticos.
A fonte de todo este trabalho está nas tradições
africanas, relacionada ao convívio com seus antepassados. Mestre Borel: a
ancestralidade negra em Porto Alegre é um documentário que deveria ser agregado
ao plano de estudo desta disciplina, pois se trata de referencia impar no
estudo da negritude observada na capital dos gaúchos. Além disso, por estarem
os seus idealizadores (pesquisadores do BIEV) tão próximos a nós, certamente o
depoimento destes também poderia ser um momento de troca muito interessante.
O destaque que eu gostaria de colocar é o seguinte: a
obra possui dois grandes eixos relacionados entre si (a urbanidade e a
religiosidade portoalegrense). Assistindo o vídeo, mesmo por um público leigo, a
proposta de Mestre Borel fica muito clara, pois ele apresenta de forma didática
as reflexões sobre a grandeza da religião dos orixás, sobre a espiritualidade
afro-brasileira e também sobre o resgate da memória dos bairros periféricos da
cidade de Porto Alegre (locais de presença intensa de afro-descendentes).
A obra integral tem duração de aproximadamente 55 minutos.
Contou com financiamento da Prefeitura de Porto Alegre, através da Secretaria
Municipal da Cultura (Edital do FUMPROARTE). Além do Banco de Imagens e Efeitos
Visuais da Cidade de porto Alegre (BIEV) contou com o apoio do Núcleo de
Culturas Contemporâneas (NUPECS) e do Programa de Pós-Graduação em Antropologia
Social (/PPGAS). Estiveram ainda presentes na mobilização em torno da obra a
Comunidade Terreira Ile Axé Iyemonja Omi Olodo, o Memorial do Rio Grande do Sul
e diversos colaboradores e gestores do Mercado Público de Porto Alegre. O Roteiro
e a pesquisa que fundamenta etnograficamente o documentário ficou a cargo da
antropóloga Dra. Ana Luiza Carvalho da Rocha.
A pesquisa que realizei em veículos de mídia
impressa e informatiza afirmam que Walter Calixto Ferreira, também conhecido
como Mestre Borel, foi um dos mais principais representantes das religiões afro-brasileiras
e da cultura negra no Rio Grande do Sul, além de carnavalesco, escritor e
pesquisador. Mestre Borel era considerado o mais antigo alabê (tamboreiro de
candomblé ou batuque) e também um dos principais responsáveis pela preservação
da cultura e da história dos povos africanos em Porto Alegre.
Considero que o resgate realizado pela equipe
de pesquisadores do Banco de Imagens e efeitos visuais de Porto Alegre (BIEV),
através do documentário: “Mestre Borel: a Ancestralidade Negra em Porto Alegre”
é a obra prima deste importante grupo de intelectuais acadêmicos. E, sem sombra
de dúvida, a antropóloga Dr. Ana Luiza Carvalho da Rocha que pesquisa a
história e a cultura de Porto Alegre a mais de três décadas, é a principal
figura este grupo. Não é um simples resgate da africanidade local, pois coloca
o negro no centro do debate acadêmico e avalia com muita propriedade as
mudanças ocorridas durante o processo de urbanização da capital dos gaúchos. A
pesquisadora citada propõe:
”Investigar a dinâmica das interações e representações
sociais na e da cidade sob a perspectiva de suas formas de vida social visando
um repertório mais amplo das formas de sociabilidade no meio urbano do Brasil e
suas variações culturais. Aprofundar uma reflexão conjunta acerca das memórias
coletivas e ações culturais no âmbito patrimonial da cidade de Porto Alegre em
sua interface com experiência de vida de seus grupos urbanos face às crises, os
conflitos e as tensões do mundo contemporâneo, assunto que vem preocupando
pesquisadores e profissionais da área da cultura.Reunir práticas museólogicas e
narrativas etnográficas no estudo do mundo urbano contemporâneo como fonte de
pesquisa para estudo do lugar das experiências humanas, das práticas sociais e
das diferenças na cidade como tema de ações culturais no âmbito da memória e do
patrimônio etnológico da sociedade contemporânea. Investigar a memória da
quotidianeidade da cidade de Porto Alegre com a pesquisa no tratamento
documental, colocando como ponto convergente de ambos os projetos a criação de um Museu virtual como espaço de problemas para o entendimento
do mundo urbano contemporâneo”. (Rocha, 1999)
A história de Mestre recuperada através do documentário
etnográfico Mestre Borel - A ancestralidade negra em Porto Alegre foi abordada
em publicação que fiz no blog A Cidade de Santa Isabel. Destaquei o trabalho de
Ana Luiza Carvalho da Rocha informando que o mesmo narra as memórias de um dos
mais reconhecidos tamboreiros da religião de matriz africana em Porto Alegre. Um
dos grandes méritos da produção videográfica foi o seu caráter
interdisciplinar, pois a equipe de produção do documentário contou com
pesquisadores que atuam no projeto Habitantes do Arroio Dilúvio, com o filho e
herdeiro do trabalho de Borel, fato que gerou uma troca produtiva de relatos e imagens.
E por falar em Arroio Dilúvio é importante destacar que a narrativa de Borel dá
uma nova roupagem para as imagens dos territórios do Areal da Baronesa, da
Ilhota e da antiga Rua Cabo Rocha, revelando a relação íntima do antigo curso
do Arroio Dilúvio com a memória negra na cidade.
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