Extraordinário I
Estudante
Médio
“A palavra é muitíssimas vezes,
não, como dizia o outro,
a arte de esconder o pensamento,
mas a arte de abafar e suspender o pensamento,
por
forma que dele nada fique para se ocultar.
A
palavra é grande, não há dúvida,
mas não é o que há de maior.
Conforme
a inscrição suíça,
Sprechen ist Silbern, Schweigen ist Golden,
a
palavra é de prata e o silencio é de ouro,
ou como
melhor se diria,
a palavra é tempo,
o
silencio é a eternidade”.
Maurice Polydore Marie Bernard Maeterlinck
O Estudante Médio e as penalidades
institucionais no “Curso de Letras”.
Eu quero assumir de público: sou um
mero estudante médio. É verdade! Não dá para afirmar que brilho na matemática e
que sou colecionador de “Dez” aqui e acolá. Tem toda a razão o avaliador que me
emite um Cinco5. Eu sou um número cinco. Vocês sabem disso. E Maeterlinck?
Eu ia esquecendo: bom é que dentro desta desta lógica é correto afirmar que ele
“caiu na minha mão por acaso”. Apenas mais um livro, dentre os demais. Preferem
assim? Assim será? Tempo, tempo, tempo.
A Universidade (F. do R. S.) precisa saber: as fogueiras da santa inquisição não ardem mais (pelo
menos não na forma que outrora). Não há tribunal de exceção no Direito Moderno.
Ninguém deve cumprir pena sem o processo transitado e julgado. A ampla defesa
deverá ser garantida para todos os dominados do sistema, sejam eles brancos ou
pretos, gordos ou magros, hetero ou homo (ssexuais), jubilados ou não
jubulados, etc. Simples assim. Para concluir esse ponto: Eu sempre afirmo – A Escravidão
não acabou. De fato, não acabou e vejo provas desta verdade todos os dias.
Contudo, o que vi lá na quadra da Vila no domingo muito me anima. Estamos
vivos, fortes e fazendo arte, batuque e carnaval. O peso da pena não é leve,
mas o poder dos deuses não é tíbio. Venceremos. Com certeza.
Havia afirmado que, se necessário
fosse, surgiriam textos extraordinários. Este é o extraordinário um. Pode vir o
dois, o três, o quatro, o cinco, etc. Eu estudo instituições totais desde 1990.
Não foi por acaso que fui lançado dentro de uma instituição total em 1990/1991,
na condição de “Classe Dirigente” (Conceito de Goffman em Prisões, Manicômios e
Conventos). Também não foi por acaso que a minha primeira monografia apresentada
na Universidade era justamente sobre este tema. Nada é por acaso, vocês sabem
que acredito piamente nisto. Eu pretendia continuar nesta linha de estudo, mas
fui persuadido a mudar o foco. Bom e aí vieram outras oportunidades
interessantes como o “Estudo Antropológico de Um Espaço Urbano Singular: Cais
do Porto da Cidade de Porto Alegre (ou da Cidade que tem porto até no nome)” a
Etnografia de Rua, Memória e Sociabilidade, Antropologia Visual e da Imagem, Pertencimento
Etnico, etc. Mas tudo teve um começo e não dá para simplesmente repetir aquela
frase célebre: “Eu não sabia de nada”. É cômodo, mas não é honesto pronunciá-la
e se eximir das responsabilidades empenhadas. Micro-penalidades na obra de
Foucault.
Maria assunta campilongo era o nome
de uma socióloga muito interessante que foi minha professora na Universidade.
Fazia a cadeira de Sociologia da Saúde e produzi um trabalho denominado “Cenas
da Saúde em Porto Alegre”. Era um trabalho em grupo e envolvia produção textual
baseado em uma esposição fotográfica em uma instituição total. A minha parte
foi sobre o Instituto Psiquiátrico Forense Maurício Cardoso (IPF). Tenho os
originais guardados até hoje. Isto muito me orgulha: produção científica de
alto nível, oriunda de um estudante médio que cursa atualmente um “Curso de
letras” (jurídicas e sociais). Pecúnia? Não! Letras. Eu quero agradecer a vossa
atenção e desejar a todos uma boa noite.
Namaste.
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