3.3
JacquesJa e a experiência de editar um blog temático
Inicio com uma composição feita dentro do
universo citado anteriormente: Cena Hip Hop. Criei juntamente com o jovem
William Metz a letra e a música denominada “Hap do Tiololinho”. Foi um trabalho
diminuto, mas interessante, pois me insere nesta cena artística urbana também
como autor de uma peça musical que tem origem as vivências experimentadas em
uma cidade da periferia de Porto Alegre. Para a visualização da peça artística
citada coloco em anexo uma cópia da mesma (Ver Anexo 03).
Gostaria de referir que a organização de
Banco de Dados e Banco de Imagens foi a grande motivação para iniciar o
trabalho com as bases de dados informatizadas e, posteriormente, com a criação
de espaços virtuais na internet. Um exemplo deste trabalho foi a criação do
artigo denominado: VIRTUAL. Na introdução afirmei: As novas tecnologias da
inteligência disponibilizam um imenso universo a ser explorado: o ambiente
virtual (computadorizado). A distância entre o cidadão urbano contemporâneo e a
natureza só faz aumentar.
A verdade é que este trabalho do blog inicia
em outra base informatizada que não a atual (Empresa Google Net Works). Eu tive
por um período uma assinatura no provedor de internet da Empresa Terra Net
Works. Ali iniciei um trabalho de divulgação sobre a nossa cidade, publicando
imagens em um fotoblog temático. Depois a referida empresa decidiu desabilitar
o serviço e as publicações passaram para base off-line. Neste ínterim,
tornei-me assinante do UOL e passei a operar com as ferramentas que esta
empresa disponibilizava. O fato é que os engenheiros de informática desta
empresa tem uma proposta de trabalho muito limitada e retrógrada. Isso me
incomodava tecnicamente e, depois de tentar trabalhar com esta base, desisti,
migrando em definitivo para a Empresa Google Net Works.
Penso que é importante destacar o processo de
construção deste trabalho, a fim de demonstrar que todas as decisões técnicas e
literárias estão dentro deste contexto mais amplo de estudo, de pesquisa e de
relação com as novas tecnologias da inteligência conforme trabalhou Pierre Lévy
na obra denominada: As tecnologias da inteligência – o futuro do pensamento na
era da informática.
Mesmo antes de integrar a equipe de trabalho
do Banco de Imagens e Efeitos Visuais da Cidade de Porto Alegre (BIEV) eu já me
questionava: o que eu estou fazendo aqui? Perguntei diversas vezes para os meus
pais sobre a trajetória de vida de ambos e como fizeram a opção de morar na
Santa Isabel. Recuperei esta história e publiquei vários textos relativos ao
assunto no blog da Santa Isabel.
Mesmo antes de conhecer este belíssimo
trabalho do Projeto Habitantes do Arroio buscava descobrir as minhas origens
desde o nascimento na maternidade do Hospital Beneficência Portuguesa, Cidade
de Porto Alegre até a chegada na Rua Lisboa, Santa Isabel, Viamão. Certa feita,
em um domingo a tarde, fomos visitar o local onde ficava a nossa primeira
residência. Realizei registro fotográfico e fonográfico, apanhando os
depoimentos de Zeferino Jacomini (a época presente entre nós), de Bernardina
Xavier Jacomini e de Terezinha Xavier Casagrande (que também já partiu). Foi um
momento bem importante para mim e muito deste material virou texto que
publiquei no blog A Cidade de Santa Isabel. Darei alguns exemplos.
Na página http://acidadedesantaisabel.blogspot.com.br/2013/01/burica.html publiquei um artigo que remonta a nossa chegada na Santa
Isabel e o grande desafio de viver naquele lugar sem as necessidades básicas de
existência como a disponibilidade de água encanada, por exemplo. Denominei o
texto de Burica, pois esse é o nome de uma senhora que morava próximo a nossa
casa e nos cedeu água que tirávamos de um poço artesiano que ficava no seu
quintal. Segue um extrato do referido texto:
“Em 1971 chegamos à Santa Isabel. “Sentamos praça” ali na
Rua Lisboa, esquina com Napoleão Bonaparte. O meu pai construi (não mandou
construir, eu disse construiu) uma casa muito simples de madeira reciclada. Em
seguida ele solicitou, para a empresa prestadora do serviço, um ramal elétrico.
Porém não havia rede pública para abastecer o nosso domicílio em água potável.
Zeferino era militar e tinha um colega que morava próximo. O Cabo Beto mandara
cavar um poço artesiano para abastecer a sua residência. Nascia ali a nossa primeira
alternativa de abastecimento de água. Descíamos cerca de duzentos metros até a
residência da Burica (Rua João Braulio Muniz), esposa do Cabo Beto, apanhávamos
água no poço e subíamos a Rua Nova empunhando baldes com a água que abastecia a
nossa residência”
Em outro momento publiquei um artigo que
remonta uma experiência de deslocamento na Santa Isabel, utilizando transporte
público de passageiros. Aqui aparece a questão da negritude que não foi
expressa diretamente no mesmo. Quando referi “grupo de passageiros”, fazia
referencia a afro descendentes aqui da região. O exemplo do texto anterior
utiliza uma linguagem diferente do texto acadêmico. Trata-se de um texto mais
leve, mais informal que o utilizado no meio acadêmico. Além disso, utilizo um
recurso dialógico na construção dos parágrafos, simulando uma situação onde
blogueiro e leitor dialogam sobre determinado assunto. A temática central do
blog é a “Cidade de Santa Isabel”, suas dinâmicas internas, sua relação com o
exterior (Cidade de Viamão e Cidade de Porto Alegre), entre outros. Segue um
extrato do referido texto:
“Passa no Paço?
Eu quero que você tenha paciência comigo, pois este texto
é bem importante. Presta a atenção, por favor.
Desloquei, via rodoviária, no dia de ontem, da Casa
Branca até a Sul Bike (Oficina e loja de bicicletas). O referido
estabelecimento fica Vila São Jorge (Parada 39 – RS 040 – Rodovia que liga
Porto Alegre à Balneário Pinhal). Na viajem de ida utilizei o veículo bicicleta
e no retorno, transporte coletivo de passageiros. Tomei assento em um ônibus
municipal da Empresa Via-Leste que fazia a Linha Viamão Centro até Santa
Isabel. Ao chegar na Avenida Liberdade, o coletivo para no ponto, abre a porta
para um grupo de passageiros. Ouço a seguinte frase de uma senhora que
adentrava ao veículo: Passa no paço?
A esta altura do texto já tem leitor prestes a xingar o
autor. “Este Jacques! Sempre inventando moda”, diz um transeunte apressado (que
passa ao largo). Calma, calma, calma. Só mais um pouco. Você vai curtir. Passo
a passo, na construção deste texto. É domingo, a comunidade está reunida na
Escola (Unidos de Vila Isabel) e eu teclo-lhes (com carinho e respeito).
Voltando: de que paço a passageira fazia referência?
Passo (ou Paço) do Dorneles. Viva! Consegui segurar você até aqui. Então, me
acompanha mais um pouco. Dá uma olhada no Google. O Passo do Dorneles é a
denominação (...)”
Na página http://acidadedesantaisabel.blogspot.com.br/2014/05/racismo.html publiquei um artigo que analisa as novas faces do
racismo. Inicio com uma frase do jornalista Juremir Machado da Silva em artigo
publicado no Jornal Correio do Povo onde este afirma: “O racismo é uma das
coisas mais nojentas que se pode conhecer. Mandela representou a
luta contra essa deformação das relações entre os homens em todas as
suas possibilidades e facetas”. Publicado em 13/05/2014, consegui neste
pequeno texto articular as contribuições teóricas de dois grandes pensadores
brasileiros (Darcy Ribeiro e Gilberto Freyre), chamando o leitor para realizar
uma reflexão sobre a questão da negritude no Brasil e a questão da
discriminação racial. Segue um pequeno extrato do mesmo:
“Racismo
A Escravidão não acabou. A persistência atordoante do
racismo é a maior prova desta triste (porém real) verdade.
Você leu Jornal Correio do Povo de Porto Alegre no dia de
hoje? Você leu a coluna do Juremir Machado da Silva publicada no Jornal Correio
do Povo de Porto Alegre no dia de hoje? Se não leu, por favor, leia. Ele fala
da Copa, de política, mas também de racismo, de Gilberto Freyre e das relações
sociais no Brasil.
Leia porque parece que é só jacquesja que insisti neste
assunto. E não é. O racismo, velado e reatualizado, persiste. E eu tenho
chamado a sua atenção aqui sobre esta temática. A consciência racial leva-me a
trabalhar na defesa dos que muito já sofreram (e seguem sofrendo) pela práticas
constantes do etnocentrismo praticado pela classe dominante.
Esta página vem agora como uma nota introdutória do
trabalho que iniciei neste semestre com Gilberto Freyre. Decidi fazer um estudo
a partir da obra “Sobrados e Mucambos”, a fim de aprofundar o meu conhecimento
sobre as relações inter-étnicas no Brasil. É um tema muito atual e envolvente.
A Cidade de Viamão possui diversas comunidades
quilombolas. Tenho especial apresso pela comunidade do Beco dos Botinhas que
fica ali no limite geográfico entre Viamão e Alvorada. Na última oportunidade
em que visitei alguns amigos que vivem no lugar, surgiu o embrião de uma nova
possibilidade de pesquisa antropológica. Ainda é cedo para trazer aqui maiores
detalhes sobre este assunto. Contudo, fica o registro da necessidade de ver a
diversidade étnico-racial como uma das maiores riquezas do povo brasileiro.
Darcy Ribeiro na célebre obra denominada “O Povo Brasileiro” também desenvolveu
uma tese muito interessante a este respeito.
Mandela vive em cada gesto, em cada sonho, em cada sopro
da nação não branca guerreira que não para de lutar pela libertação definitiva
do seu povo. A resistência (mesmo que silenciosa) vai continuar. A esperança de
não haver mais agressões ao negro é o sustentáculo deste trabalho.”
Além das publicações rotineiras chamada de
“post” pelos blogueiros, fato que dá um caráter de periódico para o blog A
Cidade de Santa Isabel, há uma estrutura mais ou menos fixa composta por
páginas dentro do blog. À direita e no alto da janela principal existe uma
coleção de guias que, através de um simples click de mouse remetem o visitante
para páginas que compõe o conteúdo permanente do blog. Estas publicações são
compostas por conteúdos mais extensos e complexos como é o caso do livro: Os
Primórdios da História da Santa Isabel. Qualquer cidadão que esteja em qualquer
parte do globo terrestre poderá, através da rede mundial de computadores
acessar esta página e conhecer os principais aspectos da historiografia local
do isabelense, segundo a versão de JacquesJa. Da mesma forma, clicando na
palavra “Raízes de Viamão”, o visitante poderá conhecer a obra denominada
“Viamão”. Trata-se de produção de minha própria lavra acadêmica e não acadêmica
onde faço uma análise de diversos aspectos sociais e antropológicos da Cidade
de Viamão. Portanto, este breve relato é também uma espécie de convite para que
os interessados em conhecer mais do trabalho citado visitem o blog e interajam
com o seu autor.
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