Extraordinário II
Estudante
Médio no Ensino Básico
“A palavra é grande, não há dúvida,
mas não é o que há de maior”.
Maeterlinck
O Estudante Médio e a primeira
reunião dançante.
A pré-escola não aconteceu no meu
currículo. Eu ingressei diretamente no ensino fundamental. Freqüentei escola
pública desde sempre. A primeira lição de língua inglesa aconteceu na Escola
Municipal Alberto Pasqualini, quando freqüentava a sétima série. Coleção de
defasagens. Portanto, como não ser apenas médio? Foi nesse tom que conversei
com a direção do PROPG. Estava de posse de um documento e utilizei para
defender um tese: uma nota média (neste caso setenta e seis) pode representar
um dez em determinadas situações. Eu explico: conclui o curso de pós-graduação em
antropologia social (nível de mestrado) no PPGAS-ifch-ufrgs e não consegui
cumprir o prazo regimental para a defesa pública da monografia. Contudo, havia
a possibilidade de um “premio de consolação”. Se prestasse uma prova
complementar de pró-eficiencia em lingua inglesa, ganharia a titulação de especialista
em antropologia. Foi o que eu fiz: me preparei, fiz a prova e fui aprovado com
nota acima da média.
Você tem noção sobre o que
representa a primeira reunião dançante para um aluno especial de ensino
fundamental. Eu estava no curso de letras e ouvi uma determinada música. De
imediato viajei no tempo e no espaço. Fui para o final da década de setenta do
século passado, para a esquina da Rua Lisboa com Medianeira (Santa
Isabel/Viamão). Foi na Escola Estadual Walt Disney que vivi este momento mágico
na carreira de estudante médio: a primeira reunião dançante. Foi muito bom. Eu
vivi quatro anos nesta comunidade escolar e preciso contar um segredo: entrei
apenas uma vez na biblioteca. Não é que eu não tivesse vontade, mas devido ao
fato dela permanecer sempre fechada. Aí, num belo dia, aparece lá um fotógrafo
retratista oferecendo os seus préstimos. A minha mãe solicitou uma foto, a
diretora da escola mandou abrir a biblioteca e eu posei para a foto. O fato é
que havia a necessidade de um cenário apropriado e, neste caso, a biblioteca
foi uma boa opção. Quatro anos de estudo no ensino fundamental e entrei apenas uma
vez na biblioteca para “tirar um retrato”. Estudante Médio.
Eu quero concluir este com um
convite: assistam o filme “O Leitor”. Foi indicação de um amigo que repasso
para vocês. É uma história de amor, mas tem tudo a ver, também com o tema aqui
abordado (o trabalho com as letras). A obra cinematográfica contribuiu bastante
com o trabalho no livro que estou concluindo denominado “O Grande Desafio”.
Ali, eu desenvolvo um posicionamento crítico acerca da atual situação de
relacionamento do homem moderno com a escrita formal (ou mundo das letras). O
que acontecerá com a “sociedade da letras”? As tecnologias informatizadas de
comunicação e o que estamos construindo nesta virtualização constante de tudo e
de todos (inclusive das relações Humanas). São questões que levanto e tematizo
na obra. Em breve, falarei mais sobre este trabalho.
Obrigado pela vossa atenção.
Namaste.
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