Livro e Literatura. Ciências Sociais. Antropologia. Sociologia. Porto Isabel. Viamão. Rio Grande do Sul. Brasil.
quarta-feira, 31 de agosto de 2016
segunda-feira, 29 de agosto de 2016
Antropologia da Religião
Antropologia da Religião
Prezados (as) Leitores (as)
Recebi
diversas mensagens sobre a publicação em tela. As pessoas solicitaram que eu
voltasse ao tema. Portanto, atendendo aos pedidos, republico agora com mais
detalhes e com nova edição e diagramação.
Gostaria
de iniciar destacando que eu não assisto programas televisivos (atualmente).
Contudo, outrora não era o que ocorria. Era um outro momento tecnológico, mas o
interessante é você perceber a minha disposição para trabalhar com os recursos áudio-visuais
mesmo em se tratando de estudos em ciências sociais.
Os
vídeos, as fotografias e a vontade de trabalhar com as imagens me acompanharam
este tempo todo e foi assim que surgiu o trabalho denominado: Estudo Comparativo
das Redes de Televisão da
Igreja Universal do
Reino de Deus
e da Igreja
Católica – Rede Família
e Rede Vida.
No
dia de hoje observe abaixo a primeira parte do trabalho. A introdução demonstra
ser este um texto objetivo e original realizado sob a orientação do antropólogo
Dr. Ari Oro (NER/PPGAS/UFRGS).
INTRODUÇÃO
A presente monografia
representa o esforço de concluir os trabalhos realizados na cadeira Religião e
Sociedade, ministrada pelo Professor Dr. Ari Oro, do Programa de Pós-Graduação
em Antropologia Social / Instituto de Filosofia e Ciências Humanas /
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, através da análise de um tema
contemporâneo no âmbito do conhecimento da Antropologia da Religião.
A análise da inserção de
novas tecnologias de comunicação no campo da religião, juntamente com os
reflexos que elas trazem dentro do processo das “modernas formas de crer”, é um
tema ainda pouco abordado e investigado. As informações que acessamos sobre o
tema estavam, na sua maioria, defasadas e ultrapassadas com o momento em que
vivemos. Segundo o nosso entendimento, isto acontece, em grande medida, pela
velocidade altamente acelerada em que a tecnologia deste setor, comunicação
social (Rádio e TV), se altera, se renova e se complexifica.
Inseridos no contexto da
“modernidade religiosa brasileira”[1], norteados pela concepção das “modernas
formas de crer”[2], elegemos a comunicação televisiva de duas redes
brasileiras, Rede Vida e Rede Família, para tentar investigar este campo da
informação de massa utilizado hoje pela religião. O maior desafio que se coloca
talvez seja o de se trabalhar com um cenário que se altera e se renova constantemente devido a
dois fatores: I – a alteração das inúmera demandas de fé, carências afetivas,
emocionais e econômicas da população que busca na religião a satisfação das
suas necessidades mais imediatas. Hoje, por exemplo, um dos maiores problemas
enfrentados é o desemprego; II – a renovação da tecnologia da comunicação que
acontece em uma velocidade muito acelerada.
O nosso objetivo neste
trabalho também é de avaliar a programação das duas redes de televisão que
trabalham essencialmente com o sagrado,
Rede Vida e Rede Família (Sistema de Transmissão Padrão – TV Aberta – VHF,
sintonizados em aparelho comum de TV, sem utilização de antenas receptoras
especiais), nas suas programações diárias, em um esforço comparativo entre as
suas principais semelhanças e diferenças, no que concerne as suas propostas
programáticas, ênfase televisiva, quadro de programas diários, entre outros
aspectos.
Sobre a realização desta
pesquisa, caberia ressaltar alguns aspectos. Além de buscarmos auxílio teórico
nos autores que foram trabalhados no desenvolvimento da nossa disciplina,
lançamos mão de outros autores indicados pelo orientador, Professor Ari Oro,
entre outros que a nossa própria intuição intelectual nos indicava. Junto a
parte mais teórica, realizamos entrevistas com representantes das duas igrejas
em questão, Igreja Universal do Reino de Deus e Igreja Católica, a fim de
colher informações que a bibliografia não nos proporcionava. As entrevistas
foram do tipo aberta, com o uso de gravador, seguidas de transcrição, análise
de conteúdo e de contexto das mesmas.
Ainda dentro da metodologia empregada
para a pesquisa, optamos por criar duas fichas de controle de programas de
televisão para acompanhar e sistematizar as inúmeras sessões de acompanhamento,
análise e reflexão sobre estes programas. A adoção das fichas que podem ser
vistas nos anexos deste trabalho, foi uma proposta nossa diante da necessidade
de acompanhar vários aspectos que nos instigavam na programação estudada.
Aspectos como duração dos programas, apelo verbal adotado, cenários utilizados,
dinâmica dos programas, recursos imagéticos e áudio-visuais, são alguns dentre
vários outros aspectos que sem uma sistematização e um acompanhamento mais
adequado ficariam totalmente desconexos e prejudicariam o entendimento mais
global que propomos para este trabalho.
Os programas que não foi
possível acompanhar durante a programação normal eram gravados em fitas VHS nos mais
diferentes horários, a noite e madrugada inclusive, e posteriormente assistidos
e reassistidos, na medida do necessário, momento em que passávamos para as fichas de controle aqueles
aspectos de maior relevância para os respectivos campos das fichas. A fim de
subsidiar o acompanhamento da programação investigada, lançamos mão das grades
de programação divulgadas diariamente pelos Jornais Correio do Povo, Zero Hora
e Folha de São Paulo.
domingo, 28 de agosto de 2016
sábado, 27 de agosto de 2016
E U A contexto
E u a – contexto
A comunicação necessária
na noite com cara de primavera.
Aviso: Não vou digitar o
texto E U A. Ah! Jacques, mas está difícil de ler! E quem disse que eu quero
que você leia? Quero apenas que você perceba que eu não sou um idiota. Quero
apenas que o meu leitor perceba a espessura da minha razão crítica e a minha
capacidade de intervir na realidade local, através de arroubos criativos. Eu na
vou digitar porque tenho escrito muito e não publico tudo como já havia
afirmado anteriormente. É que tem coisas que me incomodam profundamente. A
exemplo da declaração da doutora em tela. Política.
Eu vim da Vila agora e
observei o movimento de alguns políticos. Gostaria de voltar ao tema “dingou”.
O cidadão é candidato, possui poucos recursos financeiros para investir na
campanha política. Possui um amigo que tem um violão e compõe versos. Tentando
unir o útil ao agradável, propõe ao amigo a realização de uma “Canção” para dar
visibilidade ao seu programa político-partidário. O amigo violeiro com boa
intenção produz uma canção com cara de “dingou”. Vejam: canção é canção e “dingou”
é “dingou”. São coisas diferentes com caras distintas e provocam reações
diversas ao público ouvinte.
O “dingou” é uma peça
publicitária que deve ter uma mensagem curta e objetiva não devendo passar de
trinta segundos de duração se o objetivo for a veiculação em “Carro de Som”.
Canção é uma produção poética com fins artísticos diversos que possui em média três
minutos e meio e deve ser veiculada em rádios, meios digitais, internet,
etc. O candidato que tenta botar uma canção na rua com cara de “dingou” porque
não teve grana para produzir um “dingou profi” vai de mal a pior. E é
justamente o que eu tenho visto muito nas ruas do condado. Sinto muito, mas é
isto.
Eu recebi três propostas
para trabalhar na campanha eleitoral deste ano. Duas de forma direta e uma de
forma indireta. Pessoas que possuem dificuldade de criação e organização e
outro que necessitava de um gerente geral para fazer todo o trabalho relativo
ao pleito. Não aceitei nenhuma das propostas. Sei o peso da responsabilidade
deste tipo de trabalho e fico aqui contando as histórias da campanha de dois
mil, quando estava na comissão de frente do pleito. E por falar nisso, você sabe
qual foi o “dingou” melhor da história de Viamão? Vou me manifestar a este
respeito, mas não agora.
Segue abaixo mais um exemplo de um trabalho
acadêmico produzido outrora. Alô, aluno da graduação. Vai uma cola, ai? É uma
pena, pois o pessoal não lê mais e, conseqüentemente, não escreve. Só vejo
estas carinhas iluminadas pela luz do “esmartefone”. Tensão adolescente. Estão morrendo por um aparelho celular.
Valeu! Até a próxima!
Bom findi!
Namaste.
UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
INSTITUTO
DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
CURSO
DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ANTROPOLOGIA SOCIAL
Disciplina:
Religião e Sociedade
Professor:
Ario Oro
Semestre 99/1
Estudo Comparativo
das Redes de
Televisão da Igreja
Universal do Reino
de Deus e
da Igreja Católica
– Rede Família e Rede
Vida
Aluno:
JAQUES XAVIER JACOMINI
SUMÁRIO
Introdução
.............................................................................................................................
03
1.
A Televisão no contexto das novas formas de crer
......................................................... 05
1.1 A Igreja Universal do
Reino de Deus ..............................................................................
06
1.2 A Igreja Católica
............................................................................................................
08
2.
A Programação da Rede Família
.....................................................................................
11
3.
A Programação da Rede Vida
.........................................................................................
16
4.
Análise comparativa entre a Rede Família e a Rede Vida
.............................................. 19
Conclusão
..............................................................................................................................
21
Bibliografia
...........................................................................................................................
23
INTRODUÇÃO
A presente monografia representa o esforço de concluir os
trabalhos realizados na cadeira Religião e Sociedade, ministrada pelo Professor
Dr. Ari Oro, do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social / Instituto de
Filosofia e Ciências Humanas / Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
através da análise de um tema contemporâneo no âmbito do conhecimento da
Antropologia da Religião.
A análise da inserção de novas tecnologias de comunicação no campo
da religião, juntamente com os reflexos que elas trazem dentro do processo das
“modernas formas de crer”, é um tema ainda pouco abordado e investigado. As
informações que acessamos sobre o tema estavam, na sua maioria, defasadas e
ultrapassadas com o momento em que vivemos. Segundo o nosso entendimento, isto
acontece, em grande medida, pela velocidade altamente acelerada em que a
tecnologia deste setor, comunicação social (Rádio e TV), se altera, se renova e
se complexifica.
Inseridos no contexto da “modernidade religiosa brasileira”[1],
norteados pela concepção das “modernas formas de crer”[2],
elegemos a comunicação televisiva de duas redes brasileiras, Rede Vida e Rede
Família, para tentar investigar este campo da informação de massa utilizado
hoje pela religião. O maior desafio que se coloca talvez seja o de se trabalhar
com um cenário que se altera e se renova
constantemente devido a dois fatores: I – a alteração das inúmera demandas de
fé, carências afetivas, emocionais e econômicas da população que busca na religião
a satisfação das suas necessidades mais imediatas. Hoje, por exemplo, um dos
maiores problemas enfrentados é o desemprego; II – a renovação da tecnologia da
comunicação que acontece em uma velocidade muito acelerada.
O nosso objetivo neste trabalho também é de avaliar a programação
das duas redes de televisão que trabalham essencialmente com o sagrado, Rede Vida e Rede Família
(Sistema de Transmissão Padrão – TV Aberta – VHF, sintonizados em aparelho
comum de TV, sem utilização de antenas receptoras especiais), nas suas
programações diárias, em um esforço comparativo entre as suas principais
semelhanças e diferenças, no que concerne as suas propostas programáticas,
ênfase televisiva, quadro de programas diários, entre outros aspectos.
Sobre a realização desta pesquisa, caberia ressaltar alguns
aspectos. Além de buscarmos auxílio teórico nos autores que foram trabalhados
no desenvolvimento da nossa disciplina, lançamos mão de outros autores
indicados pelo orientador, Professor Ari Oro, entre outros que a nossa própria
intuição intelectual nos indicava. Junto a parte mais teórica, realizamos
entrevistas com representantes das duas igrejas em questão, Igreja Universal do
Reino de Deus e Igreja Católica, a fim de colher informações que a bibliografia
não nos proporcionava. As entrevistas foram do tipo aberta, com o uso de
gravador, seguidas de transcrição, análise de conteúdo e de contexto das
mesmas.
Ainda dentro da metodologia
empregada para a pesquisa, optamos por criar duas fichas de controle de programas
de televisão para acompanhar e sistematizar as inúmeras sessões de
acompanhamento, análise e reflexão sobre estes programas. A adoção das fichas
que podem ser vistas nos anexos deste trabalho, foi uma proposta nossa diante
da necessidade de acompanhar vários aspectos que nos instigavam na programação
estudada. Aspectos como duração dos programas, apelo verbal adotado, cenários
utilizados, dinâmica dos programas, recursos imagéticos e áudio-visuais, são
alguns dentre vários outros aspectos que sem uma sistematização e um
acompanhamento mais adequado ficariam totalmente desconexos e prejudicariam o
entendimento mais global que propomos para este trabalho.
Os programas que não foi possível acompanhar durante a programação
normal eram gravados em fitas VHS nos
mais diferentes horários, a noite e madrugada inclusive, e posteriormente
assistidos e reassistidos, na medida do necessário, momento em que passávamos para as fichas de controle aqueles
aspectos de maior relevância para os respectivos campos das fichas. A fim de
subsidiar o acompanhamento da programação investigada, lançamos mão das grades
de programação divulgadas diariamente pelos Jornais Correio do Povo, Zero Hora
e Folha de São Paulo.
1.
A TELEVISÃO NO
CONTEXTO DAS NOVAS
FORMAS DE CRER
Em um contexto mundial de tensão entre as concepções de religião e
modernidade, muitas vezes equivocadamente encaradas numa relação de exclusão,
percebe-se também no Brasil que “a modernidade brasileira não exorcizou os
deuses, não provocou o desencantamento do mundo” (ORO, 1997). Ou seja, grande
parte da população brasileira continua buscando na religião a satisfação de
muitas das suas necessidades práticas e cotidianas como, por exemplo,
conquistar um emprego, realizar um sonho material de aquisição de algum bem de
consumo, resolver a vida afetiva, etc. Pesquisas[3]
mostram que, principalmente nos finais de semana, o número de pessoas que se
deslocam aos templos religiosos para a realização dos seus atos de fé é muito
expressivo. Contudo, surgem na esteira desta modernidade alguns procedimentos,
técnicas e tecnologias que remontam a uma nova realidade de relacionamento do
crente com o sagrado.
O jornalista Eduardo Junqueira (Revista Veja) fala do fenômeno que
denomina de “Fé Eletrônica” no artigo intitulado “Possuídos pelo fogo de Deus”.
O pesquisador Hugo Assmann analisa “A Igreja Eletrônica” como um fenômeno onde
os tele-evangelistas são o centro das atenções nas já consagradas atividades de
pregação religiosa através de meios eletrônicos. São apenas dois exemplos,
dentre vários outros, de propostas analítico-religiosas que propõem investigar
um fenômeno relativamente recente de mídia
que nos remete a uma nova dinâmica religiosa que aqui chamamos de “as novas
formas de crer” (no mesmo sentido empregado na concepção das “modernas formas
de crer”).
Ao contrário do rádio, a televisão brasileira recentemente passa a
ser usada de forma mais sistematizada e organizada (com redes exclusivas, por
exemplo) como um meio de comunicação para a difusão de programas exclusivamente
de cunho religioso. Várias igrejas descobrem neste meio de comunicação um grande poder de persuasão e convencimento
que, direcionado para os seus fiéis, conseguem aumentar significativamente o seu
“rebanho”. Desta forma, pastores, bispos e outras lideranças e autoridades
religiosas passam a investir uma expressiva quantidade de recursos na aquisição
de redes de televisão com poder de comunicação via-satélite para todo o Brasil,
na ampliação dos espaços em emissoras conveniadas e traçar toda uma linha de
estratégia de “markenting da fé” (ASSMANN, 1986). Passaremos para um breve
histórico deste processo de ampliação do poder de comunicação religioso
via-televisão no Brasil. Devido a relevância do tema e o recente surgimento
entre nós, apreciaremos com uma maior minúcia o caso da Igreja Universal do
Reino de Deus (IURD).
1.1
Igreja Universal do Reino de Deus (IURD)
A Igreja Universal do Reino de Deus começa as suas atividades no
Brasil no momento em que Edir Macedo resolve sair da Igreja Pentecostal Nova
Vida para fundar um movimento próprio. O Início deste ramo pentecostal foi
simples, sem alardes, pois Macedo ao sair da Igreja Nova Vida, só encontrou uma
funerária para iniciar o seu império.
Ao fundar a IURD, Macedo contou com a participação de um cunhado,
Romildo. Os dois tiveram divergências e separaram-se em seguida. O cunhado
fundou a Igreja Internacional da Graça (também de linha pentecostal), seguindo
seu empreendimento sozinho.
Edir Macedo começa as suas atividade em 1977, no Rio de Janeiro.
Com o seu tipo de discurso, imediatista, logo surtiu efeito e já em 1985 a IURD
estava em quase todas as capitais dos estados brasileiros. Tal como os demais
ramos do pentecostalismo, a IURD se expandiu utilizando todo tipo de
acomodações para abrigar os seus cultos. Até mesmo sedes de cinemas foram
adquiridas para este fim. Além disso, Edir Macedo utilizou-se do rádio para
conseguir um crescimento significativo de seu movimento. Consegue atingir as
classes média e média alta, chegando às camadas populares não só através do
rádio como também da televisão.
Os programas de rádio de Macedo foram aumentando paulatinamente e
a aquisição de uma emissora de TV foi o passo mais importante no sentido de
expandir a sua “obra”. Ao chegar na TV, o líder da IURD conseguiu o que nenhum
outro pentecostal havia conquistado: o mais poderoso meio de comunicação de
massa no Brasil.
Inicialmente os seus programas eram transmitidos pelas emissoras
das redes Bandeirantes, Manchete e Record. Em 1989 Edir Macedo compra a Rede
Record de São Paulo que valia na época cerca de 45 bilhões de dólares. Além
desta aquisição estão as 14 emissoras de rádio, uma gráfica, uma construtora, 2
jornais e vários templos fora do Brasil. As reuniões (concentrações de fiéis)
que acontecem eventualmente nos estádios de futebol que já reuniram até 230 mil
fiéis são transmitidas pela TV Record que tem a sua programação controlada por
assessores de Macedo. Para a composição e produção de alguns programas exibidos
na Record e na Rede Família, além dos pastores e bispos, participam
profissionais de diversas áreas, como médicos, psicólogos, advogados, entre outros.
Atualmente, além de ter a sua própria rede de televisão (Rede
Família), transmitindo exclusivamente os seus programas religiosos, a IURD
continua veiculando programas em separado nas Redes Bandeirantes e Manchete. Em
função disto, nas primeiras horas da manhã, por exemplo, temos três canais de
televisão (Canal 10, Canal 4 e Canal 18 sintonizados em Porto Alegre)
transmitindo programas específicos da IURD.
Alguns dados apresentam a Rede Record de TV no terceiro lugar de
audiência (Folha de São Paulo, 26/11/1995). Somente por TV, esta igreja
transmite cerca de 40 horas de programas religiosos semanalmente. Existem
projetos também para uma estação de TV por assinatura, dedicada exclusivamente
a temas religiosos. Segundo a Revista Veja (25/101995), a Rede Record possui 47
emissoras de TV e 26 emissoras de rádio.
As razões que levam os pentecostais a recorrerem aos meios
eletrônicos de comunicação, como a TV, é analisada com bastante precisão e
competência pelo antropólogo Ari Oro:
“Como
disse em outro lugar, o acesso dos pentecostais aos meios eletrônicos tem
múltiplos propósitos. Em primeiro lugar, se trata de um espaço importante para
fazer proselitismo. Os programas religiosos se convertem em uma propaganda
efetiva das respectivas igrejas. Em segundo lugar, o uso de rádio e TV tem uma
importância econômica. Os pastores, em cada momento, pedem dinheiro a seus
fiéis para cobrir os altos custos da produção e difusão dos programas. Em
terceiro lugar, a difusão de programas eletrônicos dá prestígio as próprias
igrejas. Os pastores e fiéis vêem estas atividades como sinal de modernidade e
da adaptação das suas igrejas aos tempos atuais. Este feito se vincula a
mentalidade brasileira que considera a presença da televisão e do rádio como
importantes indicadores sociais de prestígio e modernidade.” (ORO, 1992)
1.2
Igreja Católica
“Se
Jesus Cristo viesse hoje estaria em todos os meios de comunicação.” Padre Marcelo Rossi
Dentro da Igreja Católica, os membros da Renovação Carismática
Católica (RCC) são os que apresentam um maior interesse pela inserção da sua
igreja nos meios eletrônicos de comunicação de massa. O Padre Ladislau Molnár,
pároco da paróquia São Martinho de Porto Alegre, considerado o mais carismático
do Rio Grande do Sul e Fundador da Rádio Fraternidade, disse recentemente:
“desejamos que todos os meios de comunicação social sejam nosso.”[4]
O Padre Marcelo Rossi, um
“fenômeno de mídia”, tem feito declarações que
também apontam para este sentido, afirmando: “Se Jesus Cristo viesse
hoje estaria nos meios de comunicação. O Senhor usava parábolas, que eram o
dia-a-dia das pessoas. Hoje é por meio da televisão que se vai até o coração das
pessoas”[5]. Ele
é mais um dos sacerdotes que acreditam na mídia eletrônica como uma poderosa
ferramenta de difusão das suas idéias. Integrante da RCC, Rossi ganhou extenso
espaço na mídia televisiva, ocupando os horários nobres da Rede Globo de
Televisão, enveredou para o lado artístico-musical, gravando um CD (Músicas
para louvar o Senhor)[6] e se
prepara para estrear um programa individual na televisão.
De uma forma mais genérica, podemos afirmar que o acesso da Igreja
Católica a televisão é garantido hoje pelos espaços gratuitos que recebe nos
canais privados onde transmiti, aproximadamente, 40 missas dominicais, sendo
este o programa religioso favorito dos católicos, no entanto a Igreja Católica
tem pouca experiência como proprietária de estações de televisão. Durante dez
anos, entre 1969 e 1979, os Franciscanos dirigiram a TV Difusora em Porto
Alegre. Em 1987, obtiveram a concessão de uma estação de alcance regional, TV
Celinauta em Pato Branco, Paraná, que retransmite a programação da TV Manchete,
dedicando somente algumas horas por semana a programas de educação religiosa, a
missa e ao Jornal da Igreja. Tem também uma estação de televisão não comercial
em Santo Anastácio, São Paulo.
A alguns anos, a mais
importante rede de televisão de inspiração católica, Rede Vida de São José do
Rio Preto, São Paulo, iniciou suas transmissões para todo o Brasil. Seu sinal,
inicialmente transmitido em UHF (captado via parabólica e por assinatura), está
hoje disponível em quase todo o território nacional no sistema VHF, fato que
facilita e populariza o acesso às informações que ela divulga[7].
Esta emissora transmite programas[8] não
religiosos e outros com mensagens religiosas, incluindo “A Missa” e “O Rosário
Bisantino” todos os dias. Seu objetivo maior é “evangilizar o Brasil pela
televisão”.
A Rede Vida de Televisão não está ligada oficial ou diretamente
com a Igreja Católica, no entanto é apoiada por bispos e sacerdotes,
especialmente de orientação carismática. Pertence ao Grupo Independente de
Rádio e TV, com sede em Barretos, Estado de São Paulo e é administrada pelo
Instituto Brasileiro de Comunicação Cristã, uma entidade sem fins lucrativos,
integrada por laicos e religiosos (Folha de São Paulo, 21/12/1995). Segundo a
declaração do empresário João Monteiro de Barros Filho, dono da Rede Vida, esta
é “uma rede com estrutura empresarial de inspiração católica.” (Folha de São
Paulo, 12/01/1995)
Existe uma preocupação entre os católicos em ampliar o seu poder
de comunicação através da televisão, em função disto a CNBB tem realizado
alguns esforços de discussão e análise sobre as estratégias que levariam à
conquista da ampliação deste espaço. Em outubro de 1995, por exemplo, a
CNBB reuniu em Brasília os arcebispos de
todo o Brasil para estudar medidas para a expansão da Rede Vida. Segundo um
repórter da Folha de São Paulo, “na opinião dos bispos, a ampliação da Rede
Vida é fundamental para o combate mais efetivo contra as igrejas evangélicas
pentecostais ...” (21/10/1995). O custo de tal ampliação está calculado em US$ 100.000.000
e só pode ser cobrado com a ajuda financeira de todas as dioceses do país.
A CNBB reconhece que a inserção da Igreja Católica nos meios de
comunicação social são muito restritos, principalmente, quando comparados com a
fatia que os pentecostais possuem deste campo de poder. Recentemente, o Padre
Jesus Hortal declarava: “... o uso pouco freqüente dos meios de comunicação por
parte da Igreja Católica, diante do uso macivo por parte dos pentecostais é uma
das causas da perda de fiéis católicos” (Estudos da CNBB, No. 68, 1993:43)[9] Neste mesmo sentido, afirma o Mons. Arnaldo
Beltrani, Vigário Episcopal da Comunicação do Arcerbispado de São Paulo: “Temos
imprensa, editoriais e revistas, temos acesso ao rádio, no entanto nada de
televisão.”[10]
A fim de recuperar este espaço não ocupado no meio televisivo, uma medida mais
imediata tem sido o investimento em espaços radiofônicos pela Igreja
Católica.
2. A
PROGRAMAÇÃO DA REDE
FAMÍLIA
Os jornais investigados para o acompanhamento da programação da
Rede Família, Zero Hora e Correio do Povo, não trazem nenhuma informação sobre
horários e programas exibidos por esta emissora de televisão (Sintonizado no
Canal 18 em Porto Alegre e Região Metropolitana)[11].
Para cobrir esta lacuna foi necessário um amplo acompanhamento da programação
de Rede Família. Durante este acompanhamento, podemos perceber que existe um
núcleo principal de programação já definido segundo um horário e um formato
preestabelecido e que vai ao ar diariamente sem muitas mudanças e restrições,
no entanto, existe uma série de outros programas que entram no ar
esporadicamente sem obedecer um critério mais rígido de horário para a sua
exibição. Como foi bastante difícil acompanhar esta programação mais irregular
e esporádica[12],
nos determos neste trabalho apenas sobre este núcleo principal de programação
que é mais regular e sistemático.
A programação da Rede Família é bastante diversificada e o seu
formato se aproxima bastante daquele adotado pela maioria das redes de televisão
aberta VHF, pois reserva horários para programas do tipo tele-jornais,
telenovela, programas esportivos, filmes e seriados importados da TV
norte-americana, programas de culinária, etc. No entanto, logo se percebe que a
ênfase desta programação é dada para a difusão dos princípios religiosos, das
campanhas e da comercialização de artigos da IURD. Isto acontece especialmente
através dos espaços comerciais carregados de apelo religioso, e através dos
Programas “Falando de Fé” e “Fala que Eu te escuto” que trazem, além da
mensagem religiosa da IURD, os relatos das pessoas que encontraram nesta igreja
a solução para todos os seus problemas.
A programação, no que concerne a sua organização semanal, é
bastante semelhante durante os dias de semana (Segunda a Sábado) tendo algum
tipo de variação no final de semana, principalmente com a transmissão (muitas
vezes ao vivo) dos grandes encontros realizados nos principais templos
(Catedrais da Fé) espalhados por todo o Brasil ou mesmo em estádios de futebol
utilizados para este fim.
Durante os dias de semana, temos na parte da manhã a abertura da
programação com a exibição do Programa “Falando de Fé”. Trata-se de um programa que tem a sua ênfase
nos depoimentos de pessoas convertidas, tendo como pano de fundo os preceitos,
filosofia e princípios de trabalho da IURD. O programa inicia com a
apresentação dos seus objetivos por um pastor que interage com as pessoas
através do telefone ou diretamente através de entrevistas no estúdio da TV. As diversas “sessões” de entrevistas
acontecem com pessoas que trazem o seu relato de vida para justificar a
importância da realização do “voto de fé”[13],
bem como da mudança ocorrida na suas vidas após a sua entrada na IURD. O relato
das pessoas convertidas sempre é feito segundo uma divisão do “antes” em
contraste com o “depois” ao momento em que fazem a opção por ser um dos membros
da IURD. O antes é sempre referido como um período de muito sofrimento, doenças
dos mais variados tipos, problemas de estrutura familiar, desemprego, dificuldades
econômicas de toda a ordem, sendo que, diversas vezes, a pessoa relata que
enfrentava todos estes tipos de problemas juntos para justificar que a sua vida
de fato tinha chegado no “fundo do poço”[14]. O
depois é sempre referido como um período de satisfação e realização pessoal,
onde os problemas foram solucionados pela intervenção divina, por interseção do
Espirito Santo (Via IURD). Mais do que solucionados e saneados, os problemas se
transformam em novas conquistas e vitórias que são relatadas com muitas
satisfação pelos convertidos e com muita intervenção dos entrevistadores
(Pastores da IURD) que por diversas vezes “colocam palavras e expressões na
boca”[15] dos
fiéis. Na maioria das vezes, as pessoas relatam ganhos e avanços na sua vida
material, refletida na aquisição de novos bens de consumo duráveis como
imóveis, automóveis, serviços de telefonia fixa e móvel, dando detalhes, por
exemplo sobre a quantidade de peças do
imóvel, tipo do automóvel[16],
etc. É muito freqüente também a presença de pessoas que relatam uma espécie de
“nova condição social”, através da conquista de um negócio próprio, ou seja,
passam a ser donos de micro, pequenas ou médias empresas. Como este é um dos
maiores estímulos do atual sistema econômico vigente no país, acredito que este
tipo de informação deve ocasionar uma impressão muito forte entre as pessoas
que enfrentam problemas de ordem econômica.
Ainda sobre os relatos,
cabe destacar que existe uma preocupação muito presente dos pastores em dirigir
toda a entrevista, tanto no seu percurso, quanto na sua forma de vocábulos,
palavras, expressões, etc. Ou seja, o objetivo é não perder a linha padrão do
relato que a IURD entende como mais eficaz para a transmissão da experiência de
vida dos convertidos.
No cenário do programa, o destaque é dado para uma imagem do Monte
Sinai que fica como pano de fundo para o
apresentador. Esta imagem é bastante explorada, em função de que a IURD está
promovendo uma grande campanha denominada “Fogueira Santa de Israel – Campanha
do Monte Sinai”. O encerramento acontece
com a oração que o pastor-apresentador realiza, solicitando benesses para todas
as pessoas que participaram do programa através do telefone, para aquelas que
deixaram o seu nome com a produção do programa para serem abençoadas ou por
aquelas que foram indicadas por familiares e amigos (Intenções também enviadas
por telefone) para receberem ajuda divina para os seus problemas pessoais.
Neste momento, o pastor abençoa um copo com água, que deve ser colocado ao lado
do televisor logo que o programa começa, na seqüência ele bebe a água e
solicita que as pessoas em casa bebam a água abençoada em ato simultâneo ao
seu.
Dois aspectos devem aqui
ser destacados, a expressão verbal do orador e as imagens que entram no ar no
momento da referida oração. A oração que o pastor realiza é cercada de
expressões verbais e gestuais fortes (próximas de um tom agressivo) como “Eu te
ordeno ó pai que você determine[17] a
vitória ...”, quando coloca as mãos firmes sobre um monte de papéis com o nome
das pessoas que solicitaram auxílio. A voz é emitida em alto e bom som, os
olhos fechados e, algumas vezes, a benção é dada sobre um aparelho de TV onde
estão os papéis com as intenções de auxílio. Durante a oração, entram várias
imagens (esteticamente e visualmente perfeitas e interessantes) de cachoeiras,
cascatas e outros tipos de águas correntes, mescladas com imagens do entorno
destas águas correntes (pedras, rios, etc.). A associação é clara e inequívoca
ao elemento água como fundante da natureza humana, bem como do meio ambiente em
geral. Aqui surgem as expressões do tipo: “Derrama Senhor a paz, a realização
profissional, ... sobre aquele que crê ...”
Voltando a programação diária, logo após o “Falando de Fé”, entram
no ar alguns desenhos animados e alguns espaços comerciais que oferecem
diversos produtos religiosos especialmente a “Bíblia Sagrada em CD”[18]
gravada pelo apresentador / locutor Cid Moreira. Este comercial é um dos mais
repetidos diariamente e pode durar até 30 minutos em alguns momentos da programação.
“Cozinha e Sabor”,
apresentado por Nelson Oliveira, vem logo a seguir. Trata-se de um programa
típico de culinária, tendo uma cozinha como cenário, o apresentador confecciona
pratos variados dando além de receitas, dicas de preparo e arranjo de pratos
quentes e frios. Após entra um tele-jornal, Jornal das Onze, que traz além de
notícias, diversas entrevistas com pessoas que possuem algum tipo de obra no
meio social e filantrópico da região de Ribeirão Preto, local de onde o
programa é transmitido. “Bola na Rede” vem logo a seguir, programa esportivo
que centra sobre o assunto futebol no Brasil. O Programa “Alerta Total” é uma
espécie de um “Aqui e Agora” (Programa Apresentado por Gil Gomes que ficou
famoso na TV Brasileira pelo seu sensacionalismo barato e pouco caprichado) e
vai ao ar as 12:30 horas. O apresentador mobiliza o seu C. C. O . (Comando de
Caça aos Ordinários) sempre que é necessário averiguar algum tipo de denúncia
que recebe dos seus telespectadores pelo telefone, cartas ou FAX.
O período da tarde começa com o Programa “Estação Felicidade” que
traz atrações para o público infantil. Na seqüência temos a exibição de filmes
e seriados da TV norte-americana. No final da tarde, por volta de 18 horas, é
exibido o programa “Oração das Seis” e logo a seguir a novela “Estrela de
Fogo”. As 18:45 é exibido um tele-jornal e as 19:30 (aproximadamente) vai ao ar
o “Festival Charles Chaplim”.
A partir das 00:00, se estendendo até as 00:02 horas, é exibido o
programa “Fala que Eu te Escuto”. De cunho religioso, apresentado por pastores,
este programa traz orações, reflexões e testemunhos de pessoas convertidas,
tendo um formato e uma dinâmica muito semelhante ao Programa “Falando de Fé”.
Portanto, todas aquelas observações que fizemos são válidas também para este
programa e não voltaremos à elas. O principal diferencial é que este, sendo um
programa temático, varia o assunto discutido, pois a cada dia é proposto um
novo debate a cerca de problemas cotidianos. Sempre em forma de pergunta, o
programa faz indagações para seu público do tipo: “Você acha que o sistema
carcerário brasileiro recupera um preso ?” ; “A Diferença da idade compromete o
relacionamento ?” ; “Ciúmes é uma demonstração de amor ou insegurança pessoal
?” ; “Você acredita no fim do mundo ?”
(...)
Para iniciar o debate, o apresentador coloca uma matéria no ar,
previamente realizada pela produção do programa, sobre o tema daquele dia e a
partir daí abre-se espaço para as intervenções dos telespectadores, dando a sua
opinião, por telefone. A dinâmica inicial do programa é alterada
inesperadamente sempre que do outro lado da linha surgem pessoas com
necessidade de falar sobre os seus problemas pessoais, não dando atenção ao
debate proposto através do questionamento colocado no ar. Não foi possível
discernir se isto acontece inadvertidamente ou intencionalmente por parte da
produção do programa, uma vez que o pastor abre espaço para uma nova ligação
telefônica entrar no ar e então surge o depoimento de uma pessoa desesperada,
relatando uma série de problemas pessoais, afirmando que não consegue dormir em
função destes problemas, pedindo ajuda e perguntando como deve proceder para
que alcance a sua felicidade. A orientação básica e sempre utilizada pelos
pastores vai no sentido de que a pessoa deve ter fé, acreditar em Deus, no
Espírito Santo, evitar falsas promessas de outras seitas ou religiões (em
especial a umbanda e as “macumbas”)[19] e
procurar o mais rápido possível a IURD mais próxima de sua casa, local onde as
pessoas encontram a solução e o encaminhamento necessário para todos os seus
males. Independente da dimensão ou da origem das ansiedades e preocupações que
as pessoas expõe através do telefone, a receita varia muito pouco e é sempre
canalizada para os “portais” da IURD. O encerramento deste programa reproduz
aquele mesmo ritual religioso mais ou menos padrão da IURD e dos seus
tele-evangelistas composta de oração e bênçãos, associada ao elemento água
(copo com água mais VT) que já descrevemos aqui e que, portanto não
retornaremos a fazê-lo.
3.
A PROGRAMAÇÃO DA
REDE VIDA
Os jornais investigados para o acompanhamento da programação da
Rede Vida, Zero Hora e Correio do Povo, não trazem nenhuma informação sobre
horários e programas exibidos por esta emissora de televisão (Sintonizado no
Canal 20 em Porto Alegre e Região Metropolitana). Além disto, o acompanhamento
da programação da Rede Vida ficou bastante prejudicado devido a péssima
qualidade do sinal desta TV emitido pela sua repetidora. A recepção das imagens
vão de péssima a inexistente, principalmente, durante o dia, sendo que a noite
melhora um pouco. Devido a estas condições técnicas, só foi possível acompanhar
alguns programas exibidos no final da tarde e início da noite.
A exemplo da Rede Família, a Rede Vida também tem a sua
programação diversificada e o seu formato se aproxima daquele adotado pela
maioria das redes de televisão aberta VHF. No entanto, logo se percebe que a
ênfase desta programação é dada para a difusão dos princípios religiosos, das
campanhas e da comercialização de artigos da Igreja Católica. Isto acontece
especialmente através dos espaços comerciais carregados de apelo religioso, e
através de Programas como o “O Terço” e da transmissão de várias missas.
A programação, no que concerne a sua organização semanal, é
bastante semelhante durante os dias de semana (Segunda a Sábado) tendo algum
tipo de variação no final de semana.
Na parte da manhã não conseguimos acompanhar nenhum programa devido à problemas técnicos (sinal
de transmissão) como relatamos no início deste tópico.
Na parte da tarde é exibido o “Jornal Animal”, programa infantil
de variado entretenimento para jovens e crianças. Logo após entra no ar o
Programa “Tempo de Viver”. As 18 horas é
exibido “O Terço”, programa de oração apresentado pelo Padre Marcelo Rossi, que
reproduz exatamente o ritual de rezar o terço segundo a tradição da Igreja
Católica. As 19:30 horas é exibido o programa “A Missa” que mostra a execução
de um ritual exatamente como o conhecemos nos encontros realizados nas Igrejas
Católicas.
Os programas de entrevista como o “Terceiro Milênio” e “Tribuna
Independente – O Plenário do Povo” são os pontos centrais do período noturno da
Rede Vida. O “Terceiro Milênio” propõe um debate sobre temas da atualidade
vinculados com o contexto do novo milênio, pós-modernidade e novas tecnologias.
Entrevistando convidados das mais diversas áreas do conhecimento, na sua
maioria integrantes da Igreja Católica (Padres, Freis, Irmãs, etc.) ou com
algum tipo de relação institucional a esta, o programa aborda temas como
“Educação a distância”, “Problemas com a ansiedade e o stress”, entre outros.
Os telespectadores participam através do telefone, FAX ou correio eletrônico, mandando perguntas
para os entrevistados convidados ou simplesmente fazendo considerações sobre o
tema discutido, externando posições pessoais e opinando sobre o debate. O
cenário e os recursos audiovisuais utilizados são simples e o único destaque
vai para o fundo deste cenário composto com uma grande imagem do cosmos (sistema
solar) em tons de azul. A “Tribuna Independente – O Plenário do Povo” também é
um programa de entrevistas que discute temas da atualidade (áreas sociais,
saúde, educação, etc.). Entrevistando
convidados das mais diversas áreas do conhecimento, na sua maioria integrantes
da Igreja Católica (Padres, Freis, Irmãs, etc.) ou com algum tipo de relação
institucional a esta, o programa realiza debates como “Migrações”, “Tratamento
caseiro da infância e da 3ª idade”, entre outros. Os telespectadores
participam através do telefone, FAX ou
correio eletrônico, mandando perguntas para os entrevistados convidados ou
simplesmente fazendo considerações sobre o tema discutido, externando posições
pessoais e opinando sobre o debate. O cenário e os recursos audiovisuais utilizados
são simples e sem maiores refinamentos estéticos ou tecnológicos. O Programa
“Fale da Vida com Lair Ribeiro”, apresentado pelo comunicador Lair Ribeiro,
segue uma linha muito semelhante a estes dois programas descritos acima. A
diferença fica por conta dos entrevistados convidados que são, na sua maioria,
pessoas de projeção nacional (políticos, empresários, administradores de
negócios, etc.) que trazem o relato da sua trajetória de vida e da sua careira
profissional sempre cercados de muito
prestígio, méritos e capacidades individuais acima da média.
O Programa “O Santo do Dia” vai ao ar diariamente no final de
noite e propõem trazer um pequeno relato (história de vida) do santo comemorado
pela Igreja Católica naquele dia em que o programa vai ao ar. Com a imagem do
santo ao lado da sua (no televisor), o apresentador, após a apresentação do
relato, realiza uma rápida oração em louvor ao santo do dia.
O Programa “Terço Bizantino” é apresentado pelo Padre Marcelo
Rossi e tem por objetivo rezar o terço, segundo uma novena organizada em louvor
a determinado santo da Igreja Católica. O Programa é rápido, porém recupera uma
das tradições mais preconizadas no meio católico. Segundo o que podemos
perceber através deste e de outros programas semelhantes a este, os programas
que trazem momentos de oração ocupam grande parte da programação da Rede Vida.
Esta afirmação está relacionada com a idéia de que “os grupos de oração
constituem a própria base da Renovação Carismática Católica” (ORO, 1991)
Produção do Laboratório Pedagógico da Comunicação da PUC / PR, o
Programa “Ponto de Encontro Cultural” propõe a exibição de expressões culturais
do meio artístico (música principalmente). O apresentador, Marcelo Munhoz, abre
o programa trazendo informações sobre o grupo que se apresenta naquele dia e
fala também de alguns detalhes da sua técnica e habilidade artística. É
disponibilizado no ar um endereço para correspondência, onde os interessados
podem ser enviadas sugestões e comentários sobre o programa.
O espaço “TV Line”[20] entra no ar em horários diversos e alternados
trazendo a oferta de vários artigos religiosos comercializados pela Igreja
Católica. O artigo mais oferecido e difundido atualmente é “O Sino do Milênio”
que, a exemplo do que relatamos para o caso da Bíblia Sagrada em CDs, pode ter
um espaço comercial de quase 30 minutos em determinados horários, tamanho é o
apelo comercial deste objeto. O comercial é muito bem montado e o apelo verbal
é estruturado de modo a realizar o convencimento de compra proposto pelos
católicos.
4. ANÁLISE
COMPARATIVA ENTRE A REDE FAMÍLIA
E A REDE
VIDA
“(...)
de forma general, los ritos carismáticos católicos son semejantes a los de los
pentecostales evangélicos.”
Ari
Oro
A análise comparativa da programação das redes de televisão aqui
analisadas, Rede Vida e Rede Família, de um modo mais amplo e geral, apontam
para constatações que já não são mais novidades entre nós que estudamos e
investigamos o campo religioso. Inicialmente, ambas as redes de televisão
repercutem um projeto de seus proprietário (Carismáticos e Pentecostais) de
continuar investindo nos meios de comunicação de massa, aperfeiçoando-os e
ampliando-os, pois entendem que este é uma espécie de caminho sem volta para o
seu crescimento. Através da sua programação, ambos também demonstram um aspecto
bastante claro: investir na atualização dos dons particulares do Espírito
Santo, dando ênfase para a cura divina (no sentido amplo do termo e não só para
mazelas no campo da saúde físico-biológica). Além disso, podemos destacar aqui
outras semelhanças que dizem respeito aos dois grupos religiosos em questão
como as que são citada por Cecília Mariz y M. Machado.
Dentre elas, gostaria de trazer Mariz y Machado no sentido de
apontar as seguintes convergências entre os carismáticos e os pentecostais: a)
experiência subjetiva de conversão; b) auto-atribuição de uma missão; c)
identidade religiosa adquirida e não herdada; d) atribuição de poder aos
laicos, relegando a um segundo plano a mediação eclesiástica; e) prática
religiosa emocional; f) a demonização do espiritismo e das religiões
afro-brasileiras.
Contudo, algumas diferenças precisam também ser destacadas. Um
aspecto que merece destaque é a prioridade nas questões de prosperidade
individual dos seus seguidores[21]
presente entre os pentecostais e ausente (de uma maneira mais enfática) nos
carismáticos. A proposta de seguir as orientações do Papa, dos sacramentos e a
devoção à Virgem Maria está presente nos carismáticos e ausente ente os
pentecostais. Para Mariz y Machado a devoção à Virgem Maria constitui “um
divisor de águas próprio do universo católico”. Portanto, acreditamos que, de
fato, no que tange ao ponto de vista doutrinário, a devoção à Virgem Maria é o
elemento que distingue de forma clara os carismáticos dos pentecostais (ORO,
1991).
Neste esforço comparativo, uma outra relação que é importante de
ser destacada entre as suas redes de televisão em debate é a que aponta para
uma determinada hegemonia de espaço televisivo para difusão do ideário difundido
pela IURD (Rede Família) em comparação com o espaço que a Renovação Carismática
Católica (RCC) detém.
A Rede Vida, como já foi
aqui colocado, possui problemas técnicos de emissão do seu sinal (VHF),
comprometendo a audiência da sua programação diária. Constatamos isto durante
as assistências dos programas na Região Metropolitana de Porto Alegre, apesar
de que na capital (Região do Centro de Porto Alegre e arredores) a recepção é
de boa qualidade. No entanto, uma grande parte da população está residindo na
periferia e não na região central de Porto Alegre o que coloca esta rede de
televisão com pouco acesso entre as camadas mais populares da região
metropolitana. Já a Rede Família possui uma melhor qualidade técnica de emissão
do seu sinal (VHF), agregando a isto o fato de que ela também ocupa espaços
pagos em outras redes de televisão, temos a visibilidade clara da hegemonia
desta segunda rede em relação a primeira.
Em alguns momentos do dia, nas primeiras horas da manhã, por exemplo,
temos a programação da Rede Família indo ao ar através de três redes de
televisão simultaneamente (Redes Bandeirantes, Manchete e Vida), enquanto que a
programação da Rede Família fica mais restrita, em função de estar em uma única
rede e ainda com problemas técnicos[22].
CONCLUSÃO
“Graças aos satélites, a janela catódica traz a cada um dos
assinantes, como a luz de um outro dia, a presença dos antípodas. (...) Assim
como os acontecimentos retransmitidos ao vivo, os locais tornam-se
intercambiáveis à vontade” Paul Virilio
O fenômeno da “Igreja Eletrônica” e dos “Tele-pastores (ou
pregadores)” está cunhado dentro de uma nova dinâmica social que tem as suas
bases no gradual e intenso aperfeiçoamento dos meios de comunicação associado à
cultura do individualismo balizada por uma concepção de homem moderno.
Portanto, não foi a igreja, o credo ou os pastores que mudaram. A grosso modo
poderíamos afirmar que não foi a religião que mudou (pelo menos enquanto um
ente isolado), mas o mundo mudou e a religião, como um dos seus campos de
conhecimento de mundo, se alterou segundo esta mudança mais geral.
Virilio chama a nossa atenção para a terceira janela para o mundo.
A primeira janela para o mundo era o único orifício que o homem pré-histórico
cavava nas paredes de uma caverna, a fim de permitir o seu próprio acesso a
ela, ou seja, era uma porta. A segunda janela era a janela na concepção
tradicional que temos hoje de janela, ou seja, além de uma lacuna para adentrar
na caverna, a porta, o homem constrói um segundo orifício para aperfeiçoar o
seu contato com o mundo exterior. Este segundo orifício é aperfeiçoado e
possibilitava além de uma nova percepção do exterior, uma “nova visão do
mundo”. Depois de muitos anos e de vários aperfeiçoamentos técnicos, surge a “terceira
janela para o mundo” que, segundo Virilio é a TV e / ou a tela do
microcomputador. Bem diferente das duas primeiras, esta nova janela revoluciona
o relacionamento do homem com o seu mundo exterior, pois para aquele homem que
cunhou a primeira e a segunda janela era bem difícil imaginar uma terceira e
muito menos imaginar as transformações que ela traria na sua vida cotidiana.
Hoje, costumamos dizer que vemos o mundo pela tela da televisão e, para muitos,
essa é a percepção de mundo exterior que mais agrada e que mais inebria. Como
não aderir a esta nova janela para o mundo ?
A religião não tinha outra alternativa.
Luís Fernando Dias Duarte[23] nos convida para uma
interessante reflexão sobre Razão e Religião, trabalhando com pressupostos de
Dumont, demonstra os aspectos de uma “Religião do Eu”, cultura individualista
que povoa os sonhos do homem moderno. Neste
contexto a religião está vista numa relação entre a consciência individual e um
Deus abstrato, fiel da balança moral. Categoria com que procuraríamos entender
o espaço de totalidade onde o encontrássemos. Imprópria, já que fruto de nossa
segmentação de domínios. Mas não disporíamos de outra categoria que nos
aproximasse do sentido "sagrado" de que se tece o valor auxiliador . Dumont propõe que o Valor
fundamental de nossa cultura estaria contido na idéia de indivíduo.
Desenvolvimento cultural tão envolvente que exige do antropólogo duplo esforço
de relativização. Comparação é fundamental, mas deve se processar a partir de
categorias não comprometidas com especificidade de nosso pensamento, que
viciaria leitura de qualquer alteridade.
Assim teríamos como totalidade justamente um princípio que a nega,
e como religião o que des-magiciza e racionaliza. O valor encompassador não se
restringe ao oferecimento de um modelo segmentado de pensamento, mas se difunde
num espaço social efetivamente segmentado em que inúmeros processos
intervêm, que tem a ver com a própria
lógica de reprodução de sua estrutura social, incorporação das sociedades num
sistema universal em que seu poder impregnante se manifesta.
Neste processo teria surgido nova lógica totalizante passível de
leitura correspondente à das visões de mundo religiosas. Esta seria o corpo
complexo de crenças, símbolos e rituais associados ao novo Sujeito[24]. E quem é este novo
sujeito ? Ele é o sujeito individualista, psicologizante que optou por um
espaço intra-casa em detrimento de um espaço extra-casa. Ele é o sujeito que
está vendo o mundo através da terceira janela. Este novo sujeito está optando
por “Rezar em Casa”, conforme mostram as pesquisas de opinião, no aconchego do
seu lar, ao invés de realizar o movimento tradicional de se deslocar até a um
templo e santuário para realizar as suas preces, pedidos e agradecimentos.
Os meios de comunicação de massa são, dentro deste contexto, a
melhor “arma” para acessar este novo sujeito. Portanto, a IURD e a Igreja
Católica perceberam que precisam utilizar este espaço para continuar as suas
campanhas de doutrinação e agregação de novos seguidores, pois se assim não o
fizerem estarão comprometendo as suas próprias existências institucionais.
BIBLIOGRAFIA
1. ARI Pedro
Oro. Modernas formas de crer. In:
Revista Eclesiástica Brasileira. Petrópolis: Vozes, 1997.
2. -------------------
. O Atual campo evangélico gaúcho. Mimeo.
3. -------------------.
La Iglesia Católica frente a la
expansión pentecostal. Mimeo.
4.
ASSMANN, Hugo. A
Igreja Eletrônica e seu impacto na América Latina. Petrópolis: Vozes, 1986.
5.
DIAS DUARTE, Luiz Fernando O culto do Eu no templo da razão in: Três Ensaios sobre a pessoa e
a modernidade in: Boletim do Museu Nacional, nº 41, Rio de Janeiro, 1983.
6. FRESTON,
Paul. Dilemas Políticos do
protestantismo latino-americano. Paper apresentado na VIII Jornada sobre
alternativas religiosas na América Latina. São Paulo, 22 a 25 de setembro de
1998.
7. NEGRÃO,
Lísias Nogueira. “Mercadolicismo?”.
Paper apresentado no XXII Encontro Anual da ANPOCS, Caxambu, MG 27-31 de
outubro de 1998.
8.
VIRILIO, Paul. O
Espaço Crítico. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1993.
[1] Conforme
trabalhado por Ari Oro
[2] Idem
[3]Sobre o
título “A Fé combinada com o individualismo”, o Jornal “Zero Hora” (Em
08/08/99) publicou o resultado de uma pesquisa que aponta para vários aspectos
da religiosidade do povo gaúcho, dentre eles o individualismo. A pesquisa foi
realizada pelo Centro de Estudos e Pesquisas em Administração (Cepa) da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) a pedido da RBS.
[4]
Declaração colhida em segunda mão, ou seja, do artigo La Iglesia Católica
frente a la expansión pentecostal de Ari Oro.
[5]
Declaração feita em entrevista para a Revista Caras.
[6] Com mais
de 2,2 milhões de cópias vendidas em apenas dois meses, supera até a dupla
sertaneja Zezé di Camargo e Luciano que
vendeu em três meses 1,2 milhão de cópias do seu novo CD.
[7] Em Porto
Alegre e Região Metropolitana o Canal da Rede Vida é o de número 20.
[8]
Informações mais detalhadas sobre a programação serão vistos no decorrer deste
trabalho.
[9] In Ari
ORO – A Igreja Católica frente a expansão Pentecostal.
[10] Idem
[11] O Bispo
Guaracy chama a atenção dos telespectadores que qualquer pessoa em qualquer lugar do Brasil pode
assistir a programação da Rede Família, pois “estamos via-satélite, Graças a
Deus !!!”
[12] É
nítida a impressão que tivemos neste sentido. Ou seja, a Rede Família ainda
busca o seu melhor formato, devido principalmente ao fato de que é bastante
recente a sua possibilidade técnica de
transmitir a programação para
todo o território nacional.
[13]
Expressão utilizada com freqüência para referir o ato de conversão a IURD. Pode
estar também relacionado a contribuição financeira que o fiel faz para a IURD,
no entanto, nunca é referida como dinheiro ou em valores monetários.
[14]
Expressão muito utilizada pelos pastores, e presentes nos relatos dos
convertidos, que representa a vontade de enfatizar o caos total em que se encontrava a vida daquela pessoa que
encontrou na IURD não só a solução de todos os seus problemas como a única
alternativa para sair do “fundo do poço”, ou seja, de voltar a viver, a ter
condições de continuar vivendo. A situação é justamente esta, vida ou morte.
Vida na Igreja ou a continuidade de uma situação caótica (que pode levar à
morte) fora da igreja
[15] Grifo
meu.
[16] Durante
algumas entrevistas, entram no ar as imagens filmadas dos bens conquistados
pelos entrevistados. Em uma determinada situação uma senhora relatava que
conseguiu construir um prédio com diversas salas comerciais por intermédio do
Espírito Santo (Via IURD), após um período de dificuldades em sua vida. Durante
o relato, entrou as imagens do prédio que a entrevistada referia no seu
depoimento.
[17] A
expressão “Eu Determino” também é muito freqüente na fala dos pastores.
[18] O
Trabalho apresentado por Lisias Nogueira NEGRÃO (USP / CER) na XXII Reunião
Anual da ANPOCS denominada “Mercadolicismo?” colabora bastante com elementos
para esta discussão da oferta de inúmeros produtos religiosos no mercado
brasileiro (e mundial).
[19] A IURD
faz uma campanha explícita contra os rituais afro-brasileiros, destacando que
são enganosos e nefastos para as pessoas. No entanto, a recíproca parece ser
verdadeira, pois alguns órgãos de divulgação das atividades afro, como o Jornal
“O Grito”, trazem também várias matérias contrárias às práticas e ao ideário
pentecostal.
[20] TV Line
é uma espécie de Shopping Eletrônico.
[21] Já
chamamos a atenção para este aspecto no decorrer deste trabalho, salientando as
estratégias da IURD que introduz imagens dos bens conquistados pelos seus
seguidores na televisão durante os testemunhos de fé, destacando as conquistas,
projeções e vitórias pessoais dos entrevistados no campo econômico.
[22] Este é
um aspecto que contribui para a posição de alguns pesquisadores que vêem na
IURD “Um poder desiquilibrador”, quando comparada com outras instituições
religiosas. Paul Freston é um destes pesquisadores.
[23] DIAS DUARTE,
Luiz Fernando O culto do Eu no templo da razão in: Três Ensaios sobre a pessoa
e a modernidade in: Boletim do Museu Nacional, nº 41, Rio de Janeiro,
1983.
[24]
Lembramos novamente a pesquisa publicada no Jornal Zero Hora que mostra o
seguinte: Quando perguntado se acredita em Deus, 95.7 % das pessoas respondem
que SIM, no entanto, quando se pergunta : “Se você acredita em Deus, de que
forma pratica a sua religião?” 72,7 responderam que a sua forma de prática
religiosa é a seguinte: “REZA EM CASA.”
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